Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo, Psicoterapeuta
Como estar inteiro(a) em corpo e alma na relação sexual e alcançar um nível de alta satisfação no sexo, com orgamos intensos em ambos parceiros se existe alguma "coisa" que situa-se entre o casal? Vou ser mais direto ainda.
Parece-me impossível que um casal alcance a saciedade afetivo-sexual profunda, com saciedade bioenergética, corporal e emocional conjunta, caso exista algum conflito (ou problema) entre ambos. Este conflito está entre o casal e impede a entrega ao amor que tem como conseqüência o orgasmo profundo. Esta idéia de que orgasmo e capacidade de entrega ao amor estão unidas não veio somente de minha experiência pessoal, mas antes disso, das investigações clínicas do iminente psicoterapeuta Wilhelm Reich. Para Reich, a psicopatologia ou o sofrimento mental-emocional-físico estão diretamente ligados à incapacidade de amar e, por conseqüência em distúrbios orgásticos. Estou de acordo com Reich neste ponto central. Mas o que impede a capacidade de amar? O que impede do casal estar entregue um ao outro ao amor e por consequencia à experiência das experiências que é o orgasmo?
Os conflitos interpessoais de um casal são reflexos de alguns fatos comuns a praticamente todas as pessoas que se arriscam se relacionar, seja de forma evolutiva ou não:
1. Conflitos pessoais: neste caso, cada um dos cônjuges possuem conflitos internos mal resolvidos; pendências de seus passados mal cicatrizados; feridas emocionais, mentais e existenciais desta e de vidas anteriores que contaminam a vida atual e a percepção da realidade do parceiro(a), impedindo uma entrega efetiva e saudável. Aqui, adentra o poderoso conflito advindo do Complexo de Édipo, tal como mapeado por Sigmund Freud. É fundamental que ambos os parceiros resolvam o máximo possivel de seus conflitos com seus pais e familiares diretos (irmãos, irmãs), pois caso contrário, cairão fácil na armadilha da projeção do pai, mãe, irmãos no próprio parceiro, confundindo as percepções e prejudicando a saúde da relação.
2. Carência de Autoconhecimento: esta carência é a consequencia natural do primeiro item. Quando menos autoconhecimento; quanto menos os cônjuges sabem quem são e procuram um caminho de vida de autorealização pessoal, em primeiro lugar, menores são as chances de uma relação conjugal saudável e satisfatória. Ao contrário, quanto maior é o envolvimento dos parceiros consigo mesmos, numa entrega a seus próprios universos interiores, maiores serão as chances de transcenderes conflitos, alcançando o diálogo honesto e manterem uma reconciliação contínua como a dinâmica básica do casal que mesmo após anos de relação, mantém a "aura de paixão/amor" acesa tão sonhada pela imensa maioria dos casais.
3. Pudores sexuais: sexo é sujo; sexo é coisa de puta; esposa precisa ser santa; mulher que trepa é puta; calcinha enfiada na bunda é vulgar; sexo oral, anal... é nojento e pecaminoso; ter fantasias sexuais é pecado; e assim por diante. Quanto maior for o bloqueio mental relativo aos conceitos que cada um dos parceiros têm do sexo e também do orgasmo, maiores serão os conflitos, sejam estes conflitos ocultos, escondidos no silêncio da relação, sejam conflitos abertos, francos entre ambos. Não importa, a solução aqui é a alfabetização sexual contínua e cada vez mais aprofundada. Pesquise sobre sexo, sexualidade... pesquise o que for importante para ambos parceiros libertarem-se de pudores castrantes da felicidade de ambos, da vivência do amor mais puro e da sexualidade madura e saudável. Quanto maior é a repressão dos desejos sexuais que ficam ancorados em conceitos e crenças irracionais diante do sexo, menor é a satisfação emocional, sexual e existencial de ambos cônjuges e a probabilidade de traições e distúrbios da relação aumenta bastante.
4. Aresta poligâmica: a aresta poligâmica é a área subjetiva ou objetiva onde um ou ambos cônjuges se relacionam, sejam via fantasia ou pelas vias de fato, com uma terceira pessoa, mantendo algum tipo de relação sexual e alcançando alguma saciedade que não está sendo possível na própria relação real, dia a dia, de ambos. Convém aqui a noção de que, quanto maior é medo à intimidade de um ou ambos cônjuges; quanto maior é a resistência à uma relação honesta, franca, sincera e autêntica entre ambos, menos serão as chances de uma relação feliz e satisfatória. Aqui neste caso, o egoísmo prepondera. Voltamos aos primeiros itens desta lista: conflitos internos e carência de autoconhecimento.
5. Carência de comprometimento consigo mesmno. Um casal onde o comprometimento de cada um consigo mesmo é fraco, produzirá uma relação fraca em comprometimento. E comprometimento consigo significa um compromisso pela reforma interna, pela reciclagem de nosso interior e de nossas existências numa direção mais evolutiva e sincronizada com o universo e com o bem, com a assistência, com algum envolvimento em práticas humanitárias de ajuda ou algo nesta direção, anti-egoísta (transpessoal).
