31.5.12

Experimento Extracorpóreo Lúcido: Do Experimento Projetivo, Da Complexidade Parafenomenológica e Outras Questões


Projeção Lúcida da Consciência
para fora do Corpo (OOBE, EFC)

Por Dr. Fernnado Salvino (MSc)
Parapsicólogo, Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta
NIAC-ABRAP-FEBRAP



I – Considerações Iniciais

A experiência tem a característica de ser espontânea, mas não posso assim caracterizá-la. O fato de eu nutrir continuamente a idéia-projetiva, ser parapsicólogo tempo integral, clínico e pesquisador, torna a espontaneidade uma hipótese não adequada. Assim, aplico a máxima de Muldoon, quando diz que quem comanda a projeção consciente para fora do corpo é o subconsciente, logo a projeção aqui pode ser considerada auto-induzida.

Especialmente ontem, antes de dormir, resolvi assuntos sérios de minha vida e estava lidando com meu projeto de vida, estruturado, onde tento tornar o mais exato possível minha rota nesta vida até a dessoma (desencarne), e mesmo refletir sobre as vidas seguintes e mesmo o próximo período intermissivo e metas almejadas.

Meu estado de lucidez prévio ao experimento era alto. Ansiedade muito baixa, tendente a zero. Sensação íntima de presença no agora, no tempo presente. Serenidade presente e vontade potente de sair do corpo, porém, calma e lúcida. A vontade de sair do corpo já estava sendo mais presente nos últimos dias, mas ontem chegou ao ápice. Assim, houve uma propulsão da vontade, impregnação do subconsciente da idéia-projetiva. Fato importante foi à sessão de orientação parapsicológica e projeciológica para paciente, ocorrida no Hospital Universitário/UFSC (Projeto Amanhecer), enfermeira deste mesmo hospital, na quarta-feira, o qual relatava seu pânico em relação às sensações de flutuação para cima do corpo, muito ocorridas em sua vida. Houve uma sessão praticamente particular de projeciologia e parapsicologia, o qual esclareci sobre o fenômeno e formas de indução, além de outras particularidades específicas ao caso clínico e técnicas de enfrentamento do pânico, exame de crenças e estabelecimento de critérios de discernimento quanto ao que é estar “vivo” (intrafísico) e o que é estar “morto” (extrafísico). Aliás, nada mais didático que esclarecer sobre os assuntos parapsicológicos e projeciológicos sempre associados ao caso trazido clinicamente, cortando qualquer teorização sem maior aplicabilidade.

A sessão tomou tamanha lucidez de campo que permaneci nesta sintonia praticamente até a noite. Esta sessão, admito, motivou-me mais ainda a sair do corpo. Foi uma sessão de reprogramação mental projetiva, preparando o subconsciente a não ter medo das sensações e a deixar acontecer o fenômeno. Associa-se a isto a investigação de acesso ao holocampo cosmológico que programa minha consciência para a exoprojeção e para os acessos retrocognitivos a períodos intermissivos (entre-vidas).

Assim, a metodologia aplicada neste experimento é plural, auto e hetero-exploratória e participativa, onde induzo minha própria experiência a partir de aplicação de metodologia especializada, técnica, sem qualquer amadorismo.


II – Do Experimento

A experiência aconteceu nesta manhã de quinta-feira, dia 31/05/2012, aproximadamente pelas 7h. Eu estava ainda dentro de meu corpo quando tornei-me inteiramente lúcido de que estava começando a flutuar. A sensação é completamente real, como nas dezenas e dezenas de outras vezes que experimentei esta sensação. Desta vez ocorreu outro movimento. Como eu estava deitado de costas, com a barriga no meu colchão, tive a idéia de rolar para o lado e assim seria mais fácil de eu sair do corpo. Das outras vezes geralmente estou deitado com a barriga para cima (decúbito dorsal) e isto facilita a decolagem lúcida para frente ou mesmo em espiral, girando até a saída total do corpo. Foi a primeira vez que me recordo ter passado pela decolagem inteiramente lúcida, desde o momento anterior à projeção até a decolagem propriamente dita, usando da técnica da rolagem do psicossoma. Admito que no momento lembrei da técnica, tão falada nas obras projeciológicas, porém até então nunca tinha utilizado-a. A projeção foi de consciência contínua, com exceção de um curto período de devaneio, mas que não posso caracterizar aqui como perda de lucidez a ponto de torná-la uma projeção semi-consciente.

