27.5.13

Sobre o Conscienciologismo, Do Exame Geral do Conceito de "Ser Desperto", Da Condição de "Ser Desperto" de Waldo Vieira e Outras Considerações

Por Fernando Salvino (MSc)
Parapsicólogo, Psicoterapeuta
FEBRAP/ABRAP/Parapsicologia-RJ (Dr. Geraldo Sarti)
Coordenador do LAC - Laboratório de Autopesquisa da Consciência - HU/UFSC/Projeto Amanhecer


Caro leitor/leitora:

Antes mesmo de prosseguir com a leitura deste ensaio, peço a cordialidade, a gentileza e o bom senso, discernimento e a atitude científica mais honesta e livre de emoções de raiva e mágoa, defesas e ataques, para que possamos examinar o tema com o máximo de cosmoética, cordialidade e o mínimo de belicismo. Então se o leitor/leitora pertence a alguma IC, ou se já pertenceu, ou se não pertence mas tem vinculo com o tema, ou que é Espírita e mantém qualquer tipo de aversão a Waldo Vieira (mesmo sem conhecê-lo) e mesmo que mantém também atitude defensiva do Espíritismo ou outra linha religiosa, ou que seja cético mais radical, peço a atitude de respirar bem antes de prosseguir, acalmar os sentimentos e trazer toda nossa racionalidade, lucidez e evitar todo e qualquer projeção de idealizações em quem quer que seja, até mesmo sobre mim, que escrevi este ensaio. Então, vamos lidar de igual para igual, pessoa a pessoa, que temos defeitos e qualidades e mal sabemos ainda caminhar de pé pelo holocosmo.


I - Das Considerações Preliminares

É muito importante que esclareça aqui, expressamente, que nada tenho contra a pessoa do médico Waldo Vieira e o que irei examinar aqui nada tem de pessoal também. Eu não o conheço, não sou seu amigo próximo e nunca tive a oportunidade de ter uma maior proximidade que pudesse tecer maiores estimas, tal como amigos íntimos tem entre si. Porém, o respeito que tenho é o mesmo que aquele que trato pessoas desconhecidas e mesmo meus pacientes, mesmo que nunca os tenha visto. Trato-os com respeito e bastante sinceridade e amorosidade.

Desconsidero pessoalmente a hipótese de pertencer ao mesmo espectro intermissivo da comunidade conscienciologista, tal como exposto por Vieira (clique aqui), visto não me adequar a nenhuma forma de sectarismo e de movimento institucional que defende determinado paradigma, tal como era de minha automimese ligada ao militarismo, pelo menos em minhas últimas vidas anteriores, o qual pertencia ao "clã" militar. Fico alegre e aliviado realmente por ter superado, talvez não de todo mas em muito, tal traço nesta vida e não estar dentro de nenhuma instituição em prol da defesa de uma missão coletiva, tal como a causa religiosa, militar e sectária. Eu defendo sim uma só coisa: meu direito inalienável, natural e cósmico de ser quem eu sou e o assumo até as últimas consequências, o qual exerço minha liberdade com o máximo de responsabilidade que posso, em um compromisso social e com a humanidade e mesmo com o holocosmo. Diante desta realidade, sinto-me pertencente a uma comunidade cósmica que em benevolência infinita ampara a tudo e todos e que tanto já me deu de benefícios e que tanto sinto-me grato por tudo que recebi e que a partir de um movimento natural, devolvo ao cosmo com motivação o que pude vivenciar e quem sabe com isto, ajudar quem assim estiver ao meu alcance, sem pretensões de eu ser uma referência ou qualquer outro rótulo desta natureza. Na realidade assusta-me os movimentos de projeções idealizadas que as pessoas realizam e custo-me desconstruí-los. Eu realmente sinto-me um "nada" comparado aos amparadores cósmicos o qual já pude constatar de sua existência. Ao mesmo tempo sinto-me aliviado por saber experimentalmente que o holocosmo é amparado de uma forma magnífica e infinita. No entanto, esta é a minha experiência e se não for a sua considere a sua realidade muito mais relevante do que tudo que você acessa enquanto experiência doutro. E foi a projetabilidade que me deu esta liberdade que considero profunda, a de pensar por mim mesmo e a de eu mesmo averiguar as realidades pós-morte ainda vivo e poder retornar.

