26.5.11

Psicoterapia, Profissão e a Desafiante Tarefa de Ajudar

Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta

Este texto serve como aprofundamento à pergunta tão comum feita por meus pacientes: Dr. Fernando, qual é sua formação? Como não vou fazê-los perder seu tempo, energia e mesmo dinheiro explicando esta trajetória durante uma consulta, uso deste meio para esclarecer melhor esta idéia.


As pessoas

As pessoas são unidades conscienciais integrais e irredutíveis à teorias que procuram dividir corpo de cérebro, mente de emoções, cognição de sentimento, inconsciente de consciente, físico de psiquico, intra de extrafísico e assim por diante. Na prática enquanto seres en-carnados, re-sexualizados, re-somados, somos unidades pulsantes de consciência-energia, unidades estas que evoluem com o passar do tempo.

Eu e você, conhecemos o que é uma crise existencial e o que é superar uma crise. Se você não superou ainda, somente a experiência de superar-se possibilitará saber o que é isso. Como na maioria das coisas da vida, somente aprendemos pela experiência. Nenhuma teoria gera aprendizado significativo, somente aquela que leva a pessoa a experiências significativas. Essa afinal sempre foi a posição de Dewey, Rogers e Kilpatrick e estou de acordo com eles. Experiências significativas são aquelas que têm sentido para aquele que as vivencia. Por sentido quero dizer das experiências que acarretam mudança, alguma mudança significativa no nosso modo de ser levando-nos a estados mais saudáveis de ser/estar no mundo. Incluo aqui não somente as experiências vivenciais propriamente ditas (corporais, emocionais...), mas a experiência intelectual de ler algo significativo e com isto alguma mudança é desencadeada.

Um resumo-resumido sobre a minha formação psicoterapêutica

Quero ficar aqui somente com as experiências significativas em Psicoterapia. Assim como você, que é meu paciente ou paciente de outros Psicoterapeutas, já passei por situações internas onde necessitei de ajuda. Minha primeira sessão de psicoterapia foi realizada num centro de umbanda, daqueles centrinhos de umbanda pequenos, todos brancos, com os médiuns vestidos de roupas brancas, música relaxamente ao fundo e leve aroma de incenso, sem santos ou imagens cristãs e um clima tranquilo e aconchegante. O psicoterapeuta era uma pessoa que se chamava "Vô Serafim" (conforme já disse noutros textos). Ele se manifestava através de um médium, no caso, um médico radiologista negro. Vô Serafim era um "preto velho", lúcido, porém algumas vezes assertivo demais em orientações cegas (guia-cego). O clima era familiar e as sessões eram semanais. O psicoterapeuta conversava comigo a respeito de minhas questões mais íntimas, em clima aberto e fraterno, amigo e íntimo. Foi ali que aprendi a criar este clima de amizade com meus pacientes. Os assuntos rodeavam dificuldades minhas em conflitos familiares e principalmente os relativos às minhas vivências conscientes fora do corpo. Uma pré-Parapsicologia Clínica. Começei minha formação como psicoterapeuta, nesta vida, aos 12, 13 anos de idade. Ali a médium recomendara a mim como estudo complementar o clássico de Allan Kardec "O Livro dos Médiuns". As sessões me faziam sentir-me melhor, mais leve e mais tranquilo diante dos problemas de minha vida.

