Projeção Lúcida da Consciência para fora do Corpo (OOBE, EFC) |
Por Dr. Fernnado Salvino (MSc)
Parapsicólogo, Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta
NIAC-ABRAP-FEBRAP
I – Considerações
Iniciais
A experiência tem a característica de ser espontânea, mas
não posso assim caracterizá-la. O fato de eu nutrir continuamente a
idéia-projetiva, ser parapsicólogo tempo integral, clínico e pesquisador, torna
a espontaneidade uma hipótese não adequada. Assim, aplico a máxima de Muldoon,
quando diz que quem comanda a projeção consciente para fora do corpo é o
subconsciente, logo a projeção aqui pode ser considerada auto-induzida.
Especialmente ontem, antes de dormir, resolvi assuntos
sérios de minha vida e estava lidando com meu projeto de vida, estruturado,
onde tento tornar o mais exato possível minha rota nesta vida até a dessoma
(desencarne), e mesmo refletir sobre as vidas seguintes e mesmo o próximo
período intermissivo e metas almejadas.
Meu estado de lucidez prévio ao experimento era alto.
Ansiedade muito baixa, tendente a zero. Sensação íntima de presença no agora,
no tempo presente. Serenidade presente e vontade potente de sair do corpo,
porém, calma e lúcida. A vontade de sair do corpo já estava sendo mais presente
nos últimos dias, mas ontem chegou ao ápice. Assim, houve uma propulsão da vontade,
impregnação do subconsciente da idéia-projetiva. Fato importante foi à sessão
de orientação parapsicológica e projeciológica para paciente, ocorrida no
Hospital Universitário/UFSC (Projeto Amanhecer), enfermeira deste mesmo
hospital, na quarta-feira, o qual relatava seu pânico em relação às sensações
de flutuação para cima do corpo, muito ocorridas em sua vida. Houve uma sessão
praticamente particular de projeciologia e parapsicologia, o qual esclareci
sobre o fenômeno e formas de indução, além de outras particularidades
específicas ao caso clínico e técnicas de enfrentamento do pânico, exame de
crenças e estabelecimento de critérios de discernimento quanto ao que é estar
“vivo” (intrafísico) e o que é estar “morto” (extrafísico). Aliás, nada mais didático
que esclarecer sobre os assuntos parapsicológicos e projeciológicos sempre
associados ao caso trazido clinicamente, cortando qualquer teorização sem maior
aplicabilidade.
A sessão tomou tamanha lucidez de campo que permaneci nesta
sintonia praticamente até a noite. Esta sessão, admito, motivou-me mais ainda a
sair do corpo. Foi uma sessão de reprogramação mental projetiva, preparando o
subconsciente a não ter medo das sensações e a deixar acontecer o fenômeno.
Associa-se a isto a investigação de acesso ao holocampo cosmológico que
programa minha consciência para a exoprojeção e para os acessos retrocognitivos
a períodos intermissivos (entre-vidas).
Assim, a metodologia aplicada neste experimento é plural,
auto e hetero-exploratória e participativa, onde induzo minha própria
experiência a partir de aplicação de metodologia especializada, técnica, sem
qualquer amadorismo.
II – Do Experimento
A experiência aconteceu nesta manhã de quinta-feira, dia
31/05/2012, aproximadamente pelas 7h. Eu estava ainda dentro de meu corpo
quando tornei-me inteiramente lúcido de que estava começando a flutuar. A
sensação é completamente real, como nas dezenas e dezenas de outras vezes que
experimentei esta sensação. Desta vez ocorreu outro movimento. Como eu estava
deitado de costas, com a barriga no meu colchão, tive a idéia de rolar para o
lado e assim seria mais fácil de eu sair do corpo. Das outras vezes geralmente
estou deitado com a barriga para cima (decúbito dorsal) e isto facilita a
decolagem lúcida para frente ou mesmo em espiral, girando até a saída total do
corpo. Foi a primeira vez que me recordo ter passado pela decolagem
inteiramente lúcida, desde o momento anterior à projeção até a decolagem
propriamente dita, usando da técnica da
rolagem do psicossoma. Admito que no momento lembrei da técnica, tão falada
nas obras projeciológicas, porém até então nunca tinha utilizado-a. A projeção
foi de consciência contínua, com exceção de um curto período de devaneio, mas
que não posso caracterizar aqui como perda de lucidez a ponto de torná-la uma
projeção semi-consciente.
