Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo
NIAC/ABRAP
O que marca exatamente a existência humana e a diferencia da existência extra-humana ou extrafísica, espiritual? A existência sexualizada do espírito em detrimento com a existência dessexualizada própria da vida psíquica, propriamente dita.
Muitas evidências apontam para esta premissa, a começar pela Biologia e a classificação dos seres em bióticos e abióticos. O ser humano, homo sapiens sapiens, é um ser biótico, vivo, pertencente a classificação dos seres sexuados, em oposição aos seres assexuados como os que se reproduzem por bipartição, as amebas, por exemplo. Assim, como seres sexuados que somos o processo emergente que caracteriza tal classe de seres vivos são os processos de nascer e morrer.
Um ser sexuado é aquele que num dado momento nasce e morre. Mas o que a Biologia aponta como morte? A morte do corpo, a decomposição biológica, a cessação definitiva da vida humana e a continuidade deste corpo na ininterrupta cadeia ecológica alimentar e manutenção da vida doutros seres vivos, sexuados ou não. A morte de um ser sexuado, no caso, o animal mamífero humano, é simples de compreender pela Biologia. O problema surge quanto ao nascimento. Mas o que a Biologia aponta como nascimento?
Aqui adentramos na embriogênese, a formação do embrião, a genética, a reprodução humana e os processos todos interconectados até a formação do feto dentro do útero e o nascimento propriamente dito. Apesar de não existir consenso relativo aos fatos do fenômeno “consciência”, a Biologia em geral aponta para estes dois processos de nascer e morrer nestas óticas resumidas. Em síntese, para este ensaio, resta afirmar que o que marca um ser sexuado é justamente o fato biológico de que este nasce e morre num dado momento histórico-temporal.
Em relação ao animal sexuado humano, este nasce, pela hipótese da Biologia, a partir da fecundação do espermatozóide vindo do animal sexuado humano, macho, e do óvulo do animal sexuado humano, fêmea. Assim, desta fecundação ocorre uma intensa troca de material genético até a formação do ovo ou zigoto. Temos o início de um complexo processo chamado embriogênese. Não importa agora, neste início de ensaio, como que a partir desta troca de material genético o zigoto formará todo o corpo humano até que este possa sair do útero e dar início da vida animal humana sexuada propriamente dita. O que importa aqui é que este corpo formado que caracteriza o animal sexuado humano é o ser humano tal como considerado pela Biologia e é este mesmo animal sexuado que morre (correspondendo à morte do corpo). Este paradigma é o que é praticado, teorizado e amplamente defendido pela moderna Medicina e mesmo pela Psicologia. Para a Medicina, embora isto esteja mudando a passos de tartaruga, o psíquico é o corpo, ou radicalmente, o cérebro e qualquer disfunção são compreendidos como neuroquímica e destituído de uma essência, um núcleo: a alma ou o espírito. A consciência tornou-se uma substância tal como um hormônio e quando o cérebro, a grande glândula secretora de consciência fica inabilitado, morre, da mesma forma, a consciência, sendo um produto cerebral, morre conjuntamente como todo o Eu, a personalidade e toda a memória existencial. A concepção da Biologia e da Medicina está errada neste ponto. E mais, a concepção tanto da moderna Medicina como da Psicologia são falhas neste aspecto, trazendo-nos referenciais limitados para a compreensão da experiência humana, muito mais profunda e ampla que a ciência e seus dogmas. E a lacuna está justamente nos extremos da experiência humana, a saber:
