28.5.12

Aprendendo a Viver e Morrer [Desencarnar, Dessomar] de Forma Lúcida

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta




Um dia li nos livros do antropólogo Carlos Castañeda a seguinte premissa básica para uma vida lúcida:

"A morte é nossa fiel conselheira".

Então é pensando na morte, de frente, com coragem, que estarei examinando junto com você seu sentido na vida humana, ou melhor, alguns de seus sentidos e como aproveitarmos melhor a vida em direção a uma experiência mais lúcida, mesmo vivendo atualmente numa época crítica na evolução do planeta e da sociedade.

Nascer é morrer

Nascer é morrer. Ao nascer já começa a contagem regressiva, cronológica em direção à única verdade realmente certa que temos na vida: iremos morrer e não sabemos como e nem quando.

Precisamos encarar isso de frente, com coragem máxima:

Iremos morrer, não sabemos como e nem quando.

O que é morrer?


Morrer é um fenômeno simples. A consciência (espírito, eu, personalidade, alma) acha-se em determinadas condições incapaz de coabitar o corpo e, assim, sai definitivamente para fora do corpo, rompendo as conexões energéticas que geram a conexão consciência-corpo, retornando à dimensão extrafísica que habitava antes de re-nascer.

Embora o fenômeno seja simples, sua ocorrência é muito complexa, pois a experiência de morrer varia de pessoa à pessoa, e é antes de ser um fenômeno frio como descrevi acima, é uma vivência profundamente subjetiva, qualitativa, levando em consideração algumas variáveis importantes para entendimento e comentarei um a um:

1. A forma de morrer:

A forma de morrer determina, em grande medida, a vida após morte. Se a pessoa de uma hora para outra sofre um acidente, contrai uma doença terminal fulminante, um ataque cardíaco inesperado ou algo desta natureza, tais circunstâncias determinam de forma geral, nosso estado de consciência no pós-morte. Isto quer dizer que a maioria das pessoas que morrem desta forma, acabam por não saber que morreram. Morrem e permanecem numa condição interna de desconhecimento de sua situação, mesmo que isto seja temporário. A isto chamamos de parapsicose ou psicose pós-morte, que é o estado de dissociação da realidade interna em relação à dimensão o qual estamos habitando.

Mas se a pessoa morre de forma mais natural, a probabilidade de entendimento de sua real condição é muito maior, portanto, uma morte mais natural predispõe que a pessoa saiba, de alguma maneira que morreu e, agora, vive noutra condição cosmológica e evolutiva. Mas a forma de morrer está ligada a outras variáveis internas, psíquicas, principalmente as relacionadas com a experiência de vida multidimensional, os condicionamentos e outras variáveis importantes.

Solução: evite acidentes, viva com precaução, cuide de sua saúde o máximo que puder e sem paranóias, cuide de seus sentimentos e emoções evitando problemas cardiovasculares; cuide de sua vida e evite acidentes de percurso; vida de forma preventiva, porém sem medo ou paranóia, com confiança na vida. Construa um caminho consciente de uma morte natural e sadia.

2. O estado de lucidez no momento da morte:

Morremos e permanecemos após a morte no mesmo estado de lucidez que estávamos antes de morrer. Portanto, se nutrimos uma vida lúcida no momento da morte, se mantivermos a mesma lucidez, com coragem, sem medo, enfrentando esta alteração de estado de consciência (vida humana para morte ou vida extrafísica), assim a morte será tranquila e prazerosa. Quanto mais lúcida a consciência no momento da morte, mais tranquila e prazerosa se torna a experiência. Quanto menos lúcida e mais fóbica é a consciência no momento da morte, menor será o aproveitamento desta experiência e, poderá ser uma passagem inconsciente e uma morte não percebida. Neste caso, a pessoa vive mas não sabe ao certo onde está e o que houve.

Solução: Nutra uma vida lúcida, estude mais os assuntos transcendentes, pense mais por si mesmo, e tenha uma visão pessoal, lúcida, sobre a morte.

