Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta
Na questão da Sexometria ou a Hipótese da Escala da Holomaturidade Afexual (afetivo+sexual) Humana, existem variáveis bastante complexas, especificamente no que diz respeito à Zona de Transição.
Recapitulando, a Zona de Transição é o tipo de relacionamento onde a aresta poligâmica encontra-se presente de forma pequena à moderada. A manifestação da aresta poligâmica de forma pequena, não necessariamente podemos considerar como uma aresta poligâmica (instalada), mas como uma abertura saudável no relacionamento. É o lado saudável e até certo ponto necessário da relação amorosa. E tal fato se dá, a princípio, nas relações poligâmicas voluntárias e pautadas em contratos de relacionamento de fidelidade relativa grupal.
Conforme já coloquei noutros ensaios, a pulsão sexual básica é poligâmica. E esta é a polêmica geral desta teoria e evidência prática, hoje, compartilhada por muitos. Todos somos poligâmicos em nossa pulsão básica, conforme apontam as evidências da vida humana, real, objetiva. Esta pulsão se expressa como resultado da absorção das energias densas do planeta, adentrando nos chacras dos pés e que sobem poligâmicas até atravessarem as energias do sexochacra em direção ao coronochacra (centro de discernimento e espiritualidade, consciência). As energias do planeta são poligâmicas em sua origem de perpetuação da espécie. Neste sentido, a poligamia é natural, genética e até mesmo hereditária. Por outro lado, uma escolha voluntária ou mesmo imposta por uma moral social. Em todos os casos, os desejos afexuais não se restringem ao parceiro ou parceira da relação. Os parceiros, sempre, expressam naturalmente através da pulsão básica da vida sexual e afetiva, o interesse por outras pessoas, além da relação. Quando este interesse permanece no nível das sensações, emoções, sentimentos e pensamentos (fantasias) e decorre daí a escolha pela manutenção da relação com o(a) paceiro(a), temos a manifestação da aresta poligâmica sadia na relação, filtrada pelo discernimento consciente, natural e espontâneo. Nestes casos, pode haver até mesmo a estimulação do relacionamento, a valorização do(a) atual parceiro(a). Embora tal maturidade seja ainda condição excessão nos relacionamentos, cabe-nos investir na superação das condições patológicas do ciúme e da possessividade, sempre degradante dos relacionamentos.
Aqui neste caso, não estamos falando de uma aresta poligâmica geradora de fissuras crônicas, adultérios mentais e reais de fato, mas sim, de uma abertura saudável no relacionamento, acolhendo os desejos naturais dos seres por outros seres; da necessidade do sentir-se desejado por outros e do desejar outros, de forma natural e dentro de limites saudáveis numa relação madura. A maturidade impera aqui neste relacionamento, quando, admitindo que existem outras pessoas interessantes pelo mundo afora, o casal nesta zona acolhe os desejos do(a) parceiro(a) por outras pessoas, podendo ser homens e mulheres. Desejar é uma pulsão natural da libido e esta pulsão é respeitada e gerenciada a partir da escolha madura e consciente, voluntária, pela monogamia de fato. Poderia dizer que esta aresta poligâmica fortalece a monogamia, devido ao fato de apesar dos desejos o(a) parceiro(a) mantém-se na relação monogâmica por livre escolha e não por uma condição moral ou estabelecida pela sociedade patológica.
A condição aqui exposta é a da monogamia voluntária, lúcida, espontânea, de um casal que geralmente está casado num regime de liberdade, fora ou além dos contratos de casamento formais ou transcendendo-os num nível de união estável, com liberdade e escolha lúcida da opção monogâmica. A moral social repressiva e religiosa, castrante das liberdades sexuais e afetivas não atravessa a escolha monogâmica neste caso. É o casal que naturalmente vive a relação monogâmica, a dois, sem o peso da escolha e sem sofrer por serem monogâmicos.
