17.6.12

Além das Descobertas de Dr. Jeffrey Long sobre Experiências de Quase-Morte (EQM) e relações com as EFC - Experiências fora do Corpo e o Futuro da Pesquisa Avançada da Consciência

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo e Psicoterapeuta
NIAC/FEBRAP/ABRAP




Este artigo é resultante de comentário isolado a trecho da obra do Dr. Long, tal como segue:


"A descoberta de que quase todas as centenas de observações de pessoas que tiveram EFC [experiência fora do corpo] de acontecimentos terrenos eram reais provê algumas das evidências mais fortes apresentadas de que as EQMs são reais. A melhor evidência indica que pessoas que passam por uma experiência de quase morte vivenciam uma separação da consciência de seu corpo físico. É ainda mais extraordinário de isso esteja ocorrendo numa ocasião em que a pessoa que tem a EQM está inconsciente ou clinicamente morta.

Não posso deixar de me maravilhar com essas descobertas. Não há explicação científica ou médica para a consciência existir separadamente do corpo. O fato de que pessoas que têm uma EFC relataram ter visto ou ouvido numa ocasião em que seus olhos e ouvidos físicos não estavam funcionando poderia ter explicações profundas para o pensamento científico sobre a consciência. A comunidade científica talvez precise agora lutar com uma pergunta profunda: O que significa ter percepção sensorial sem o uso dos sentidos físicos".



(LONG, Jeffrey e outro. Evidências da Vida Após a Morte. Larouse, 2011. p. 82)


O argumento do Dr. Long merece considerações parapsicológicas. Para Long não há explicações científicas ou médicas para a consciência existir separadamente do corpo.

1. A medicina de forma geral não admite existir consciência sem corpo. E isto se deve ao fato de que o esquema cognitivo vem de um modelo ontológico médico que considera a consciência como um resíduo, substrato, secreção, produto ou resultante neurofisiológica do cérebro. Considera o cérebro como realidade primária e, a consciência, como secundária.

2. A ciência de forma geral não consegue explicação cientifica para o fenômeno da consciência existir separadamente do corpo. E tal assertiva se deve basicamente ao mesmo pressuposto acima citado, onde o modelo ontológico da ciência de fora geral não admite que possa existir algum princípio de consciência que possa estar/existir fora do corpo, especialmente, do cérebro.

3. No entanto, desde 1929, com o surgimento da ciência que visa investigar o fenômeno extracorpóreo da consciência, inaugurado por Sylvan Muldoon, temos hoje explicações científicas coerentes para esclarecer pelo menos as linhas gerais do fenômeno, principalmente pela inversão ontológica, onde a consciência é realidade primária e, o corpo, realidade secundária. Além dos relatos de EQM estudados por Dr. Long, temos os milhares de relatos de experiências onde a consciência está fora do corpo, porém, não vinculadas aos processos que caracterizam uma EQM, aspectos cirúrgicos, acidentes, especialmente em hospitais. Desde Muldoon já sabemos que são vários os fatores desencadeantes de experiências de separação da consciência do corpo, incluindo as experiências provocadas intencionalmente com método apropriado e mesmo as espontâneas, ou as geradas por psicotrópicos.

4. A percepção sem uso do esquema sensorial, os olhos e ouvidos físicos, já é estudada científicamente pela Parapsicologia há mais de 1 século, desde a Metapsíquica. Inicialmente tal fenômeno foi chamado por Charles Richet de fenômenos metapsíquicos subjetivos, posteriormente, foi dado o nome de psi-gama e, Rhine acolheu o nome de PES - Percepção Extrassensorial, incluindo aqui clarividência, precognição, telepatia, retrocognição. Na classe dos psi-gama, o qual prefiro nomear e junto com a posição do IPPP, inclui-se o fenômeno de separação da consciência do corpo (projetabilidade lúcida para fora do corpo) e toda a ciência hoje chamada de Projeciologia (Vieira). Dr. Long expressa desatualização na área de investigação avançada da consciência, visto que tal preocupação já está sendo nutrida desde finais de 1800 até então.

5. O que significa ter percepção sensorial sem os sentidos físicos? Significa partirmos de uma referência ontológica onde situamos a consciência como realidade primária e, o corpo, como secundária. E sendo a consciência primária, logo, a percepção é faculdade da consciência, não do corpo. Sendo assim, os sentidos físicos são alguns dos tantos sentidos da consciência, conforme evidenciam as EFC. Da mesma forma, essa percepção pode ocorrem mesmo sem a separação total da consciência de seu corpo, como nos fenômenos psi-gama relativos à telepatia, clarividência e precognição. E mais ainda, não se trata exatamente de percepção, mas de um todo de captação de informações que inclui outras faculdades como memória, processamento cognitivo, etc.

