19.1.17

Fundamentos do Yôga Avançado: Do Yi-Jin e do Método de Conversão (cap 1) - atualizado.

Considerações Iniciais

Este ensaio está em fase de criação. Erros ou omissões devem ser relevadas. A pesquisa aqui exposta é produto de meus experimentos e aprendizados que ultrapassam esta vida e remonta vidas antigas desde ainda o ano 1000, em vida indígena norte-americana (Yôga indígena) a vida indiana posterior, onde aprendi o Yôga indiano, e após o Yôga tibetano quando fui monge, China quando fui monge e aprendi diretamente do mestre e na vida atual desde 1994 aproximadamente, quando recomecei pelo Raja Yôga e após, Swásthya Yôga, Tai Chi Chuan e por fim a minha síntese como Tao Yôga com prática autodidata por mais de 1 década. E soma-se minhas vivências com as práticas e ciência parapsicológica onde desde criança me dedico a investigar e experimentar, no campo da Projeciologia, Conscienciologia, Parapsicologia, Psicologia, Física Quântica em minhas conversas diretas com meu amigo, físico e parapsicólogo Dr. Geraldo Sarti, e por fim e principalmente, os mais de 5 anos em autopesquisa imersiva, contínua, no LAC - Laboratório de Autopesquisa da Consciência e do Yôga, com meus amigos pesquisadores Guilherme Loureiro, Rodrigo Bastos, Vanessa Sandler e Rosamary Xavier. E foi nos experimentos retrocognitivos induzidos com método desenvolvido por nós, em retrocognição estruturada, com formação de campo e monitorado que pude lembrar das vidas acima e que puderam me fazer lembrar tanto de ensinamentos esquecidos como de práticas e técnicas que sabia mas tinha esquecido ao longo das vidas.

E é este Yôga Avançado que irei introduzir aqui, o que transcende completamente o corpo. E iniciar pela introdução a noção de Yi-Jin é fundamental para o entendimento da unicidade holocósmica o qual a ciência do Yôga se dedica levar o praticante, onde quer que se manifeste.

Antes de passar ao primeiro capítulo, essencial é considerar que o poder ou Jin para o Yôga é o poder sobre si mesmo na capacidade de unir Yi com Jin, ou a benevolência ao poder, tornando-nos livres de toda a violência e de todo o mal, de toda a perturbação, assentando o espírito num patamar de estabilidade interna chamada de Samadhi (daí Samadhiologia) e de conectividade holocósmica hiperlúcida (Hipersamadhi, Kaivalya).

A união de Yi ao Jin, do amor ao poder, da benevolência à potência, é o cerne do Yôga e do Samadhi. E não é qualquer poder, mas antes o poder sobre si mesmo e revela-se como um tipo de batalha ou luta que não se dedica a vencer um oponente externo, uma pessoa ou inimigo exterior, mas antes, um oponente interno, um inimigo interior, este que vive dentro de nós e que tenta desunir Yi de Jing e nos tende a violência contra si e contra os demais seres e realidades.

Assim, o Yôga Avançado é Nei-Jia, ou Escola Interna, dedicada ao desenvolvimento da arte de autodefesa interna, de luta interna, técnica, para que possamos vencer a si mesmo, ou vencer a força que separa Yi de Jin e unificá-la (união de Yin e Yang, Tai Ji, Tao).