Atualmente se fala e se vivencia abertamente o "poliamor", "poliswinguers", "relacionamento aberto" e outras denominações que numa síntese bastante objetiva significam as pessoas que se relacionam num modelo não-monogâmico ou seja, poligâmico. A forma como tais relacionamentos se dão dependem das regras entre os membros da relação grupal. Em alguns modelos, ocorre a fidelidade grupal, caracterizando um tipo de relacionamento "monogâmico grupal" (se é que posso chamar assim). Não compreendo aqui a poligamia como a relação legalmente instalada onde um homem se relaciona com várias mulheres em regime de casamento, como ocorre em muitos países e na antiguidade. Aqui o termo poligamia encontra em lato senso, nos relacionamentos onde mais de duas pessoas se relacionam no mesmo transcurso de relacionamento. A poligamia encontra ainda uma abrangência muito maior na minha forma de ver relacionamentos, encontrando sua manifestação mental, daí advindo o conceito de adultério mental (para aprofundar, ver a reportagem). Em um casal, onde em um dos ou em ambos parceiros, em monogamia, instala-se o adultério mental crônico (fantasias crônicas onde relacionamentos com outros estão ocorrendo na mente e gerando excitação e até certo ponto saciedade), e cujo parceiro já não é suficiente para os desejos e excitações sexuais e afetivas do outro, aqui, podemos falar em aresta poligâmica instalada, o que é sempre prejudicial ao relacionamento. Temos que ver o fenômeno como a realidade mental ocultada, onde ocorre de fato uma traição mental, com potentes desejos por outra pessoa, transcendendo o livre interesse e desejos naturais entre as pessoas. Aqui a vida poligâmica não é a expressa, livre e autêntica, honesta e transparente; é a vida poligâmica oculta, escondida e recalcada. Um dos parceiros sente seu companheiro longe, pensativo, porém, excitado e com uma certa alegria que não é proveniente do seio do relacionamento afetivo-sexual do casal. Tal fenômeno mental pode ser passageiro ocorre devido à dificuldade no gerenciamento das carências afexuais do casal. E isto pode ocorrer também nos relacionamentos poligâmicos fechados, pautados pela fidelidade grupal, interpessoal. Mas, quando a aresta poligâmica encontra-se instalada, quando o adultério mental encontra-se crônico e instalado, aqui podemos dizer que o casal, seja monogâmico seja poligâmico, adentra na condição da Zona da Aresta Poligâmica, iniciando os desejos por relacionamentos isentos de sentimentos, mais próximos da animalidade. Aqui adentramos nos desejos realizados em swing, por exemplo, onde não há a variável sentimento/comprometimento envolvida, aproximando da realidade de orgia. Tiramos desta categoria o ménage a troís que pode adentrar na qualidade de uma monogamia de três pessoas, voluntária, e carregada de sentimento e comprometimento. Obviamente que fica claro que a hioptese da Sexometria ainda está sendo construída e que atualmente carece do aprofundamento necessário para tornar-se uma teoria com aplicabilidade mais geral. Neste sentido toda crítica, seja destrutiva seja construtiva é bem-vinda.
Trago aqui a condição da poligamia voluntária e não imposta por uma cultura ou moralidade social dominante. Em mais de 50 países no mundo, em sua maioria na África muçulmana, a poligamia é legalmente permitida. No Brasil e EUA, por exemplo, crescem cada vez mais os casais que se relacionam num regime de relacionamento poligâmico voluntário, por uma escolha consciente. Os casais monogâmicos homossexuais crescem. Cresce, conformas pesquisas da psicanalista Regina Navarro, as relações que colocam, nesta tese, a hipótese do fim da monogamia. Não importando a impossibilidade de tal fato, conforme fica claro na exposição da Sexometria, o que é importante aqui é que cada vez mais as pessoas vão de encontro àquilo que é a melhor opção para a satisfação nos relacionamentos. Não existe aqui um modelo rígido que funciona para todos, nem uma opção que é a melhor para todos. O que importa aqui são as regras estabalecidas internamente em cada um de nós e entre o(s) casal(ais) e a honestidade no cumprimentos das mesmas, em relação autárquica (regras criadas por si mesmo).