Anos se passaram e experimentei uma série de linhas psicoterapêuticas, tais como: psicoterapia por PNL, Hipnose e Linha do Tempo, com os terapeutas Srs. Elizabeth S. e George S.; psicoterapia orgônica ou reichiana com a respeitada Dra. Mara Rúbia, primeira profissional que mostrei as evidências de muitas experiências holotrópicas, transpessoais e parapsíquicas mais íntimas; psicoterapia de orientações psicanalíticas e humanistas; somaterapia; psicoterapia de grupo; psicoterapia xamanista com Dr. Aroldo Vargas, médico, através dos rituais como: xanupa, tenda do suór, cerimônia do peyote e ayahuaska e diálogos psicoterapeuticos informais; psicoterapia transpessoal e parapsicologia clínica com o respeitado Dr. Paulo Américo C. Martins, amigo pessoal e pessoa muito importante em minha trajetória evolutiva, a primeira que me mostrou a possibilidade de uma parapsicologia clínica e uso extrassensorial na psicoterapia; terapias meditativas como raja yoga, budismo tibetano e a impactante experiência de conhecer o Sr. Lama Rimpoche, budismo zen e três anos intensivos de práticas taoístas como Chi Kun e Tai Chi Chuan com a experimente Sra. Jackeline Luiz, amiga pessoal, em seu espaço "Associação Lin Tai de Kung-Fu Shaolin do Norte e Tai Chi Chuan"; alguns anos de psicoterapia com a experimente psicanalista Dra. Soraya Valerin; as intensivas experiências de terapia de regressão facilitadas pelo médico e colega Dr. Mauro Kwitko, em minha formação em psicoterapia reencarnacionista; o programa psicoterapeutico intensivo vivenciado em minha formação em Parapsicologia Clínica e Terapia Mental no Instituto de Parapsicologia e Ciências Mentais, com vivências e treinamento em relaxamento, hipnose, regressão, PNL, apometria e outros recursos; experiência psicoterapeutica vivencial pelo treinamento energético no IIPC e os cursos psicoterapeuticos como o ECP1 e Parapedagogia, ministrado pelo IIPC e experiências psicoterapeutivas intensivas grupais na abordagem ecopedagógica com os Srs. Guilherme Blauth e Patrícia Abuhab, amigos pessoais, e assim por diante. Foram mais de 10 anos intensivos de psicoterapia e, paralelo, atendia os pacientes a partir de 1997 em consultório particular. Somado a estas experiências, estão as centenas de vivências parapsíquicas que formam meu currículo vivencial, organicamente experienciado, na escola da vida, que me dá a segurança necessária para atuar com a linha psicoterapeutica que atuo: a psicoterapia transpessoal, integral ou Parapsicologia Clínica. Minha formação também se deu, por exemplo, no campo do Direito, quando aprendi a lidar com as cargas tóxicas de bioenergia emanadas na 1ª Vara Criminal em Florianopolis, privativa de homicídios, crimes de abuso sexual e outros e, nos densos Inquéritos Civis Públicos o qual era responsável por investigar quando atuava na Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente, na Promotoria da Coletividade em Florianopolis. Isto me habilita a manter-me coeso diante, por exemplo, de um paciente dependente de crack e cocaína, que emana energia similar em densidade e necessita de assistência psicoterapêutica. Os experimentos autoditadas em arteterapia e musicoterapia me deram a base para o que chamo de "encarar de frente os espaços em branco". Desde 1997 envolvo-me com a tarefa de ajudar pessoas e de aprender e qualificar cada vez mais esta atividade profissional, chamada Psicoterapia. Não sei quantas pessoas já ajudei nesta vida, mas creio já ter passado das milhares. Somente atravez do Blog, passam dos 16.000 acessos e mais de 60 países. Clinicamente, no presencial, são centenas de pessoas. Em resumo, este é meu histórico-resumido-resumidíssimo na aprendizagem em ajudar pessoas. Poderia falar bastante a respeito deste histórico, mas vou me ater ao foco presente. Esqueci de muita coisa, mas não é meu objetivo lembrar de tudo. As entrelinhas também falam e podem ser lidas.

Em síntese, um profissional da área da ajuda necessita de experiência de ajudar. Necessita primeiro ter ajudado a si próprio, para assim, conseguir ajudar aqueles que necessitam de assistência. Muitos psicoterapeutas envolvem-se no processo de evolução, de ajuda de si mesmo, de auto-superação consciente e, estes, são os mais indicatos para lhe ajudar. Outros, ajudam os outros, mas esquecem-se de si mesmos e acabam, como já vi muitos, com síndrome de burnout ou mesmo afastados do trabalho por depressão.

Querer ajudar é diferente de saber ajudar.

Antes de ajudar alguém, o psicoterapeuta necessita ajudar-se. Este trabalho é permanente. Isto torna esta profissão umas das mais difíceis de todas, pois o sucesso na ajuda depende do sucesso que o próprio psicoterapeuta têm de ajudar-se, através dos meios que ele encontra e encontrou. Um Psicoterapeuta habilitado não é aquele que fez cursos, mas antes disso, é aquele que conseguiu e consegue realizar em si contínuas reciclagens evolutivas direcionando sua própria existência para caminhos de saúde, evolução e autorealização. Sabendo fazer isso, têm competência viivencial de ajudar outros a fazer o mesmo, cada um em seu modo, de acordo com as necessidades reais e evolutivas de cada pessoa. Segundo, para ajudar não basta querer, é necessário saber ajudar. É necessário com isso preparo técnico.O saber vem da experiência e da teoria/técnica que servem de ferramentas para a ajuda. Mas uma ajuda efetiva não é aquela onde o profissional conhece ferramentas, mas aquela em que o profissional saiba usa-las no momento certo. E este momento é um feeling, um insight, uma intuição, uma percepção extrassensorial, do momento de usar tal e tal ferramenta. A consciência, assim, é a primeira ferramenta prática do Psicoterapeuta: o discernimento, a memória, a associação de idéias, a intuição, o parapsiquismo, a psicocinesia, a projetabilidade, o intelecto, o sentimento, a sensibilidade, a capacidade de criar rápido rapport, a ética, o respeito pelo paciente, a capacidade de criar uma relação de amizade sem que comprometa a relação psicoterapeutica e assim por diante. Estes atributos não se aprendem em cursos, mas no curso da evolução gerado pelo próprio psicoterapeuta em suas reciclagens e passagens por psicoterapias enquanto paciente.