1. Vida antes do nascimento: existência do Eu antes do nascimento.
2. Vida além da vida: existência do Eu mesmo fora do corpo em estados de expansão da consciência.
3. Vida após a morte: existência do Eu após a morte do corpo animal humano sexuado.
A vida antes do nascimento (VAN) é evidenciada pelas experiências transcendentes das lembranças e revivências das chamadas “vidas passadas”, tanto nos momentos em que o Eu acha-se “encarnado”, como nos momentos em que o Eu se acha “desencarnado” ou “projetado fora de seu corpo”. A vida além da vida (VAV) é evidenciada pelas experiências profundamente transcendentes das projeções conscientes para fora do corpo, contatos espirituais pelo mediunismo, clarividência, telepatia e outros meios como a transidentificação. A vida após a morte (VAM) é evidenciada pelas lembranças das mortes anteriores em vidas passadas e pela continuidade da vida até a atual vida, conjuntamente pela rememoração do período entrevidas. Da mesma forma é evidenciada pelos contatos com parentes que se comunicam pela psicografia, mediunismo e aparições de forma direta e vivenciada amplamente pela humanidade desde a antigüidade. A reunião sistemática das evidências psi-theta, representadas pelos conjuntos VAN, VAV e VAM, produz uma única evidência global, holística, a da existência comprovada do Espírito (ECE). Assim temos que, numa matemática sintética:
VAN + VAV + VAM = ECE
O Espírito é a Consciência. O Espírito é o Eu Real, a realidade psi-Pura, diferente da energia, que existe, pré-existe, sobrexiste e transexiste. A comprovação científica definitiva da existência da Consciência (ECE) e, por conseguinte, das realidades VAN, VAV e VAM, cabe à decisão subjetiva do sujeito em considerar as evidências como suficientes para se erguer o paradigma da consciência.
A realidade psíquica (espiritual) apresenta-se como o “paraíso bíblico” ou mundo céu das escrituras, o local para onde vamos após morrer e de onde viemos antes de nascer. Apresenta-se também como o inferno astral propriamente dito, os umbrais do universo, mundo psíquico puro retrato da vida mental de seus habitantes, onde perambulam as almas inconscientes de si e de onde estão, perdidas e desorientadas.
Mas, quero centrar-me aqui no mundo psíquico positivo, astral superior, onde habitam os espíritos mais lúcidos e despertos. As possibilidades de vida são muito mais amplas que as que atualmente fazemos aqui neste mundo. O sexo ou o contato íntimo corporal máximo é sentido pela pele da consciência (perispíritos) e não pela pele do corpo humano. As relações são muito mais profundas e os sentimentos mais intensos. Existem prazer e desejos muito mais aguçados. A natureza da ecologia psíquica ou espiritual conjuntamente com a natureza do corpo psi do ser, possibilitam o mesmo a gozar de uma experiência de pesar poucas gramas, superar a força do campo gravitacional e flutuar volitando pelo espaço cósmico num mundo sem fronteiras, limites e espaço e tempo, numa velocidade acima da luz, obedecendo às forças do pensamento, imaginação livre e da intenção volitiva do núcleo gerador, ou a inteligência-consciência (espírito).
A partir das sessões de retrocognoterapia (regressão a vidas passadas) pude testemunhar as alternâncias dimensionais a partir dos relatos de meus pacientes quando no transe regressivo autoconsciente. Em comum, as vidas encarnadas em pouco foram vidas de plenitude e gozo, e muito de sofrimento e restringimento de lucidez e discernimento. As pessoas gozam de suas mazelas. Ao passarem pelo desencarne, praticamente todos os pacientes, com exceção de alguns poucos, relatavam acessar uma dimensão de gozo de uma vida de paz, amor e fraternismo, amparo e luz. As pessoas vestidas de branco num mundo sereno e pacífico. Muitas dessas pessoas passavam por períodos de recuperação de sua então vida encarnada e a partir poderiam assumir tarefas dentro deste novo ambiente e morada cósmica. Muito prazer, paz e plenitude encontramos nestas dimensões.