Minha função como parapsicólogo é, antes de tudo, a de ser em determinados momentos "estraga festa", examinar alguns pontos que considero relevantes dentro de uma proposta de ciência, de fato, da consciência, sem estarmos presos a um paradigma, mas que possamos compreender progressivamente quem somos em uma profundidade que ultrapassa paradigmas e sistemas prontos, fechados e centrados em somente uma pessoa. O quanto aprendi observando e lendo Krishnamurti? Carl Sagan? Albert Einstein? David Bohm? Allan Kardec? Sylvan Muldoon? H. Carrignton? Grof? E tantos outros que mostraram a mim o caminho do universalismo, da transdisciplinaridade e do fraternismo. Os amparadores que sempre se mostram em alto nível de benevolência e serei sempre grato a Allan Kardec pelas suas pesquisas e sua coragem e o quanto me ajudaram no entendimento do caráter dos espíritos comunicantes e que pude trazer para esta dimensão na análise parapsicológica das pessoas com os quais convido e de mim mesmo. Só tenho a agradecer a todos os gênios da humanidade e mesmo a Vieira pelo que faz de bom em prol da evolução, haja visto seu papel de divulgador de tais campos de pesquisa, tal como fez Revail. Isto não significa o que o idolatre tal como um guru. Vieira e tantos outros são pessoas que estão em nível evolutivo muito aquém daqueles que coordenam a holosincronização interplanetária em holofusão com a evolução da consciência, por exemplo.

Cabe aqui minha gratidão a Confúcio e aos alunos que puderam compilar seus ensinamentos ainda tão atuais para os dias de hoje, enquanto tratado de coerência ética. Lao Tzu, a família Yang e a Vieira sou grato pela técnica de mobilização básica de energias e a prática do EV, mesmo que mais tardiamente tenha conhecido as mesmas técnicas no Chi Kun chinês e efeitos psicofisiológicos idênticos através destas práticas e pelo Tai Chi Chuan. E foi somente depois que compreendi com um amparador chinês como o que me apareceu anos atrás poderia dominar de forma tão magistral o EV e com tamanha benevolência. É sabido que os chineses antigos dominavam estas técnicas e a chamavam de Chi Kun. Sou profundamente grato a esta geração milenar que de tempo em tempo, de família em família, nos trouxe ainda para este século suas práticas tão úteis e benéficas para a saúde integral, consideradas frutos de uma mística esotérica tal como o Neidan, com origens no xamanismo chinês.

Estarei aqui penetrando em conceitos polêmicos dentro da área, como: a origem histórica da Conscienciologia, da Projeciologia e do princípio da descrença e, por fim, o conceito do assim chamado "ser desperto", considerado assim por Vieira como o 9º nível evolutivo dentro da escala que o mesmo organizou (ver aqui). Estarei também aprofundando o conceito exposto da obra "700 Experimentos da Conscienciologia" onde Vieira define o que vem a ser o desperto e formas de diagnóstico, dentre outros assuntos (pp 734 e ss).


II - Dos logismos Conscienciologia, Projeciologia, o princípio da descrença e da ciência da projetabilidade e da consciência: breve exame histórico.

Em 1953, o filósofo brasileiro Miguel Reale, publica sua magnífica obra, verdadeiro tratado de filosofia, "Filosofia do Direito". Em sua 19ª edição, a obra em sua página 120 expressa com claras palavras:

"Temos, pois, em primeiro lugar, o chamado idealismo psicológico ou "conscienciológico" que consiste em dizer que a realidade é cognoscível se e enquanto se projeta no plano da consciência, relevando-se como momento ou conteúdo de nossa vida interior".

Assim temos que a data de surgimento do neologismo conscienciológico, e por derivação lógica, conscienciologia, foi em 1953. Porém, em 1807, o filósofo alemão G. W. F. Hegel, publica sua também fecunda obra, verdadeiro tratado filosófico de fenomenologia, "Fenomenologia do Espírito", onde no prefácio realizado por Henrique Cláudio de Lima Vaz, o mesmo nos esclarece que o primeiro título escolhido por Hegel para a sua obra foi "ciência da experiência da consciência" (p. 13).