Um outro aspecto polêmico é sobre o significado de Yi, que tanto sugere o de mutação como o de intenção benevolente, reta, amorosa, não-violenta (isenta de violência). No aspecto de Yi como mutação teremos de retornar ao Yi Ching, ou o tratado, compêndio, estudo ou ciência da mutação. No entanto, Yi no aspecto do Yi Ching, refere-se também à não-mutação. O princípio universal que rege o movimento de tudo, da existência e não-existência. Desta forma Yi como mutação-não-mutação se move a partir do Tao. E o retorno ao princípio dos princípios, na união pacífica e amorosa, benevolente, de Yin e Yang, é Yôga (do sânscrito, união, unir, atar). Os livros que retratam a obra de Da-Mo, o monge budista mahayana que também levou tanto o Budismo, o Vajramushti como o Yôga para a China, escreveu o ainda único tratato (Ching) sobre Yi Jin. As traduções parecem-me reducionistas ao referir-se Yi como mutação e Jin como músculos e tendões, sendo o tratado da mutação dos músculos e tendões. Porém, vamos aprofundar um pouco. Os tendões estão unidos pelas articulações e juntas e conectam os músculos aos ossos, viabilizando os movimentos. No entanto, os tendões são como cabos de força que conectam o sistema nervoso e outros sistemas para o movimento. E o sistema nervoso juntamente com o cardio-respiratório possibilitam a conexão da consciência (inteligência) ao corpo de forma geral. Assim, Jin é muito mais que tendões e músculos, sendo pois o princípio do movimento, a força que parte da consciência e percorrendo os sistemas trafega pelos tendões, músculos e ossos. Jin se move através do corpo, mas não é o corpo. Yi Jin portanto é a mutação de Jin, ou o movimento de conversão benevolente de Jin em movimento, não restringindo somente ao corpo, mas ao veículo da consciência de forma geral, incluindo a energia, meridianos, chacras, tantiens e aspectos mais abstratos, como sentimentos e parapercepções (sidhis).

Da-mo também escreveu outro tratado, chamado Xi Sui, ou o estudo da lavagem do cérebro ou medula óssea. Porém, na prática, o método é o da circulação microcósmica e inclui aspectos muito mais profundos e as traduções fisiologistas somente distorcem o significado original para tentar-se uma aceitação geral do público. No entanto, reservarei este ensaio para examinar a natureza de Yi Jin enquanto um dos fundamentos da Ciência do Yoga.

Em minhas investigações acerca da ciência da libertação definitiva (Yôga) temos que Yi corresponde a manifestação do princípio Yang e Jin a manifestação do princípio Yin. Yi penetra Jin. E Yi-Jin (unidos) formam os 4 movimentos primários, a saber:

1. Movimento externo. Movimento interno (yang-yang).
2. Repouso externo. Repouso externo (yin-yin).
3. Movimento externo. Repouso interno (yang-yin).
4. Movimento interno. Repouso externo (yang-yin).

As 4 configurações iniciais do Tai-Chi estabilizam-se formando as 8 configurações fundamentais, ou Pákua (baguá ou 8 movimentos):

1. Céu (Yang)
2. Terra (Yin)
3. Fogo (Yang)
4. Água (Yin)
5. Montanha (Yang)
6. Lago (Yin)
7. Trovão (Yang)
8. Vento (Yin)

As 8 configurações fundamentais da mutação geram as 64 configurações secundárias, perfazendo a matemática, ou enumeração quanto aos princípios irredutíveis do Cosmo.

Tao - Wu-Ji - Tai-Ji - Yin-Yang - 4 configurações primárias - 8 configurações fundamentais - 64 configurações secundárias.

E claro, do ponto de vista histórico, o Yi Ching é datado de 3.000 a.C, na época onde a acupuntura era realizada com pontas de pedra e coisas do gênero, na pré-história chinesa ou China indígena, associada ao xamanismo antigo. Enquanto que o clássico do Samkhya, chamado Samkhya Karika, foi ao que indica escrito no ano 600 d.C. Se o Yi Ching data de 3.000 a.C seus princípios eram conhecidos muito antes disso, o que se perde na história, do mesmo modo que o Tao Te Ching de Lao Tzu mesmo que tenha sido escrito 600 a.C, seus princípios são muito mais antigos que a obra.

A história mostra que o fundamento do Taoismo é mais antigo que do Samkhya, e portanto, a prática e ciência do Tao (Yôga) parecem mais antigas ainda que o Yôga indiano. Eu pessoalmente prefiro desassociar o Yôga da Índia, a ciência de si mesmo é encontrada no Taoismo da mesma forma e em épocas tão antigas quanto. E encontramos também o Yôga na américa central, no clâ Yaki, Maia, no xamanismo antigo, que chamavam de "passes mágicos". Algo em comum se move ocultamente e silenciosamente pelos povos e pela história: a ciência da dissolução definitiva do sofrimento e a libertação definitiva do espírito é uma ciência universal e suas raízes históricas transcendem a Terra e esta dimensão. O Yôga é praticado e desenvolvido universalmente e Shiva, o mítico "Deus da Transformação" é seu criador. Numa linguagem poética e bonita, Shiva é nosso mestre, é a Dança do Universo, é Tai Chi, é o Cosmo se movendo numa dança infinita e perfeita, e o Yôga é sua expressão. Numa linguagem científica, Shiva é Tai Chi, a unidade Yin e Yang em mutação.