Embora a Sexometria evidencie que a monogamia voluntária e lúcida estão presentes nas relações mais evoluídas, em alto nível de comprometimento, ausência de promiscuidade e sintonia interconsciencial profunda, aliada a uma relação afetiva-sexual de altíssimo grau de satisfação, com vivências conjuntas e contínuas de uma vida orgástica e libertária, não afirma que tal opção deva ser forçada ou mantida por uma imposição moral ou um dever. Tal relação monogâmica será uma condição conquistada naturalmente a partir da maturidade cada vez mais integral da pessoa e do casal, que, nestas alturas, se envolvem com práticas libertárias de assistência à humanidade. Adentramos aqui naquilo que o médico Waldo Vieira chamou de Evoluciologia ou a evolução multidimensional e integral das consciências humanas e de dupla evolutiva como a condição do casal monogâmico lúcido a hiperlúcido.
Cabe aos que se sintam pertencentes à Zona de Transição, conhecer a fundo seus desejos sexuais e afetivos, pulsões de excitação e fantasias, resolverem traumas e o processo do complexo de édipo, em psicoterapia ou em autopesquisa, ou em ambos simultaneamente. Todo estudo e autoconhecimento são essenciais aqui, com o máximo de franqueza e honestidade para consigo. Quanto maior é a maturidade de um casal maior é a transparência, a franqueza e a sinceridade na relação e naquilo que ocorre e que interfere na saúde do relacionamento. Neste sentido, indico a leitura do artigo (clique aqui). Sem o diálogo franco e a reconciliação contínua não existe a possibilidade de um casal alcançar os níveis mais avançados da Escala Sexométrica e aquilo que chamei de Para-orgasmo (leia aqui).
Oscar Wilde uma vez disse que "a mentira é a base da sociedade moderna". As estatísticas (In RoqueTheophilo, citada pelo psicólogo Rui Carreteiro) apontam que mentimos cerca de 200 vezes por dia e em média uma vez por cada 5 minutos (neste sentido clique aqui). O impacto da mentira nos relacionamentos conjugais é tão sério que faz com que os parceiros se relacionem com uma outra pessoa que desconhece. Conforme o crescendo da maturidade de ambos, individualmente, e conforme o crescendo da franqueza e honestidade dos parceiros consigo mesmos e dos parceiros entre si, abre-se espaço para uma relação mais madura e pautada num comprometimento voluntário, não-forçado, pela evolução conjunta. Aqui adentra a esfera espiritual, evolutiva, no relacionamento. Os casais mais lúcidos acabam optando, pela hipótese Sexométrica, pelas relações monogâmicas voluntárias, devido a possibilidade de verticalização no relacionamento, aprofundamento e vivência profunda da intimidade. As relações poligâmicas adentram nas relações mais horizontais, mais superficiais, com menor possibilidade de aprofundamento e intimidade. Aqui cabe o exemplo da diferença entre um professor e um psicoterapeuta. O primeiro se relaciona em uma relação grupal, onde caracteriza a horizontalidade e a superficialidade da relação, sem aprofundamento e sem a intimidade profunda. O psicoterapeuta adentra na verticalidade de uma relação onde pauta a intimidade e a possibilidade de aprofundamento do relacionamento. Um psicoterapeuta de grupo, adentra na profundidade de uma relação grupal íntima, mas a psicoterapia individual adentra no universo vertical profundo do ser. Este exemplo evidencia a diferença entre relação poligâmica e monogâmica. Nesta, a verticalidade é possível e dinamizada.