Portanto, a ideia de uma ciência da consciência já vem sendo trabalhada no campo filosófico, o que naturalmente poderíamos pressupor, pois são os filósofos quem mais se aproximam do campo da pura subjetividade na investigação ontológica e gnoseológica das relações entre sujeito, objeto, significados, experiência e sentido. Então, Hegel pode mesmo ser considerado, em uma primeiro exame honesto da história, como o criador da ciência da consciência, ou a conscienciologia, nome que somente em 1953 seria adotado expressamente pelo filósofo Miguel Reale.

Embora os dados sejam pouco exatos, o médico brasileiro Waldo Vieira usaria do mesmo nome para tratar o estudo da consciência, dentro da abordagem que o mesmo propõe. Em termos de conscienciologia já fica evidente que temos mais de uma abordagem para a mesma ciência, tal como ocorre com a Psicologia. Em sua obra "Projeções da Consciência", na edição de 1979, temos que:

"Proponho o neologismo inevitável, Projeciologia, para nomear o ramo da Parapsicologia que estuda o conjunto de fenômenos e eventos que compõem as experiências fora do corpo físico ou as projeções da consciência pelo psicossoma e pelo corpo mental." (p. 28).

A Projeciologia neologismo proposto por Vieira nasce como especialidade da Parapsicologia, ou seja, ainda nesta data o autor não aborda e nem comenta nada a respeito de uma ciência da consciência ou a conscienciologia.

Muito embora, em 1929, Sylvan Muldoon, publica sua pioneira obra, o primeiro tratado científico sobre projeção da consciência "Projeção do Corpo Astral", onde além de esboçar a ciência e sua autopesquisa sobre o fenômeno, apresenta-nos o que Vieira mais tardiamente chamaria de "princípio da descrença". E, posteriormente, em sua também única obra "Os Fenômenos da Projeção Astral" (1951), reitera o princípio também na introdução, nas seguintes palavras: "Experiméntelo y entonces sabrá" (p. 11).
Muldoon também, embora não tenha usado do nome Projeciologia para nomear a ciência da projeção consciente, foi ao que a honestidade científica nos aponta, o verdadeiro iniciador de tal ciência.

Por outro lado, em exame também honesto, fica bastante evidente que as bases da assim chamada Conscienciologia, e assim considerada a ciência fundada pelo médico Waldo Vieira, já tinha sido proposta desde Hegel passando a Reale e, sendo a Projeciologia, já sido proposta pelo mesmo, tinha sido iniciada e organizada por Muldoon. E sendo a base da Conscienciologia o "princípio da descrença", também dado a Vieira a sua autoria ou o mérito de tal premissa epistemológica, tal assertiva já tinha sido explicitamente escrita por Muldoon em 1929 e, reafirmada em 1951.

Em resumo, tanto a Conscienciologia como a Projeciologia, e a base chamada "princípio da descrença" ao que esta análise inicial evidencia, tinham sido elaborados em linhas gerais muito antes de Vieira. A referência oficial (clique aqui) afirma que o termo teria sido criado em 1981, por Vieira.

III - Do Ser Desperto: conceito

Pg. 734: "O homem, ou mulher, que vive autodefendido com lucidez, há 2 décadas, sem sofrer nem apresentar miniassédios inconscientes habituais (ser desperto)".

No capítulo 672, p. 736, Vieira expõe os trafores ou os traços-força ou características definidoras do ser desperto:

1. Alto domínio do Estado Vibracional: itens 2 a 6.
2. Harmonizador: por dominar o EV em alto nível, detecta consciências doentes ou sadias, "harmonizando o que pode, por toda parte".
3. Miniassédios conscienciais inconscientes: não padece mais.
4. Autocura: autocura minidoenças.
5. Saúde física: cuida de sua boa forma física.
6. Presença energética notável
7. Polariza energias conscienciais e sadias, na dimensão extrafísica onde se manifesta, projetado, com prela lucidez.
8. Tenepes: pratica a tarefa energética diária, pessoal.
9. Coopera como isca intra e extrafísica sem traumas, assistencialmente, em favor de outras consciências.
10. Desmancha-rodas: é um "desmancha-rodas" para assediadores e intrusores extrafísicos.
11. Assistência: aplica suas energias para assentar e harmonizar a vida de todos os seres vivos ao seu derredor.
12. Cosmoética: identificou a cosmoética e busca vivenciá-la, no máximo que é capaz.
13. Serenismo: identificou o próximo passo que é o serenismo.