I – Da Autoinvestigação ao Yôga (Samadhiologia)


1. O presente ensaio versa sobre temática da prática avançada do Yôga, ou o autodomínio e autoconhecimento do Yi e Jin, especialmente a emissão e conversão do Jin. E ao falar em Jin falamos em Yi, a intenção benevolente-amorosa livre, que atua aderida na conversão. Porém, antes de prosseguir irei rapidamente introduzir o que é autoinvestigação ou autopesquisa e a “ciência do Ôm”, o Yôga para, depois, explorarmos o conceito de Yi e Jin e a prática do Jin.

2. Como poderei conhecer o Universo se eu mesmo não sei ao certo quem eu sou, na medida em que o conhecimento depende do sujeito-consciência que sou e de minha relação com aquilo que almejo (intenção) conhecer? Quem realmente eu sou? O que realmente estou fazendo aqui neste planeta? Eu existia antes do nascimento? Antes de minha vida intrauterina? Eu realmente passei por vidas anteriores a esta? Eu posso estar completamente lúcido fora de meu corpo? Qual a natureza deste segundo corpo? E da consciência que sinto que sou? Eu posso lembrar de minhas vidas anteriores e lembrar de minhas mortes anteriores de forma que possa investigar o que ocorreu após as mortes de minhas vidas passadas? Porque sou como sou? Porque reajo da forma como reajo? É puramente genético? Hereditário? O congênito migra para o fato de que já existíamos antes de nascer e já nascemos alguém e não uma tábula rasa? Existe a sobrevivência após a morte? Eu realmente permaneço vivo após a morte? Qual a natureza da vida? Qual a natureza da dimensão pós-morte? Os espíritos povoam o universo? O Universo é habitado em suas várias dimensões? Qual a natureza da realidade? Qual a minha verdadeira natureza? Estarei eu preso a minha condição de ser eu mesmo, individual? Ou poderei ser o próprio Universo? Eu sou corpóreo ou estou corpóreo? A morte de meu corpo faz com que eu mesmo morra? Ou eu sou de uma natureza e meu corpo de outra, razão pela qual ele morre e eu não? E onde eu vivo quando eu morro? Numa dimensão específica do Cosmo? Como estas dimensões se conectam? A natureza da consciência é não-local? Então podemos nos manifestar aqui e lá no Universo? Existem então alienígenas ou existem consciências que se movem de um lado a outro no Cosmo? A consciência se manifesta somente em corpos humanos ou em qualquer forma? Estaria o Cosmo habitado universalmente em todas as dimensões e realidades? Como eu posso responder a todas estas perguntas fundamentais?

3. A resposta é simples: conhecendo a si mesmo. E para conhecer a si mesmo é necessário um movimento progressivo de autoinvestigação. E sendo toda investigação a busca da realidade autêntica, a autoinvestigação é o movimento de busca da realidade autêntica de si mesmo: o saber interno ou svadhyaya. E como expõe claramente o Yogasutra, a realização do Yôga se dá pela autoinvestigação. Mas que tipo de autoinvestigação? A que visa revelar a natureza autêntica do ser e do universo. E esta natureza se revela numa condição muito especial, chamada samadhi. E nesta condição o eu se revela como Brahman (a unidade; Tao).

4. É certo que entramos aqui num dilema epistemológico. O conhecimento existe pelo fato de existir um sujeito, e, todo sujeito parece ser antes de qualquer coisa, consciência, consciência de “algo”. E como o sujeito pode ser ao mesmo tempo sujeito e objeto de si mesmo? Este aparente paradoxo epistemológico se resolve pelo fato autoinvestigativo de que a natureza autêntica do si mesmo é sua pura condição de sujeito sem objeto, porém, para chegar a esta condição, o sujeito necessita passar por movimentos autoinvestigativos de modo que vá discernindo o si mesmo (eu real) do não-si-mesmo (objeto ou o não-eu).