A mentira, por outro lado, aponta como um diagnóstico do nível de maturidade do relacionamento do casal. Um passo a frente da evolução é a opção voluntária das relações poligâmicas em casais que não suportam mais mentir e trair seus companheiros e acabam por fim optar pela vivência sincera de relações onde os parceiros aceitam abertamente a poligamia, e, assim, não consideram traição. Os abalos emocionais de traições em relacionamentos onde existem contratos de fidelidade são muito grandes. Neste sentido, considero um grande passo de sinceridade àqueles casais que romperam com os modelos da monogamia forçada e imposta pela cultura hipócrita e optaram pela poligamia aberta, expressa e acordada no seio da relação, de forma voluntária. Tal decisão e opção impede de alguns atos serem condiderados traições e sim, simples aberturas poligâmicas permitidas nestes relacionamentos. O problema aqui, e me parece consenso, é quando num relacionamento violam-se regras internas; quando ocorrem traições e outros fatos geradores de ofensas profundas e traumas psíquicos, podendo ser graves. Todos estes fatos geram profundos "links" negativos entre as pessoas envolvidas, marcando o corpo emocional de sofrimento, e com isto, levamos para outras vidas tais conflitos que fundamentam novamente os reencontros e reconciliações. Por isto o assunto "reconciliação" é essencial nos relacionamentos.
Assim, parece-se consenso que a transparência honesta na comunicação e a definição de regras claras e objetivas na intimidade do relacionamento, seja monogâmico ou poligâmico voluntário, é a variável de diagnóstico da maturidade do relacionamento.
Assim, creio que podemos encontrar relações poligâmicas maduras onde os membros estejam satisfeitos com tal tipo de relacionamento, desde que hajam as características acima descritas. Desta forma, saliento que os mesmos problemas encontrados nas relações monogâmicas parecem ser encontrados nas poligâmicas quando os contratos de regras forem violados na intimidade do relacionamento. E a variedade de tipos e formas de relacionamento são tão grandes que não podemos ter um modelo de relação e sim, um modelo encontrado na própria definição e escolha do casal (monogâmico) ou grupo (no caso poligâmico).
É mais lúcido e honesto sermos contra a pregação da monogamia ou da poligamia.
Em ambos os casos existe a perpetuação da pregação religiosa (dogmática) por uma forma idealizada de relacionamento em detrimento de outra pior. Adeptos de uma defendem a monogamia, adeptos de outra defendem a poligamia (poliamor, relação aberta, swing, etc). Ocorre aqui a manipulação de dados a favor de um ou de outro. Não podemos esquecer que o primeiro poliamor encontra-se no seio da família nuclear, onde pai, mãe e irmãos vivem o poliamor castrado pela proibição do incesto. Até que ponto o poliamor, o swing e a relação aberta não são formas de deslocamento da fixação incestuosa em outros agrupamentos, possíveis? Até que ponto a relação monogâmia voluntária expressa a maturidade diante da superação da fixação incestuosa no poliamor limitado e natural da família nuclear? Questões sérias que poderão ser aprofundadas em pesquisas.
O que importa aqui é a escolha consciente daquilo que é o melhor para nós, em nossas escolhas diárias.
E adentramos aqui também na esfera da escolha consciente da vida sexual e afetiva, sejamos heterosexuaus, homosexuais ou bissexuais. Quanto mais estivermos vivendo da forma que é a mais apropriada para nós, maiores são as chances de vivermos mais felizes e realizados neste planeta.
Meu interesse na Sexometria é tentar organizar a experiência sexual humana numa métrica objetiva, ancorada nos fatos e parafatos, aplicável, com vistas a ajudar a todos para que possamos nos situar em nossa vida afetivo-sexual e dar passos adiante, na evolução inevitável da consciência. A questão é: estou onde? Como posso evoluir e dar passos adiante?
Não podemos esquecer que todos nós estamos aqui para evoluirmos e aprendermos as lições complexas da vida humana, ressexualizada, nos relacionamentos e nas oportunidades evolutivas. Não podemos esquecer também que a vida humana não se restringe a todas estas questões e como sempre digo: somos consciências assexuadas temporariamente ressexualizadas como homens ou mulheres, vivendo uma experiência humana, num corpo humano e, temos um tempo determinado a realizar as tarefas que nos cabem realizar.