Na p. 740, cap. 676 "Vivências do Ser Desperto", Vieira enumera 60 condições conscienciais indesejáveis o qual um ser desperto não manifesta mais, porém não irei aqui reproduzir uma a uma. Porém, em exame irei citar alguns escolhidos que poderão auxiliar no exame honesto do tema:

3. Assédios inconscientes frequentes
4. Autocorrupções contumazes
31. Idolatria consentida à sua pessoa
32. Idolatrias nacionaleiras
34. Jogos humanos da desonestidade
40. Multilavagens cerebrais
45. Pecadilhos mentais ou patopensenes
55. Seduções do poder temporal
58. Surtos frequentes de imaturidade

Antes de prosseguir, convém decompor a palavra desperto, tal como sugere o autor:

Des = desassediado
Per = permanente
To = total

Em verbete (clique aqui) Vieira expõe que:

"O ser desperto (des + per + to) é o ser intrafísico, ou ser humano desassediado, permanente, total, homem ou mulher, plenamente autoconsciente da própria qualidade de desperticidade, dentro das tarefas da megafraternidade às consciências, capaz de servir de isca intra e extrafísica, assistencial, lúcida, na condição de epicon, mantendo oficina extrafísica (ofiex), através da prática diária da tenepes ou da tarefa energética pessoal de solidaridade."

Em resumo, poderia dizer que o ser desperto é aquele que domina em alto nível o estado vibracional e por vivenciar e compreender a cosmoética, realiza tarefas de solidariedade pelo bem e correto uso da energia consciencial em prol das consciências, dentre outras características acima citadas.

O traço então mais evidente do ser desperto é o entendimento e a vivência o máximo que pode da cosmoética e isto se estende no todo de suas manifestações: uso do EV, uso do tempo, das energias, e tudo que pode em prol dos demais, na megafraternidade.

Agora quero esclarecer aqui o conceito de cosmoética e de megafraternidade na seguinte afirmativa dada por Vieira na p. 635:

"A afeição - a simpatia, o amor puro, a afetividade, o casal íntimo, a interfusão holossomática, a primener a dois, a dupla evolutiva de sucesso, o homopensene, um holopensene comum -, portanto em suas mais simples expressões, são manifestações de um percentual, maior ou menor de cosmoética".

A genialidade cosmoética é apontada numa lista de 30 traços, dentre todos vale citar aqui:

1. Carinho
2. Amor universal
3. Autoridade moral
4. Benevolência, bondade, doçura
5. Civilidade
6. Comedimento
7. Compaixão, respeito
8. Confraternidade
9. Cordialidade, educação
10. Honestidade, caráter
17. Gentileza, amabilidade
21. Generosidade
24. Conciliação
28. Afeto puro
30. Ética lúcida

A megafraternidade então pode facilmente ser compreendida como mais que a fraternidade comum, normal, da assistência, mas a de natureza cosmoética praticada pela consciência cosmoética, dentro das características acima, como expôs Vieira.

Então, o ser desperto, por ter descoberto a cosmoética e por praticá-la, não como dever, como como seu ser natural, então apresenta este espectro de manifestação, de cunho benevolente, lúcido, dominando as energias e ajudando em megafraternidade tudo e todos os seres vivos, intra e extrafísicos.

Este entendimento do que vem a ser o desperto pode ser facilmente decomposto dos próprios conceitos analisados em conjunto trabalhados pelo autor em sua obra acima exposta.

Um desperto, ou a pessoa de alta benevolência, afetividade em alto nível e que domina o EV em nível avançado e que prioriza a megafraternidade natural, cosmoética, então encontrar e ser uma pessoa destas é algo muito valorizado para os que seguem Vieira e mesmo para que não o seguem, tal como fica evidente em todos os campos preocupados com a evolução no planeta: cristianismo segue Jesus Cristo, exemplo de evolução para eles e muitos; Gandhi e sua revolução da não-violência; Budismo segue Sidharta, exemplo de serenidade e evolução e assim por diante. A busca de referências de evolução configura-se uma tendência e necessidade natural de nos espelharmos em quem é mais evoluído que nós e quem podemos confiar por sua coerência e vida exposta de fraternidade e benevolência.