Ao perceber estar lúcido dentro do corpo e ter todas as
condições de sair de forma lúcida para fora, fiquei levemente eufórico o que me
levou a controlar minhas emoções e raciocinar sobre o “como” iria sair. A
sensação temporal era diferente, fiquei um bom tempo raciocinando, pensando e
“esperando” o insight. Quando decidi que iria rolar para o lado, comecei o
movimento. Embora seja muito difícil descrever a fenomenologia projetiva tal
como ocorre, a sensação era de “descolamento”, “desgrudamento” e aos poucos fui
rolando para o lado esquerdo, o qual dei alguns rolamentos até ter a sensação
de que estava completamente fora do corpo. Lembro-me de que antes de proceder
ao rolamento, senti minha perna direita sair do corpo, primeiro, e fui
simplesmente permitindo meu corpo ir se descolando até aplicar o rolamento.
Como em todos os meus experimentos mais técnicos, comecei a
fazer teste de realidade, visando averiguar se estava ou não realmente fora do
corpo. Já fora de meu corpo, neste momento olhei minha mão direita e acusei-a
translúcida, esbranquiçada, com certo percentual de transparência, cuja
característica da matéria de tal mão se aproxima de um tipo de energia
rarefeita, muito leve, sutil e volátil. Algo como um vapor sutil, textura de
uma neblina rarefeita sujeita as modulações e atividades cognitivas da
consciência que o habita, embora não seja nem mesmo este corpo.
Em seguida introduzi-a na parede visando penetrar sua
estrutura densa. A sensação de penetração, de minha mão atravessar a matéria da
parede é intraduzível. Neste momento me veio uma euforia muito grande, mas uma
euforia contida, internalizada, mais fácil de dominar. Eu estava fora de meu
corpo, inteiramente lúcido. Resolvi com isso flutuar e atravessar o teto de meu
quarto, que é o teto da casa, no segundo andar. A sensação de varar e de fato
atravessar o teto é também inexplicável. Conforme os testes de realidade vão
ocorrendo a euforia vai acompanhando junto a certeza absoluta de estar lúcido
fora do corpo. Percebi-me fora de minha casa, flutuando no ar e a idéia-alvo
sempre presente levou-me a desejar flutuar para fora do planeta, para mais um
acesso ao holocampo cosmológico. Olhei o céu, estava claro e parcialmente
nublado, mas sem possibilidade de chuvas (ao despertar, olhando a janela,
avistei o céu tal como o vira em projeção). Eu estava completamente lúcido,
raciocinando e tentando dominar as emoções e euforia por estar mais uma vez
auto-comprovando minha própria sobrevivência e existência fora do corpo e
cérebro. Veio-me a idéia de controlar as emoções para não voltar ao corpo.
Minha euforia era alta. Sentia meu corpo inteiro eufórico. E controlei-me e
comecei a flutuar para cima. No caminho tive uma perda de lucidez, não me recordo
exatamente o que veio em mente, mas logo voltei à lucidez, mas já estava noutro
local. Esta perda não sei explicar se é na rememoração ou se foi no trajeto,
parece-me ser na rememoração pois foram muitos fatos para rememorar.
A perda de continuidade da lucidez foi muito pequena. Eu
estava num local urbano e diante de uma mulher que parecia-me conhecida de
infância, mas não posso precisar. Ao chegar perto dela eu digo: “Olha, eu estou
fora do corpo!”. Ela respondeu: “Que? Que fora do corpo?”. Com certo tom de
medo. Eu respondi: “Olhe aqui, me dê sua mão, ela irá atravessar a sua, veja!”.
E de imediato, ela não conseguia apertar minha mão, porque a minha mão
atravessava a mão dela. A sensação é impressionante. A experiência aponta para
uma interação entre eu, como consciência projetada (estado projetivo) e uma
outra pessoa não-projetada (estado intrafísico). Ela pareceu interagir comigo
tal como se eu estivesse ali, encarnado, intrafisicalizado, sem saber. A minha
euforia aumentou, eu estava realmente feliz com a experiência. A sensação de
ter minha mão atravessada na mão de uma pessoa, ali, encarnada, no estado
intrafísico, é intraduzível. Foi a primeira vez que obtive um experimento onde
interagi conscientemente com alguém não projetado ou no estado extrafísico
(espíritos). A rua estava cheia, em dado momento fiz mais vôos.