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta
Na questão da Sexometria ou a Hipótese da Escala da Holomaturidade Afexual (afetivo+sexual) Humana, existem variáveis bastante complexas, especificamente no que diz respeito à Zona de Transição.
Recapitulando, a Zona de Transição é o tipo de relacionamento onde a aresta poligâmica encontra-se presente de forma pequena à moderada. A manifestação da aresta poligâmica de forma pequena, não necessariamente podemos considerar como uma aresta poligâmica (instalada), mas como uma abertura saudável no relacionamento. É o lado saudável e até certo ponto necessário da relação amorosa. E tal fato se dá, a princípio, nas relações poligâmicas voluntárias e pautadas em contratos de relacionamento de fidelidade relativa grupal.
Conforme já coloquei noutros ensaios, a pulsão sexual básica é poligâmica. E esta é a polêmica geral desta teoria e evidência prática, hoje, compartilhada por muitos. Todos somos poligâmicos em nossa pulsão básica, conforme apontam as evidências da vida humana, real, objetiva. Esta pulsão se expressa como resultado da absorção das energias densas do planeta, adentrando nos chacras dos pés e que sobem poligâmicas até atravessarem as energias do sexochacra em direção ao coronochacra (centro de discernimento e espiritualidade, consciência). As energias do planeta são poligâmicas em sua origem de perpetuação da espécie. Neste sentido, a poligamia é natural, genética e até mesmo hereditária. Por outro lado, uma escolha voluntária ou mesmo imposta por uma moral social. Em todos os casos, os desejos afexuais não se restringem ao parceiro ou parceira da relação. Os parceiros, sempre, expressam naturalmente através da pulsão básica da vida sexual e afetiva, o interesse por outras pessoas, além da relação. Quando este interesse permanece no nível das sensações, emoções, sentimentos e pensamentos (fantasias) e decorre daí a escolha pela manutenção da relação com o(a) paceiro(a), temos a manifestação da aresta poligâmica sadia na relação, filtrada pelo discernimento consciente, natural e espontâneo. Nestes casos, pode haver até mesmo a estimulação do relacionamento, a valorização do(a) atual parceiro(a). Embora tal maturidade seja ainda condição excessão nos relacionamentos, cabe-nos investir na superação das condições patológicas do ciúme e da possessividade, sempre degradante dos relacionamentos.
Aqui neste caso, não estamos falando de uma aresta poligâmica geradora de fissuras crônicas, adultérios mentais e reais de fato, mas sim, de uma abertura saudável no relacionamento, acolhendo os desejos naturais dos seres por outros seres; da necessidade do sentir-se desejado por outros e do desejar outros, de forma natural e dentro de limites saudáveis numa relação madura. A maturidade impera aqui neste relacionamento, quando, admitindo que existem outras pessoas interessantes pelo mundo afora, o casal nesta zona acolhe os desejos do(a) parceiro(a) por outras pessoas, podendo ser homens e mulheres. Desejar é uma pulsão natural da libido e esta pulsão é respeitada e gerenciada a partir da escolha madura e consciente, voluntária, pela monogamia de fato. Poderia dizer que esta aresta poligâmica fortalece a monogamia, devido ao fato de apesar dos desejos o(a) parceiro(a) mantém-se na relação monogâmica por livre escolha e não por uma condição moral ou estabelecida pela sociedade patológica.
A condição aqui exposta é a da monogamia voluntária, lúcida, espontânea, de um casal que geralmente está casado num regime de liberdade, fora ou além dos contratos de casamento formais ou transcendendo-os num nível de união estável, com liberdade e escolha lúcida da opção monogâmica. A moral social repressiva e religiosa, castrante das liberdades sexuais e afetivas não atravessa a escolha monogâmica neste caso. É o casal que naturalmente vive a relação monogâmica, a dois, sem o peso da escolha e sem sofrer por serem monogâmicos.
