6.11.18

Do Sutra e Das Formas de Comunicação pela Escrita

Fernando Salvino
Parapsicólogo e Psicoterapeuta
Prof. Tai Chi Chuan, Qi Gong e Yoga Taoista
Pesquisador da Parapsicologia, Projeciologia, Conscienciologia e Ciências Avançadas da Consciência
Bel. Direito (Univali), Esp. Educação (Udesc),
Mestre Educação (Ufsc).

Parapsicólogo pela FEBRAP-ABRAP e IPCMJ.



As formas de escrita são diversas. A comunicação pela via escrita pode se efetivar de tantas formas diferentes que não cabe aqui examinar todas elas. Estarei aqui examinando algumas que considero relevantes dentro da comunicação especialmente científico-filosófica. Só aqui neste blog você encontrará poesia-poema, ensaio, ciência e sutra. Cada um explora um modo de comunicação. Nenhum é melhor essencialmente que outro. Porém, eu posso expressar sentimentos pelo método científico, mas terei enormes dificuldades, o que não ocorre na poesia-poema, e no ensaio.

A primeira forma que considero importante trazer aqui é a poesia-poema, onde se tem mais liberdade de expressão de sentimentos, emoções, idéias e sensações diversas, assim como fatos e exames da realidade. A segunda é a forma de ensaio, o qual dá ao escritor a liberdade de ensaiar livremente, escrever sem censura e sem preocupações com a forma correta, com citações ou mesmo com versos ou rimas. A terceira é a forma de comunicação assim considerada científica, obedecendo critérios de citações, discursos geralmente em terceira pessoa e formalidade extrema. E a última que considerei a mais exótica, pois não estamos acostumados com esta forma de escrita, é o sutra.

O poema é comum na literatura parapsicológica. Temos em Lao Tzu, por exemplo, que se serviu de seus poemas para expressar a mais fecunda profundidade, o Tao. Os ensaios percorrem o campo filosófico com muita recorrência. E a comunicação científica nos é tão familiar.

Por outro lado, o sutra é difícil, pois é uma enumeração condensada de informações chamadas de aforismos, estes agrupados de forma organizada, sequenciada em um encadeamento lógico progressivo, daí que sutra vem de "costurar". Na sua forma se mostra como uma enumeração. Mas não qualquer enumeração. O sutra visa condensar enumerações fundamentais, enumeradas de 1 a 1, na forma de aforismos ou princípios. É a forma de escrita que sintetiza, ao invés de analisar. É uma escrita-síntese, e não analítica. Já expõe de forma intrínseca as análises que estão contidas nos princípios.

Enquanto o ensaio discorre livremente, podendo-se servir da poesia-poema e mesmo de comunicação científica-filosófica, o sutra difere completamente destes modos, visto se tratar de um conhecimento condensado, sintetizado até o máximo possível, refinado e refinado e refinado, expondo somente o essencial. Este essencial, que chamamos aqui de aforismos, é organizado de forma enumerada, sequenciada e progressivamente.

No sutra, cada ponto da trama da costura se une aos outros por nexo de coerência encadeada de forma progressiva, lógica, racional e ancorada na persistência reta do discernimento e aprofundamento.

No entanto, nem sempre encontramos na literatura sutras que são realmente sutras, assim como ensaios que sejam ensaios ou textos científicos que sejam realmente textos científicos.

A escrita na forma de sutra disciplina o intelecto, a mente, os sentimentos, as percepções, para o que é essencial que qualquer assunto abordado. Dos simples aos mais complexos. A capacidade de enumerar princípios encadeados de forma racional e lúcida, elencando o essencial em cada aforismo, potencializa o discernimento e a serenidade, pois quando olhamos o essencial isto tranquiliza citta (consciência).

Assim, escrever na forma de sutra é também pode ser uma prática de Yôga.