30.11.11

Robert Monroe, seu papel no desenvolvimento da Projeciologia e relações com a minha experiência, a de Sylvan Muldoon, Waldo Vieira e outras considerações. (parte 1)


Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo
FEBRAP/ABRAP/NIAC

Dedico carinhosamente este artigo a Marcio Emiliano, leitor desta revista, por ter me solicitado escrever sobre Robert Monroe e sua relação com a Projeciologia.




Robert Monroe e a Projeciologia

A conexão direta entre eu e Robert Monroe se deu naturalmente através da revista que acabei criando para veicular meus experimentos parapsíquicos e científicos na área avançada da consciência. Márcio, após ler o artigo publicado a respeito do renomado projetor Sylvan Muldoon, solicitou-me que escrevesse acerca de Robert Monroe.

E admito caro leitor, nunca li nada das obras de Robert Monroe, além de citações a respeito de sua importância no campo mais laboratorial da projeciologia e acerca de sua experiência como projetor consciente e alguns relatos. Seu nome é bem falado nos corredores do IIPC, porém, sem qualquer aprofundamento. Nunca interessei-me em ler sua obra, assim como a de muitos outros projetores, porque sei da veracidade da experiência. Por outro lado, li integralmente o material publicado por Waldo Vieira, que será a terceira personalidade o qual escreverei um artigo dedicado. Isso se deu diferentemente com Muldoon, pois a obra de Muldoon foi a primeira obra que tive contato sobre o assunto.

Então, foi assim que cheguei diretamente até Monroe, por pedido de meu amigo leitor. E certamente demoraria para acessá-lo. Meus interesses estão primeiro em experimentos pessoais e, em segundo, em experimentos de outros pesquisadores e, terceiro, em material teórico-científico da área. Mal dou conta de meus próprios experimentos e afazeres, casos clínicos, pesquisa, escrita de artigos, família, filho e outras tarefas familiares. Luto desde criança para a autosuperação de meu déficit de atenção sem qualquer uso de medicação, somente com exercícios mentais e estudo concentrado e meditação. A solicitação do leitor é que delineasse o papel de Monroe na ciência da projeção consciente, ou a Projeciologia. Não sei se estarei conseguindo fazer isso, porque o que escreverei é mais um depoimento que um estudo histórico. Como não sou historiador, reservo-me do direito de escrever da forma como me soa mais confortável e prazerosa.

Prontamente, comecei a ler a obra “Viagens para fora do Corpo”. E, por suspresa, deparei-me com a introdução de um dos mais qualificados parapsicólogos do planeta, Dr. Charles Tart, pesquisador que fiz contato há anos atrás o qual recebeu-me, em e-mail, cordialmente com seus textos a respeito da projetabilidade consciente. Mas seu depoimento é impactante. Tart coloca-se em alto nível de honestidade diante do trabalho de Monroe. E eis que finalizo a introdução e começo a ler o primeiro capítulo, que narra a experiência desencadeadora de Robert. Monroe passa por intensos estados vibracionais espontâneos, a princípio e que ao longo do tempo seguinte culminaria com uma experiência de bilocação. O mais intrigante é sua aguçada capacidade de descrição da experiência, verdadeira pesquisa fenomenológica do fenômeno projeciológico. Sua precisão é evidente. No Brasil temos um problema grave, a Parapsicologia está praticamente diluída, por outro lado, temos a Projeciologia e Conscienciologia em alto nível de organização e expansão científica. A equipe científica relacionada é das mais profissionais e científicas do planeta.

É importante esclarecer ao leitor que tornei-me parapsicólogo muito depois de ter experimentado o fenômeno projetivo, desde antes de meus 9 anos de idade. A razão da precocidade destas experiências me são desconhecidas. Sou como Muldoon, que faz ciência de si mesmo. Parto da hipótese que tenha sido aumentada esta predisposição a partir de meu trauma do parto. Assim, começo pela experiência para depois ir à teoria, que incluo, experiências de terceiros.

Inicialmente, venho dizer que Monroe é como um segundo Muldoon. Depois de Muldoon, cronologicamente falando, parece que somente Monroe consegue fazer ciência de seus próprios experimentos projetivos, sem misticismo e fantasias, tal como observa Tart e, o mais interessante, é o paralelo que faço entre ambas histórias. Em Muldoon, ocorre a busca por Hereward Carrington, renomado pesquisador psíquico do século XIX e XX, o qual realizam intensa troca de experiências. O fenômeno em Muldoon inicia quando tinha 12 anos de idade, quando entra em catalepsia projetiva ou astral. Agora vamos para Monroe. Monroe passa pela experiência de sentir as vibrações no corpo e repito, são sensações realmente estranhas, ainda mais quando posteriormente vem a experiência extracorpórea consciente sem perda de lucidez. A experiência de ouvir e sentir os sons dentro do cérebro é realmente bizarra, como tenho experimentado várias vezes. Após busca ajuda de especialistas, médicos, psicólogos e eis que em sua obra encontramos Charles Tart, o qual podemos compará-lo em importância, ao renomado Sr. Carrington. Ambos fazem investigação em conjunto e tendo laço de amizade que transcende o de pesquisadores e os aproximam como pessoas. O depoimento de Tart é de uma honestidade admirável.

Essa é a primeira análise comparativa e parapsicológica que faço das obras. Faço como parapsicólogo e como projetor consciente que também teve sua vida completamente virada ao avesso diante dos impactos progressivos que cada experiência ia me lançando.

Como Muldoon, Monroe dá, mesmo sem saber, continuidade ao modelo de pesquisa que não é nem qualitativa, nem quantitativa, mas instala-se numa forma de investigação direta do fenômeno parapsíquico pelo próprio experimentador-pesquisador. Podemos chamar de auto-pesquisa experimental, onde o pesquisador se lança no experimento e depois faz ciência do mesmo, percorrendo o ciclo da aprendizagem experiencial tal como delinearam John Dewey, Kurt Lewin e outros. Parece-me que existe uma correlação entre as experiências de ambos projetores:

1.    Experiência desencadeadora fulminante: catalepsia astral ou projetiva e estado vibracional e conseqüente bilocação;
2.    Impacto da experiência e alteração cognitiva, com alteração profunda da estrutura consciencial (cognitiva, emocional, pensamentos, crenças, etc)
3.    Busca por informações em obras e especialistas, com pouco resultado;
4.    Contínuos experimentos projetivos e analisados, descritos com alto nível de precisão, a ponto de podermos, como projetores, comparar a experiência e obtermos maior visão sistêmica do fenômeno;
5.    Publicação em conjunto com algum renomado pesquisador, desconectando o escritor na categoria de insano ou psicótico, pelo atestado do pesquisador-autoridade.

