4.8.11

Estudos sobre a Benevolência: Comentários ao Livro IX, lição 25, de “Os Anacletos” de Confúcio.


Confúcio (Kong Fuzi)
552 a.C, China
Por Dr. Fernando Salvino (MSc)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo



Confúcio disse: “Fazer o melhor pelos outros e ser coerente com o que diz: faça disso seu princípio norteador. Não aceite como amigo ninguém que não seja tão bom quanto você. Quando cometer um erro, não tenha medo de corrigi-lo”.

Comentários.

O “fazer o melhor pelos outros” carrega a máxima de Confúcio, quando também disse esclarecendo o significado de benevolência: “não imponha aos outros aquilo que não deseja para si mesmo”. Isto significa “fazer o melhor pelos outros”. Mas antes, é uma lição de auto-respeito. Pois para não fazer aquilo que não desejamos para nós mesmos, precisamos saber mais de nós mesmos, muito mais. E ser coerente com nossas próprias palavras, complementa a idéia da necessária confiança entre as pessoas, pois só aquele que é coerente em ação com o que fala, ou seja, onde existe correspondência entre os atos e as palavras, este, inspira confiança das pessoas que se relaciona. Por isso Confúcio começa sua frase com estas duas realidades, o fazer o melhor pelos outros e ser coerente com o que se fala. Porque, vejamos, se não formos coerentes com o que falamos, então, nossos atos vão se corrompendo. E se nossos atos se corrompem, nossas palavras vão perdendo valor. E quando as palavras perdem valor, as pessoas tendem a não confiar mais no que falamos. E sem confiança entre as pessoas, isto impossibilita um relacionamento benevolente, digno e profundo, com sentido. Aqui podemos entender porque existe a noção prática nos ensinamentos de Confúcio onde ele fala que não devemos ensinar aquilo que nós mesmos nãotenhamos experimentado.  Neste ponto sou coerente em dizer que, mais aprendo aqui do que ensino e compartilho com você leitor, destes ensinamentos e de meus estudos, como aprendiz da benevolência. Porque muito do que Confúcio ensina, eu mesmo, ainda, não experimentei em completude, tal como uma vida benevolente natural e uma completa coerência entre minhas palavras e atos.

O fazer o melhor pelos outros carrega a idéia prática de ajudar as pessoas, dar o melhor de si para ajudar os outros, sendo um aprendizado da benevolência. Para Confúcio, o sentido da vida está em ser o mais BOM possível, e isto inclui um método apropriado para trilharmos e praticarmos.

E continua sua idéia, em “não aceite como amigo ninguém que não seja tão bom quanto você”. Tenta com isso colocar igualdade num relacionamento, maior eqüidade, pois somente um amigo que seja tão BOM quando somos, poderia ser verdadeiramente um amigo para nós. O BOM para Confúcio não é o conceito egóico do Ocidente, narcisista. E alguém que pratica a benevolência e que seja tão benevolente quanto eu e você somos. Porque assim, é possível a criação de uma relação de confiança. Isto equivale a dizer que precisamos ter discernimento nas amizades que escolhemos para ter. E o discernimento para Confúcio sempre obedece aos princípios da benevolência: o caminho do BEM.

“Quando cometer um erro, não tenha medo de corrigi-lo”. Isto significa “fazer o melhor pelos outros. Pois só aquele que pensa no BEM dos outros tem a modéstia, a humildade, de reconhecer seus erros e, assim, fazer os movimentos necessários para corrigi-los. É o mesmo que dizer que é necessário que sejamos coerente com aquilo que falamos. Pois, ninguém gosta de errar e, principalmente, nos relacionamentos. Mas como seres errantes até o caminho ad infinitum da emancipação do ser, então, precisamos reconhecer nossa incoerência e, corrigir os erros advindos dela. Podemos chamar isso de reconciliação. E até certo ponto, perdão. Confúcio também entende benevolência como “ame seus semelhantes.”.

Os ensinamentos de Confúcio são poderosas ferramentas para lidarmos com os problemas práticos da vida moderna, estando na vanguarda do pensamento já produzido no planeta. São orientações seguras e práticas de alguém que, certamente, dedicou uma vida para isso.

Confúcio diz: “dê o melhor de si”. Se aplicarmos isso até as últimas conseqüências, o que acontecerá com nossas vidas? Com nosso caráter? Para tal, precisamos ir para a experiência, praticar o “dar o melhor de nós mesmos”.

E tais orientações não são normas, não são regras, não são obrigações. As orientações são sugestões para experiências. Só conheceremos o sentido das palavras após praticá-las.

Qual a sua opinião acerca deste texto e que relação você pode fazer com sua vida?