5. O que ele acreditava ser, não é. Logo, o objeto se dissolve progressivamente e o sujeito se percebe de forma autêntica, ou pura. A natureza essencial do si mesmo é holocósmica ou,  o indivíduo se sente realmente indivíduo quando sente-se inteiramente fundido universalmente, perdendo as noções do “eu”. O paradoxo eu-holocosmo se observa no movimento de autopesquisa na medida em que vamos compreendendo nossa natureza abstrata como consciência não-local, além de toda a forma, espaço-tempo e dimensão.

6. A inconsciência diante de si é o problema inicial para o sujeito, diante da angústia de não saber quem é. Eu estou aqui, porém, sou um desconhecido de mim mesmo, não inteiramente, mas pouco conheço sobre minha verdadeira natureza. E isto é o problema fundamental da existência do ser. E não importa onde está o ser, ou sua localização. Pouco importa se eu estou aqui numa condição orgânica ou numa condição extrafísica ou inorgânica. Muitos seres inorgânicos mantém sua a cegueira que nutriam quando eram orgânicos.

7. E não saber quem somos (problema fundamental), na angústia de uma espécie de coma, condição de amnésia de si ou desconhecimento em si mesmo, nos gera a perturbação fundamental (sofrimento matriz) de nossa existência, pois agimos a partir de uma zona escura, inconsciente ou mesmo subconsciente (princípio do abismal), o qual nos move sem que tenhamos entendimento ou ciência clara da força que nos move. Agimos e reagimos a partir de um campo desconhecido de si, ficamos saudáveis ou adoecemos sem a noção do porquê.

8. Então, o problema fundamental gera a perturbação fundamental e assim temos que:

PrF => PeF ou,

Desconhecimento da natureza autêntica de si mesmo (DΦ) gera a Pertubação ou Sofrimento fundamental (SΨ), assim:

DΦ => SΨ e,

O SΨ se mostra como angústia, agonia, aflição, tristeza psíquica, raiva ou ódio (em suas diversas formas de manifestação) e dor orgânica (em suas diversas formas de manifestação como doença ou simplesmente dor).

9. A recíproca é verdadeira. O conhecimento da natureza autêntica de si mesmo gera a pacificação íntima ou serenização causal do espírito (samadhi) e a dissolução de todo o sofrimento. O samadhi é a condição de autopercepção da natureza autêntica de si mesmo.

10. O fato de nos movermos não é suficiente para que possamos compreender o porquê estamos aqui, agora, neste planeta, dentre incontáveis outros em incontáveis outras galáxias em um universo infinito e incognoscível.

11. A tomada de lucidez da ignorância quanto a nossa real natureza é o ponto de partida da autopesquisa parapsíquica, profunda, causal: o svadhyaya do Yôga. É nosso problema fundamental de investigação. A sua justificativa se dá pelos efeitos da ignorância em nossa vida e pelo sofrimento que a ignorância nos acarreta. Diante disso, o movimento de pesquisar a si mesmo na direção do conhecimento de si é ponto fundamental deste ensaio.

12. O conhecimento de Yi - Jin é fundamental para a vida. Localizar a benevolência e o poder interno e saber usá-los de forma correta é fundamental para nossas vidas. E sendo o poder interno pertencente ao campo abstrato da potência, necessitamos compreender o fenômeno da conversão do Jin. E isto tudo envolve autoinvestigação. A conversão se dá pela correta intenção. O centro de inteligência localiza Yi (benevolência pura livre) e a partir de Yi localiza Jin (potência pura livre). Unindo Yi Jin, passa a converter potência benevolente em ato. Porém este movimento exige autoinvestigação e conhecimento de si.