Assim, o ser espiritual ao atravessar o campo fronteiriço que separa a dimensão psíquica da dimensão animal ou o útero materno, será acometido pelo processo de “sexualização” da consciência. Antes, um ser parassexual (sexualidade consciencial parabiológica), agora um ser sexual, cuja porta de entrada fora aberta a partir da fecundação resultado de uma relação sexual. É provável que a qualidade da relação sexual que possibilita a passagem do ser de um estado a outro, determine até certo ponto sua carga energética e o sentido sexual que dê para a vida que prosseguirá. No entanto, o ser se sexualiza mas, antes de qualquer coisa, para que ele reencarne ele deve abdicar de viver o gozo da vida espiritual. O que move o ser a abdicar do gozo da vida espiritual e aceitar a castração reencarnatória e, com isto, uma nova experiência evolutiva reencarnado é o que move este ensaio. Mesmo que o ser escolha a opção reencarnar, tal opção sempre será uma castração. Independente de a vida encarnada ser boa ou sentida como algo bom, a vida animalizada não se assemelha a vida espiritual em termos de qualidade e possibilidades de manifestação psíquica. De qualquer forma, a reencarnação propriamente dita ou a alteração de estado objetivo de manifestação expressa-se como uma “castração do gozo da vida espiritual”.
A castração inicia com o esquecimento ou o apagão mnemônico da procedência espiritual do ser. O ser reencarna e para que reencarne, ele precisa atravessar um processo inerente à reencarnação, que é o esquecimento de si mesmo. O esquecimento de si mesmo faz parte da primeira etapa que o ser vai ter de vivenciar, ou seja, viver sem a plena consciência de si. É um estado de amnésia, um black-out mnemônico, provocado pelo próprio processo de travessia interdimensional. O útero como espécie de câmara biológica de materialização. Com seu auto-conceito limitado, o ser forma nova personalidade e possivelmente novos sistemas de defesa e novos tipos de caráter. Esta evidência consta em mim mesmo, quando noutras vidas apresentava sistemas de defesa diferentes dos que uso hoje. A cada vida encarnada podemos dizer que uma nova personalidade é formada, cada qual em sua faixa correspondente. No entanto, o mesmo Eu atravessa as multivariadas existências assumindo multivariadas personalidades. Algo permanece vivo, e este algo é o núcleo inteligente que atravessas as dimensões em busca de sentido, realização, plenitude, etc. Este algo é o Espírito ou Consciência.
O esquecimento temporário - pois ao desencarnar o ser tende a voltar a lembrar-se - parece ser a maior castração que a reencarnação gera a este ser, visto ser a abdicação da autoconsciência e das memórias das experiências de gozo profundo espiritual. Qual o sentido de esquecer? Seria um sinal de imaturidade de manutenção da memória tal como esquecemos de situações da infância atual? Tal como não lembramos de experiências intra-uterinas e mesmo de ontem? Esta é minha posição, a de que o esquecimento não é uma lei propriamente dita do universo, imposição divina ou lei evolutiva, mas antes de tudo, de sinal de imaturidade pessoal em lidar com o Eu Real, tal como ele é, com tudo o que é.
Obviamente, na fenomenologia da experiência espiritual, psíquica, nem todos participam deste rol de experiências, permanecendo na esfera dos processos de para-psicoses, para-neuroses, para-transtornos mentais. Muitos atravessam as dimensões sem consciência da travessia. Muitos não são resgatados para os centros de reabilitação espiritual, as colônias, hospitais e cidades espirituais de elucidação e acabam por reencarnarem sem consciência alguma: são sonâmbulos evolutivos.
Assim, a reencarnação parece ser a experiência em que o ser abdica de si mesmo (do gozo de ser em plenitude no espaço cósmico livre) em prol de algo mais importante. Ao esquecer-se de si, se vê diante do outro. Assim a relação interpessoal parece ser uma das essências da vida encarnada. O ser existe para se relacionar com o outro. No entanto o ser esquecido de si e de sua origem cósmica, também acaba por esquecer o motivo pelo qual intentou reencarnar, ressexualizar; do motivo pelo qual decidiu abdicar do orgasmo espiritual pela castração ressexualizatória. Um motivo relativamente importante fez com que o ser decidisse pela castração. A castração é a sensação de perda de regiões do Eu Espiritual, eu Real, qual seja, a memória espiritual que enraíza o ser na sua procedência cósmica de origem imediata.
