10.6.13

Diálogo Sobre a Autopesquisa e a Sobre minha Experiência Parapsíquica através do Chi Kung e Tai Chi Chuan: Observando e Sentindo os Níveis da Aura


Representação dos Tan-Tien e sua correspondente
aura.
Por Fernando Salvino (M.Sc)
Parapsicólogo e Psicoterapeuta
Espaço Terapêutico Tao Psi e Projeto Amanhecer (HU-UFSC) - Pesquisa em Terapias Integrativas e Complementares
LAC - Laboratório de Autopesquisa da Consciência



I - De Algumas Reflexões sobre a Psicoterapia e suas relações com a Autopesquisa

A autopesquisa é um caminho que se segue à psicoterapia ou caminha com ela concomitantemente. A pessoa que realiza a autopesquisa sem ter realizado antes uma psicoterapia, seja ela consigo mesmo seja através de um auxílio profissional, é, em hipótese, aquela que em algum momento de sua evolução já não necessita mais de tal auxílio. A psicoterapia é, portanto, o aprendizado inicial de resgatarmos o amor a si mesmo e o contato fraterno e lúcido consigo, conhecendo-se e nos responsabilizando pelo que somos e pelo que criamos em nossas vidas, independente das técnicas e abordagem que o profissional utiliza. Após compreender e iniciar a vivência prossegue outra fase.

Em uma definição bastante objetiva, a autopesquisa é um ato de amor, devido à exigência de um nível de honestidade consigo mesmo pouco encontrado noutros caminhos de autoconhecimento. É uma aplicação contínua, assim dizer, de um tipo de inteligência que reúne tudo que somos para que possamos ficar cada vez melhor e que pode ser chamada de inteligência evolutiva ou benevolente.

A psicoterapia pode ser considerada o início do processo de autoconhecimento que levará a pessoa, cedo ou tarde, a um grau de franqueza para consigo que dispensará caminhos não adequados a si mesmo, relacionamentos também não adequados e um modo de vida também não afinizado com o que a pessoa sente para si mesma.

A honestidade é a base de toda e qualquer melhora mais significativa para consigo mesmo, em qualquer problema de saúde, esteja se manifestando nos níveis físico, energético, emocional ou mesmo mental, cognitivo e espiritual (no que diz respeito ao âmago da alma). Então, a psicoterapia é um dos caminhos de aprendizado inicial para que a pessoa aprenda experimentalmente que ela mesma criou seus problemas e, além disso, como os criou. E diante da honestidade assim explícita consigo mesma, constrói progressivamente meios para que possa se realinhar consigo mesma.

Porém, inexiste cura, pois essencialmente inexiste doença. O que parece existir são desalinhamentos que geram reflexos psicossomáticos decorrentes de distorções cognitivas, ressentimentos e rancores reprimidos do passado que ainda estão se manifestando no presente, e aprendizados ainda não desenvolvidos e que, pela inexperiência evolutiva, sintomatizam enquanto informação cristalizada para que possa ser "ouvida" e sentida pela dor, que é uma forma de comunicação do eu através dos corpos e níveis da aura (psicosfera). As noções como níveis de evolução da alma e sua conduta no mundo também geram reflexos sistêmicos que podem se somatizar dores e "doenças" que possuem relação com o grau de elucidação do espírito (alma, consciência). É claro que estou simplificando para que possamos estabelecer uma comunicação.

E diante do fato de que inexiste cura, e que mesmo após a dissolução dos sintomas antes causa de sofrimento, o que nos resta então? Estagnar? Ou prosseguir? Caso optássemos pela estagnação e como nada se estagna no universo, então que em algum tempo criaríamos mais dor para que novos passos pudessem ser dados.

A autopesquisa é um modo de caminhar, completamente livre de qualquer doutrina, paradigma, religião, dogma ou instituição, que parte da atitude a mais honesta possível da pessoa com ela mesma. Nada tem a ver com a pesquisa acadêmica, nada tem a ver com a pesquisa tal como compreendemos e fomos formados pelo ensino desde a infância. Autopesquisa é mergulho honesto para dentro de si mesmo. E este mergulho honesto, o mais honesto que possamos realizar, é um ato de amor próprio.

A autopesquisa é, portanto, uma atitude perante si mesmo que apresenta somente uma característica e que decorrente dela vários traços poderiam ser delineados: amor a si mesmo.