13. O conhecimento de si é gerado pelo movimento de autoinvestigação o qual é orientado a partir de pressupostos epistemológicos e mesmo ontológicos que dão a direção hipoteticamente correta para o saber interno. O saber interno é o medicamento definitivo para curar a ignorância. E viver de acordo com o saber interno é a solução para uma vida vazia e destituída de sentido. É a solução para o coma, para a perturbação interna. E por mais estranho que pareça, chegamos por nosso modo, ao mesmo postulado fundamental do Yôga tal como consta no Yogasutra: “Krya Yôga é Tapas, Swadhyaya e entrega ao Içvara”.

14. A autopesquisa parte do autocomprometimento (Yi). O comprometimento consigo mesmo no sentido de conhecer a si e dissolver a auto-ignorância e por consequência o sofrimento, que em resumo podemos tranquilamente chamar de comprometimento com o samadhi, é a terra pelo qual a autopesquisa permanente está plantada.

15. Este movimento de autopesquisa profunda ou parapsíquica envolve a deflagração das funções psi ou parapsíquicas o qual possibilitam ao autopesquisador o conhecimento real de si mesmo, além das restrições corporais desta dimensão e das limitações mentais e intelectuais.

16. A autopesquisa parapsíquica nos leva a autopesquisa holocósmica, na medida em que a natureza real do si mesmo ultrapassa as fronteiras rígidas do eu encapsulado pela ignorância.

17. A ignorância fundamental, a confusão quanto a nossa verdadeira natureza.

18. No caminho da autopesquisa existem alguns saberes necessários para que possamos nos dar o suporte para uma autopesquisa parapsíquica ou holocósmica, saberes estes limitados obviamente, porém podem nos servir como mapas do território interno e externo do Universo integral (Holocosmo). A autopesquisa é o eixo do Yôga e o profundo comprometimento consigo mesmo, o centro. Ambas as realidades são movidas por duas forças complementares, o Jin e Yi.

19. Yi – Jin pode ser considerado como o fundamento prático do Yôga. Da harmonia de Yi – Jin temos a unidade necessária para o samadhi. A liberação de Yi se dá principalmente pela reconciliação, por um lado, e por outro, pela emancipação da autenticidade.

20. O Jin é a potência interna livre. Yi é a intenção benévola livre e ao mesmo tempo a mutação, a alteração, a conversão. Yi-Jin formam a unidade fundamental prática do Yôga e portanto do movimento de autoinvestigação.

21. Yi-Jin ou a potência livre benevolente. Yi está relacionado com a polaridade Yin primária, e Jin com a polaridade Yang primária. Yi não pode estar em conflito com Jin e vice-versa. Quando Yi está forte mas Jin está fraco não existe ação, existe benevolência passiva, fraca em poder. Quando Yi está fraco e quando Jin está forte, existe violência em ato. Quando Yi está unido a Jin existe potência de ação benevolente.

22. Yi-Jin para ir à ação precisa passar pela conversão: conversão de Yi-Jin.

23. No Yôga avançado primeiro refina-se Yi. Yi é ahimsa, a não-violência ou a benevolência pura. E Jin é a potência livre, pura, direcionada pela intenção, seja ela qual for. Por isso Jin pode ser dirigido por intenção malévola. Mais vale excesso de Yi do que excesso de Jin. Excesso de Yi provoca benevolência sem ação. Excesso de Jin provoca ação violenta.

24. O Jin quando é orientação por um fraco Yi (Yi perturbado ou desamoroso) produz desastres de todas as ordens, nos níveis individual, social e cósmico. E quando Yi governa Jin então temos harmonia.

25. Yi está para a consciência enquanto Jin está para a energia. Refinar Yi é dissolver a violência interna a partir do amor. Yi é intenção amorosa, benévola, retidão benevolente.

26. Refinar Yi e localizar Jin. Unir um ao outro. É o primeiro movimento. Este ensaio versa sobre exatamente como fazer isso, apesar de sua dificuldade. Este método está dentro da grande sistemática da Ciência do Yôga.