Assim diante destes itens, alguns pontos podem ser trabalhados, cultivados em todas os relacionamentos onde ambos cônjuges desejam uma relação mais evolutiva, adotando uma postura crescente de ajuda mútua e evolução a dois (esta lista é o oposto da lista acima):
1. Reconciliação consigo mesmo: ambos comprometem-se numa prática contínua de auto-reconciliação, onde cada um inicia e mantém um modo de vida onde torna-se aos poucos um amigo fiél de si mesmo; deixa pouco a pouco, as atitudes de ódio de si mesmo, inaceitação, imperdão por erros e omissões, autocrítica negativa e autodestrutiva; e passa a alimentar uma atitude de amizade e amor próprio crescente; lidando com os lados sombrios da personalidade, as falhas, faltas, fraquezas e carências de forma sincera, honesta, franca, porém, amiga e fraterna.
2. Autoconhecimento contínuo: ambos comprometem-se em trilhar o caminho do conhecer a si mesmo, cada vez mais, ininterruptamente, sem paradas. Encaram o autoconhecimento como o pilar da felicidade pessoal e da relação; compreendem que quanto maior é o conhecimento de si, menores serão os conflitos na relação que possuem relação com trumas e problemas pessoais de cada um dos cônjuges.
3. Liberdade sexual: ambos comprometem-se com a alfabetização sexual, libertária e madura, livre de promiscuidade e com o máximo de liberdade com fins à saciedade profunda afetivo-sexual de ambos parceiros; livre dos pudores castradores da liberdade sexual e da felicidade orgástica; ambos comprometem-se em ajudarem-se no sentido de alcançarem os orgamos conjuntos intensos, verdadeiros agentes profiláticos de psicopatologias e patologias de ordem fisiológica (aumento da imunologia). Ambos unem cada vez mais sexualidade com maturidade e espiritualidade, sem conotações promíscuas ou pseudo-tântricas.
4. Fidelidade conjugal franca: ambos compreendem os fundamentos evoltivos da fidelidade conjugal reciproca como agente dinamizador do amor puro e da felicidade mais duradoura da relação, numa parceria evolutiva, honesta e amorosa, respeitando o microuniverso do casal ante a intrusões de ordem invejosa, sexual e mesmo as espirituais (assédios extrafíscos de bases energívoras). Aqui adentra o ortopensene, ou os pensamentos-sentimentos-energias centrados no cônjuge amado, afetivo e sexualmente, sem possibilidade de inclusão de um outro (amante virtual ou real) na relação, mantendo a aura protegida e amparada multidimensionalmente a partir da base: os pensamentos sinceros de amor ao parceiro(a). Tal prática franca e honesta é das mais difíceis nos casais. Aqui entra o senso de assistência e fraternismo entre ambos, onde cada um ajuda o outro a superar suas fraquezas, ao invés de priorizar as críticas destrutivas que são resultado das espectativas frustrantes de que o parceiro é um principe ou uma princesa encantada. Quanto maior é a fidelidade natural do casal, maior é a entrega ao amor e à felicidade e, por consequencia, maiores serão as chances de uma relação sexual de profunda satisfação.
5. Comprometimento consigo, com o cônjuge e com a evolução: o tópico fala por si. Quanto maior é a honestidade e franqueza dos cônjuges para consigo, maiores as chances de um casal alcançar picos de profunda felicidade (para-orgasmos) e satisfação cósmica e existencial. O comprometimento consigo é o ato de interrompermos continuamente a prática de nos corrompermos, mentirmos para nós mesmos e para o cônjuge; "tampando o sol com peneira"; "esconder poeira embaixo do tapete"; fingir; ocultar fatos importantes a serem falados; evitar conflitos importantes para a reconciliação completa; medo da franqueza e verdade; e assim por diante. Quanto maior é o compromisso dos cônjuges consigo mesmos maior é o respeito para consigo e, por consequencia, do respeito para com o parceiro(a). Quanto maior é o respeito maior é a ética entre ambos. E quanto maior é a ética, os cônjuges aos poucos vivenciam a cosmoética na relação, passo a passo, como algo natural, não-dogmático. O compromisso aqui transcende o eu, e ruma para a evolução planetária e cósmica mais abrangente e do papel de cada um dos cônjuges na vida, na existência e no universo. Quanto maior é a sintonia de ambos com o universo, maiores são as chances de uma relação feliz e mais plena de amor e sentido.
Portanto, os distúrbios na área da sexualidade são complexos mas posso resumir o assunto inteiro no título deste texto: do diálogo franco e a reconciliação contínua do casal passam a ser a chave para uma relação conjugal saudável, afetivo e sexualmente.
Em uma escala de 0 a 10, que nota você dá, honestamente, para a capacidade de diálogo pacífico e maduro, assim com as reconciliações contínuas em sua relação, com seu cônjuge?
Independente da nota, aproveite e reveja todos os itens das listagens acima num auto-exame honesto, pacífico e franco de si mesmo e de sua relação. Identifique suas fraquezas de forma fraterna e procure formas de supera-las. Não fuja de si mesmo. Enfrente-se com naturalidade, sendo amigo de si. Seja íntimo de si mesmo, para depois, conquistar a intimidade com sua (seu) amada (o). E assim por diante. O desafio é imenso, mas os resultados são duradouros. Vale a pena todo o esforço neste sentido. A liberdade está em suas mãos.
15.2.11
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Diálogo Franco e Reconciliação Contínua: a chave para a Saúde Afetivo-Sexual do Casal
By Fernando Salvino (M.Sc) 01:46