Atualmente se fala e se vivencia abertamente o "poliamor", "poliswinguers", "relacionamento aberto" e outras denominações que numa síntese bastante objetiva significam as pessoas que se relacionam num modelo não-monogâmico ou seja, poligâmico. A forma como tais relacionamentos se dão dependem das regras entre os membros da relação grupal. Em alguns modelos, ocorre a fidelidade grupal, caracterizando um tipo de relacionamento "monogâmico grupal" (se é que posso chamar assim). Não compreendo aqui a poligamia como a relação legalmente instalada onde um homem se relaciona com várias mulheres em regime de casamento, como ocorre em muitos países e na antiguidade. Aqui o termo poligamia encontra em lato senso, nos relacionamentos onde mais de duas pessoas se relacionam no mesmo transcurso de relacionamento. A poligamia encontra ainda uma abrangência muito maior na minha forma de ver relacionamentos, encontrando sua manifestação mental, daí advindo o conceito de adultério mental (para aprofundar, ver a reportagem). Em um casal, onde em um dos ou em ambos parceiros, em monogamia, instala-se o adultério mental crônico (fantasias crônicas onde relacionamentos com outros estão ocorrendo na mente e gerando excitação e até certo ponto saciedade), e cujo parceiro já não é suficiente para os desejos e excitações sexuais e afetivas do outro, aqui, podemos falar em aresta poligâmica instalada, o que é sempre prejudicial ao relacionamento. Temos que ver o fenômeno como a realidade mental ocultada, onde ocorre de fato uma traição mental, com potentes desejos por outra pessoa, transcendendo o livre interesse e desejos naturais entre as pessoas. Aqui a vida poligâmica não é a expressa, livre e autêntica, honesta e transparente; é a vida poligâmica oculta, escondida e recalcada. Um dos parceiros sente seu companheiro longe, pensativo, porém, excitado e com uma certa alegria que não é proveniente do seio do relacionamento afetivo-sexual do casal. Tal fenômeno mental pode ser passageiro ocorre devido à dificuldade no gerenciamento das carências afexuais do casal. E isto pode ocorrer também nos relacionamentos poligâmicos fechados, pautados pela fidelidade grupal, interpessoal. Mas, quando a aresta poligâmica encontra-se instalada, quando o adultério mental encontra-se crônico e instalado, aqui podemos dizer que o casal, seja monogâmico seja poligâmico, adentra na condição da Zona da Aresta Poligâmica, iniciando os desejos por relacionamentos isentos de sentimentos, mais próximos da animalidade. Aqui adentramos nos desejos realizados em swing, por exemplo, onde não há a variável sentimento/comprometimento envolvida, aproximando da realidade de orgia. Tiramos desta categoria o ménage a troís que pode adentrar na qualidade de uma monogamia de três pessoas, voluntária, e carregada de sentimento e comprometimento. Obviamente que fica claro que a hioptese da Sexometria ainda está sendo construída e que atualmente carece do aprofundamento necessário para tornar-se uma teoria com aplicabilidade mais geral. Neste sentido toda crítica, seja destrutiva seja construtiva é bem-vinda.
Trago aqui a condição da poligamia voluntária e não imposta por uma cultura ou moralidade social dominante. Em mais de 50 países no mundo, em sua maioria na África muçulmana, a poligamia é legalmente permitida. No Brasil e EUA, por exemplo, crescem cada vez mais os casais que se relacionam num regime de relacionamento poligâmico voluntário, por uma escolha consciente. Os casais monogâmicos homossexuais crescem. Cresce, conformas pesquisas da psicanalista Regina Navarro, as relações que colocam, nesta tese, a hipótese do fim da monogamia. Não importando a impossibilidade de tal fato, conforme fica claro na exposição da Sexometria, o que é importante aqui é que cada vez mais as pessoas vão de encontro àquilo que é a melhor opção para a satisfação nos relacionamentos. Não existe aqui um modelo rígido que funciona para todos, nem uma opção que é a melhor para todos. O que importa aqui são as regras estabalecidas internamente em cada um de nós e entre o(s) casal(ais) e a honestidade no cumprimentos das mesmas, em relação autárquica (regras criadas por si mesmo).