É necessário amor a mim mesmo para que eu possa ser honesto comigo, em níveis cada vez mais profundos e coerentes. Então, a honestidade e decorrente dela, a coerência, são traços característicos da atitude que estamos examinando aqui. E por coerência estou a falar de uma relação coerente entre o discurso e a atitude, entre o pensamento e o sentimento, entre a vida vivida e a vida idealizada e assim por diante. A autopesquisa naturalmente vai dissolvendo as contradições internas da pessoa com ela mesma, auxiliando-a a se posicionar de forma coerente consigo, e a autenticidade do caráter e sua transparência mostram-se como mais um traço relacionado à atitude. Poderia estender tal reflexão e listar uma série de traços, mas deixo a você realizar isto com conta própria, em contato direto consigo mesmo em atitude de autopesquisa.

A autopesquisa é o que Krishnamurti procurou expor em suas longas apresentações, suas interlocuções dialógicas, centrando-se em si e não aceitando rotulações de ser ele um mestre ou estar ele a criar uma religião, um caminho ou uma doutrina. Dizia ele que o caminho é cada um consigo mesmo e necessário seria que tal caminho se desse livre de qualquer mestre, doutrina, filósofo, gurú, lider espiritual, paradigma e assim por diante. O caminho era interno, na dedicação meditativa da pessoa com ela mesma, mergulhando para dentro de si e conhecendo-se em profundidade.

E diante disto, tal atitude nos confere liberdade de ir e vir, e não nos identificando com qualquer doutrina no sentido de sermos teósofos, ou isso ou aquilo, católicos, espíritas, e cientistas, filósofos e assim por diante, nos centramos em quem somos: não somos nada e nenhum rótulo, somos quem somos. E diante deste centramento de que somos quem somos (eu sou eu mesmo) então podemos navegar por qualquer doutrina e, dentro delas extrair o que nos é essencial para nosso crescimento sem que com isto nos apeguemos à elas e nos tornemos elas, fugindo de si mesmo e nos escondendo atrás de uma instituição, dogma ou lider. A atitude é a de sermos lideres de nós mesmos, gestores de si mesmos, e mergulhadores de nosso próprio self.

E tal atitude, compreendo, é a própria definição experimental de autopesquisa. Autopesquisa pois não é uma teoria e nem uma ciência, é uma atitude de aguda honestidade para consigo mesmo.

Então, tendo esclarecido meu ponto de vista acerca do que compreendo como sendo a autopesquisa, então o que vivo como aquilo que posso chamar de "minha vida" ou "meu modo de viver" é, assim dizer, um modo de viver continuamente em autopesquisa, num trabalho interno contínuo, permanente, de cultivo da honestidade comigo mesmo e do anseio também honesto de conhecer-me tal como sou.

Na China antiga, especialmente o taoismo, este movimento foi chamado de Nei-Dan, ou como é comumente traduzido por "alquimia interna" ou ainda pelas traduções menos ligadas ao ocultismo chinês, por Nei-Kung, ou "trabalho sobre nosso interior visando alcançar o estado de Tai Chi". O método usado pelo Nei-Kung (ou Nei-Dan) é conhecido no Ocidente por Chi-Kung (trabalho sobre a energia - Chi) e em sua forma longa, de Tai Chi Chuan (caminho para se alcançar o estado de Tai Chi).

II - Da Minha Experiência Parapsíquica através do Chi Kung e Tai Chi Chuan: Observando os Níveis da Aura

1. Auto-percepção da descarga energética (Chi) pela prática da micro-órbita e Tai Chi Chuan:

Em temos de prática energética a começar em 1997, quando conheci a assim denominada técnica da mobilização básica de energias (que é Chi Kung), a partir de determinado tempo comecei a sentir os sintomas que narrarei abaixo. Os sintomas foram se intensificando com a prática da Tenepes, chamada tarefa energética pessoal, quando eu intensificava a prática energética. Nos últimos tempos com o treinamento mais intensivo de Chi Kung, comecei a observar com maior acuidade o fenômeno da descarga energética que parece ter um trajeto sempre parecido.