O processo inteiro posso considerar de consciência contínua,
embora a minha rememoração não seja contínua, houve perda de fatos no processo
de rememoração. Durante o vôo e as tentativas, raciocino e exteriorizo energia
para ficar menos denso e aumentar minha potência de vôo (procedimento
intencional, raciocinado e pensado tecnicamente). Percebi estar pesado e pensei
que a densidade da energia poderia ser a causa da dificuldade de volitação, o
que comprovei após a exteriorização.
III – Análise
Parapsicológica e Projeciológica
O experimento mostrou-se dentro da fenomenologia psi-gama,
especialmente a projeciológica, tal como investigado pela parapsicologia. As
características são as das catalogadas EFC – experiências fora do corpo e
similares às EQM – experiências de quase-morte.
A complexidade parafenomenológica deste experimento é
mostrado pelos itens abaixo:
1. Fatores
múltiplos e interconectados, desencadeantes do experimento projetivo (condições
de predisposição internas atuando sistemicamente)
2. Saturação
mental do subconsciente e reprogramação mental projetiva neutralizando a ação
da fobia subconsciente e reações automáticas subconscientes anti-projeções.
3. Decolagem
lúcida por rolamento e estado mental de serenidade para a efetivação do
procedimento técnico
4. Coragem
projetiva e potência volitiva
5. Euforia
e autodomínio emocional pelo raciocínio pausado em diálogo interno dirigido
para a projeção lúcida
6. Critérios
de averiguação do estado projetivo e testes efetivos de realidade (metodologia
para testes da realidade projetiva)
7. Fenomenologia
dos testes de realidade: (1) a sensação de estar fora do corpo; (2) o olhar as
mãos; (3) o penetrar as mãos em alguma estrutura material/física; (3) o atravessar
alguma estrutura material com o corpo inteiro; (4) o flutuar acima do chão em
contraponto à ação potente do campo gravitacional quando no estado intrafísico;
(5) o contato com outras consciências visando aumentar o teste de realidade.
(6) outros procedimentos técnicos.
8. Experiência
subjetiva da parafenomenologia da projeção e sua quase incapacidade de tradução
lingüística e comunicação. Necessidade de uma fenomenologia da experiência
projetiva ao invés da descrição fria (que não traduz a subjetividade e a
riqueza da experiência).
9. Sensações
parafenomenológicas da experiência de ver as mãos translúcidas
10. Sensações
parafenomenológicas da experiência de sentir as mãos atravessando uma parede ou
estrutura física/material
11. Sensações
parafenomenológicas da experiência de sentir o corpo passar inteiramente por
dentro de alguma estrutura material, como uma parede ou o teto do quarto por
exemplo.
12. Sensações
parafenomenológicas da experiência de flutuar, volitar e alcançar o vôo
extrafísico livre.
13. Sensações
parafenomenológicas da experiência de contatar consciências fora do corpo e
interagir com as mesmas de forma lúcida, principalmente, com consciências
intrafisicas (encarnadas), visando experimentos de testes de realidade.
14. A sensação
e a experiência completa de sair do corpo físico pelo rolamento calmo, sentindo
a saída lúcida da consciência junto com segundo corpo (psicossoma, perispírito)
e a sensação de “descolamento”, de realmente estar saindo de dentro do corpo
estando lúcido durante todo o curso da experiência até a completa saída, a
permanência lúcida fora do corpo e as experiências vividas até o retorno
consciente ao corpo (interiorização) e rememoração em blocos, embora separados
por unidades de memória.
Posso afirmar que este experimento foi um dos mais lúcidos
que já tive em toda minha vida. Dentro da escala de lucidez projetiva, este
pertence a um grau de alta lucidez: raciocínio calmo e cristalino, autodomínio
emocional tranqüilo e técnico conjuntamente com o uso do raciocínio,
acompanhado de total lucidez de que estava fora de meu corpo, em outra
dimensão; total lucidez das minhas possibilidades de manifestação, como
travessia da matéria e flutuação pela ação da vontade e mesmo domínio de
manobras energéticas visando a sutilização das energias para aumentar a
potência de flutuação e do vôo extrafísico. Domínio maior de técnicas para
realização de testes de realidade e maior autoconfiança dos meus critérios
utilizados para discernir se estou ou não fora de meu corpo.
