9.5.25

Autoexperimento com "Bufo Alvarius": o acesso ao Zuvuya e o Impacto na Metacognição

      
 
Em janeiro de 2023 me submeti voluntariamente a um experimento com um psicodélico chamado Bufo Alvarius, rico em DMT considerado o psicodelico mais potente do planeta, superior a ayahuasca, peiote e LSD. O contexto de minha vida estava muito complicado, talvez o mais complicado desta vida, devido ao autismo de meu filho menor Gael. Eu me sentia profundamente triste e lutava com todas as minhas forças para que ele pudesse ficar melhor.

        Em primeiro lugar faz tempo que não publico nada e não é a toa. A experiência que narro a seguir me fez entrar em silencio e me defrontar com a pobreza da linguagem escrita para a descrição de determinada ordem de experiência como a citada aqui.        

        O que vou narrar aqui não é um estímulo ao uso de psicodélicos, muito pelo contrário, não considero que este psicodélico seja indicado para a maioria absoluta das pessoas, somente para uma muito pequena parcela da população que tem estrutura psíquica forte e esteja realmente necessitado deste tipo específico de terapêutica, que é, sem dúvida alguma, a mais potente existente no planeta. E por ser tão potente pode levar o paciente desavisado e curioso, para um espectro psicótico facilmente.

        A primeira coisa que preciso falar é que no pico da experiência psicodélica eu era somente campo vibratório consciente, nada mais. Eu não tinha corpo, forma ou nada parecido com uma vida humana. Eu estava imerso profundamente em toda a verdade sobre mim mesmo. Tudo que eu precisava saber sobre mim foi revelado, porém, é impossível caber em palavas. Um fluxo, uma onda de verdade tomou conta de todo meu ser e revelou a mim todos os meus maiores medos, dores, vida, beleza e verdade sobre a natureza da existência. É o que parece possível colocar em palavras. A memoria desta experiência parece situar-se numa área de mim mesmo muito profunda, similar ao que Castañeda descreveu em suas obras como sendo os movimentos do ponto de aglutinação. Eu me desintegrei, tudo que eu era ou o que eu considerava sendo eu mesmo, se desintegrou, sumiu, somente a verdade sobrou. Toda mentira, toda falsidade, todo faz de conta, toda fachada, todo corpo sumiu. Ali era eu e a verdade.

        O fenômeno que se desdobra ao inalar o veneno do sapo (sapo de sonora) foi o estado vibracional mais potente que senti em minha vida. Eu me senti desmaterializado espalhado numa especie de malha vibratória viva e inteligente que guiava minha experiência para a direção correta de uma cura profunda e da revelação de uma verdade que não poderia ser exposta de outra forma, neste meu momento evolutivo. A verdade sobre a tristeza e o amor puro, a dor e a beleza, a vida e a morte, o ego e a natureza autentica do ser. A importância do qigong, do estado vibracional e a meditação e o alcance do estado vibracional como um estado em si mesmo de pura vibração e dissolução do ego. Mas a experiência me mostrou esse fenômeno operante num nível muito profundo. As experiências que passei com estado vibracional anteriormente eram como se fossem uma introdução, um pressuposto, um pré-requisito. Ao sentir-me desmaterializando e vibrando espalhado pela malha vibracional cósmica projetei-me, diria assim, para um fluido vivo vibracional multicolorido inteligente, como se uma consciência invisível estivesse ali operando a regulação profunda de meu ser. Esta beleza se mostrava como o amor puro, cristalino, limpo, verdadeiro e real que sinto pelo meu filho autista e pela dor digna e honesta que sentia por desejar trazê-lo de volta ao mundo e superar sua doença. Toda e toda essa dor foi vibrada e espalhada pela malha e me senti profundamente amado pela vida. Ali eu pude sentir e ver a verdade do que podemos chamar de Deus ou força divina, ou as emanações da inteligência universal. 

            Um ano depois fui novamente mergulhar no zuvuya, porém dessa vez vivi toda a morte de meu pai e toda a dor de sua partida, e toda a verdade do amor que nos unia apareceu e foi revelada. Mais uma carga potente de verdade foi apresentada a mim sem piedade. A partida dele e a minha estada aqui sem sua companhia, sem sua amizade, sem sua presença. Ali eu pude ver meu pai real, meu eu real e o que nos une pelas vidas sucessivas. De uma beleza transcendental, esta experiência pôs fim ao luto que perdurava por anos e anos numa experiência de despedida aguda, intensa, forte e maravilhosa. Uma aula de conscienciologia pura.

            Em síntese, alguma coisa muito mas muito profunda aconteceu comigo nessas experiências que mudaram o curso de minha existência. Deixaram-me em silêncio, sem palavras, parei de escrever e de publicar vídeos para permitir assimilar a transcendência do que vivi e que provavelmente me acompanhará pela eternidade. E uma coisa sei porque senti e vi, não foi a primeira vez que passei por esta experiência. Nesta vida sim. Mas eu pude lembrar que fazia muito mas muito tempo que não visitava o zuvuya.