Um fato praticamente unânime é que o ser esquece o que veio fazer no planeta. A maciça maioria da humanidade me parece sofrer de da Síndrome da Existência sem Sentido (SES). Pessoas vivem e não sabem o que fazem aqui. Sofrem sem saber porque sofrem e morrem sem consciência de onde vieram, fizeram e para onde irão. São os futuros pacientes das colônias espirituais de tratamento e recuperação. Mas porque esqueceria? Qual o sentido de esquecer-se de tal ofício se a felicidade e o prazer podem ter relação com tal tarefa? Complexa tal questão. Antes de renascer, o Eu (espírito, consciência) tinha maior noção de si. Conhecia-se mais. Diria que era mais “Eu” que após renascer. Após renascer torna-se um Eu restringido e sua autodefinição distorcida. Novas crenças, novos modelos condicionantes tornam o Eu crente de uma realidade básica: “eu sou o corpo”. E como o corpo é o representante da condição animal sexuada do ser humanizado, a sexualidade torna-se um dos centros da manifestação humana. Uma nova experiência evolutiva. A identificação com o corpo sexual (sexossoma) coloca o Eu Espiritual numa condição de Eu Sexualizado. O corpo dói, adoece, sente prazer e possibilita uma gama de experiências. O corpo morre, os parentes morrem; muitas perdas, valores e poder atravessam a vida espiritual humanizada. Com o esquecimento do Eu Espiritual, o Eu distorce sua percepção e orienta a vida conforme as fases de desenvolvimento impostos pela Embriogênese. O porquê da demora do desenvolvimento embriológico que impõe ao ser humanizado passar por fases de maturação sexossomáticas não se sabe ainda. Experiências intra-uterinas, fases de amamentação, período anal e fálico, e toda a complexidade das pulsões sexuais já vividas desde a tenra infância, a masturbação, os desejos incestuosos pelo pai e pela mãe, o amor um tanto sexual entre irmãos e irmãs, deixam a vida ressexualizada do Eu mais complexa que imaginávamos. A vida encarnada é mais complexa que imaginamos.
Talvez se a vida encarnada iniciasse diretamente num corpo adulto, o black-out mnemônico sendo minimizado; a consciência poderia conservar com maior energia a si mesma (Eu Espiritual), diminuindo erros e acertando mais na evolução. No entanto, algo de inteligente existe no processo de renascimento. É possível que o renascimento seja uma porta de acesso direto ao inconsciente menos trabalhado, razão pela qual o esquecimento leva os seres humanos a se sintonizarem com os padrões ressonantes das imaturidades e campos traumáticos. Mas isto não é uma Lei. É uma lei psíquica na medida em que o Eu não querendo superar seus traumas acabam por enterrarem no baú do inconsciente carregando vida após vida suas feridas espirituais na esfera da inconsciência. Compreendo que o Eu tem responsabilidade direta no esquecimento. O esquecimento é uma expressão de seu desejo: do desejo de esquecer de si mesmo. Quanto mais evoluído o Eu, mais torna sua reencarnação um processo de lucidez contínua, sem espaços para lapsos de memória e inconsciência. Por dedução, vejo a possibilidade concreta de um Eu atravessar os ciclos de forma completamente lúcida, sem perdas de memória alguma e noções de si mesmo, mantendo conexão direta com o universo espiritual e animal numa sinergia perfeita, denotando traços de sabedoria de vida conquistada ao longo de sua infinita caminhada desde a conscienciogênese. Assim, surge a necessidade de lembrar-se para Ser.
Se a vida gozante espiritual existe devido ao ser estar mais próximo de sua essência como ser psíquico que é, a vida humana reencarnada necessita aproximar-se desta mesma essência.