27. O Yôga como já expus noutros ensaios, é a ciência universal, holodimensional, que visa dissolver o sofrimento ou perturbação íntima e assentar o espírito no Samadhi, ou o si mesmo real (eu real, anatta, atman, purusha), condição de consciência extásica, livre, amorosa, cósmica e universalmente conecta à existência como um todo. Este último estágio é chamado de Kaivalya. Na nomenclatura taoista, o Samadhi é o estado Tai Ji (suprema polaridade, além das dualidades Yin Yang), e Kaivalya, o retorno a Wu Ji (o não-dual, a não-existência). Na perspectiva mais científica e Parapsicológica, refere-se a dissolução progressiva do corpo-psi, psicossoma ou corpo astral (dissolução do desejo, emoção) até sua dissolução completa, ou a liberdade definitiva na condição não-local e holocósmica (holofusão). Neste aspecto ocorre o que já expus noutro ensaio sobre o paradoxo eu-holocosmo, onde a verdadeira natureza do eu se intensifica quanto mais o eu deixa de se perceber um eu (na nomenclatura Budista: anatta ou o não-eu) e o eu se revela para si mesmo em sua verdadeira natureza quando está no estado de holofusão (não-eu, ou o eu holocósmico).

28. O sofrimento é causado pela ignorância, e a ignorância se assenta no não-entendimento do princípio da mutação e não-mutação, da confusão do eu com o não-eu. Ao exigirmos que o que tem por natureza mudar permaneça o mesmo (imutável) geramos sofrimento atrás de sofrimento, na tentativa de nos agarrar ao inagarrável.

29. Assim, a perturbação fundamental está assentada no desejo. E de que desejo estou falando? No desejo de mudar; no desejo de mudar exatamente o que por natureza tem seu próprio ritmo de movimento e mudança (tempo correto). Do desejo de forçar o avanço do tempo correto da mudança, do desejo de ser o que se coloca diante de nós diferente do que se mostra. Do desejo de forçar, de intervir e alterar quando não é necessário. Do desejo de intervir quando não é necessário vem o sofrimento. Esta é a gênese básica de toda perturbação.

30. Porém nem todo sofrimento decorre do desejo, isto porque, o desejar não desejar é o tipo de desejo orientado do Yôga que faz com que calibremos o desejo para o desejo correto, ou, o tipo de desejo que não impacta a si e aos demais. O desejo correto pois é desejar o samadhi. E desejar o samadhi significa empreender o caminho de desejar não mais desejar, ou não desejar que mude (o desejo correto, desejar não intervir, agir pela não-ação, wu-wei).

31. Desde uma antiguidade que nos escapa a contagem do tempo, inteligências não-perturbadas foram auxiliando inteligências perturbadas a saírem de suas perturbações. O Yôga está fora do tempo, justamente porque o samadhi, a razão primária de ser do Yôga, residir fora do tempo. Este modo de ajuda, é o Yôga.

32. O Yôga é justamente a correção do discernimento diante do real. Corrigir o discernimento para que possamos compreender o sofrimento, a razão do sofrimento e como dissolver o sofrimento e viver no êxtase e orgasmos cósmicos e hiperconscientes permanentes, na serenidade causal do espírito. E diante do fato de que todo sofrimento é sofrimento (independentemente do tipo), então, o caminho para sua dissolução é um e o mesmo: Yôga. E não falo aqui das escolas indianas, chinesas, tibetanas, indígenas, ocidentais, mas antes disso, falo do Yôga como o caminho para Samadhi e Kaivalya, o caminho para a imortalidade ou hiperlucidez permanente e total. A vida infinita, livre da miséria emocional e desamparo psicológico, e repleta de vida, amor e transcendência.

33. Em suas diferentes escolas e métodos, Yôga é Yôga aqui ou noutras dimensões, pois engana-se aquele que acredita que o Yôga tem sua origem na história. Como disse, o Yôga tem sua origem no não-tempo, sempre existiu e sempre existirá enquanto houver sofrimento, perturbação, neste planeta ou noutros, nesta ou noutras dimensões do Holocosmo. É neste aspecto que se disse que o criador do Yôga é Shiva.

34. Diante disso e me ausentando dos postulados epistemológicos do Yôga, entraremos nos detalhes técnicos do Yôga adaptado a vida humana no planeta Terra, o que nos faz compreender que o Yôga em um planeta gasoso ou aquático se manifesta de um modo singular, como nos casos da condição extrafísica da consciência, porém, manifestando os mesmos princípios.

