12.2.11

A Ciência Universal da Benevolência e do Amor

Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


A biografia de um homem chamado K'ung Ch'iu ou como foi conhecido no ocidente por Confúcio é um pouco obscura e muito rodeada por mitos.De qualquer forma, são os pensamentos e métodos destas pessoas sábias que passaram pelo planeta, verdadeiros fulcros de sabedoria e modéstia humana operante, que me interessam. A começar por Confúcio.

Confúcio renasceu exatamente neste planeta no ano 552 ou 551 a.C, ficando órfão muito cedo e era certo de que era muito pobre e era inclinado desde criança aos estudos. Sua história é complexa e sabe-se que pode ter sido o primeiro do mundo a criar uma escola privada onde ensinava seus pensamentos e métodos para se alcançar a benevolência. Para Confúcio, o caminho que leva o humano ao Tao é o cultivo da virtude. Para Confúcio, o cultivo da virtude chama-se praticar a benevolência.

Fan Ch'ih, um jovem que estava a partir para uma batalha, perguntou a Confúcio sobre a benevolência. Confúcio disse: "Ame seus semelhantes". Ainda, perguntou sobre a sabedoria. Confúcio respondeu: "Conheça os homens".

Ainda, Confúcio esclarece para Chung-kung acerca do significado da benevolência: "Não imponha aos outros aquilo que voce não deseja para si próprio".

Para Confúcio, o método para a benevolência é simples e objetivo: chung e shu. Chung significa fazer o melhor de que se é capaz, dar o melhor de si mesmo. Shu é usar a si mesmo como medida. Para esclarecer acerca de shu, o aluno de Confúcio, Tseng Tzu disse:

"Todos os dias examino a mim mesmo sob três aspectos. Naquilo que fiz pelo bem estar do outro, falhei em ser chung? Ao tratar meus amigos, falhei em ser fiel em minhas palavras? Ensinei aos outros algo que eu próprio não tenha experimentado?"

O usar a si como medida (shu) significa que a pessoa adentra numa contínua avaliação honesta de si mesmo, principalmente numa direção de evolução do caráter de si mesmo. O caráter ideal para Confúcio era o homem benevolente. O caráter mais evoluído e que possuia a virtude por excelência era o homem sábio.

O pensamento prático e o método shu coloca aquilo que mais tarde seria chamado por Jesus de Nazaré de "caridade" como o centro metodológico de Confúcio para que o homem alcançasse a benevolência. O conceito de caridade foi bem definido e acolhido por Allan Kardec, em meados de 1800, na questão 886, em seu "Livro dos Espíritos", senão vejamos o significado de caridade:

"886. Benevolência com todos, indulgência com as imperfeições dos outros, perdão das ofensas."

No Evangelho segundo o Espiritismo (Kardec) temos a citação de Mateus, 7:12, onde Nazaré vem a esclarecer a base de seus ensinamentos para a evolução:

"Fazei aos homens tudo o que gostaríeis que eles voz fizessem"

Em Lucas, 6:31: "Tratai todos os homens da mesma maneira que gostaríeis que eles voz tratassem"

Podemos aqui perceber as semelhanças nos ensinamentos de ambos, Confúcio e Nazaré.

Nos comentários do Prof. Revail (Allan Kardec), temos que "amar o próximo como a si mesmo; fazer aos outros o que gostaríamos que fizessem por nós é a expressão mais completa da caridade" (p. 127). Assim, o amor torna-se o centro do pensamento e método de Confúcio e Nazaré, a base de todo pensamento de Allan Kardec e daquilo que se chamou de doutrina espírita. Como não sou espírita, tenho a liberdade de falar livremente sobre ela.

Modernamente, quem dedicou extenso trabalho neste campo foi Louise Hay, que bebeu do saber de Ernest Holmes, criador do que foi chamado de "Ciência Mental", cujo centro é a evolução pela mudança global da estrutura de pensamento, ancorado numa atitude prática de amor a si mesmo e ao próximo. Holmes veio a desenvolver métodos de reciclagem da estrutura do pensamento direcionando-os para o bem, para o amor a si mesmo e aos demais (universalismo).