NIAC/ABRAP
O que marca exatamente a existência humana e a diferencia da existência extra-humana ou extrafísica, espiritual? A existência sexualizada do espírito em detrimento com a existência dessexualizada própria da vida psíquica, propriamente dita.
Muitas evidências apontam para esta premissa, a começar pela Biologia e a classificação dos seres em bióticos e abióticos. O ser humano, homo sapiens sapiens, é um ser biótico, vivo, pertencente a classificação dos seres sexuados, em oposição aos seres assexuados como os que se reproduzem por bipartição, as amebas, por exemplo. Assim, como seres sexuados que somos o processo emergente que caracteriza tal classe de seres vivos são os processos de nascer e morrer.
Um ser sexuado é aquele que num dado momento nasce e morre. Mas o que a Biologia aponta como morte? A morte do corpo, a decomposição biológica, a cessação definitiva da vida humana e a continuidade deste corpo na ininterrupta cadeia ecológica alimentar e manutenção da vida doutros seres vivos, sexuados ou não. A morte de um ser sexuado, no caso, o animal mamífero humano, é simples de compreender pela Biologia. O problema surge quanto ao nascimento. Mas o que a Biologia aponta como nascimento?
Aqui adentramos na embriogênese, a formação do embrião, a genética, a reprodução humana e os processos todos interconectados até a formação do feto dentro do útero e o nascimento propriamente dito. Apesar de não existir consenso relativo aos fatos do fenômeno “consciência”, a Biologia em geral aponta para estes dois processos de nascer e morrer nestas óticas resumidas. Em síntese, para este ensaio, resta afirmar que o que marca um ser sexuado é justamente o fato biológico de que este nasce e morre num dado momento histórico-temporal.
Em relação ao animal sexuado humano, este nasce, pela hipótese da Biologia, a partir da fecundação do espermatozóide vindo do animal sexuado humano, macho, e do óvulo do animal sexuado humano, fêmea. Assim, desta fecundação ocorre uma intensa troca de material genético até a formação do ovo ou zigoto. Temos o início de um complexo processo chamado embriogênese. Não importa agora, neste início de ensaio, como que a partir desta troca de material genético o zigoto formará todo o corpo humano até que este possa sair do útero e dar início da vida animal humana sexuada propriamente dita. O que importa aqui é que este corpo formado que caracteriza o animal sexuado humano é o ser humano tal como considerado pela Biologia e é este mesmo animal sexuado que morre (correspondendo à morte do corpo). Este paradigma é o que é praticado, teorizado e amplamente defendido pela moderna Medicina e mesmo pela Psicologia. Para a Medicina, embora isto esteja mudando a passos de tartaruga, o psíquico é o corpo, ou radicalmente, o cérebro e qualquer disfunção são compreendidos como neuroquímica e destituído de uma essência, um núcleo: a alma ou o espírito. A consciência tornou-se uma substância tal como um hormônio e quando o cérebro, a grande glândula secretora de consciência fica inabilitado, morre, da mesma forma, a consciência, sendo um produto cerebral, morre conjuntamente como todo o Eu, a personalidade e toda a memória existencial. A concepção da Biologia e da Medicina está errada neste ponto. E mais, a concepção tanto da moderna Medicina como da Psicologia são falhas neste aspecto, trazendo-nos referenciais limitados para a compreensão da experiência humana, muito mais profunda e ampla que a ciência e seus dogmas. E a lacuna está justamente nos extremos da experiência humana, a saber:
