26.10.10

A Cura Definitiva da "Neurose" pelas Experiências de Hiperconsciência: Breve Ensaio

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo


"Não desejo que acredites em nada que escrevi. Digo: experimentai e então saberás" (Sylvan Muldoon)





A vida humana é uma vida predominantemente neurótica. Neurótica porque grande parte da humanidade não tem o menor interesse em saber, na teoria e na prática duas coisas prioritárias:


1. Saber acerca de si mesmo (conhecer a si, como consciência integral, multidimensional)

2. Saber acerca de seu projeto de vida, do real motivo que a faz estar aqui e agora neste planeta, pré-definido no período entre a vida passada imediata e a vida atual.

E os sintomas de uma coletividade neurótica já foram mapeados de forma bastante interessante por Wilhelm Reich, quando disse que a neurose tornou-se uma “epidemia”.

A vida neurótica é uma vida predominantemente vazia. Uma vida em que a pessoa sente faltar algo; sente-se melancólica, deprimida, triste e perdida.;sente que tudo o que faz não tem sentido ou tem pouco sentido; ou engana-se criando um mundo de fantasias, como defesa do mesmo Infinito. Mas prende-se para não sair do lugar. Aprisiona-se num mundo seguro defendendo-se das forças que a cercam: o incomensurável cosmos multidimensional em toda sua Infinitude. O sintoma básico é a impotência orgástica a que acomete a esmagadora maioria. Pelas estatísticas a impotência orgástica alcança a margem de mais de 70% tanto em homens como mulheres.

Teme o orgasmo, porque o orgasmo a coloca diante do Infinito, da dissolução do Eu, do Ego. Ela quer ter o controle, então, tenta controlar as pulsões da sexualidade e de sua libido. Teme os estados de consciência alterados porque teme a expansão em direção ao Infinito. Grof chamaria este movimento de holotropia, o movimento em direção da Totalidade. Teme também as alterações de emoções, as alterações de humor, as alterações de percepção... e assim por diante. Qualquer alteração é temida. Criaram-se drogas que visam reprimir estas alterações e tornar a pessoa normal novamente. Por normal entende-se a pessoa neurótica, adaptada a uma sociedade neurótica. À beira disso estão os “psicóticos”, perdidos num mundo à parte, sonambúlicos semi-conscientes, caminhando por aí afora.

O sistema básico de defesa então tornou-se ao longo das eras uma defesa do próprio universo: uma defesa que esconde o medo do Infinito. O universo tornou-se ameaçador. Um enigma perigoso de confiar. Os bloqueios dos chacras superiores, principalmente o chacra cononário evidenciam tal fato: a grande maioria de meus pacientes e de todas as pessoas que venho conversando possuem seus centros coronários fechados, com o medo do Universo e das experiências multidimensionais mais transcendentes.

O medo do Infinito parece ser o medo básico da humanidade em massa. Tal conceito pode parecer abstrato para você, mas vou aprofundar. O medo do Infinito é o que faz existir as religiões e as ciências ortodoxas, as práticas esotéricas fechadas e ritualísticas. O medo do Infinito é o que faz rezarmos pedindo a Deus proteção, porque há algo tão ameaçador que foge ao nosso controle que temos de evocar a Deus para nos proteger e nos amparar. É o que fundamenta todo mecanismo de defesa contra qualquer idéia, realidade ou prática mais evoluída. É o que faz com que a política exista como está. É o que faz com que a ética seja o colapso que se encontra. É o que produz as guerras e os genocídios em massa. Ao mesmo tempo, os que adentraram na esfera do Infinito e sentiram o medo advindo de tais experiências, acabaram criando as religiões e seus sistemas de rituais. Acabaram criando os degraus de iniciação. Os símbolos, os mitos e todos os recursos para amortecer o que Castañeda chamou de “Toque do Infinito”.

Uma vez escrevi aos 19 anos numa letra de música:

“Matérias radiando a força primitiva que rege nossos destinos... que o homem não vê, não entende, mas reza e tem fé, quando se vê, na beira do Infinito”.

E hoje aos 34 anos é exatamente isto que volto a dizer, mas em uma linguagem menos poética e mais científica: o medo do Infinito parece ser a base psicogenética de todo distúrbio pessoal e, por outro lado, o contato gradual com o Infinito parece ser aquilo que podemos chamar de EVOLUÇÃO DA CONSCIÊNCIA.

O momento em que o “Infinito” toca uma pessoa faz com que algo modifique completamente suas estruturas cognitivas em profundidade. Uma nova percepção começa a se abrir e o Universo modificou-se, porque algo em nós mudou realmente.

Experiências como esta são difíceis de colocar em palavras. Já foram chamadas de “experiências místicas”, mas nada tem de místicas. Pelo contrário, as experiências cósmicas em que a pessoa acessa o Infinito ou noutras palavras, toca-o, são de uma hiperlucidez, hiperconsciência, trancendendo concepções e palavras humanas, religiões e ciências. São experiências trans-simbólicas e trans-linguísticas.