O caminho da benevolência também foi traçado por Sidartha Gautama, o "Buda", através do caminho óctuplo que incluia uma prática intensiva de meditação e exame de si mesmo, estudo e prática.

Modernamente, a ciência que se dedica a benevolência e ao amor na prática é de forma geral a Psicoterapia, na atitude de ajudar as pessoas em suas questões, distúrbios e autotransformação. Da década de 80 para cá, uma nova ciência começou a ser estruturada, chamada Conscienciologia, ou o estudo da consciência integral, que embora o seu nome tenha sido cunhado pelo filósofo Miguel Reale, a ciência foi proposta pelo médico Waldo Vieira, ex-espírita e ainda permanece (2011) no caminho da ajuda humanitária. Uma de suas áreas especializades chama-se Assistenciologia, ou a ciência da ajuda e amparo às consciências, intra e extrafisicas. Operando num modelo hipotético chamado homo sapiens sereníssimus, ou a consciência serena que alcançou um nível de evolução avançada, traduzindo-se pela extrema benevolência e amor puro fraterno em todos os atos e manifestações, o paradigma aproxima-se da idéia de homem benevolente e mesmo o sábio em Confúcio.

Diante do exposto, é possivel perceber a convergência dos saberes de áreas tão aparentemente distantes e afirmarmos que a ciência da benevolência e do amor é universal, independente da civilização e daquele que a pronuncia. E, como saber universal, parece-me que é o epicentro de todo fenômeno sociológico e parassociológico, do sentido mesmo da ciência e da psicoterapia, onde o amor puro e a benevolência, apesar das diferenças entre raça, credo, filosofia, religião e linha científica, poderemos caminhar em convergência, respeitando as diferenças e cooperando para o universalismo.

A ciência sem sentimento; a ciência sem amor, é ciência sem alma, sem consciência. É como se fosse um cérebro caminhando sozinho sem consciência e sem a ética maior, universal, cósmica que ampara e direciona os movimentos celestes para a propulsão da evolução.

A crise planetária é o resultado direto da incapacidade de amarmos a  nós mesmos e aos demais seres vivos, humanos e não-humanos: animais, insetos e tantos outros seres viventes no planeta, formando a ecosfera de uma infinidade de formas e seres, numa diversidade icomensurável.


Se existe uma verdade relativa de ponta, de fato, podemos chama-la de amor. Como disse o amparador evolutivo: "O amor é a verdade e o caminho. É difícil de entender, mas é simples assim". De fato a evolução é o caminho do aprendizado de amar e tudo o mais parece derivar dessa premissa simples e complexíssima. Modernamente, temos na Assistenciologia a ciência do amparo interconsciencial, e cujo amor é o epicentro do fenômeno assistencial. Sem amor não existe assistência. Sem amor não existe discernimento. Discernimento sem amor é como uma árvore sem raizes: ela procura água no solo e não encontra. Sem amor não existe possibilidade de vida social. Sem amor não existe evolução. Sem discernimento até existe ajuda. Mas ajuda sem amor não é possível. Fazer ciência sem amor é possível. Mas ajudar alguem sem amor não. E o que precisamos é expandir nosso universalismo para níveis cada vez mais globais, romprendo nossos limites de preconceitos contra o diferente, rompendo, pois, de vez, com nosso narcisismo. Não somos mais do que poeiras conscienciais autoconscientes vivendo juntos num cosmo infinito e incogonoscível. Esta é nossa base segura de modéstia diante de nossa ignorância perante a nós mesmos, a vida e a existência.


O universalismo tem sua lógica que transcende nosso narcisismo: o amor puro como método de autosuperação, profilaxia e tratamento de toda psicopatologia sempre derivada do egoísmo.