7.4.10

Sexualidade: Ferramenta para a Autosuperação

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo Clínico

Semana passada falei abertamente sobre a questão do “Por que fazer terapia?”. Esta semana darei continuidade a todas as minhas mensagens que venho enviado até então. Você deve ter notado que de uma forma direta ou indireta acabo abordando a questão da sexualidade e evolução. Então, você mesmo pode se perguntar: “O que leva um Parapsicólogo a falar acerca da sexualidade? É realmente uma boa pergunta.

O que realmente me leva a inserir a sexualidade no campo clínico e ainda no campo das investigações sobre a evolução do espírito é sua extrema importância em nossas vidas. Mas de que estou falando? O ponto de vista pela qual me pronuncio leva em consideração as evidências concretas e objetivas de que a sexualidade atravessa nossas vidas talvez mais que qualquer outra coisa. E mais, está na essência mesma do enigma que denominamos “reencarnação”. O suprasumo da experiência cósmica transcendente é o nirvana, o samadhi, a consciência cósmica. O suprasumo da experiência emocional é o Amor. O suprasumo da experiência energética é o Estado Vibracional. O suprasumo da experiência se xual é o Orgasmo. E como nossa vida humana é essencialmente sexual, então o amplo disturbio associado a impotência orgástica e a seus problemas associados (pudores, nojos, crenças, etc.) parece-me ser uma evidência coerente de que não damos o devido valor a nossa vivência madura da sexualidade. E a repressão sexual impede de termos uma vida satisfatória como um todo. Impede de educarmos sexualmente nossos filhos de forma adequada. Impede de termos relacionamentos maduros com outras pessoas. Pois sexualidade nada tem a ver com sexo. Sexualidade se expressa também no sexo. Mas, engana-se que um Monge não expressa sua sexualidade. Um Monge expressa sua sexualidade o tempo todo, mesmo sem fazer sexo. Muitos sentem-se seduzidos e atraídos pela bondade de um Monge. Muitas vezes, uma palavra afetuosa ou uma atitude fraterna podem gerar mais magnetismo que uma sedução sexual. Muitas vezes um conteúdo intelectual pode ser excitante. Muitos se excitam lendo livros quando o assunto lhe agrada muito. Sexualidade está em tudo e nos atravessa em tudo.

Então, porque não usamos a sexualidade como ferramenta para evoluirmos?

Você pode acreditar ou não em “reencarnação”. Não importa. Caso não acredite, sempre digo o seguinte: “Existem coisas que existem independentemente de nossas crenças”. E uma destas é o que apelidamos de “reencarnação”. E é onde tudo começa nesta vida. Por isto, vou começar bem pelo começo até que consiga demonstrar através de palavras simples, o papel da sexualidade em nossas vidas e como podemos usá-la para nossa superação pessoal e evolução espiritual. Talvez este conceito seja estranho a você que, provavelmente, como eu, veio de uma educação religiosa que defendia a supressão da sexualidade para a evolução, colocando-a no território do pecado. E me parece ter um sentido (em nossa cultura judaico-cristã) e, muito óbvio, este sentido parece estar ancorado no Velho Testamento, em trechos como este:

Disse o Homem uma vez: “Ouvi tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me.Deus lhe perguntou mais: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?Ao que respondeu o Homem: “A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi.”Perguntou o Senhor Deus a Mulher: “Que é isto que fizeste?Respondeu a Mulher: “A serpente enganou-me, e eu comi”.Muitas interpretações nós podemos tirar destes trechos. Mas repare você o conteúdo sexual deste trecho da Gênesis. A expulsão de Adão e Eva do Jardim do Éden é atravessada por duas variáveis: (1) o fato de o Homem e a Mulher terem comido o fruto da árvore do conhecimento, terem sido seduzidos pela “serpente” e com isto terem conquistado as noções de Bem e Mal e terem se descoberto mutuamente sexuais e; (2) o pecado associado à Sexualidade e a punição associada a vida sexual. A punição, portanto, é a expulsão de ambos do Jardim do Éden e o compromisso pela Vida Terrena associada ao sofrimento.

Pergunte a vôcê mesmo: O quanto tenho reproduzido em minha vida este contexto?