1. Vida antes do nascimento: existência do Eu antes do nascimento.
2. Vida além da vida: existência do Eu mesmo fora do corpo em estados de expansão da consciência.
3. Vida após a morte: existência do Eu após a morte do corpo animal humano sexuado.
A vida antes do nascimento (VAN) é evidenciada pelas experiências transcendentes das lembranças e revivências das chamadas “vidas passadas”, tanto nos momentos em que o Eu acha-se “encarnado”, como nos momentos em que o Eu se acha “desencarnado” ou “projetado fora de seu corpo”. A vida além da vida (VAV) é evidenciada pelas experiências profundamente transcendentes das projeções conscientes para fora do corpo, contatos espirituais pelo mediunismo, clarividência, telepatia e outros meios como a transidentificação. A vida após a morte (VAM) é evidenciada pelas lembranças das mortes anteriores em vidas passadas e pela continuidade da vida até a atual vida, conjuntamente pela rememoração do período entrevidas. Da mesma forma é evidenciada pelos contatos com parentes que se comunicam pela psicografia, mediunismo e aparições de forma direta e vivenciada amplamente pela humanidade desde a antigüidade. A reunião sistemática das evidências psi-theta, representadas pelos conjuntos VAN, VAV e VAM, produz uma única evidência global, holística, a da existência comprovada do Espírito (ECE). Assim temos que, numa matemática sintética:
VAN + VAV + VAM = ECE
O Espírito é a Consciência. O Espírito é o Eu Real, a realidade psi-Pura, diferente da energia, que existe, pré-existe, sobrexiste e transexiste. A comprovação científica definitiva da existência da Consciência (ECE) e, por conseguinte, das realidades VAN, VAV e VAM, cabe à decisão subjetiva do sujeito em considerar as evidências como suficientes para se erguer o paradigma da consciência.
A realidade psíquica (espiritual) apresenta-se como o “paraíso bíblico” ou mundo céu das escrituras, o local para onde vamos após morrer e de onde viemos antes de nascer. Apresenta-se também como o inferno astral propriamente dito, os umbrais do universo, mundo psíquico puro retrato da vida mental de seus habitantes, onde perambulam as almas inconscientes de si e de onde estão, perdidas e desorientadas.
Mas, quero centrar-me aqui no mundo psíquico positivo, astral superior, onde habitam os espíritos mais lúcidos e despertos. As possibilidades de vida são muito mais amplas que as que atualmente fazemos aqui neste mundo. O sexo ou o contato íntimo corporal máximo é sentido pela pele da consciência (perispíritos) e não pela pele do corpo humano. As relações são muito mais profundas e os sentimentos mais intensos. Existem prazer e desejos muito mais aguçados. A natureza da ecologia psíquica ou espiritual conjuntamente com a natureza do corpo psi do ser, possibilitam o mesmo a gozar de uma experiência de pesar poucas gramas, superar a força do campo gravitacional e flutuar volitando pelo espaço cósmico num mundo sem fronteiras, limites e espaço e tempo, numa velocidade acima da luz, obedecendo às forças do pensamento, imaginação livre e da intenção volitiva do núcleo gerador, ou a inteligência-consciência (espírito).
A partir das sessões de retrocognoterapia (regressão a vidas passadas) pude testemunhar as alternâncias dimensionais a partir dos relatos de meus pacientes quando no transe regressivo autoconsciente. Em comum, as vidas encarnadas em pouco foram vidas de plenitude e gozo, e muito de sofrimento e restringimento de lucidez e discernimento. As pessoas gozam de suas mazelas. Ao passarem pelo desencarne, praticamente todos os pacientes, com exceção de alguns poucos, relatavam acessar uma dimensão de gozo de uma vida de paz, amor e fraternismo, amparo e luz. As pessoas vestidas de branco num mundo sereno e pacífico. Muitas dessas pessoas passavam por períodos de recuperação de sua então vida encarnada e a partir poderiam assumir tarefas dentro deste novo ambiente e morada cósmica. Muito prazer, paz e plenitude encontramos nestas dimensões.