Ao perceber estar lúcido dentro do corpo e ter todas as condições de sair de forma lúcida para fora, fiquei levemente eufórico o que me levou a controlar minhas emoções e raciocinar sobre o “como” iria sair. A sensação temporal era diferente, fiquei um bom tempo raciocinando, pensando e “esperando” o insight. Quando decidi que iria rolar para o lado, comecei o movimento. Embora seja muito difícil descrever a fenomenologia projetiva tal como ocorre, a sensação era de “descolamento”, “desgrudamento” e aos poucos fui rolando para o lado esquerdo, o qual dei alguns rolamentos até ter a sensação de que estava completamente fora do corpo. Lembro-me de que antes de proceder ao rolamento, senti minha perna direita sair do corpo, primeiro, e fui simplesmente permitindo meu corpo ir se descolando até aplicar o rolamento.

Como em todos os meus experimentos mais técnicos, comecei a fazer teste de realidade, visando averiguar se estava ou não realmente fora do corpo. Já fora de meu corpo, neste momento olhei minha mão direita e acusei-a translúcida, esbranquiçada, com certo percentual de transparência, cuja característica da matéria de tal mão se aproxima de um tipo de energia rarefeita, muito leve, sutil e volátil. Algo como um vapor sutil, textura de uma neblina rarefeita sujeita as modulações e atividades cognitivas da consciência que o habita, embora não seja nem mesmo este corpo.

Em seguida introduzi-a na parede visando penetrar sua estrutura densa. A sensação de penetração, de minha mão atravessar a matéria da parede é intraduzível. Neste momento me veio uma euforia muito grande, mas uma euforia contida, internalizada, mais fácil de dominar. Eu estava fora de meu corpo, inteiramente lúcido. Resolvi com isso flutuar e atravessar o teto de meu quarto, que é o teto da casa, no segundo andar. A sensação de varar e de fato atravessar o teto é também inexplicável. Conforme os testes de realidade vão ocorrendo a euforia vai acompanhando junto a certeza absoluta de estar lúcido fora do corpo. Percebi-me fora de minha casa, flutuando no ar e a idéia-alvo sempre presente levou-me a desejar flutuar para fora do planeta, para mais um acesso ao holocampo cosmológico. Olhei o céu, estava claro e parcialmente nublado, mas sem possibilidade de chuvas (ao despertar, olhando a janela, avistei o céu tal como o vira em projeção). Eu estava completamente lúcido, raciocinando e tentando dominar as emoções e euforia por estar mais uma vez auto-comprovando minha própria sobrevivência e existência fora do corpo e cérebro. Veio-me a idéia de controlar as emoções para não voltar ao corpo. Minha euforia era alta. Sentia meu corpo inteiro eufórico. E controlei-me e comecei a flutuar para cima. No caminho tive uma perda de lucidez, não me recordo exatamente o que veio em mente, mas logo voltei à lucidez, mas já estava noutro local. Esta perda não sei explicar se é na rememoração ou se foi no trajeto, parece-me ser na rememoração pois foram muitos fatos para rememorar.

A perda de continuidade da lucidez foi muito pequena. Eu estava num local urbano e diante de uma mulher que parecia-me conhecida de infância, mas não posso precisar. Ao chegar perto dela eu digo: “Olha, eu estou fora do corpo!”. Ela respondeu: “Que? Que fora do corpo?”. Com certo tom de medo. Eu respondi: “Olhe aqui, me dê sua mão, ela irá atravessar a sua, veja!”. E de imediato, ela não conseguia apertar minha mão, porque a minha mão atravessava a mão dela. A sensação é impressionante. A experiência aponta para uma interação entre eu, como consciência projetada (estado projetivo) e uma outra pessoa não-projetada (estado intrafísico). Ela pareceu interagir comigo tal como se eu estivesse ali, encarnado, intrafisicalizado, sem saber. A minha euforia aumentou, eu estava realmente feliz com a experiência. A sensação de ter minha mão atravessada na mão de uma pessoa, ali, encarnada, no estado intrafísico, é intraduzível. Foi a primeira vez que obtive um experimento onde interagi conscientemente com alguém não projetado ou no estado extrafísico (espíritos). A rua estava cheia, em dado momento fiz mais vôos.