Embora a Sexometria evidencie que a monogamia voluntária e lúcida estão presentes nas relações mais evoluídas, em alto nível de comprometimento, ausência de promiscuidade e sintonia interconsciencial profunda, aliada a uma relação afetiva-sexual de altíssimo grau de satisfação, com vivências conjuntas e contínuas de uma vida orgástica e libertária, não afirma que tal opção deva ser forçada ou mantida por uma imposição moral ou um dever. Tal relação monogâmica será uma condição conquistada naturalmente a partir da maturidade cada vez mais integral da pessoa e do casal, que, nestas alturas, se envolvem com práticas libertárias de assistência à humanidade. Adentramos aqui naquilo que o médico Waldo Vieira chamou de Evoluciologia ou a evolução multidimensional e integral das consciências humanas e de dupla evolutiva como a condição do casal monogâmico lúcido a hiperlúcido.
Cabe aos que se sintam pertencentes à Zona de Transição, conhecer a fundo seus desejos sexuais e afetivos, pulsões de excitação e fantasias, resolverem traumas e o processo do complexo de édipo, em psicoterapia ou em autopesquisa, ou em ambos simultaneamente. Todo estudo e autoconhecimento são essenciais aqui, com o máximo de franqueza e honestidade para consigo. Quanto maior é a maturidade de um casal maior é a transparência, a franqueza e a sinceridade na relação e naquilo que ocorre e que interfere na saúde do relacionamento. Neste sentido, indico a leitura do artigo (clique aqui). Sem o diálogo franco e a reconciliação contínua não existe a possibilidade de um casal alcançar os níveis mais avançados da Escala Sexométrica e aquilo que chamei de Para-orgasmo (leia aqui).
Oscar Wilde uma vez disse que "a mentira é a base da sociedade moderna". As estatísticas (In RoqueTheophilo, citada pelo psicólogo Rui Carreteiro) apontam que mentimos cerca de 200 vezes por dia e em média uma vez por cada 5 minutos (neste sentido clique aqui). O impacto da mentira nos relacionamentos conjugais é tão sério que faz com que os parceiros se relacionem com uma outra pessoa que desconhece. Conforme o crescendo da maturidade de ambos, individualmente, e conforme o crescendo da franqueza e honestidade dos parceiros consigo mesmos e dos parceiros entre si, abre-se espaço para uma relação mais madura e pautada num comprometimento voluntário, não-forçado, pela evolução conjunta. Aqui adentra a esfera espiritual, evolutiva, no relacionamento. Os casais mais lúcidos acabam optando, pela hipótese Sexométrica, pelas relações monogâmicas voluntárias, devido a possibilidade de verticalização no relacionamento, aprofundamento e vivência profunda da intimidade. As relações poligâmicas adentram nas relações mais horizontais, mais superficiais, com menor possibilidade de aprofundamento e intimidade. Aqui cabe o exemplo da diferença entre um professor e um psicoterapeuta. O primeiro se relaciona em uma relação grupal, onde caracteriza a horizontalidade e a superficialidade da relação, sem aprofundamento e sem a intimidade profunda. O psicoterapeuta adentra na verticalidade de uma relação onde pauta a intimidade e a possibilidade de aprofundamento do relacionamento. Um psicoterapeuta de grupo, adentra na profundidade de uma relação grupal íntima, mas a psicoterapia individual adentra no universo vertical profundo do ser. Este exemplo evidencia a diferença entre relação poligâmica e monogâmica. Nesta, a verticalidade é possível e dinamizada.