Todo psicoterapeuta também se forma psicoterapeuta a partir dos muitos anos de psicoterapia que submeteu fazer; todo psicoterapeuta já ocupou e/ou ocupa o lugar de paciente durante anos a fio, num trabalho ininterrupto de conhecer a si mesmo e superar-se numa direção de autotransformação

O Psicoterapeuta forma-se na vida vivida organicamente e diante de um processo contínuo de autosuperação e evolução, realinhamento consigo e com o cosmo, a vida e o universo; superando-se e ocupando o lugar vivo daquele que pelo exemplo mostra que é possível sentir-se feliz a maior parte do tempo e, vê na ajuda profunda as pessoas um sentido alternativo e digno de viver.

Pouco importa qual linha de psicoterapia o Psicoterapeuta pertence: o que importa é a pessoa do Psicoterapeuta e sua capacidade/competência na tarefa de ajudar.

Assim, pouco importa qual linha de trabalho este pertença. Não importa se é um psicólogo ou psiquiatra. Se é um parapsicólogo clínico ou um consciencioterapeuta. Não é o rótulo que importa. Não é a embalagem que faz uma Psicoterapia. Uma Psicoterapia se faz numa relação entre duas pessoas, onde uma delas é o exemplo vivo de uma vida vivida em direção a autorealização. A vida concreta do Psicoterapeuta mostra ao paciente que é possível sair da depressão, da melancolia, da paranóia, da psicose, da impotência, porque o próprio Psicoterapeuta, de maneira geral, conseguiu e continua conseguindo manter-se. O Psicoterapeuta mostra um caminho possível onde o paciente pode, sendo ele mesmo, inventar e trilhar um caminho onde pode sentir-se mais livre e feliz, apesar do caos social que vivemos. É possível ser feliz mesmo num mundo em guerra como o nosso. Não importa se é psicoterapia cognitiva, psicanálise, humanista, transpessoal... é a pessoa o centro da psicoterapia, numa relação de autenticidade e em clima de liberdade. Os estudos de Carl Rogers comprovaram isto.

O Psicoterapeuta mostra a partir de sua vida real, concreta, que é possível viver uma vida com muito menos culpa, com muito menos neurose e com muito mais prazer verdadeiro, que vem de fontes reais e concretas da vida e não de fantasias distorcidas da realidade, de metas falsas e megalomaníacas.

O Psicoterapeuta tendo corrigido distorções relevantes em seus pensamentos e cognição, consegue ajudar pacientes a compreender seu funcionamento mental e as suas consequencias na vida prática.

Um Psicoterapeuta lúcido e honesto consigo, sabe que numa sessão psicoterapeutica, ele usa de recursos que transcendem suas teorias e métodos que aprendeu em cursos e palestras. O que, como e em que momento usar uma ou outra técnica, uma frase, uma reprogramação mental; esta intuição somente a vida ensina; esta intuição não se aprende e nem se ensina: é fruto do insight direto, transcendendo o cérebro, os neurônios e rumando para a percepção extrassensorial, funções psi mais profundas da mente e da consciência.

A psicoterapia é uma atividade para psicoterapeutas

Desta forma podemos compreender porque a Psicoterapia não é uma atividade restrita para psicólogos e psiquiatras, porque sua formação se dá em múltiplos campos do saber e da vida, é transdisciplinar e, principalmente, no processo contínuo de autotransformação que a pessoa do Psicoterapeuta passou, passa e continuará passando, conforme esclarecido acima.

Um Psicólogo e Psiquiatra, na verdade se forma Psicólogo e Psiquiatra quando procede uma investigação de sua própria psiqué, caso contrário, terá em mãos um papel sem validade substancial. Da mesma forma um Parapsicólogo, Projeciólogo e Conscienciólogo se formam a partir da investigação transpessoal de si mesmo e, com estas experiências, consegue facilitar experiências psicoterapeuticas significativas em seus pacientes. Em todos os casos, títulos pouco valem quando temos em frente uma pessoa a ajudar. Um PHd pode saber muitas coisas sobre Psicologia, Psiquiatria e das Ciências Avançadas da Consciência, mas em se tratando de ajuda, estes conhecimentos podem ser inóquos.