O processo inteiro posso considerar de consciência contínua, embora a minha rememoração não seja contínua, houve perda de fatos no processo de rememoração. Durante o vôo e as tentativas, raciocino e exteriorizo energia para ficar menos denso e aumentar minha potência de vôo (procedimento intencional, raciocinado e pensado tecnicamente). Percebi estar pesado e pensei que a densidade da energia poderia ser a causa da dificuldade de volitação, o que comprovei após a exteriorização.

III – Análise Parapsicológica e Projeciológica

O experimento mostrou-se dentro da fenomenologia psi-gama, especialmente a projeciológica, tal como investigado pela parapsicologia. As características são as das catalogadas EFC – experiências fora do corpo e similares às EQM – experiências de quase-morte.

A complexidade parafenomenológica deste experimento é mostrado pelos itens abaixo:

1.      Fatores múltiplos e interconectados, desencadeantes do experimento projetivo (condições de predisposição internas atuando sistemicamente)
2.      Saturação mental do subconsciente e reprogramação mental projetiva neutralizando a ação da fobia subconsciente e reações automáticas subconscientes anti-projeções.
3.      Decolagem lúcida por rolamento e estado mental de serenidade para a efetivação do procedimento técnico
4.      Coragem projetiva e potência volitiva
5.      Euforia e autodomínio emocional pelo raciocínio pausado em diálogo interno dirigido para a projeção lúcida
6.      Critérios de averiguação do estado projetivo e testes efetivos de realidade (metodologia para testes da realidade projetiva)
7.      Fenomenologia dos testes de realidade: (1) a sensação de estar fora do corpo; (2) o olhar as mãos; (3) o penetrar as mãos em alguma estrutura material/física; (3) o atravessar alguma estrutura material com o corpo inteiro; (4) o flutuar acima do chão em contraponto à ação potente do campo gravitacional quando no estado intrafísico; (5) o contato com outras consciências visando aumentar o teste de realidade. (6) outros procedimentos técnicos.
8.      Experiência subjetiva da parafenomenologia da projeção e sua quase incapacidade de tradução lingüística e comunicação. Necessidade de uma fenomenologia da experiência projetiva ao invés da descrição fria (que não traduz a subjetividade e a riqueza da experiência).
9.      Sensações parafenomenológicas da experiência de ver as mãos translúcidas
10.  Sensações parafenomenológicas da experiência de sentir as mãos atravessando uma parede ou estrutura física/material
11.  Sensações parafenomenológicas da experiência de sentir o corpo passar inteiramente por dentro de alguma estrutura material, como uma parede ou o teto do quarto por exemplo.
12.  Sensações parafenomenológicas da experiência de flutuar, volitar e alcançar o vôo extrafísico livre.
13.  Sensações parafenomenológicas da experiência de contatar consciências fora do corpo e interagir com as mesmas de forma lúcida, principalmente, com consciências intrafisicas (encarnadas), visando experimentos de testes de realidade.
14.  A sensação e a experiência completa de sair do corpo físico pelo rolamento calmo, sentindo a saída lúcida da consciência junto com segundo corpo (psicossoma, perispírito) e a sensação de “descolamento”, de realmente estar saindo de dentro do corpo estando lúcido durante todo o curso da experiência até a completa saída, a permanência lúcida fora do corpo e as experiências vividas até o retorno consciente ao corpo (interiorização) e rememoração em blocos, embora separados por unidades de memória.

Posso afirmar que este experimento foi um dos mais lúcidos que já tive em toda minha vida. Dentro da escala de lucidez projetiva, este pertence a um grau de alta lucidez: raciocínio calmo e cristalino, autodomínio emocional tranqüilo e técnico conjuntamente com o uso do raciocínio, acompanhado de total lucidez de que estava fora de meu corpo, em outra dimensão; total lucidez das minhas possibilidades de manifestação, como travessia da matéria e flutuação pela ação da vontade e mesmo domínio de manobras energéticas visando a sutilização das energias para aumentar a potência de flutuação e do vôo extrafísico. Domínio maior de técnicas para realização de testes de realidade e maior autoconfiança dos meus critérios utilizados para discernir se estou ou não fora de meu corpo.