A mentira, por outro lado, aponta como um diagnóstico do nível de maturidade do relacionamento do casal. Um passo a frente da evolução é a opção voluntária das relações poligâmicas em casais que não suportam mais mentir e trair seus companheiros e acabam por fim optar pela vivência sincera de relações onde os parceiros aceitam abertamente a poligamia, e, assim, não consideram traição. Os abalos emocionais de traições em relacionamentos onde existem contratos de fidelidade são muito grandes. Neste sentido, considero um grande passo de sinceridade àqueles casais que romperam com os modelos da monogamia forçada e imposta pela cultura hipócrita e optaram pela poligamia aberta, expressa e acordada no seio da relação, de forma voluntária. Tal decisão e opção impede de alguns atos serem condiderados traições e sim, simples aberturas poligâmicas permitidas nestes relacionamentos. O problema aqui, e me parece consenso, é quando num relacionamento violam-se regras internas; quando ocorrem traições e outros fatos geradores de ofensas profundas e traumas psíquicos, podendo ser graves. Todos estes fatos geram profundos "links" negativos entre as pessoas envolvidas, marcando o corpo emocional de sofrimento, e com isto, levamos para outras vidas tais conflitos que fundamentam novamente os reencontros e reconciliações. Por isto o assunto "reconciliação" é essencial nos relacionamentos.
Assim, parece-se consenso que a transparência honesta na comunicação e a definição de regras claras e objetivas na intimidade do relacionamento, seja monogâmico ou poligâmico voluntário, é a variável de diagnóstico da maturidade do relacionamento.
Assim, creio que podemos encontrar relações poligâmicas maduras onde os membros estejam satisfeitos com tal tipo de relacionamento, desde que hajam as características acima descritas. Desta forma, saliento que os mesmos problemas encontrados nas relações monogâmicas parecem ser encontrados nas poligâmicas quando os contratos de regras forem violados na intimidade do relacionamento. E a variedade de tipos e formas de relacionamento são tão grandes que não podemos ter um modelo de relação e sim, um modelo encontrado na própria definição e escolha do casal (monogâmico) ou grupo (no caso poligâmico).
É mais lúcido e honesto sermos contra a pregação da monogamia ou da poligamia.
Em ambos os casos existe a perpetuação da pregação religiosa (dogmática) por uma forma idealizada de relacionamento em detrimento de outra pior. Adeptos de uma defendem a monogamia, adeptos de outra defendem a poligamia (poliamor, relação aberta, swing, etc). Ocorre aqui a manipulação de dados a favor de um ou de outro. Não podemos esquecer que o primeiro poliamor encontra-se no seio da família nuclear, onde pai, mãe e irmãos vivem o poliamor castrado pela proibição do incesto. Até que ponto o poliamor, o swing e a relação aberta não são formas de deslocamento da fixação incestuosa em outros agrupamentos, possíveis? Até que ponto a relação monogâmia voluntária expressa a maturidade diante da superação da fixação incestuosa no poliamor limitado e natural da família nuclear? Questões sérias que poderão ser aprofundadas em pesquisas.
O que importa aqui é a escolha consciente daquilo que é o melhor para nós, em nossas escolhas diárias.
E adentramos aqui também na esfera da escolha consciente da vida sexual e afetiva, sejamos heterosexuaus, homosexuais ou bissexuais. Quanto mais estivermos vivendo da forma que é a mais apropriada para nós, maiores são as chances de vivermos mais felizes e realizados neste planeta.
Meu interesse na Sexometria é tentar organizar a experiência sexual humana numa métrica objetiva, ancorada nos fatos e parafatos, aplicável, com vistas a ajudar a todos para que possamos nos situar em nossa vida afetivo-sexual e dar passos adiante, na evolução inevitável da consciência. A questão é: estou onde? Como posso evoluir e dar passos adiante?
Não podemos esquecer que todos nós estamos aqui para evoluirmos e aprendermos as lições complexas da vida humana, ressexualizada, nos relacionamentos e nas oportunidades evolutivas. Não podemos esquecer também que a vida humana não se restringe a todas estas questões e como sempre digo: somos consciências assexuadas temporariamente ressexualizadas como homens ou mulheres, vivendo uma experiência humana, num corpo humano e, temos um tempo determinado a realizar as tarefas que nos cabem realizar.