Sobre Waldo Vieira e a Projeciologia

Na década de 70 (1979), no Brasil, um médico espírita chamado Waldo Vieira publica um livro contendo suas experiências projetivas. Este projetor também apresenta o traço raro daquele que além de ter os experimentos projetivos, consegue fazer ciência de si mesmo em alto nível. Vieira, ao que me parece, torna-se o terceiro da linhagem de projetores-cientistas, ou de projeciólogos nesta ordem cronológica:

1. Sylvan Muldoon
2. Robert Monroe
3. Waldo Vieira


Eu teria de examinar melhor as obras anteriores, mas não encontro nada muito preciso e destituído de misticismo por onde li. Outro projeciólogo que parece-me ter saído do trilho científico mais focado no campo projetivo, foi o brasileiro Geraldo Medeiros Junior e algumas de suas obras especializadas como "Relatos de um Projetor Extrafísico" e "Viagem Extrafísica", obras excelentes e referenciais. Wagner Borges, que também ainda não fiz revisão mais aprofundada das obras, mas sua pesquisa está noutra esfera, não tão científica e mais mística. Medeiros abandona a Projeciologia e focaliza seus estudos na Bioenergologia, campo mais relacionado com a Conscienciologia. Em outras obras, bastante respeitadas, como de minha colega parapsicóloga Susan Blackmore, li somente o início e o fim, e deparei-me com uma frustração ao ler sua conclusão sobre as experiências fora do corpo, e concluo: ela nunca teve uma projeção consciente. Não perdi meu tempo lendo o miolo do livro. Após Vieira, muitos tentaram fazer ciência de seus próprios experimentos, mas acontece que poucos têm experiências projetivas suficientes a ponto de conseguir fazer delas ciência projeciológica. A Projeciologia, no meu ponto de vista, é a ciência mais difícil existente no planeta. Sou como um retardatário numa corrida de Formula 1, com 36 anos de idade, tentando superar minha dificuldade de concentração para que consiga escrever acerca do assunto. Se tivesse maior capacidade de concentração e organização de idéias poderia ter publicado algo há tempo. Muldoon demonstra superior capacidade, ao escrever morimbundo, entrevado numa cama, com vinte e poucos anos de idade. Estas são as dificuldades que sensitivos têm ao tentarem também manifestarem seu intelecto, atributo praticamente oposto ao parapsiquismo, que se manifesta como acesso direto a uma informação e realidade. Um dia entendi que um de meus objetivos de vida era desenvolver minha intelectualidade, porque estava desalinhado com meu parapsiquismo. Incluia aprender a escrever e a organizar experiências. Forte tendência pela arte e música, abandonei toda minha atividade artística e musical, para dedicar-me somente ao desenvolvimento parapsíquico numa linhagem científica. E sou grato a Waldo Vieira por ter me mostrado tal prioridade em minha existência.

Espero chegar até o fim da obra de Monroe. Geralmente não leio uma obra por completo, a não ser que me interesse muito. Sinto-me como diante de amigos, quando leio Muldoon e Monroe. Senti afinidade imediata com essas consciências de extrema coragem em escrever cada qual em sua época, sobre tal tema. Aprendo com a sinceridade de como se expõem publicamente e o exemplo destes me faz apreender a coragem deles e aplicar aqui, agora, em meu momento.

Correlações com minha experiência projeciológica

A minha história não difere muito de Muldoon e Monroe. Aos 5 anos de idade aproximadamente, comecei a sair do corpo com lucidez, quando desejava profundamente voar como o super-heroi americano fazia em seu filme. E eu conseguia. A princípio eram sonhos lúcidos, onde conseguia controlar o sonho. Aos poucos, os sonhos foram se tornando mais e mais lúcidos e ponto de estar completamente consciente dentro deles. Sabia que era algo diferente do sonho. Toda noite eu tinha dessas experiências e desejava ardentemente tê-las. Tinha muito êxito em replicar a vontade a experiência. Eu sabia de alguma forma que, se eu desejasse e muito, ardentemente, aquilo ocorria. Era uma técnica. Anos se passaram e fui esquecendo disso. Era normal para mim. Mas uma vez lembro que fui comentar com um amiguinho de infância e o mesmo nem sabia do que eu estava falando. Creio que reprimi um pouco aquilo tudo. Somente aos 9 anos de idade, em meio a crise de febre alta, tive projeções violentas para fora do corpo. Eu era arremessado para fora e saia rodopiando em espiral para fora do corpo. Creio ter sido minha primeira crise de pânico na minha vida. Esta experiência marca um antes e depois em minha atual existência. Fui a médicos, como Monroe, fiz exames também, e nada acusou. Os médicos diziam que eram alucinações. Tive menos sorte que Monroe. Somente após, aos 13.. 14 anos de idade, num centro de umbanda, uma entidade que já relatei noutros textos, que se chamava Vô Serafim, me explicaria que tudo aquilo estava ocorrendo porque eu era “macumbeiro”. Cerca de ano depois, outra entidade que se chamava Vó Maria, me diria: “o filho vai, sai do corpo e vai voar”. Na época eu reclamava que não conseguia me concentrar nos estudos porque começava a flutuar, a rodopiar e a excitar-me muito sexualmente. Várias vezes tinha de me masturbar para que conseguisse me concentrar nos estudos e a interromper o processo projetivo. Não sei qual a relação entre estudo concentrado e excitabilidade sexual. Mas li que Monroe fala disso, nos capítulos seguintes. Este campo é árido em pesquisas. Creio que tenha lido em Freud algo sobre isso.

A diferença é que minha crise de paradigmas ocorreu antes de eu ter um paradigma. Então, não aceitei nada que fosse contrastante com meus experimentos projetivos, desde pequeno. Lembro da discussão que tive com o neurologista que teimava dizer-me que eram alucinações e eu dizia que não, que foi real. Eu tinha 9 anos. É complicado uma criança conviver com essa realidade e ainda ser criança. Creio ter amadurecido uma parte em mim muito precocemente. Sem contar a exacerbada libido que eu tinha de dar conta desde cedo que me parece estar associada ao parapsiquismo precoce, de alguma maneira e a enorme quantidade de energia que sinto possuir. Espero que Monroe tenha algo a dizer a respeito disso, das relações entre parapsiquismo e sexualidade, relação esta que venho tentando esboçar há um certo tempo, pela teoria sexométrica em comparação as escalas evolutivas e ao estudo da sexualidade e sua relação com a evolução da consciência.