Ao realizar a micro-órbita e mesmo o circuito fechado do tan-tien inferior, médio ao superior e vice-versa, acelerando o circuito com a intenção Yi (intenção do coração, amor próprio), começo a sentir uma pressão na região inteira da nuca-escápula e libera uma energia leve porém com carga elétrica perceptível que se propaga pela coluna cervical para baixo alcançando a região sexual onde às vezes me gera pequena excitação sexual traduzido por bem estar e prazer calmo; ao mesmo tempo a descarga caminha pelas região exterior dos ombros, braços e mãos, como se fosse uma higiene energética, assepsia de Chi. A descarga também prossegue para a região geral do tan tien superior, no topo da cabeça, também chamado chacra coronário, onde sinto-o "formigando", pulsando e não raro, se elevando acima da cabeça, mais de 10, 20 ou mesmo 30cm. As vezes a descarga alcança as pernas e pés. Quanto mais intensifico o movimento, mais descargas até que ocorre uma vibração generalizada no corpo inteiro, que gera um alívio geral no sentimento, a energia torna-se leve e os pensamentos calmos. A serenidade é o sentimento dominante. A observação calma e desapegada do fluxo não parece seguir os trajetos dos meridianos, mas de grandes áreas, mais relacionadas com as grandes áreas dos tan tiens.

A sensação descrita acima também ocorre durante a prática do Tai Chi Chuan, porém, com menor intensidade. Parto da hipótese de que, sendo o Tai Chi Chuan também um longo Chi Kung com mais de 100 movimentos contínuos, a partir do aprendizado da prática integral, os efeitos poderão ser ainda mais intensificados.


2. Auto-observação da aura através da prática da micro-órbita durante uma "caminhada taoista":

Estava caminhando na rua de minha casa, em passos lentos porém consciente do corpo, do ambiente, de mim mesmo, procurando o "caminhar taoista", com respiração bem lúcida, calma e abdominal e fui incluindo a micro-orbita na caminhada. Em dado momento, senti uma expansão do chacra do topo da cabeça (coronario), um amor no coração e serenidade geral de espírito e um bem estar, e aquela descarga de energia pelo corpo e espinha como venho relatando. Porém pela primeira vez em minha vida "vi" de alguma forma (clarividência...) uma espécie de núvem de energia branca como um nivel de minha aura bastante dinamico, me envolvendo, esfumaçado que me protegia do ambiente, sentia-me em paz e amparado dentro daquela "nuvem" de energia, bem sutil. A visão ampliou e etas nuvens se mostraram coloridas, porém, em tons pasteis bem suaves, num movimento dinamico porpem miulticolorido. Quando comecei a raciocinar sobre o que via e sentia, eu perdi a visão e retornei minha atenção à rua, a mim mesmo tal como o normal.

O pensamento de controle gera a interrupção da experiência e a distância entre eu e eu mesmo, eu e a aura. Como ocorreu com vc rodrigo e a bicicleta: vc conseguiu ser uno com ela. Eu quando perdi a unidade entre eu e a aura e distanciei-me para raciocinar, perdi a visão-sentimento.

3. Auto-percepção da aura durante a prática do Tai Chi Chuan 

A percepção durante o Tai Chi Chuan não é geralmente a descrita no item 1, mas a de uma percepção da aura que envolve o corpo. E tal percepção é um sentimento, uma sensação. Eu posso sentir a aura, ou o campo de energia que vai além de meu corpo físico. Na experiência eu me sinto maior do que sou, e o espaço que ocupo é percebido como além do ocupado pelo corpo, porém, em uma dimensão não tão física, porém, bastante sutil. Neste estado, eu sou essa aura e não o corpo somente. Então não é como se eu percebesse a aura, mas antes disso, neste estado, eu sou a própria aura enquanto consciência. A sensação é de alívio, serenidade e paz interna.


III - Das Considerações Finais

Este diálogo serve para além de incentiva-lo a mergulhar dentro de si a buscar o seu próprio caminho e recursos adequados à sua saúde e seu bem estar.

Afinal, pela autopesquisa o que importa é você com você mesmo e o caminho (doutrina, paradigma, seita, ciência, filosofia...) não é tão importante quanto o caminhante (você) e nem quanto à caminhada (seu movimento de autopesquisa). É um trio inseparável e os três são essenciais: o caminho- o caminhante- a caminhada. E não importa o caminho, todos te levarão para dentro de sua mais profunda honestidade consigo mesmo, uns mais, outros menos. E você é livre para escolher e organizar seu destino tal como lhe é mais adequado. E quando for o momento de largar determinado trecho do caminho naturalmente ocorre. Nada é permanente, a mutação é a unica coisa que não muda (I Ching).

Acredito que é nesta liberdade de ser e estar e de ser quem somos que repousa a saúde e o bem estar.

E minha experiencia vem me dizendo: quanto mais lento, mais rápido caminhamos. E quanto mais rápido, mais lento caminhamos.