A cura definitiva da neurose depende da capacidade crescente, progressiva, da pessoa ir se abrindo para o Universo; abrindo seus centros para o Cosmo, para a multidimensionalidade; para o Grande Outro; para o Universalismo vivenciado; totalizando-se. A neurose é o estado de consciência de “fragmentação”. A sua cura assenta-se na “totalização” ou “cosmificação” do ser. Dão podemos fazer de que toda terapia é antes de tudo uma “cosmo-consciencio-terapia”.

Relatos e mais relatos de pessoas que atravessaram experiências transpessoais e cósmicas, parapsicológicas evidenciam o acesso às realidades transcendentes do Universo e lá encontraram vida, existência e consciência. E quando voltaram sentiram-se profundamente tocados e modificados internamente.

O potencial curativo das experiências holotrópicas, cósmicas, levam o ser a expandir seu interesse para a humanidade, saindo dentro de si mesmo, libertando-se mais de seu Eu, raiz de toda neurose. E neurose é o estado de consciência onde a pessoa acha-se presa a si mesma. Por outro lado, quando começa a libertar-se de si, expande-se para além de seu “Eu” e encontra seu verdadeiro Eu.

Pessoas têm relatado experiências fora do corpo e outras experiências como a lembrança de vidas passadas (encarnadas ou desencarnadas) onde podem desconstruir seu conceito de um Eu corporal físico e substituir pelo conceito de um Eu fluido e energético. Noutros casos, a pessoa pode libertar-se deste corpo fluido e alcançar as experiências de projeção psi-Pura ou também chamada de projeção de corpo mental ou mentalsoma, onde se acha livre de corpo, espaço-tempo e formas. Estas experiências levam a pessoa a um pico de hiperconsciência e anulação de toda neurose possível e vivência de todo potencial puro da consciência sem corpo.

O orgasmo é a hiperconsciência no estado encarnado (ou intrafísico). Reich tinha razão quando afirmou que o orgasmo anularia os sintomas básicos da neurose. E aqui quero expandir este conceito de Reich, quando afirmo que a anulação plena de todo sintoma neurótico está na experiência de Hiperconsciência propriamente dita, provocada pela projeção da consciência para fora de todos os corpos: físico e psíquico (psicossoma). Digo a anulação plena porque mesmo quando a consciência se acha fora do corpo físico, em psicossoma (perispírito) ainda sim, manifesta neurose ou melhor, a paraneurose ou a parapsicose.

A sincronização das experiências de pico e o aprendizado de sustentar a felicidade, anulando por definitivo qualquer atitude auto-obsessiva e auto-sabotadora, fará com que a vida vivida seja uma experiência de contínua Hiperconsciência. Esta é a hipótese mais lógica que posso formular. E como Hiperconsciência é orgasmo e, orgasmo é prazer, tal evolução atravessa a Hiperconsciência na sexualidade, no trabalho, na relação com a vida, com o planeta, com o Universo e assim por diante. Inclui a reconciliação como uma das práticas habituais mantendo os laços “cármicos” trabalhados e sadios. Supomos que existam pessoas (ou consciências) que vivam tão somente no estado de Hiperconsciência e não mais reencarnam neste planeta, tal como compreendemos reencarnação. Supomos que tais consciências não sintam mais a necessidade, libertam-se naturalmente dos ciclos, pois os ciclos existem justamente devido a Não-Hiperconsciência e a necessidade da Evolução e de todo aprendizado.

Diante disso, começar por onde? Na mudança de interesse e motivação: começe por si mesmo cultivando-se em profundidade. Interessar por si e pelos outros; pelos assuntos multidimensionais, vivenciar experiências multidimensionais como as de projeção da consciência fora do corpo; sair do mundo de simplesmente sonhar e no máximo sonhar lucidamente. Ajudar e ajudar pessoas. Uma única experiência fora do corpo lúcida vale mais que uma vida inteira de sonhos lúcidos e sonhos comuns a serem interpretados. Conheça-se por completo, saiba por experiência própria que você não é este corpo que você vê todos os dias no espelho. Saiba que nem mesmo é o psicossoma, o corpo espiritual, astral. Afinal de contas, quem somos nós? Para que evoluímos? Para que estamos aqui?

Tomemos como exemplos aqueles que conseguiram êxito em suas tarefas de vida, que completaram; que conseguiram nadar contra a corrente da neurose social e conseguiram maior lucidez multidimensional que antes. Faça uma lista destes exemplos: Oliver Lodge, Charles Richet, Allan Kardec, Eusápia Paladino, Barbara Brennan, Louise Hay, Waldo Vieira, Chico Xavier, Ernesto Bozanno......... Na prática, não adianta adorarmos a um “guru”. Na prática, adianta sabermos quem somos nós e realizarmos nossa missão nesta vida e, no final, comemorar por mais uma vida vivida em prol da(s) consciência(s) e da evolução. O resto é secundário e fica no caixão, é cremado ou torna-se herança.

Mas como disse Sylvan Muldoon, em seu clássico "The Projection of the Astral Body", na década de 30:

"Não desejo que acredites em nada que escrevi. Digo: experimentai e então saberás"