A desafiante tarefa de ajudar e a evolução da consciência

A profissão de Psicoterapeuta é das mais exigentes do profissional, de sua pessoa. Isto porque, cada caso clínico, é um caso específico não encontrado em qualquer livro ou manual. Não existe livro que fale acerca do Fulano e do Beltrano. Cada sessão é uma investigação, um aprendizado, uma aliança que estabeleço com o paciente na maravilhosa tarefa de autotransformação através da psicoterapia. O universo ali é descortinado, memórias, sonhos, experiências desta e de vidas passadas são faladas e comunicadas, e, numa relação sincera e autêntica entre eu e paciente, podemos caminhar juntos numa direção da autosuperação das dificuldades que motivaram-no a procurar a ajuda profissional. No silêncio do consultório, vozes escondidas e reprimidas saem das falas e dos sentimentos do paciente que, em muitos casos, nem ele mesmo lembrava. O mundo que o psicoterapeuta vive é a dimensão do não-falado, comunicado, expressado aos outros; é a dimensão onde as pessoas se silenciam, escondem-se, fogem de si mesmas e do mundo, com medo de represálias, punições e julgamentos. É neste mundo que vivemos, como psicoterapeutas. Vivemos o processo árduo que o paciente passa em transformar-se, no silêncio do mundo, mas no barulho dentro da clínica. Ele entra mudo no consultório e, em determinado momento, corta o silêncio que o recolhe em sua prisão espiritual, e inicia a caminhada de volta para si mesmo. O psicoterapeuta é o profissional que acompanha o caminhante e a caminhada de uma pessoa, o paciente, que anseia por evoluir e tornar-se alguém mais feliz e realizado. O gozo maior do psicoterapeuta é ser a testemunha direta do progresso evolutivo de seus pacientes.

Nesta trajetória o psicoterapeuta continuamente precisa autotransformar-se para que suas limitações internas não prejudiquem o andamento da ajuda psicoterapeutica. Assim como, necessita aprimorar suas qualidades, atributos e potencialidades, para que estas atuem a favor de uma psicoterapia positiva, focada na saúde e autorealização. Constantes reciclagens, reflexões e mudanças os pacientes desencadeiam no psicoterapeuta que, assim, mostra-se tão humano e limitado como o paciente que, exige, direta ou indiretamente, mudanças no curso da psicoterapia. Este caminho percorrido pelo psicoterapeuta acelera a evolução a um nível profundo, pois seu cotidiano é atravessado por relacionamentos profundos e autênticos com os pacientes. Este aprendizado é levado para a vida, onde é possível que as relações sejam mais significativas e carregadas de sentido e profundidade. Por outro lado, o psicoterapeuta necessita estar lúcido para não cair na armadilha de ser psicoterapeuta em tempo integral: com filhos, esposa, pais, irmãos, amigos, etc. Um Psicoterapeuta é uma pessoa, como qualquer outra, que se relaciona, em alguns casos são pais ou mães, e necessitam da família como suporte de amparo em sua existência. O Psicoterapeuta é este profissional soilitário que vive como testemunha da dor e da superação humana recalcada silenciosamente nas relações sociais: cultura esta que rejeita tanto o deprimido como o ser feliz e realizado.

Em alguns casos, psicoterapeutas têm tido experiências transpessoais profundas com as equipes extrafísicas que acompanham as sessões e os pacientes. Em algums casos, amparadores têm me agradecido pela assistência, tanto via percepção parapsíquica (mediúnica), como em um caso, paciente sensitivo incorporou seu amparador que me agradeceu diretamente a ajuda prestada, inclusive dando-me feedback acerca de meu trabalho. Este amparador foi identificado como sendo o mesmo que o orientou antes do renascimento, conforme suas experiências de regressão. E não sou o único. Pelo planeta afora, psicoterapeutas de linhas transpessoais vêm testemunhando a espiritualidade viva na cooperação psicoterapeutica e na ajuda às pessoas necessitadas de amparo. Num nível de esclarecimento e numa direção de orientação evolutiva, os amparadores vêm atuando como verdadeiros parceiros de uma equipe multidimensional de ajuda psicoterapeutica. Mesmo que o psicoterapeuta não acredite nisso este também atua com estes amparadores.

Psicoterapia: Profissão Evolutiva

O caminho de ajudar o outro psicoterapeuticamente é uma opção evolutiva avançada para a pessoa que anseia por acelerar sua evolução e aproveitar sua atual existência, gozando da autorealização de ser a testemunha direta e participativa da possibilidade real de uma pessoa autotransformar-se e vencer a si próprio em níveis profundos, conquistando maior felicidade e lucidez perante a vida, a morte e a existência humana.