Assim, como conclusão inicial temos aquilo que venho expondo há um bom tempo, da necessidade de integração de saberes e atualização interdisciplinar e multidisciplinar, de uma área com outra, de rompermos as fronteiras entre os campos, principalmente o médico e o parapsicológico, conscienciológico e projeciológico. Este rompimento é, em grande medida, ontológico e necessita uma alteração ou mesmo uma abertura de possibilidade para uma ontologia diferente da habitualmente usada para explicações de fenômenos incomuns, não-ordinários ou diferentes daqueles considerados "normais" por determinado contexto sócio-cultural.

Destarte, a inclusão dos saberes parapsicológicos e dos estudos mais avançados da consciência no modelo médico parece-me insustentável, em virtude que levará a medicina a uma profunda atualização de paradigma e porque não reformulação dos fundamentos ontológicos que sustentam os axiomas e, por sua vez, modelos explicativos, métodos e diretrizes clínicas.

A parapsicologia ou o conjunto que forma a ciência avançada da consciência, incluindo projeciologia, conscienciologia, psicobiofísica e psicologia transpessoal, já estão muito mas muito adiante das questões formuladas por Dr. Long e isso é grave, porque evidencia a falta de comunicação entre campos afins e necessariamente amigos.

Eu, pessoalmente, venho constatando experimentalmente a realidade da separação de minha consciência de meu corpo desde os 5 anos de idade, mais precisamente, desde o útero. Não saberia precisar quantos experimentos pude vivenciar desta natureza, mas também inclui os experimentos retrocognitivos e mediúnicos, compondo um esquema auto-comprobatório sólido para mim mesmo e que me faz afirmar, com  certeza absoluta que eu sou uma consciência que pode existir fora de meu corpo e que já existiu fora do corpo em outras existências anteriores ainda a esta atual, a começar em 1975.

As investigações em EQM são isoladas a um extrato experiencial decorrentes das características apontadas por Dr. Long, no entanto, o fenôneno de se separação da consciência do corpo é a base ontológica que viabiliza o entendimento de outros tantos fenômenos tais como:

1. Aparição
2. Mediunismo
3. Psicografia
4. Projeções conscientes para fora do corpo
5. Sonhos de vôo e queda
6. Retrocognições de vidas extrafísicas passadas
7. Retrocognições de experiências fora do corpo ocorridas nesta ou em vidas anteriores
8. Visão dos famosos "fantasmas" (que podem ser consciências projetadas fora do corpo ou não).
9. A existência dos "espíritos"

Diante disso, agradecemos as pesquisas médicas sobre EQM pois nos dão mais amplitude de espectro de manifestação do fenômeno extracorpóreo da consciência, acrescentando dados às nossas pesquisas parapsicológicas e projeciológicas no entendimento de algumas questões cruciais, como: a separação da consciência do corpo evidencia não somente a existência de percepção além dos 5 sentidos clássicos, mas além disso, evidencia a existência da consciência sem corpo.


A evidência de consciência sem corpo, traz a necessidade do estudo da consciência em diversos estados de manifestação:

1. Quando a consciência está no corpo
2. Quando a consciência está fora do corpo, porém, ainda está de alguma forma, ligada ao corpo (por isso retorna mesmo com os aparelhos acusando morte cerebral, por exemplo).
3. Quando a consciência está fora do corpo, porém, não mantém ligações nenhumas com um corpo físico, operando de forma independente.

Os fenômenos psi-gama ocorrem em quaisquer dos 3 estados, a dizer, na excelente classificação de Vieira:

1. Intrafísico
2. Projetado
3. Extrafísico

Na classificação mais simples e já contaminada pelo contexto religioso, de Allan Kardec, temos:

1. Encarnado
2. Desdobrado
3. Desencarnado

De qualquer forma, independente da taxonomia utilizada, as experiências projeciológicas evidenciam existir consciência sem corpo. E se existe consciência sem corpo, também a personalidade está lá, fora do corpo, além dos neurônios e da genética. E como forma essa personalidade que chamo de palingenética (Mendes)? E a memória inteira, extracerebral? E quanto à origem da consciência? Que leis se aplicam à consciência? Que relações com a cosmologia e com as múltiplas dimensões?

Se existe consciência sem corpo, se a consciência pode raciocinar, pensar, refletir, decidir sem estar no corpo, então, depois que o corpo morrer, ela ainda poderá persistir existindo? Obviamente que sim. E se poderá sobreviver, então significa que existiam antes de nascer? Sim. Então existe aquilo que as religiões vem chamando de reencarnação? Sim, porém não exatamente como vem informando.

É a partir desta vertente investigativa que percorremos nas investigações avançadas da consciência, especialmente meu trabalho científico.