Agora interrompa um pouco o raciocínio e coloque uma pausa no que escrevi até agora. Vejamos tudo isto sob a ótica Parapsicológica “reencarnatória”. Deus criou o Céu e a Terra, no princípio. Sob a ótica Parapsicológica, Céu simboliza o Universo Multidimensional, o Plano Espiritual e Extrafisico de onde viemos antes de renascer. E a Terra, é a Dimensão Material para onde vamos quando “reencarnamos”, o Universo Físico estudado pela Cosmologia, Astronomia e Astrofísica. É no Céu que se encontra o Jardim do Éden, o local de onde Adão e Eva são expulsos pela Lei Reencarnatória. Jardim do Éden é o local paradisíaco que é representado pelas Dimensões Extrafísicas mais evoluídas, cujos habitantes não apresentam sinais de sexualidade como compreendemos. São os chamados “amparadores”, “mentores espirituais”, “arcanjos”, “serafins” e assim por diante. Deus é o pai, a Autoridade Cósmica que comanda esta “travessia de mundos” ou a “reencarnação”. Esta autoridade se expressa por intermediários, chamados antigamente de “profetas”, como Moisés. Moisés teve uma revelação dada por Deus e seus intermediários, os Anjos. Repare que o processo é todo Multidimensional. Na ótica da Parapsicologia, os intermediários são chamados de “médiuns”, “sensitivos” ou “paranormais”. O fenômeno da profecia é hoje tecnicamente chamado de “precognição”. O Velho Testamento informa sobre a “reencarnação” através de um tipo diferente de linguagem, que servia a sua época.

O apontamento dado por Deus em relação à sexualidade de Adão e Eva e sua expulsão do paraíso, na ótica da Parapsicologia, se relaciona ao fato de termos de abdicar da vida de orgasmo extrafísico e espiritual, assexuado, para assim, reencarnarmos e nos sexualizarmos novamente para uma nova vida Terrena, Sexual, Carnal.

Esta travessia de mundos, do Céu para a Terra, marca a “reencarnação”, ou a ponte entre as duas realidades cósmicas. E a citação da sexualidade na Gênesis tem uma importância fundamental: a reencarnação só acontece quando ocorre uma relação sexual; quando um gameta masculino (espermatozóide) fecunda o gameta feminino (óvulo). Desta fecundação ocorre a formação de uma célula-matriz, o ovo ou zigoto, que é uma célula sexual. A partir desta célula sexual, todo o corpo é formado. Ou seja, o sexual está contido em todas as nossas células. Noutras palavras, o nosso corpo é um corpo sexual. E como nossa sociedade é uma sociedade de corpos sexuais, nossa sociedade é uma sociedade sexual. Os conflitos sexuais em escala menor e maior é expresso pelos distúrbios associados a vida psíquica do ser humano e com as guerras e genocídios associados aos estupros de massa.

A Inteligência Divina manifesta pela Reencarnação: o aprendizado do amor espiritual e a vivência madura da sexualidade.

Por outro lado, simbolicamente falando, Deus foi inteligente quando desenvolveu a “reencarnação”. Os espíritos só podem reencarnar se houver a relação sexual entre homem e mulher (com exceção dos casos artificiais). E este homem e mulher são os seus pais. E estes pais podem já ter tido outros filhos. Então, eu e você atravessamos do Céu para a Terra pela sexualidade, reencarnamos e nos sexualizamos (como homem ou mulher) e habitamos nosso primeiro ambiente: o útero da mãe. Crescemos ali dentro. E em dado momento, saímos pelo órgão sexual desta mãe, a vagina. Esta mãe nos acalenta e nos coloca em seu seio para que possamos amamentar. As primeiras experiências sex uais mais intensas ocorrem na amamentação. O prazer do amamentar e da saciedade dada pelo leite materno (ou seu substituto) e pelo contato com a mãe marcam esta criança e faz com que ela deseje continuar seu caminho de busca de prazer. Depois, tardiamente, ela se auto-erotiza, iniciando sua fase mais masturbatória, as fantasias sexuais e começa a aparecer de forma mais direta o desejo sexual pelos pais, ora pela mãe, ora pelo pai, ora por ambos. Mas como disse, Deus foi inteligente. A genética humana proíbe o incesto. Os casos de filhos gerados por incesto trazem as evidências de problemas genéticos e mesmo anomalias, abortos, etc. Assim, mesmo a sexualidade atravessando toda a vida do espírito agora sexualizado como homem ou mulher, você percebe que não pode ter relações sexuais com o pai, a mãe e os irmãos. Não entende o porquê disso... Os pais deixam claro que não pode. E quando permitem, desastres ocorrem na vida sexual desta criança e em sua vida posterior.