Após, venho tentando estruturar tudo em ensaios. Ensaio é uma forma de escrita mais livre. Adapto-me mais com este modo de escrever, mais livremente. Começo criando uma biblioteca onde posso publicar os escritos. Depois crio a revista, onde publico as coisas mais dinamicamente, sem tantas formalidades. Neste trajeto, já havia a instituição de projeciologia, onde me envolvo, fundada por Waldo Vieira. Vou tentando formar um grupo independente e livre de pesquisadores da área, que chamei de NIAC – Núcleo de Investigações Avançadas da Consciência. Associei-me com o parapsicólogo Geraldo Sarti, o qual vem me dando feedbacks a respeito de meus experimentos projetivos do ponto de vista psicobiofísico e parapsicológico. Sarti junto com Carlos Tinoco, sumidades da parapsicologia no Brasil, outorgam a mim, pela Federação Brasileira de Parapsicologia e Associação Brasileira de Parapsicologia o título de Parapsicólogo.

Haveria um padrão sincrônico na biografia de projeciólogos?

A semelhança é direta. Sem me dar conta, faço o paralelo dessas histórias e percebo um padrão. Carrington, Tart e Sarti, ambos parapsicólogos renomados que têm o poder de atestar a nossa sanidade mental e a coerência daquilo que estamos falando. Desconheço a história de Waldo Vieira a ponto de traçar este mesmo paralelo, mas soube que em sua trajetória, um espírita lhe orientou a estudar a projetabilidade consciente a fundo. Mas sua qualidade de médico lhe é favorável a tal posição, dispensando em muito a necessidade de um apêndice, tal como eu, Muldoon e Monroe precisávamos. Seu traço científico o coloca em degrau avançado, no que diz respeito a sua velocidade de organização de idéias e capacidade de materializar idéias em papel. Existem pessoas mais capazes que outras nesse aspecto. E me deparo com esta dificuldade, de me superar nisso para chegar em meu objetivo. Parto do pressuposto que outros projeciólogos também, ainda desconhecidos, atravessaram histórias similares, variando num ou noutro ponto.

Outras Considerações

Estou tentando acompanhar em leituras todo este intenso movimento atual nas investigações avançadas da consciência, mas minha prioridade ainda são as experiências e organizar minhas experiências de uma forma que possa dar a publicidade devida e com isto, até o fim desta vida, espero conseguir tal feito. Outro fator é que vou pesquisando muitas coisas ao mesmo tempo, devido ao espectro de alcance de minhas experiências projetivas e organizando tudo ao mesmo tempo. Espero que haja uma síntese coerente de todos os ensaios, pois todos estão interconectados um no outro.

(parte 1)

25.11.11

Evidências de Precognição Extrafísica no momentum da Delocagem Lúcida para fora do Corpo e Retrocognição Espontânea relacionada ao fenômeno da automimese dispensável.

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo



Considerações iniciais

A precognição extrafísica é um acontecimento raro dentro do espectro de fenômenos parapsíquicos que já vicenciei. Pelo que me lembre, somente duas vezes pude ter um tipo desse de visão, quando previ num sonho, a separação conjugal de meus tios antes deles se separarem. A segunda vez, embora não tenha ainda ocorrido o fato para comprovar a veracidade precognitiva e nem o quero que ocorra, foi a precognição de suicício de pessoa próxima a mim, ente querido. Diante disso procuro avisar a pessoa, ainda viva, para que se estiver pensando em fazer isto, que não o faça porque os familiares ficarão muito arrasados. A pessoa, no sonho, se suicida com medicamentos anti-depressivos. Fora isto, não me lembro aqui neste momento.

De qualquer forma, a precognição é sempre um evento estranho, sempre estranho para mim. Não me importa realmente seu conceito, porque sua vivência é completamente impactante, porque mostra que o futuro está ocorrendo agora. Não sei exatamente como explicar isso nem como isso se dá, provavelmente a física moderna e pricipalmente a psicobiofísica, poderá explicar isso através de conceitos como curvatura do espaço-tempo e outros desta natureza, como a teoria de psicons (Sarti), buraco de minhoca e teoria holográfica. A visão é clara e é acompanhada de uma sensação de certeza. E diante desta certeza intuitiva, parapsíquica, que tem relação com alguma informação captada em bloco, relevante, sem intermediários racionais e analíticos, ocorre à decisão perante o fato.

Por outro lado, a vivência da retrocognição é também sempre estranha para mim, apesar de estar acostumado e a tratá-la como normal dentro de minha vida. É uma experiência parecida com a precognição, só que ocorre o inverso, a curvatura do espaço-tempo para o passado, ao invés de para o futuro. A minha consciência se desperta noutro momento e ali vê, sente e percebe a cena viva e num realismo realmente absurdo, dando a impressão que o passado está acontecendo neste momento. Da mesma forma, não sei como explicar o como o passado está acontecendo agora. Posso estar pensando a partir de referenciais cognitivos que não sustentam este tipo de vivência, assim como os físicos tentavam aplicar referenciais newtonianos para fenômenos quânticos.

Os fatos abaixo são exemplificativos. Minha memória, por enquanto, elenca somente estas vivências significativas, mas se por ventura abrir-se mais campos de memória associadas a tais fatos, estarei atualizando este texto periodicamente.

1. Da evidência de retrocognição espontânea

Há cerca de pouco mais de 1 década atrás, sofri um grave acidente. Eu praticava meu ciclismo de rua, como de rotina, pedalava de 8 a 10km por dia e ritmo forte. Tinha uma rotina atlética, associando ao ciclismo, a prática de surf rotineira, tai chi chuan e corrida de rua. Neste dia, estava descendo uma rua central, com a bicicleta a cerca de 40 a 60km/h, e, ao saltar uma lombada (como sempre o fazia), o garfo dianteiro da bicicleta avariou-se, quebrando a borboleta que segurava o eixo da roda dianteira. O resultado foi um salto no ar e uma queda que me levou a um traumatismo craniano e perda conseqüente de minha memória total. Fui socorrido pelo SAMU e posteriormente, para Hospital e assim que tive alta, fui para casa. A retrocognição ocorre quando minha namorada na época, junto com minha subitamente em transe retrocognitivo e vi a cena de um acidente similar ocorrido em meu passado antigo, provavelmente na Idade Média, em algum canto da Europa. Estava andando velozmente a cavalo no meio de um bosque quando diante do cavalo tinha um tronco de árvore no chão e o cavalo não viu. O animal leva uma rasteira do tronco e eu sou arremassado para frente. As duas pessoas que me socorrem são exatamente as mesmas pessoas que me tratam nesta vida. A cena era praticamente igual. Estávamos nós três, num bom clima, rindo e nos divertindo, enquanto elas me tratavam. Na época, não as conhecia. Compreendi de imediato a relação entre o atual acidente e o acidente antigo. Antes mesmo do atual acidente, sentia oscilações estranhas na minha região facial, da têmpora esquerda, uma leve dor e incômodo. A região coincide com o mesmo local do acidente em vida passada e se repete, no mesmo local, na atual vida. Esta evidência aponta para a realidade das repetições de traumas de vidas passadas na atual vida. Diante desta predisposição a acidente, passei a tomar cuidado maior diante desta tendência.

