15.6.11

Regressão cronotópico-cronológica, Fenômeno, Casos Clínicos e outras questões

Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta


O fenômeno da regressão ou como chamamos em Parapsicologia de retrocognição, ocorre a partir de dois modos de acesso ao campo de memória, conforme já expus neste espaço: regressão cronotópica e regressão cronológica. Na primeira, o paciente acessa seu passado diretamente, saindo do presente e acessando memórias de vidas anteriores, ou em alguns casos, pulando de vida em vida, de tempo em tempo, acarretando numa visão geral de suas múltiplas existências. Por outro lado, na segunda, o paciente acessa um passado e relembra quase que cronologicamente os fatos, emoções e experiências. Em 100% dos casos, as retrocognições clínicas são uma fusão de cronotópica com cronológica.

Um paciente, em recém caso clínico, inicia sua regressão numa vida donde era monge e estava envolvido com lutas de crenças com outros grupos religiosos. Dessoma (desencarna) enforcado. Em movimento cronotópico, naturalmente vai para uma vida pregressa onde era monge e estava envolvido com as mesmas causas. Ajudo-a a retornar e vai de vida em vida passada até antes de cristo, onde envolvia-se com as mesmas coisas. Na vida atual embora não seja mais monge, ainda permanece no mesmo modelo de vida, em isolamento e lutando contra crenças.

Este exemplo revela os benefícios da regressão cronotópica, onde o paciente pode em cerca de 1h, acessar conteúdos de altíssima relevância de sua existência em mais de 2.000 anos, podendo captar o padrão de sua personalidade e reajustar sua atual existência, não tendo necessitado permanecer numa vida em profundidade. Os motivos que levam um paciente a entrar em regressão cronotópica ou cronológica, ou ambas simultaneamente, me são desconhecidos. Em alguns casos percebo a atuação dos amparadores na sugestão dos comandos de facilitação da experiência, em incentivar a cronotopia. Em outros casos, percebo um movimento natural do paciente pela cronotopia (como Grof disse, o radar interno vasculhando o sistema COEX - condensed experience). Creio que ocorrem ambas as coisas, numa tríade: terapeuta, amparador e paciente. Em outros casos clínicos, a regressão mais cronológica é mais indicada, podendo o paciente investigar mais a fundo uma sequencia de eventos de seu passado.

Lembrando que o objetivo sempre é a terapeutica e a aprendizagem evolutiva. Os benefícios da experiência regressiva vão além da terapêutica e migram para as aprendizagens mais profundas, onde a pessoa pode expandir seus conceitos e crenças, por exemplo, ao lembrar que já residiu em outro país, pertenceu a outro povo e mesmo outra raça humana. Em casos mais extremos, pacientes me relatam vidas noutros planetas. Em recente regressão, o paciente relata sua recuperação íntima, no pós-morte, em sítio cósmico distante, extraterrestre. Relato como este não é incomum em meu consuiltório. Noutro caso, o paciente registra a saudade de um grupo que transmigrou doutro planeta e se separou há milênios atrás. Se a extinção de sintomas de sofrimento é uma das razões da regressão, a aprendizagem evolutiva é o maior benefício das experiências, transcendendo os afeitos terapêuticos.

Em regressões, pacientes podem observar seu passado antiquíssimo, como você pode observar sua infância a distância, sem maior envolvimento emocional. Noutros casos, em pacientes sensitivos, as regressões se manifestam como profundos estados alterados da consciência, donde a pessoa projeta sua consciência para outro espaço-tempo, passado, e vive aquele passado como se estivesse ocorrendo no presente. Estas experiências de expansão da consciência desafiam os conceitos de tempo e espaço e indicam a coerência da teoria da curvatura do espaço-tempo, donde o sujeito parece que curva o espaço tempo-passado para o espaço-tempo presente, vivendo o antes como sendo o agora. Lembrando que o agora é onde está a consciência e, estando a memória situada numa dimensão específica do Cosmos, a consciência pode se projetar para este campo holomnemônico e, ali, permanecer lúcida, tornando o passado, um presente (o seu agora). Noutros casos, pacientes menos sensitivos, limitam-se a ver flashes e imagens vagas, confundindo os conteúdos com fantasias e imaginação. São experiências similares aos sonhos vagos. Em casos mais vagos ainda, pacientes sentem somente emoções, vagas sensações de lembrança. Mas as memórias não aparecem.

O fenômeno da regressão é complexo, mas também é simples. Quanto mais sensitivo é o paciente, mais profundo é o estado de expansão e alteração da consciência, potencializando a regressão e a experiência. Num dos casos mais sérios que atendi, o paciente falava feito criança, postava-se na poltrona como um bebê, quando estava regredido ao útero de sua mãe, em transe. Noutro caso, a paciente sensitiva falava igualmente ao menino que foi em vida anterior, onde ao sair do transe, retorna sua atual faixa de personalidade. E este fenômeno nada tem a ver com o mediunismo. Neste caso, o sensitivo incorpora uma outra consciência, no presente, e manifesta sua personalidade. Em regressão, não. O sensitivo incorpora a si mesmo como uma personalidade antiga, revive fatos e vivências nesta época e, ao retornar, volta normalmente a ser quem é, hoje.

A lembrança de vidas anteriores forma uma das bases das terapias integrativas modernas, visto que a pessoa pode romper com o silêncio de sua memória antiga, anteriores a esta vida e, retornando lúcida daquilo que foi, pode ampliar seu auto-conceito, expandir sua estada neste planeta e modificar sua forma de ver a si mesma e à vida em níveis profundos. A lembrança de vidas passadas comprova à si mesmo a existência da personalidade antes do nascimento. Comprova os vínculos familiares e suas raízes na antiguidade das vidas passadas. Naquela vida, o paciente matara uma tribo de índios. Nesta, os índios são seus filhos e esposa. Naquela, matara pessoas em muitas guerras que se meteu. Nesta, luta pela causa da educação, numa universidade pública, verdadeiro resgate cármico, existencial e espiritual. E isto tudo é a ciência da evolução da consciência.