Este experimento é uma conquista íntima que começa nesta
vida nos meus 5 anos de idade, data de meus primeiros experimentos
extracorpóreos conscientes e, adiante, resultado de esforços lúcidos, estudos
sérios, investigações científicas da projetabilidade e do parapsiquismo,
experimentos induzidos, assistência clínica a centenas de pacientes
parapsíquicos e assim por diante. Mesmo com meu traço fardo da desatenção,
dificuldade de concentração e organização mais impecável, ainda assim, sou um
exemplo vivo de que mesmo com estas dificuldades internas, o esforço, a
dedicação, a persistência, a coragem, o comprometimento, o interesse
cosmológico, a cosmoética, e outros atributos em conjunto, como procedência
extrafísica, tudo isto superou o traço e levou-me aos resultados que aqui expus
e que publiquei em dezenas e dezenas de ensaios científicos da área.
Como hipótese de pesquisa, seria minha idade atual de 36
anos, vida mais estabilizada profissional e financeiramente, lúcida, com
práticas contínuas de autopesquisa e cuidado de mim mesmo, reconciliações
progressivas efetivadas e em efetivação, ausência quase total de conflitos ou
pendências cármicas com familiares (principalmente a família nuclear),
planejamento de vida mais estruturado, maior serenidade no dia a dia,
envolvimento integral com o parapsiquismo em meu trabalho e mesmo atividade
voluntária, envolvimento integral com a ajuda a pessoas necessitadas, estudos
contínuos do campo parapsíquico e efetivação de experimentos também contínuos,
tudo isto em conjunto atuariam como fatores facilitadores do fenômeno
projetivo? A sensação de estar em dia com a tarefa de vida atuaria como fator
de calmaria e desprendimento para a soltura da consciência para a realidade
extrafísica, sem culpa ou como forma de fuga das responsabilidades humanas?
IV – Considerações
finais
O experimento mostrou a mim mesmo novamente a certeza de
minha sobrevivência fora do cérebro e a sempre alegria de saber que sobrevivo e
de saber que a dimensão extrafísica do cosmos é habitat muito, mas muito mais
interessante para a vida do espírito, razão pela qual motivo-me mais ainda a
trilhar uma vida em direção a completude existencial para, com isso, usufruir
do destino benigno que nos reserva o cosmos no pós-morte: na morada das
estrelas.
A experiência de sair lúcido do corpo e toda a vivência
subjetiva que a experiência possibilita é condição para a extinção completa de
todo o medo da morte e aliança com a existência e com a vida. Uma tanatologia
que não aborda os experimentos extracorpóreos conscientes não poderá de fato
ajudar as pessoas a viverem o processo de morrer lúcido, antes da morte de
fato. Sair do corpo de forma lúcida é morrer. É igual a morrer. Por isso tão
importante aprender e viver as “mortes” antes de morrer.
O fenômeno pode ser chamado de “experiência de morte
temporária”. Assim, quanto mais a pessoa acumula experiências de morrer
temporariamente, ainda em vida, maior será sua segurança e confiança quanto ao
que lhe aguardará no pós-morte. Poderá ainda em vida, estudar e vivenciar a
experiência de sair do corpo e ainda, lembrar de como é sair do corpo, visto
que esta mesma pessoa já saiu do corpo milhares de vezes, pois já morreu
milhares de vezes. Com as experiências conscientes para fora do corpo, a pessoa
vai passo a passo, reprogramando sua mente organizando as idéias distorcidas
sobre a realidade extrafísica, sobre a vida e sobre a morte, sobre os espíritos
e sobre si mesma.
Se a pessoa aproveitar mesmo as vivências, poderá encontrar
uma rica fonte de sentido para sua vida, humana, aqui na Terra, mantendo ligações
lúcidas com o cosmos extrafísico, ainda em vida, ao invés de esperar uma vida
inteira para retornar a sua ligação cosmológica.
Da mesma forma, terá progressivamente a prova definitiva de
sua própria sobrevivência. Não terá mais dúvida alguma de que ela mesma
sobrevive sem qualquer corpo, fora do cérebro e sem pulmões. Os testes de
realidade cada vez mais realizados tornarão a experiência fora do corpo tão
real como qualquer experiência em Terra. A dúvida terminará, a necessidade de
ter fé e de acreditar não estará mais presente, pois a pessoa conhecerá
diretamente, experimentalmente, o que ocorre do “outro lado”: sem mística, sem
folclore, sem fantasias, sem ocultismos e esoterismos, no real da existência.