2. Da evidência de precognição extrafísica

Em 2006, aproximadamente, compro uma moto Honda CBX 250cc e, devido a meu passado anterior a esta vida, gostava bastante deste veículo, deste uma vida como índio, onde andávamos a cavalo em bandos, até vida recente, na Inglaterra, onde andávamos de moto e fazíamos corrida nas ruas. Tal retrocognição se deu espontaneamente num semáforo, no meio de uma acelerada no motor, lembrei subitamente desta época, muito agradável de meu passado.

Por outro lado, isto intensificou meu interesse por moto até que quase sofri um acidente, nada grave, onde uma motorista de carro fechou-me e, por estar devagar, consegui controlar a moto e evitar a queda. Isto deixou-me com medo, sinceramente, e lembrou-me do acidente de bicicleta, acima descrito, onde escapei de ficar tetraplégico por cerca de milímetros em minha coluna cervical, região do pescoço. De qualquer forma, a partir dali comecei a andar de moto com muito cuidado.

O fato ocorreu numa madrugada de sábado para domingo, não me recordo o dia, mas foi no fim de 2010. Em meu caderno de registros acabei não colocando a data do experimento. Estava decolando para fora do corpo, lúcido, quando um outro estado de consciência se sobrepaira a lucidez projetiva e, do “nada” aparece uma moto que, ao bater em mim, faz-me acordar e, isto, interrompe a decolagem extracorpórea.

Após a vivência, acabei esquecendo-a completa que mente. Terça-feira seguinte, lembro da vivência e a rememoração vem acompanhada de entendimento, e decido vender a moto. O entendimento direto me dizia a relação entre a decolagem e o aparecimento de uma moto que me acidentaria, colocou a projeção consciente como um ensaio da morte propriamente dita e, a imagem da moto que “do nada” aparece e me pega, acidentando-me, atua como fator precognitivo para a prevenção do acidente. É importante dizer que após o quase-acidente que sofri de moto, narrado acima, fiquei bastante medroso e comecei a pressentir da possibilidade de acidente. Interpretei a experiência parapsíquica como um aviso para que vendesse a moto.

Esta experiência coloca a complexidade da fenomenologia projeciológica, especialmente a relação entre o realismo da decolagem lúcida para fora do corpo, o qual conheço bem o fenômeno e, o aspecto simbólico de ensaio da morte biológica, associado a uma imagem onírica, no caso, precognitiva, de acidente de moto. A precognição parece ocorrer no exato momento da decolagem consciente, ainda saindo do estado hipnagógico em direção à projeção consciente propriamente dita. A sensação de alteração de lucidez se dá pela convergência de um duplo fenômeno espaço-temporal: um, a projeção que ocorre no presente e, outro, a precognição que ocorre no futuro. Pude sentir esta alteração dimensional no momentum da vivência.

Das Considerações finais.

Nas experiências de precognição e retrocognição, ainda mais quando estas ocorrem numa condição extracorpórea, quando a consciência se acha fora do corpo, a situação se complexifica mais ainda. Apesar disso, em ambos casos, é necessário um transe onde a pessoa acaba encontrando-se ou semi-descoincidente ou totalmente descoincidente. Assim, ambos fenômenos são projeciológicos por natureza.

O sentido destes fenômenos é geralmente o aprendizado de alguma questão central na vida. Após estes acidentes e experiências tornei-me uma pessoa muito mais precavida e preventiva. É interessante que o laço afetivo parece atuar como coadjuvante essencial para a ocorrência do fenômeno parapsíquico e, temas como prever morte antecipada para que possa ser evitada, vendo os resultados do fato antes mesmo deles estarem ocorrendo no presente, é uma chance de mudança, de reciclagem antecipada para a pessoa. Assim como, é possível que haja uma maior reconciliação diante de conflitos mal resolvidos a partir da precognição, por exemplo. Desta forma, fica evidente existir uma relação direta entre fenômeno paranormal ou parapsíquico com evolução da consciência. Outro fato é a relação direta entre a ocorrência de tais fenômenos como preventivos de automimeses dispensáveis e mesmo as psicopatológicas, que são repetições de vidas improdutivas evolutivamente assim como continuidades de vivências improdutivas para nosso futuro de experiências. Assim, deixo registrado a princípio da função preventiva de danos conscienciais como fator gerador nuclear de fenômenos precognitivos e retrocognitivos quando associados à automimeses dispensáveis.

O princípio da economicidade de psi, tal como salienta o parapsicólogo Tarcísio Pallú, atua aqui como central, levando psi pelo caminho mais econômico e produtivo para se alcançar a informação mais precisa, visando resultados mais eficazes. Se psi precisa de experiência fora do corpo para acessar a informação, ocorre o fenômeno projeciológico. E assim por diante.

17.11.11

A Contribuição de Sylvan Muldoon para a Ciência da Projeção da Consciência para fora do Corpo

Publicado originalmente em 1929.
Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


1. Sobre a História da Projeciologia Moderna

A história da Projeciologia Moderna, ou a investigação científica da consciência em sua condição extracorpórea, fora do corpo e do cérebro, começa decididamente com o projetor e pesquisador autodidata, Sr. Sylvan Muldoon. Isto não quer dizer que antes de Muldoon não tenha havido pesquisa sobre o tema, visto que o assunto e mesmo a experiência projetiva já vem sendo falada de uma forma ou de outra desde a antiguidade, em todos os cantos do planeta. Mas a pesquisa científica propriamente dita, inicia a partir deste renomado e corajoso sensitivo.