Assim, o ser espiritual ao atravessar o campo fronteiriço que separa a dimensão psíquica da dimensão animal ou o útero materno, será acometido pelo processo de “sexualização” da consciência. Antes, um ser parassexual (sexualidade consciencial parabiológica), agora um ser sexual, cuja porta de entrada fora aberta a partir da fecundação resultado de uma relação sexual. É provável que a qualidade da relação sexual que possibilita a passagem do ser de um estado a outro, determine até certo ponto sua carga energética e o sentido sexual que dê para a vida que prosseguirá. No entanto, o ser se sexualiza mas, antes de qualquer coisa, para que ele reencarne ele deve abdicar de viver o gozo da vida espiritual. O que move o ser a abdicar do gozo da vida espiritual e aceitar a castração reencarnatória e, com isto, uma nova experiência evolutiva reencarnado é o que move este ensaio. Mesmo que o ser escolha a opção reencarnar, tal opção sempre será uma castração. Independente de a vida encarnada ser boa ou sentida como algo bom, a vida animalizada não se assemelha a vida espiritual em termos de qualidade e possibilidades de manifestação psíquica. De qualquer forma, a reencarnação propriamente dita ou a alteração de estado objetivo de manifestação expressa-se como uma “castração do gozo da vida espiritual”.
A castração inicia com o esquecimento ou o apagão mnemônico da procedência espiritual do ser. O ser reencarna e para que reencarne, ele precisa atravessar um processo inerente à reencarnação, que é o esquecimento de si mesmo. O esquecimento de si mesmo faz parte da primeira etapa que o ser vai ter de vivenciar, ou seja, viver sem a plena consciência de si. É um estado de amnésia, um black-out mnemônico, provocado pelo próprio processo de travessia interdimensional. O útero como espécie de câmara biológica de materialização. Com seu auto-conceito limitado, o ser forma nova personalidade e possivelmente novos sistemas de defesa e novos tipos de caráter. Esta evidência consta em mim mesmo, quando noutras vidas apresentava sistemas de defesa diferentes dos que uso hoje. A cada vida encarnada podemos dizer que uma nova personalidade é formada, cada qual em sua faixa correspondente. No entanto, o mesmo Eu atravessa as multivariadas existências assumindo multivariadas personalidades. Algo permanece vivo, e este algo é o núcleo inteligente que atravessas as dimensões em busca de sentido, realização, plenitude, etc. Este algo é o Espírito ou Consciência.
O esquecimento temporário - pois ao desencarnar o ser tende a voltar a lembrar-se - parece ser a maior castração que a reencarnação gera a este ser, visto ser a abdicação da autoconsciência e das memórias das experiências de gozo profundo espiritual. Qual o sentido de esquecer? Seria um sinal de imaturidade de manutenção da memória tal como esquecemos de situações da infância atual? Tal como não lembramos de experiências intra-uterinas e mesmo de ontem? Esta é minha posição, a de que o esquecimento não é uma lei propriamente dita do universo, imposição divina ou lei evolutiva, mas antes de tudo, de sinal de imaturidade pessoal em lidar com o Eu Real, tal como ele é, com tudo o que é.
Obviamente, na fenomenologia da experiência espiritual, psíquica, nem todos participam deste rol de experiências, permanecendo na esfera dos processos de para-psicoses, para-neuroses, para-transtornos mentais. Muitos atravessam as dimensões sem consciência da travessia. Muitos não são resgatados para os centros de reabilitação espiritual, as colônias, hospitais e cidades espirituais de elucidação e acabam por reencarnarem sem consciência alguma: são sonâmbulos evolutivos.
Assim, a reencarnação parece ser a experiência em que o ser abdica de si mesmo (do gozo de ser em plenitude no espaço cósmico livre) em prol de algo mais importante. Ao esquecer-se de si, se vê diante do outro. Assim a relação interpessoal parece ser uma das essências da vida encarnada. O ser existe para se relacionar com o outro. No entanto o ser esquecido de si e de sua origem cósmica, também acaba por esquecer o motivo pelo qual intentou reencarnar, ressexualizar; do motivo pelo qual decidiu abdicar do orgasmo espiritual pela castração ressexualizatória. Um motivo relativamente importante fez com que o ser decidisse pela castração. A castração é a sensação de perda de regiões do Eu Espiritual, eu Real, qual seja, a memória espiritual que enraíza o ser na sua procedência cósmica de origem imediata.