Por outro lado, esta fraqueza humana de não se ancorar em si mesmo e ter a predisposição de ser dependente de uma outra pessoa, faz criar os gurus, os falsos evoluídos, os espíritos pseudo-sábios, os pseudo-científicos e os pseudo-benevolentes.

Assim, a existência destes seres pela história humana evidencia um problema natural: os que assim se dizem despertos ou evoluídos como forma de se usufruir da crença alheia, da ingenuidade e boa fé da pessoa sem maior noção dos mecanismos de lavagem cerebral e hipnose dissimulada, jogos de poder, estratégias de dominação e fascinação grupal e persuasão. Características enfim, nada relacionadas ao ser desperto.

IV - Sobre Waldo Vieira: ser desperto?

Em 05/2013, Vieira afirma em sua Tertúlia, ou seja, seu curso oferecido na forma presencial e a distância pelo youtube e canais da própria instituição, que ele mesmo é um ser desperto (clique aqui).

A observação atenta, lúcida, isenta de envolvimento emocional, projeções de admiração ou qualquer coisa que vai além do puramente exposto nesta apresentação evidencia para mim claramente:

1. Expressão nítida, explícita de agressividade, no modo de falar, no tom de voz agressivo e no conteúdo da fala, com traço exposto de belicosidade, incômodo e certa irritabilidade, postura briguenta e impositiva. Estas características nada tem relação com o ser desperto e sim com posturas de um pre-desperto comum.
2. Manifestação energética (ECs) que não se adéqua a nenhum dos traços e características do ser desperto acima exposto, traços estes enumerados pelo próprio autor que afirma ser ele mesmo, um ser desperto ou o 50% do serenismo. A energia neste caso é evidentemente agressiva, não benevolente, marcial e não se encontra traço de amor puro, afetividade madura, benevolência, e os demais traços expostos relacionados à cosmoética e megafraternidade.

Em relação a este fato bastante exposto, podemos somar a manifestação também belicosa de Vieira quando salienta que Amaral, ex-membro da comunidade de Vieira, é psicopata, doente mental e outras posturas também facilmente detectáveis como não pertencentes ao rol de traços acima expostos (ver aqui).

Os traços explícitos são a ofensividade, agressividade com EC tóxica, falta de benevolência, falta de afetividade pura e autodomínio (é flagrante que Vieira perde o domínio de si mesmo, pelo aspecto emocional desequilibrado).

A análise presente não é pessoal, no julgamento moral do comportamento de Vieira. É antes de tudo uma análise honesta e comparativa visando identificar se o comportamento exposto nesta pequena amostragem, pode ser indicativo ou não de ser Vieira um ser desperto baseado em suas próprias definições publicadas em suas próprias obras.

Diante do exposto, fica evidente para mim, através de um exame geral e mesmo simples da exposição de Vieira em contraste com os conceitos e definições acima citadas, que o mesmo não é um ser desperto tal como afirma com tanta precisão e certeza.


V - Das Considerações Finais

A situação é no meu ver motivo de atenção séria por parte de cientistas da consciência honestos que estão realmente engajados na pesquisa avançada da consciência, cito aqui parapsicólogos, projeciólogos, psicobiofísicos, psicólogos transpessoais e mesmo conscienciólogos bem intencionados que fazem parte da comunidade de Vieira ou não, como eu.

O ensaio presente visou o exame dos logismos Conscienciologia, Projeciologia, o princípio da descrença e da ciência da projetabilidade e da consciência a partir de uma breve exploração histórica e que rapidamente evidencia também a apropriação de conceitos e nomes já existentes sob rótulos novos, o que no meu ver não é adequado em ciência que se pauta na honestidade de citações e considerações pelos reais criadores ou iniciadores.