A primeira experiência projetiva de Sylvan Muldoon foi aos 12 anos de idade quando passa pelo fenômeno da catalepsia astral ou projetiva. Tal fenômeno é muito comum e já ajudei mais de dezena de pacientes a lidarem melhor com o estado cataléptico. Em dada condição, paciente em regressão desperta abruptamente do estado de transe e afirma ter estado paralisado e não conseguia retornar ao corpo, afirmando que aquele seria o real motivo que o levou a buscar a terapia comigo. Os casos são inúmeros. De qualquer forma, Muldoon inaugura a pesquisa científica criteriosa sobre o fenômeno, que, como ele mesmo diz, foi muito pouco pesquisado pela ciência psíquica.

Muldoon renasce nos EUA em 1903, e em grave enfermidade escreve sua primeira obra junto com o renomado metapsiquista Sr. Hereward Carrington, "Projeção do Corpo Astral", publicada originalmente em 1929, inaugra, no planeta, a ciência da projeção da consciência, inicialmente, a projeção do corpo astral ou psicossoma (perispírito). Desencarna em 1969.

Em seguida dá continuidade às suas investigações publicando obras como "Os Fenômenos da Projeção Astral" (1951), quando após receber cartas de relatos de experiências de leitores de sua primeira obra, acaba por começar uma taxonomia da consciência projetiva, organizando os relatos conforme categorias de experiências, ao estilo fenomenológico no estudo de vivências e outras. Muldoon também publica outras duas obras especializadas no tema: "The Case of Astral Projection: Hallucination or Reality!" (1936) e "Psychic Experiences of Famous People" (?).

Outra obra de Muldoon foi publicada no Psychic Series Vol. II, intitulado "Famous Psychic Stories", em 1942.


II - Sobre os fundamentos e metodologia da ciência da projeção consciente (Projeciologia)

Muldoon afirma:

"Sin embargo, no podemos dejas de referir un factor sugestivo, a modo de conclusión. El cuerpo astral no piensa - no origina pensamiento - como tampoco lo hace el cuerpo fisico! Meramente es el vehiculo de la mente, que funciona en su propio plano. Al ser esto así, ha de resultar obvio, que algún principio mental superior (llamémoslo, espíritu, alma, o como queramos) funciona através del cuerpo astral; y, por ser tal el caso, debe representar un elemento todavia más transcendental de nuestro ser. Esta conclusión nos parece forzosa para todo aquel que medita sobre su experiencia personal en materia de proyección del cuerpo astral". (Muldoon, p. 59).

Continua nos esclarecendo:

"Si las experiencias extracorpóreas son reales - si sólo un caso se estabaleciera cientificamente - entonces la existencia de la mente separada y aparte del cerebro fisico se prueba de una vez y para siempre, y la probabilidad de supervivencia se torna aparente. De esa manera, la "inmortalidad" quedaría demonstrada de un solo golpe! Pues si la mente humana puede vivir e funcionar durante un solo minuto fuera del cerebro físico, que és lo que le impide de vivir y funcionar indefinitivamente, cuando el cerebro físico ya no existe?" (Muldoon, p. 40)

A ciência projetiva adotada por Muldoon se sustenta numa metodologia científica baseada no realismo da vivência, diante de sua extrema dificuldade de comprovação científica. A replicabilidade do fenômeno projetivo, a sua impossibilidade técnica e laboratorial de demonstração e elucidação diante da veracidade do fenômeno, a inconstância das repetições diante da aplicação de métodos e dentre todas as características básicas dos fenômenos psi-Gama, temos que a experimentação pessoal se torna o método central da auto-indução da projeção consciente do corpo astral (psicossoma). Diante disso, Muldoon adota o método da autoexperimentação como a base para uma ciência possível da experiência extracorpórea da consciência, senão vejamos suas palavras:

"Estou perfeitamente seguro de que, antes de acreditar, deve fazer-se a experiência da projeção astral consciente. E confesso que não a aceitaria como verdadeira se não a tivesse experimentado e se não soubesse que é uma verdade. Diz o cético: "Quero provas. Provas objetivas. Então acreditarei". E o projetor responderá: - "Não tereis provas objetivas. Deveis experimentar. Então tereis a prova". O argumento de que o projetor não poderá oferecer as provas ao cético é destituído de valor. Porque também o cético não lhe pode provar que se trata de um sonho. Assim, é inútil a discussão. Tão inútil quanto discutir se a matéria é causa primeira ou efeito final. Coloco-me numa posição clara: E digo: experimentai-o. "É comento que se prova o pudim." Nada procurei esconder nem recorri a supostos argumentos acerca dos "perigos" inerentes, o que constitui a maioria dos escritores do assunto. Dei métodos específicos para conseguir a projeção do corpo astral, tais quais os conheço, e desejo que verifiqueis a exatidão de minhas afirmativas diretamente dos resultados obtidos através da aplicação desses métodos. Quereis provas e eu vos digo que as poderei ter - mas deveis experimentar. Quereis saber como podereis experimentar, e eu voz digo como proceder. Nada mais me é possível. (...) Que este livro não seja julgado apenas pelo raciocínio. Que o seja pela experimentação. Não desejo que ninguém acredite no que escrevi. Digo: experimentai! Segui as fórmulas e depois julgai do mérito do que afirmo." (Muldoon, pp. 7-8)


III - Sobre o método e a categorização das experiências projetivas baseadas em critérios de indução (fator desencadeante ou gerador):

O diferencial em Muldoon era sua condição de auto-experimentador: ele mesmo passou por experiências desta natureza e, diante disso, fez ciência auto-investigativa e, posteriormente, fez investigação de casos experimentais de outros projetores, categorizando a fenomenologia projetiva a partir de 8 categorias mais 1 categoria em separado (Muldoon, 261-262):


1. Projeções produzidas por drogas e anestésicos
2. Projeções por ocasião de acidentes ou enfermidades
3. Projeções em ocasião de falecimento
4. Projeções devidas a desejos reprimidos e outros fatores espontâneos
5. Projeções nos que são médiuns ou vêem espíritos
6. Projeções experimentais e hipnóticas
7. Projeções espontâneas durante o sonhos
8. Projeções espontâneas em estado de vigília
9. Casos sintéticos (resumos)

O critério de categorização, análise e síntese utilizados por Muldoon, obedece aos princípios da pesquisa qualitativa, especialmente a fenomenológica, para o estudo de vivências a partir de estudo de relatos de experiências, tal como delineei em minha dissertação de mestrado em educação (UFSC). Ao estudar os relatos, Muldoon organiza as experiências a partir de categorias que respondem aos fatores indutores da projeção consciente. Assim, temos 8 fatores indutores gerais, o que não signfica que se resuma a estes 8. O delineamento das categorias e sua organização revelam processos decisórios do pesquisador, como é de praxe na investigação qualitativa. Outros pesquisadores, projetores, analisando as mesmas vivências podem chegar a categorias diferentes a partir de outra ordem de critérios, o que é sabido em pesquisa qualitativa, a única pesquisa realmente válida para o estudo de vivências.