Um fato praticamente unânime é que o ser esquece o que veio fazer no planeta. A maciça maioria da humanidade me parece sofrer de da Síndrome da Existência sem Sentido (SES). Pessoas vivem e não sabem o que fazem aqui. Sofrem sem saber porque sofrem e morrem sem consciência de onde vieram, fizeram e para onde irão. São os futuros pacientes das colônias espirituais de tratamento e recuperação. Mas porque esqueceria? Qual o sentido de esquecer-se de tal ofício se a felicidade e o prazer podem ter relação com tal tarefa? Complexa tal questão. Antes de renascer, o Eu (espírito, consciência) tinha maior noção de si. Conhecia-se mais. Diria que era mais “Eu” que após renascer. Após renascer torna-se um Eu restringido e sua autodefinição distorcida. Novas crenças, novos modelos condicionantes tornam o Eu crente de uma realidade básica: “eu sou o corpo”. E como o corpo é o representante da condição animal sexuada do ser humanizado, a sexualidade torna-se um dos centros da manifestação humana. Uma nova experiência evolutiva. A identificação com o corpo sexual (sexossoma) coloca o Eu Espiritual numa condição de Eu Sexualizado. O corpo dói, adoece, sente prazer e possibilita uma gama de experiências. O corpo morre, os parentes morrem; muitas perdas, valores e poder atravessam a vida espiritual humanizada. Com o esquecimento do Eu Espiritual, o Eu distorce sua percepção e orienta a vida conforme as fases de desenvolvimento impostos pela Embriogênese. O porquê da demora do desenvolvimento embriológico que impõe ao ser humanizado passar por fases de maturação sexossomáticas não se sabe ainda. Experiências intra-uterinas, fases de amamentação, período anal e fálico, e toda a complexidade das pulsões sexuais já vividas desde a tenra infância, a masturbação, os desejos incestuosos pelo pai e pela mãe, o amor um tanto sexual entre irmãos e irmãs, deixam a vida ressexualizada do Eu mais complexa que imaginávamos. A vida encarnada é mais complexa que imaginamos.
Talvez se a vida encarnada iniciasse diretamente num corpo adulto, o black-out mnemônico sendo minimizado; a consciência poderia conservar com maior energia a si mesma (Eu Espiritual), diminuindo erros e acertando mais na evolução. No entanto, algo de inteligente existe no processo de renascimento. É possível que o renascimento seja uma porta de acesso direto ao inconsciente menos trabalhado, razão pela qual o esquecimento leva os seres humanos a se sintonizarem com os padrões ressonantes das imaturidades e campos traumáticos. Mas isto não é uma Lei. É uma lei psíquica na medida em que o Eu não querendo superar seus traumas acabam por enterrarem no baú do inconsciente carregando vida após vida suas feridas espirituais na esfera da inconsciência. Compreendo que o Eu tem responsabilidade direta no esquecimento. O esquecimento é uma expressão de seu desejo: do desejo de esquecer de si mesmo. Quanto mais evoluído o Eu, mais torna sua reencarnação um processo de lucidez contínua, sem espaços para lapsos de memória e inconsciência. Por dedução, vejo a possibilidade concreta de um Eu atravessar os ciclos de forma completamente lúcida, sem perdas de memória alguma e noções de si mesmo, mantendo conexão direta com o universo espiritual e animal numa sinergia perfeita, denotando traços de sabedoria de vida conquistada ao longo de sua infinita caminhada desde a conscienciogênese. Assim, surge a necessidade de lembrar-se para Ser.
Se a vida gozante espiritual existe devido ao ser estar mais próximo de sua essência como ser psíquico que é, a vida humana reencarnada necessita aproximar-se desta mesma essência.