Seguindo, examinei a relação entre o conceito de ser desperto elaborado por Vieira, sua afirmação de ser um ser desperto (em 05/2013) e uma pesquisa exploratória do vídeo publicado no youtube onde Vieira expõe traços inconciliáveis com um ser desperto, visto que o mesmo necessita pelo menos 20 anos seguidos sem miniassédios inconscientes. É possível considerar este assédio como de maior espectro que o miniassédio inconsciente. Em entrevista com o suposto ser desperto, o espírita "Seu Manoelzinho", o entrevistador Jarbas expõe (clique aqui):

"JARBAS: Quando foi a última vez que o senhor percebeu que estava sendo assediado?
MANUEL: Não. Nunca tive isto não. Porque toda hora que você fica com raiva de alguém, com vontade de fazer o mal para alguém, você está assediado. Por exemplo: a pessoa vai discutir com você, não se firme nela não, porque a palavra tem um magnetismo terrível! Se ela está discutindo com você, então você pensa “alto”, elevado, deixa ela falar primeiro, aí você entra com acerto. Mas, se você responde no mesmo nível, com raiva, você já está assediado, dominado."

O Sr. Manuel nos expõe um critério muito importante para a identificação do ser desperto, que é o conceito de ser dominado, assediado, através da raiva. Na exposição da Tertúlia, Vieira apresenta sintomas, para mim evidentes, de expressão de raiva quando apresenta sua postura belicosa de enfrentamento das pessoas, em ar de desafio.

A elaboração de critérios de aferição, análise, pesquisa séria e exploratória, com entrevista qualitativa rigorosa, testes energéticos potentes para testagem do EV e outras formas de investigação da qualidade de ser desperto de uma consciência pode ser o caminho daqueles que anseiam por pesquisar e definir uma escala evolutiva das consciências ancorada em pesquisa científica e não em afirmações vagas e crenças baseadas em autoridade, recurso não suficiente em ciência.

O ensaio também visa diferenciar a Conscienciologia da Conscienciologia. O que quero dizer com isto? A primeira é o idealismo conscienciológico (Reale, 1953), é a ciência da experiência da consciência (Hegel, 1807), é a ciência da projetabilidade da consciência e a descrença como atitude epistemológica (Muldoon, 1929) e inclui a Parapsicologia e toda sua contribuição rica para o entendimento da função psi e mesmo a Conscienciologia tal como exposta em alguns trabalhos muito bons de autores da comunidade de Vieira e pesquisadores independentes. A segunda é a Conscienciologia, mas que considero aqui um Conscienciologismo, enquanto práticas, teorias, paradigma, conceitos, verbetes, instituições, regras, comportamentos e diretrizes pautadas em Vieira. O Conscienciologismo é uma espécie de religião ou como expressam os céticos, uma pseudo-ciência.

A Conscienciologia é ciência livre da consciência e da experiência da consciência e, como ciência, seu objeto é também livre para ser abordado conforme múltiplos paradigmas, abordagens e métodos, visando o universalismo natural e o entendimento profundo, não preso a um paradigma ou a uma única referência de pesquisador ou a algumas obras básicas (tais como: Projeciologia, 700 Experimentos da Conscienciologia, Homo Sapiens Reurbanizatus e Homo Sapiens Pacificus). O consenso dos que se envolvem com tal pesquisa é que a consciência se manifesta além do corpo, do cérebro, e mesmo além do corpo astral ou psicossoma. Esta abordagem já existia antes de Vieira propor o estudo da consciência nesta perspectiva. Muldoon já realizava esta forma de investigação pela projetabilidade consciente desde antes de 1929. Convém discernirmos a Conscienciologia então do Conscienciologismo.

De forma a tecer minhas considerações finais a este ensaio, convém dizer que existe espaço para todos no holocosmo e não é porque existem religiões, seitas, gurus, que temos de lutar contra tudo e todos. Cada um tem o direito de ser quem é e de fazer sua caminhada do jeito que bem entende, e diante disso, assumir as conseqüências de atos pessoais frente a nossa própria consciência e frente aos demais. Daí o conceito antigo de carma, dharma. As religiões são essenciais ainda para o ser humano na Terra e, diante disso, não julgo até mesmo o Conscienciologismo que, mantém tarefas assistenciais pelo mundo afora e que existem pessoas que se afinizam com tal área. Porém, os que são mais radicais em termos de exigência pessoal de liberdade de manifestação livre de censura ou licença, como eu e muitos que conheço, provavelmente optarão por caminhos mais livres e fora de instituições e religiões, o que não quer dizer que sejam superiores ou melhores. Só quer dizer que temos o direito pleno, natural e cósmico, de ser quem somos.