IV - Sobre os métodos de autoindução

Assim, os métodos adotados por Muldoon servem sobremaneira para que a consciência do projetor se desperte na condição extracerebral, extracorpórea, objetivando para si mesmo, a condição da projeção consciente do corpo astral (psicossoma, perispírito). Desta forma, os métodos são basicamente indutivos, experimentais, cujo sujeito, por conta própria, aplica um ou mais métodos objetivando alcançar o estado projetivo da consciência.

Para que o leitor possa realizar a autoindução, sugiro o estudo da obra (clique aqui), especialmente a parte metodológica.


V - Sobre minha posição resumida como projetor consciente diante dos trabalhos de Muldoon
Assim como Muldoon, minha primeira projeção consciente acontece na infância, ao que me parece, antes mesmo da minha projeção mais lúcida aos 9 anos, quando tentava imitar o super-herói americano em meus sonhos lúcidos e durante os mesmos acabava estando numa projeção consciente. Aos 9 anos, como já relatei noutros ensaios, tive uma experiência abrupta e decolagens forçadas e espontâneas decorrentes de enfermidade (febre alta e hepatite). Pelos meus cálculos, isso acontecera com cerca de 4 a 6 anos de idade, época em que passava o seriado na rede SBT. Em retrocognição clínica, sessão facilitada por dois amigos parapsicólogos clínicos, pude relembrar e reviver projeção consciente ocorrida durante a gestação de minha mãe, quando tentava avisar ao médico para realizar a cesária de meu parto pois sofreria acidente caso não o fizesse, portanto, as primeiras projeções ocorreram, nesta vida, em meu período intrauterino, comprovando para mim, a existência lúcida da consciência mesmo na condição fetal, quando no estado extracorpóreo. Desconheço sinceramente quantas projeções conscientes passei nesta vida, mas creio ter chegado perto das 100 ou até ter passado esta quantidade. Incluo aqui além das projeções conscientes de lucidez elevada, as de lucidez mediana e os sonhos lúcidos (projeções semi-conscientes). Projeções conscientes de alta e mediana lucidez creio ter passado das 50 experiências ao longo desta vida. Mas é uma dedução, nunca fui obsessivo de contar quantas foram tais experiências. Por outro lado, conheço relativamente bem o fenômeno para que possa avaliar a importância da obra de Muldoon.

O ponto comum que me indentifico profundamente com Muldoon é sua condição simultânea de projetor e pesquisador, condição ainda exceção entre os parapsicólogos sérios e mesmo projeciológicos/conscienciólogos. O perigo que caimos é o que apelido de "Síndrome de Blackmore", parapsicóloga que acabou categorizando a projeção consciente na orbe das fantasias ou mero epifenômeno psicológico, após induzir uma experiência parapsíquica usando haxixe. O parapsicólogo que manifesta esta síndrome é aquele que não tem experiência suficiente no campo projeciológico experimental para avaliar o fenômeno por dentro. Sylvan, a partir de suas próprias experiências pessoais acaba erguendo a ciência da projetabilidade, hoje conhecida por Projeciologia, nome cunhado pelo também projetor consciente e pesquisador Dr. Waldo Vieira, verdadeiro continuador de todo labor de Muldoon, fundador da maior e mais séria instituição científica da área, o IIPC - Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, iniciado na década de 80. Da mesma forma, Vieira também teria vivenciado suas primeiras projeções conscientes na infância, tal como registra em suas extensas obras do assunto, transcendendo em muito os trabalhos de Muldoon em múltiplos aspectos.

O trabalho de Muldoon é, no meu ponto de vista, o melhor trabalho científico sobre projeção consciente que conheço, seguido do amplo tratado Projeciologia - Panorama das Experiências da Consciência para fora do Corpo Humano, do Dr. Waldo Vieira (médico). Minha posição diante disso se dá pela experiência direta do autor e pela clareza, didática, honestidade, franqueza e cientificidade de sua obra, associada a sua coragem de lançar o desafio a todos cientistas psiquicos e interessados, à experimentação direta. Lembramos que tal livro fora escrito na década de 20, do século passado, onde tinha recentemente sido criado o rádio, não existia a televisão e a comunicação era mediante cartas que demoravam bastante tempo até seu remetente. As condiçõesde vida eram outras, a locomoção, carros eram raros, presença de carroças, cavalos, os meios, a cultura da época ainda dogmatizada pelo modelo mais mecanicista e positivista da ciência e a religião ainda em fervor. É neste contexto que Muldoon começa a ter suas experiências e, após acessar a obra do Sr. Carrington (leia na íntegra aqui), inicia troca de cartas. Para uma pessoa se expor como Muldoon se expôs naquela época, diante do assunto tão picante e corrosivo como é o da projetabilidade e suas consequencias sociais e humanas, há de ter coragem rochosa diante do público e da comunidade científica. Em meio ao nascimento da Parapsicologia Moderna, libertando-se das amarras qualitativas da anterior Metapsíquica, eis que surge o trabalho de Muldoon, como um retorno lúcido e sólido à investigação qualitativa e científica da experiência humana mais complexa de se pesquisar: a projeção consciente do corpo extrafísico (astral, psicossoma, perispírito). Enquanto os fenômenos psi-Gama acabaram sendo abandonados e sendo substituidos gradualmente por PES, e os restantes sendo arbitrariamente classificados no esboço das hipóteses de sobrevivência, o clássico de Muldoon acaba sendo um retorno à Metapsíquica, por um lado, e uma ampliação da Parapsicologia, por outro. Os experimentos de Muldoon são exemplares e seu incentivo à autoexperimentação como método da Projeciologia é condizente com as dificuldades desta ciência e da indução da projeção consciente para fora do corpo e cérebro físico. Seus argumentos pertencem a alto nível de honestidade e comprometimento com a ciência séria e não-dogmática, aberta e universalista.

