Por Dr. Fernando Salvino (MSc)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta e Conscienciólogo
Existe algum critério seguro para definirmos sonho, ilusão, loucura e fantasia de REALIDADE?
Sempre que tenho uma experiência consciente fora do corpo, reflito sobre a natureza da consciência. Seria a vida humana uma extensão de nossos sonhos? Ou a vida humana seria a vida REAL enquanto que a vida no sonho, IRREAL? Qual a natureza da realidade? Se posso ficar lúcido mesmo fora do corpo, despertando-me no meio de uma atividade onírica, sonhando e, após, perceber-me lúcido fora do corpo, então: quando eu estou devaneando aqui, na vida humana comum, "viajando" em imagens oníricas caminhando e, em dado momento tomo minha lucidez e percebo-me da condição de "viajante" devaneador; assim, qual a diferença essencial entre a vida aqui, humana e, a vida possível no universo dos sonhos (extrafisicalidade)? A minha tese é simples: somos consciências e, como consciências, o que predomina é o estado de consciência em que nos situamos, independente de "onde estamos", mas, o importante é, o "comos estamos". Estou lúcido ou sonhando? Estea aqui ou "lá", a realidade nos mostra proporcional ao nosso grau de lucidez. Quanto maior a lucidez, maior a noção de realidade. Quanto menor a lucidez, menor a noção de realidade. E estados de menor lucidez incluem o devaneio (devaneio diurno) e o sonho comum (devaneio noturno). Se eu acordo de um devaneio comum (diurno), dizemos que estamos lúcidos no estado intrafísico da consciência. Se acordo de um devaneio noturno (sonho), dizemos que estamos lúcidos no estado projetivo da consciência. Porém, a maioria das pessoas encotram-se numa condição de contínuo devaneio, extendendo sua atividade sonhadora para a noite, impossibilitando a expansão da consciência para a realidade multidimensional consciente. Em casos mais agudos, ocorre a crise onde a pessoa sente estar perdendo a sanidade mental, por questionamentos agudos acerca da natureza da realidade. Podemos ver esta condição como psicopatologica, o que não é errada, pois é um sofrimento psíquico. Por outro lado, podemos ver como uma situação natural de evolução em direção a uma vida mais lúcida de compreensão da natureza da realidade.
O limite da realidade é a própria fronteira psíquica que delimita até onde uma pessoa em sã consciência, lúcida pode ir, sem perder totalmente sua noção de si mesma e da realidade. Cabe a cada um saber exatamente onde se localiza este limite para que crie dentro de si referência de segurança, como atitude de autorespeito e prevenção de problemas mais graves.
No entanto, como conheceremos tal área psíquica?
A geografia interna, ou a topografia da consciência, indica que determinados estados emocionais intensificados podem apontar para esta área limite, como por exemplo, os estados de pânico extremo, quando a pessoa tem a sensação percebida como REAL, de que está ficando louca, insana e perdendo o controle sobre tudo, inclusive acerca de suas fantasias e processos mentais sem controle e percebido como sem sentido. Além desta fronteira, encontramos os estados mais sérios de desestruturação psíquica, as psicoses instaladas e mesmo as mais complexas psicopatologias, ou melhor, parapsicopatologias: as parapsicoses e paraneuroses (distúrbios associados aos espíritos ou consciências extrafísicas).
Muitos oscilam, vão e voltam do limite da realidade, este ir e permanecer durante um tempo específico (curto ou mesmo longo), é o surto. Vão e voltam. Quando vão, estão em estado de surto. Quando voltam, retomam o sentido relativo de realidade. Mas em qualquer momento, podem perderem-se por dentro de suas mentes, como um estrangeiro se perde num território desconhecido e, ali, amedronta-se e vive num universo paralelo, tal como um viajante perdido noutro país, esperando alguém salva-lo e guia-lo no caminho.
90% da humanidade, numa estatística hipotética, vive sem conhecer satisfatoriamente o mundo interno onde vive, acreditando que viajar para outros continentes ou outros locais irá fazer com que se sintam mais confortáveis dentro de si mesmos. A probabilidade de que muito pouco se altere é grande. O território interior é território pouco explorado e conhecido.
Somos, como disse, estrangeiros de si mesmos.
E como somos estrangeiros neste território interno como não haveríamos de sentir medo diante de uma condição de labirinto, quando nos sentimos perdidos e desamparados dentro de nós mesmos, dentro de nosso próprio território mental, espiritual, interior?
Nós - eu, você - precisamos do mundo para nos situarmos dentro de nós mesmos, antes de vivermos permanentemente como consciências livres de espaço, tempo, corpo e geografia, no futuro próximo inevitável, na condição de liberdade cósmica permanente, em paz eterna, ou como o vedanta chamou há milênios atrás: o estado de moksha.
Para isso precisamos conhecer este território.
É aqui que remonta o sentido dos transtornos psicóticos, principalmente, como a fronteira, o limite da realidade, da insanidade e da perda ou ameaça de perda do controle de si e das coisas. Um medo irracional da não-existência, de que a insanidade tome conta e se aposse de todo o Ser da pessoa, sendo que a pessoa começa a sentir a pressão de seu Não-Ser, sua não-existência. Essa percepção ou medo, parece-me ser a base de todo e qualquer transtorno mais grave, como a esquizofrenia, a bioplaridade, e assim por diante.
O caminho é sempre o mesmo: o viajante precisa conhecer seu território interior, a fundo, senão será uma "vítima" de si mesmo, de estar caminhando por um local desconhecido e exposto a acidentes de percurso. Porque o caminho de conhecer este território, tanto o emocional, o existencial, o espiritual, o mental... necessita método, orientação. Dispõe de método confiável aquele que, algum dia alcançou o conhecimento mais integral de si mesmo.
Neste universo, inexiste normal, certo ou "o correto". Em cada um existe um território específico, um país interior, um mundo, um universo, diferente de todos os demais. E é tarefa de cada um conhecer esse local, esse mundo. Esse mundo se chama: Ser, Consciência, Espírito. Esta tarefa de conhecer a si mesmo é o motivo básico pelo qual estamos aqui neste planeta, experimentando a vivência de sermos humanos.
Como um sangue trafega pelas veias e artérias, a consciência trafega por dentro de si mesma procurando saber quem mesma ela é. Conhecendo sua "fisiologia interna", suas áreas sombrias e iluminadas, aumentando a segurança nesta caminhada e descobrindo que o processo mesmo de descobrimento torna-se o próprio sentido de existir, da mesma forma que a resultante desta decoberta progressiva, iniciada na atemporalidade cósmica, mostra-se como pacificação íntima, serenidade e harmonia interna conquistada pela dedicação ou evolução.
Você, é um estrangeiro de si mesmo?
12.9.11
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Homo Sapiens Sapiens: Estrangeiros de Si Mesmos e do Mundo
By Fernando Salvino (M.Sc) 00:35