Este experimento é uma conquista íntima que começa nesta vida nos meus 5 anos de idade, data de meus primeiros experimentos extracorpóreos conscientes e, adiante, resultado de esforços lúcidos, estudos sérios, investigações científicas da projetabilidade e do parapsiquismo, experimentos induzidos, assistência clínica a centenas de pacientes parapsíquicos e assim por diante. Mesmo com meu traço fardo da desatenção, dificuldade de concentração e organização mais impecável, ainda assim, sou um exemplo vivo de que mesmo com estas dificuldades internas, o esforço, a dedicação, a persistência, a coragem, o comprometimento, o interesse cosmológico, a cosmoética, e outros atributos em conjunto, como procedência extrafísica, tudo isto superou o traço e levou-me aos resultados que aqui expus e que publiquei em dezenas e dezenas de ensaios científicos da área.

Como hipótese de pesquisa, seria minha idade atual de 36 anos, vida mais estabilizada profissional e financeiramente, lúcida, com práticas contínuas de autopesquisa e cuidado de mim mesmo, reconciliações progressivas efetivadas e em efetivação, ausência quase total de conflitos ou pendências cármicas com familiares (principalmente a família nuclear), planejamento de vida mais estruturado, maior serenidade no dia a dia, envolvimento integral com o parapsiquismo em meu trabalho e mesmo atividade voluntária, envolvimento integral com a ajuda a pessoas necessitadas, estudos contínuos do campo parapsíquico e efetivação de experimentos também contínuos, tudo isto em conjunto atuariam como fatores facilitadores do fenômeno projetivo? A sensação de estar em dia com a tarefa de vida atuaria como fator de calmaria e desprendimento para a soltura da consciência para a realidade extrafísica, sem culpa ou como forma de fuga das responsabilidades humanas?


IV – Considerações finais

O experimento mostrou a mim mesmo novamente a certeza de minha sobrevivência fora do cérebro e a sempre alegria de saber que sobrevivo e de saber que a dimensão extrafísica do cosmos é habitat muito, mas muito mais interessante para a vida do espírito, razão pela qual motivo-me mais ainda a trilhar uma vida em direção a completude existencial para, com isso, usufruir do destino benigno que nos reserva o cosmos no pós-morte: na morada das estrelas.

A experiência de sair lúcido do corpo e toda a vivência subjetiva que a experiência possibilita é condição para a extinção completa de todo o medo da morte e aliança com a existência e com a vida. Uma tanatologia que não aborda os experimentos extracorpóreos conscientes não poderá de fato ajudar as pessoas a viverem o processo de morrer lúcido, antes da morte de fato. Sair do corpo de forma lúcida é morrer. É igual a morrer. Por isso tão importante aprender e viver as “mortes” antes de morrer.

O fenômeno pode ser chamado de “experiência de morte temporária”. Assim, quanto mais a pessoa acumula experiências de morrer temporariamente, ainda em vida, maior será sua segurança e confiança quanto ao que lhe aguardará no pós-morte. Poderá ainda em vida, estudar e vivenciar a experiência de sair do corpo e ainda, lembrar de como é sair do corpo, visto que esta mesma pessoa já saiu do corpo milhares de vezes, pois já morreu milhares de vezes. Com as experiências conscientes para fora do corpo, a pessoa vai passo a passo, reprogramando sua mente organizando as idéias distorcidas sobre a realidade extrafísica, sobre a vida e sobre a morte, sobre os espíritos e sobre si mesma.

Se a pessoa aproveitar mesmo as vivências, poderá encontrar uma rica fonte de sentido para sua vida, humana, aqui na Terra, mantendo ligações lúcidas com o cosmos extrafísico, ainda em vida, ao invés de esperar uma vida inteira para retornar a sua ligação cosmológica.

Da mesma forma, terá progressivamente a prova definitiva de sua própria sobrevivência. Não terá mais dúvida alguma de que ela mesma sobrevive sem qualquer corpo, fora do cérebro e sem pulmões. Os testes de realidade cada vez mais realizados tornarão a experiência fora do corpo tão real como qualquer experiência em Terra. A dúvida terminará, a necessidade de ter fé e de acreditar não estará mais presente, pois a pessoa conhecerá diretamente, experimentalmente, o que ocorre do “outro lado”: sem mística, sem folclore, sem fantasias, sem ocultismos e esoterismos, no real da existência.