Assim temos que, na História da Projeciologia Moderna, Muldoon inaugura o universalismo da ciência extracorpórea e da possibilidade da existência compartilhada e pública, abrangente, da condição extracorpórea da consciência projetada. Para tanto, cabe a todos nós experimentarmos, para somente então, sabermos. A experiência da projeção, tal como afirma Muldoon, é a única experiência real, concreta, que viabiliza a comprovação definitiva da existência da consciência separada do cérebro físico e do corpo inteiro. O que advém em suas conseqüências de amplo espectro, desta evidência, ou arriscando-me a dizer, desta "verdade", está além de nossa compreensão. O centro aqui é a consciência. Assim, Muldoon me parece também ser o precursor da Conscienciologia, junto com o filósofo Miguel Reale, criador do termo que, posteriormente, iria ser adotado pelo Dr. WaldoVieira, para a nova ciência da consciência integral, colocando a Projeciologia como uma de suas especialidades (anteriormente pertencente à Parapsicologia). Deixo aqui as palavras de Muldoon e como "precognitor" da Conscienciologia:

"El cuerpo astral no piensa - no origina pensamiento - como tampoco lo hace el cuerpo fisico! Meramente es el vehiculo de la mente, que funciona en su propio plano. Al ser esto así, ha de resultar obvio, que algún principio mental superior (llamémoslo, espíritu, alma, o como queramos) funciona através del cuerpo astral; y, por ser tal el caso, debe representar un elemento todavia más transcendental de nuestro ser."

Em resumo, o principio mental superior que funciona através do corpo astral (psicossoma) é a consciência. Quanto ao veículo da mente, o mentalsoma ainda é uma hipótese, visto que para ser corpo, é necessário que possa ser objeto da consciência e, a consciência quando se manifesta fora do psicossoma (corpo astral), ainda sim, não pode se ver ou se detectar como um veículo. Ficamos aqui com este impasse de classificação, que nada altera a fenomenologia projetiva.

8.11.11

Algumas Implicações do nosso Caráter, a questão Cármica e os Relacionamentos

O ciclo cármico das reencarnações
Seriéxis - serialidade multiexistencial
Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


O Mestre disse: "Veja os meios que o homem emprega, observe o caminho que ele toma e examine a circunstância em que ele se sente confortável. Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se?"

A lição de Confúcio é clara e serve-nos tanto como critério de auto-análise e auto-conhecimento como medida para conhecermos aqueles que estão a nossa volta, nos relacionando conosco em todas as dimensões.

1. Que meios eu e você empregamos [para alcançarmos nossos resultados]?

2. Que caminho eu e você tomamos [na vida em forma geral]?

3. Em que circunstância eu e você nos sentimos confortável?

Antes de julgarmos alguém por seu caráter, examinemos a nós próprios a partir destes três itens.

Que conclusões você chega a partir desse rápido exame de si mesmo?

No mínimo, como eu mesmo, encontrará contradições em si mesmo ao analisar este tópico, principalmente, eu seu comportamento, posturas, modo de pensar e agir, atitudes e projeto de vida. Podemos aprofundar e analisar nossas posturas quando estamos cometidos de maior cólera, raiva, ira ou mesmo ódio diante de alguém que supostamente nos cometeu um ato de maldade, danoso a nossa reputação ou a nossa moral, ou a nossa vida mesmo. A cólera-raiva-ódio neste caso é o estado de espírito onde manifestamos nosso porão consciencial, nosso bolor evolutivo, a parte mais imatura de nós mesmos, mais precária.

Como você reaje a situações desta natureza?

Você bola uma estratégia consciente para arrematar o "inimigo", quebrando suas "pernas", fazendo-o sentir dano similar ao que o fez sentir, num pseudo-legítimo ato de vingança auto-justificada, sádica e retaliadora, invertendo o masoquismo? Como se agora tudo pudesse ser feito em nome de uma suposta justiça moral?

Você se atola por força pessoal num oceano de culpa, angústia e passividade tentando auto-punir-se num ato de sadismo diante de si mesmo? Criando sintomas em seu corpo, dilacerando suas células como forma de auto-agredir-se e agredir a outra pessoa, pela vitimização autoconsciente e dissimulada, visando que a outra pessoa mude algum comportamento ou lhe chegue com agrados de alguma natureza, tentando obter carinho e afeto através da auto-doença?

Você o ignora colocando-o "a deriva do universo", silenciando qualquer comunicação entre as partes, não respondendo perguntas, frases, falas ou qualquer outra tentativa, isolando-o e deixando-o culpado até os limites da agonia e angústia, neste ato de sadismo e agressividade silensiosa extrema? Em guerra fria declarada?

Você compreende mais, dialoga mais, e consegue manter-se no eixo, apesar do dano moral realizado contra você? Sem levar tanto para o lado pessoal? Mantendo distância de auto-respeito em relação as tentativas de agredi-lo?

Consegue reagir com amor mesmo tendo sofrido tamanho dano? Enviando as melhores intenções e energias a esta pessoa? Perdoando o que pode, lembrando dos sentimentos mais essenciais que existem entre você e a pessoa? Conseguindo inclusive tratá-la bem mesmo após tentativas consecutivas de danos contra você?

Consegue ainda, transcender tudo isso e ver na pratica, a pessoa como um espírito em evolução com direito a errar? E diante disso, manter a distância auto-protetora e amparadora, retornando a aproximação assim que for oportuno e quando for o melhor para todos?

Consegue agradecer na prática, tudo o que aprendeu com essa pessoa? Mesmo que tenha cometido erros cruciais contra você, com graves consequencias? E como se sente ao reconhecer o lado melhor dessa pessoa? Sente-se melhor?

Quais suas conclusões sobre isso tudo?

Estes fatos são comuns em família, onde ocorrem muitos conflitos e mesmo em relacionamentos conjugais e, em alguns casos, amizades. Não podemos esquecer que uma pessoa é assim ou assado conosco porque justamente ela é assim com qualquer outra pessoa, principalmente, ela mesma. Assim, nada pessoal, na essência da ofensa. Mas sabemos que na prática ainda nos esbarramos em dificuldades em equilibrar benevolência com o lidar com ofensivas graves.

De forma geral, somos muito aquilo que escolhemos. E Confúcio tenta  nos mostrar isso. Veja os meios e analisamos a nós mesmos. O que a pessoa fez na prática para estar onde está? Analisemos quem somos por nossas ações e quem está a nossa volta pelo que fazem e não pelo que dizem. As palavras são como folhas ao vento, tais como estas que escrevo aqui. Somos essencialmente o que fazemos. Nossos atos são resultantes ações daquilo que pensamos e sentimos, e daquilo que pensamos e sentimos sem estarmos conscientes disso (subconsciente).

O que é o CARMA senão o resultado geral de nossas ações?