A vida prossegue. A criança ou o jovem, eu e você antigamente, ao percebermos que não podíamos ter nossos pais e irmãos sexualmente, começamos mais um aprendizado de aprender a amá-los por outro ponto de vista: o não sexual e o espiritual. O travamento que a “reencarnação” gera na relação sexual entre familiares carrega a Inteligência que sabe que precisamos aprender a nos amar espiritualmente, mesmo num mundo carnal e sexual. Assim, você procurou outro para que pudesse satisfazer suas necessidades sexuais e afetivas mais profundas. Encontrou seu primeiro namorado(a), e enfim, teve sua primeira relação sexual. Você pode ter percebido num exame de consciência, o quão parecido com seu pai ou com sua mãe muitas vezes foram às pessoas que você se relacionou sexualmente e amorosamente. Talvez até tenha concluído que ainda está resolvendo seus conflitos com seu pai e sua mãe, conflitos estes cuja base é atravessada pela impossibilidade da relação sexual neste relacionamento e por histórico trazido de vidas anteriores, que fundamenta a escolha destes pais e irmãos. Histórico este que evidencia, muitas vezes, ter sido amante deste pai ou mãe noutra vida e, nesta, é somente filho e a relação sexual está bloqueada pela lei natural da evolução espiritual.

Eu e você decidimos voltar para aprendermos 3 coisas

A busca pelo amor de sua vida e a busca por uma vida sexualmente satisfatória está na base de toda a sua programação existencial. Eu e você decidimos voltar para aprendermos no mínimo três coisas:

1. Aprendermos a amar espiritualmente nossos pais, familiares, amigos, humanidade e seres vivos, para além da sexualidade, transcendendo o sexo. E tudo começa na família e em como lidamos com as perdas dentro do relacionamento com nossos pais.

2. Aprendermos a desenvolver a sexualidade de forma madura, numa relação satisfatória, ancorada numa relação sincera, honesta e livre, na monogamia natural de uma relação que se completa e se nutre mutuamente.

3. Aprendermos a encontrar e a realizar o trabalho que nos dá prazer e sentido na vida.


Pilares da Evolução do Ser ou Espírito Sexualizado


A Parapsicologia Clínica, com toda sua objetividade, considera estes pilares os mais básicos e os mais comuns a todos os seres humanos. Se estamos doentes ou nos sentindo deprimidos, tristes, melancólicos, infelizes é porque estamos com dificuldades nestas três áreas: (1) amor espiritual; (2) amor sexual; (3) trabalho. Significa também nossa imaturidade em viver. Estamos aprendendo a viver. “Reencarnamos” para aprendermos a viver. E tudo isto envolve "Conhecimento" e "Experiência", que poderiam ser o 4° pilar.

Sexualidade, Pecado e Repressão de nossa Missão de Vida

O pecado associado ao sexo torna a sexualidade um pecado e o prazer um distúrbio cármico. Quando bloqueamos a sexualidade em nossas vidas bloqueamos a vida. A expressão da sexualidade (e não da promiscuidade que é um distúrbio da sexualidade) carrega em si a Vida Maior, carrega a expressão de sua essência mais humana. Quando você bloqueia sua sexualidade está privando de ter uma vida de maior intimidade. Está privando de se conhecer a fundo, de conhecer seus desejos e necessidades de ser amado(a) e desejado(a). Pois sexualidade não só é o ato sexual. Sexualidade está em tudo que fazemos, pois fazemos tudo a partir de um corpo sexual que busca prazer e sentido. Investimos energia sexual no trabalho. Investimos energ ia sexual em tudo que fazemos, até mesmo assistindo TV ou lendo Jornal. Investimos energia sexual numa conversa e numa aula, conversando com seus filhos ou mesmo amando-os.

Nós sexualizamos nossos filhos mesmo sem desejarmos isto conscientemente. Porque somos seres sexuados. Mas, como sexualidade e sexo são coisas diferentes, sexualizar um filho é necessário para a formação psíquica de sua vida e de sua existência.

Após estas palavras, deixo aqui este material para você refletir.

Pergunte e responda para você mesmo:

1) Qual o sentido de estarmos vivos e não trabalharmos com o que gostamos de fazer, tornando nosso trabalho uma fonte de motivação e lazer?


2) Quando o sentido de estarmos vivos se eu não vivo a sexualidade para minha evolução espiritual


3) Quando o sentido de estar com uma pessoa que não a amo e mantenho este relacionamento para obter ganhos secundários ou mesmo para privar-me de minha felicidade noutra relação?


4) De uma nota de 0 a 10, a respeito do quanto o “pecado” associado a sua sexualidade está lhe privando de uma vida mais feliz, livre e satisfatória?


5) De uma nota de 0 a 10, a respeito do quanto tem vivido uma vida sexual mais no campo da promiscuidade e superficialidade do que no campo da sexualidade madura com envolvimento de corpo, alma e espírito a partir de uma monogamia natural e não forçada, com parceiro(a) fixo(a)?

Que conclusões você tira diante de tudo isto?