35. As evidências da prática do Yôga avançado mostram a coexistência dos aprendizados além desta dimensão, a partir da orientação de mestres mais avançados de Yôga, que já vivem mais permanentemente na condição do Samadhi. Esta orientação se dá de forma direta, indireta ou mesmo inspiradora, como mesmo já expôs em seus estudos sobre o fenômeno mediúnico, H. Revail e outros pesquisadores da área parapsicológica.

36. O Yôga avançado evidencia o mediunismo também avançado, na orientação para o samadhi e para fenômenos parapsíquicos de escala psi-ómicron, como o contato direto com os Yôgues alienígenas (“regeneradores”), que já uniram a evolução íntima com a evolução tecnológica e estão bastante adiantados em relação a condição humana geral e a este planeta.

37. O caminho do aprendizado no Yôga vai aprofundando de uma tal forma que os 8 movimentos ou métodos vão se refinando para um espectro cada vez mais amplo, cósmico e de uma benevolência universal, a grande família cósmica: Brahman, Tao.

38. Neste caminho observamos a deflagração de capacidades latentes de percepção e cognição, para além deste mundo e num retorno hiperlúcido ao holocosmo, nossa casa verdadeira, nossa única família, nosso lar comum, nossa realidade.

39. O Yôga nos leva ao que chamamos de Brahmam, Tao ou Deus, ou a unidade inteligente infinita que é tudo, permeia tudo e transcende tudo em seu holomovimento infinito e eterno.

Agradecimento aos 160.000 acessos!



Agradeço a você meus amigos e amigas leitores deste espaço pelos 160.000 acessos, onde tento contribuir com o autoconhecimento através de minhas modestas experiências, conhecimentos e reflexões, no campo científico, filosófico e puramente experimental.

A unidade do todo indivisível, fundido, é um fato para mim. A vida antes desta vida, a vida fora do corpo e a vida após a morte são fatos e não mais hipóteses. E a unidade universal, holocósmica, é fato para mim que é inteligente em sua natureza mais essencial: Brahman, Tao, Deus, Viracocha...

A unidade cósmica inteligente e transcendente, ou o holocosmo, a unidade fundamental da vida e da existência, que transcende nossa capacidade de entendimento, apresenta-se ao universo sensitivo por uma via extrassensorial, parapsíquica, como uma presença invisível não-local, por trás da harmonia e da beleza da natureza e do universo. A harmonia oculta a inteligência benevolente. E a beleza da natureza expõe a beleza do oculto que a gera. Eu vi isto na Cordilheira dos Andes em minha viagem pela Expedição Bons Ventos pela América: Viracocha, como chamavam os Incas.

Este espaço já completou 15 anos de existência e as ideias e experiências se moveram e se transformaram como tudo na existência e sua eterna lei de mutação, a impermanência. Porém, apesar de toda a mutação, de toda minha mudança, eu mesmo permaneço eu mesmo. Eu mudei, eu vivi, eu me movi, porém, eu sou eu mesmo apesar de ter mudado e continuar mudando.

E é para este centro que convido você a observar: que apesar de toda a nossa mudança, o si mesmo permanece o mesmo. Algo permanece o mesmo apesar de tanto modificar-se e refinar-se e transformar-se.

E este si mesmo imutável, que podemos dar o nome que quisermos (alma, consciência, espírito, self...) é o mesmo si mesmo que existia antes de nascer, projeta-se para fora do corpo e permanece vivo após a morte. O si mesmo, quem realmente somos, o que não muda dentro da mutação, não nasce e não morre. É não-local e puramente abstrato. Invisível e eterno, move-se através de, porém, não é o veículo que usa para se mover.

É em sua natureza essencial, o fundamento da existência. E paradoxalmente, é o não-existente que fundamenta o que existe. É o que habita os espaços vazios da matéria e não é a matéria. É o que habita os vazios do universo, mas não é o universo. Se move através de tudo, e não é o tudo propriamente dito, já que o tudo é o tudo que se move, o holomovimento universal.

E, por fim, o si mesmo que somos é um campo abstrato em holofusão, é o holocosmo em sua natureza indivisível, infinita e eterna. É Brahman.

Gratidão!

OM SHANTI