Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo
"O homem é composto de corpo e de Espírito; o Espírito é o ser principal, o ser da razão, o ser inteligente; o corpo é o envoltório material que reveste, temporariamente, o Espírito para o cumprimento da sua missão na Terra e a execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, se destrói, e o Espírito sobrevive à sua destruição. Sem o Espírito, o corpo não é senão matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo; a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele reentra no mundo espiritual de onde saiu para se encarnar".
Neste parágrafo, Allan Kardec traz uma visão objetiva da vida, em poucas palavras, conclusões cujas bases estão nas experiências espiríticas. Dentro das investigações realizadas até então, a concepção Kardecista merece a integração ao sentido da sexualidade e suas relações com a reencarnação. O aprimoramento espiritual e a reencarnação enquanto a ressexualização do Espírito que, ao retornar à carne, na verdade, retorna à sua existência como animal espiritual, sexuado. Ora, o vida do Espírito é desexualizada, visto que a sexualidade só acomete aos seres sexuados, ou seja, aqueles que nascem e morrem. Não estando o Espírito sob o jugo de Leis de Morte e Nascimento e sim da Eternidade, sua natureza básica não é sexual, mas Espiritual. O corpo psi ou perispírito, não nasce nem morre. Sua origem permanece obscura, assim como a espiritogênese. Por outro lado, o Espirito ao reentrar no mundo humano, se sexualizando, tem diante de si a tarefa de aprender a lidar com a sexualidade. A sexualidade é o que consitui o ser encarnado. O ser ou Espírito encarnado é ser sexuado, um animal humano que tem desejos sexuais. Assim, o corpo citado por Kardec é um invólucro quase inerte, mera roupa do Espírito. Os fatos parapsicológicos, espíritas, evidenciam o corpo espiritualizado como vivência obrigatória de elevação espiritual, e isto atravessa a sexualidade, a maturidade sexual, os relacionamentos e o carma, do ponto de vista do complexo de édipo, traçado em linhas por Sigmund Freud.
"Há, pois, o mundo corporal, composto de Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, composto de Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, pelo próprio fato de seu envoltório material, estão ligados à Terra ou a um globo qualquer; o mundo espiritual está por toda parte, ao nosso redor e no espaço; nenhum limite lhe está assinalado. Em razão da natureza fluidica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se arrastarem penosamente sobre o solo, vencem distâncias com rapidez de pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos laços que os mantém cativos".
A didática de Kardec e sua clareza é impressionante. Sua objetividade nítida. Porém, sua preocupação em trazer uma descrição racional, acaba pois dessexualizar a vida humana, uma vida sexuada e animal por excelência. Todos nós fazemos xixi e cocô e "trepamos" e a partir desta "trepada" os Espíritos se ressexualizam. E mais, mesmo não havendo amor algum no ato, mesmo assim, ocorre a reencarnação do Espírito que é, por outro ponto de vista, sua ressexualização. Temos que olhar o sentido de "carne" que carrega o conceito sexual, senão vejamos: "a natureza humana considerada em suas fraquezas e apetites". O que são os tais apetites? Os ligados ao sexo, obviamente. Assim, reencarnar é o retorno ao universo dos "apetites sexuais", humanos, animalizados. E o aprendizado evolutivo do Espírito atravessa justamente esta base, tão evidenciada na clínica: a sexualidade presente em todos os conflitos e distúrbios psíquicos ou espirituais.
"A felicidade está em razão do progresso alcançado".
Aqui adentra uma clareza aguda que sintetiza a felicidade como um sintoma da evolução espiritual. Eis a essência de sua teoria e das orientações espirituais dadas em seu labor mediúnico e intelectual. Aqui sua teoria parapsicológica ultrapassa a Parapsicologia ortodoxa, restrita aos fenômenos psi, e ruma para uma Parapsicologia que centra-se no Espírito como fenômeno central do Universo e os fenômenos mediúnicos, paranormais, como fenômenos secundários.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno: a Justiça Divina segundo o Espiritismo. 2007. (p 25).
16.9.10
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Allan Kardec: Algumas Considerações sobre sua Teoria Parapsicológica do Espírito
By Fernando Salvino (M.Sc) 20:38