Daí a necessidade de uma vida regada de reconciliãções e pacificação íntima progressiva para a evitação de conflitos desnecessários. Mas, na prática, o nosso desafio é grande, porque a reconciliação envolve um espectro grande da realidade, inclusive os entes queridos que se foram para as outras dimensões, onde ocorrem as reconciliações fora do corpo ou pela via mediúnica. Deixo as reflexões para você a partir daqui.

2.11.11

Evidências de Percepção Extrassensorial: um caso de Clarividência na Infância

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


1. Do Caso

O caso ocorreu há cerca de três meses atrás com minha filha Yasmin. Seu relato foi muito objetivo, claro e sintético como é de sua personalidade, quando me disse algo neste sentido quando acordou pela manhã e teve a confirmação de seu sonho:

"Pai, que doido, eu sonhei que estava passando na TV três seriados dos desenhos [citou os desenhos] e agora que liguei a TV os desenhos estão passando!!"


2. Análise dos fatos

O que afinal de contas significa isso? Uma alucinação? Uma coincidência? Não. Este fenômeno se chama PES - Percepção Extrassensorial ou ESP - Extrassensorial Perception, nome cunhado pelo Dr. J. B. Rhine para designar certo tipo de informação que seria obtida não pela via dos 5 sentidos, mas por uma outra via, daí sim, extrassensorial (além dos 5 sentidos). Rhine e especialmente sua esposa, Louise, catalogou PES em três categortias simples:

1. Telepatia: informação obtida de mente para mente.
2. Clarividência: informação obtida diretamente de um objeto.
3. Precognição: informação obtida do futuro.

Analisando o caso de minha filha temos que a evidência parece apontar para clarividência, determinado tipo de PES que pode ocorrer e é muito comum ocorrer nos sonhos, no caso dela, um tipo de PES realista, pois a informação vinda do sonho correspondia exatamente a realidade. Em alguns casos, não corresponde, mas apresenta-se num simbolismo complexo ou mesmo na forma de uma determinada alucinação extrassensorial (que é diferente da alucinação psicopatológica).

A clarividência (pela classificação de Rhine) se explica pelo acesso no momento presente de uma informação que estava ocorrendo no momento, provinda não de uma outra mente, mas de um objeto (a TV).

Porque motivo a minha filha teria acessado esta informação pela clarividência? Isto se explica devido ao princípio da economicidade de psi, tal como afirma o parapsicólogo Tarcísio Pallú. Seria mais rápido e mais econômico que ela acessasse pela via extrassensorial a informação sem que precisasse acordar, levantar-se e ligar a TV, apontar o controle remoto e colocar no canal Disney. O acesso direto é mais rápido e eficiente. O fato gerador é simples também, e é o aspecto muito afetuoso que ela tem com os seriados animados, o fato de gostar muito desses desenhos.

3. Algumas correlações com minhas experiências

Isso me faz lembrar do fato gerador que me fazia sair do corpo aproximadamente com a mesma idade, quando via o seriado "Super-herói Americano" e ao dormir sonhando que estava voando como ele, começei a experimentar minhas primeiras experiências extracorpóreas conscientes. Os fatos se davanm praticamente todos os dias e eu mesmo induzia o fenômeno sem qualquer medo. As frases do seriado me geravam efeito hipnótico e programavam meu subconsciente:

"Acredite ou não,
Estou andando no ar
Nunca pensei que pudesse me sentir tão livre.
Voando por aí sobre uma asa e uma prece.
Quem poderia ser?
Acredite ou não, sou apenas eu..."

O seriado foi ao ar na década de 80 pelo SBT, tendo sido interrompido em 1983. Assim, reitero que minhas primeiras projeções conscientes ocorreram antes dos 9 anos de idade.

4. Considerações finais

Assim, o aspecto afetivo, na ordem do desejo potente por algo que gostamos, isto por si só, é suficiente para levar uma pessoa a atravessar a fronteira e migrar para o campo psi ou parapsíquico, extrapolando dimensões, sendo pela via PES ou pela via projeciológica propriamente dita, ou a saída consciente para fora do corpo. Se a criança ama um desenho animado, conjuntamente com um fator de predisposição inato da criança em passar por estes fenômenos, a via PES ou Projeciológica poderia ocorrer dentro do princípio da economicidade de psi. Ou se a criança sente a saudade da vida extrafísica, um seriado como o que citei pode ser fator determinante para o desencadeamento de tais vivências na infância. Sabemos desde as pesquisas avançadas realizadas pelo pesquisador e projetor Sr. Muldoon, que o fenômeno projeciológico é universal, ocorrendo desde a antiguidade. Sabemos também pelas pesquisas avançadas da Sra. Louise Rhine, que PES tamb´´em é universal, ocorrendo com pessoas de qualquer idade, local ou crença. Assirm, se a distância entre dois pontos puder ser atravessada por um atalho, eis que ocorre a função psi. E faço uma correspondência com a moderna cosmologia, e a teoria do buraco de minhoca que nada mais é que um atalho interdimensional entre pontos muito distantes do cosmos.

A mente das crianças é mais flexível e aberta que do adulto ou adolescente. O adolescente está acometido com coisas sociais o que começam a prejudicar a vivência parapsíquica. O adulto é preocupado com subsistência e outras questões sérias. A criança não. É mais livre em suas percepções e experiências. Os pais, educadores e outros de seu círculo são os agente repressores das experiências, quando as crianças vão lhes contar. Cabe aqui uma reciclagem na maneira como lidamos com tudo isso, principalmente, na educação, na família e na escola.

Ainda vivemos a escola newtoniana, cartesiana, preocupada com a vida humana ordinária, comum, em formar cidadãos. Num futuro próximo, se ainda existirem escolas, o que duvido muito, estas estarão preocupadas em formar cidadãos cósmicos. Porque o universo é nosso lar, não somente a Terra, a casa, a família, os vizinhos, os países. A Terra é uma vila muito pequena num cosmos infinito. Assim, naturalmente a pedagogia será uma pedagogia e andragogia do Infinito.

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Agradecimento

Fico muito grato a minha filha por compartilhar suas experiências livremente comigo e, juntos, conversarmos sem qualquer pudor e repressão sobre qualquer assunto de natureza humana ou transcendente. Isto nos torna menos macacos e mais consciências. E ainda poder disponibilizar tal vivência ao público para fins de democratizarmos a transcendência (Sarti).

Convido aos pais que lêem esta revista a enviarem relatos de seus filhos que sugerem fenômenos paranormais ou parapsíquicos, ou incomuns.