3. A sensação interna de ter cumprido no todo ou em parte a missão de vida humana:

Todos nós viemos ao planeta para ajudar a si mesmo a evoluir e ajudar as pessoas a evoluírem. No momento em que transformamos a vida num jardim de infância, num turismo imaturo e mesmo num mar de lamentações e sofrimento, estamos evitando de executar aquilo que nos propusemos realizar antes de nascer e que nos motivou retornar a este planeta: ajudar uns aos outros de forma lúcida e dinamizar a evolução cósmica. Quando nos tornamos ausentes de nossas tarefas de vida, plantamos a depressão, a melancolia, a angústia crônica e as doenças mentais de forma geral e, com isso, começamos a plantar um experiência de morrer sem lucidez e manteremos a depressão e melancolia pós-morte.

Por outro lado, se executarmos nossas tarefas de vida humana, viveremos com maior prazer, mais felicidade, maior realização íntima, maior conexão cósmica com os espíritos superiores da evolução e nutriremos um nível de lucidez acima do comum, numa conexão consciente com a vida e o universo, facilitando o entendimento da vida, da morte e do motivo que nos faz estar aqui.

Solução: identifique, defina e execute sua tarefa ou missão de vida. Não importa a idade que você está. O tempo é relativo e você comprimir o tempo com sua força de vontade, fazendo de 10 anos, uma vida inteira de realizações. Pare de "empurrar com a barriga" sua existência. Lembre-se que você pode morrer a qualquer momento e precisa estar preparado para isso. No momento que morrer, o que fica para você são seus resultados evolutivos e sua sensação interna de realização e conexão cósmica.

4. A sensação interna de pendências com pessoas (conflitos não resolvidos em vida):

Quanto menores são as pendências, maior é o desprendimento no momento da morte. Menor é a probabilidade de uma morte com arrependimentos. Portanto, a pessoa que nutre uma vida de reconciliações, que consegue perdoar aqueles que lhe cometeram alguma falta (o que é comum e normal numa vida), consegue sentir a liberdade de ação e desprende-se da Terra em direção às dimensões extrafisicas superiores e benignas, profundamente pacificas e transcendentes.

Quanto maiores são as pendências de conflitos com pessoas, maior é o vínculo com o planeta e a necessidade de manter ligações com estas pessoas. Este vínculo patológico mantém a pessoa ligada à Terra, as Colônias espirituais ou extrafísicas mais atrasadas (como "Nosso Lar") e impedem a pessoa de transcender para fora da Terra em direção as dimensões cósmicas superiores da existência do espírito.

Solução: Assistencialize toda sua vida. Transforme seu trabalho num instrumento de ajuda eficaz para a evolução da consciência. Não importa tanto o que você faz, mude a perspectiva de sua ação e descubra a essência de estar vivo e no mundo, neste planeta. Faça uma lista de todas as pessoas que têm algum tipo de conflito e planeje uma reconciliação definitiva. Procure nutrir uma vida mais pacífica e vá aos poucos sublimando a agressividade pelo fraternismo lúcido através da ajuda às pessoas, das conhecidas às desconhecidas, envolvendo-se inclusive em trabalhos voluntários assistenciais.

5. O nível de apego ao universo material, ao poder, ao status:

Quanto maior é o apego a estas condições ilusórias da existência humana, maior é a dificuldade de morrer e se desprender da Terra em direção às dimensões cósmicas superiores. Assim, esta pessoa apegada viverá uma morte sem lucidez e nutrirá possíveis crises pós-morte, sofrendo com a perda do status, do poder e dos bens materiais e outras condições próprias da vida humana, até mesmo o sexo e a energia sexual.

Quanto maior é o emprego lúcido do poder, do status e dos bens materiais, do sexo e da energia sexual (sexometria consciente), menor é o apego e maior é o desprendimento, em virtude da pessoa estar ancorada na essência e não na matéria. Assim, esta pessoa mais ancorada na essência, nutre a probabilidade de uma morte lúcida e desprendida, saindo mais facilmente da dimensão humana e migrando para a extrafisicalidade.

Solução: apegue-se mais à essência e use o poder, o status e o universo material para as tarefas de assistência e para a execução de sua missão de vida.

6. O nível de apego aos familiares e entes queridos:

Prepare-se continuamente para separar-se de seus entes queridos ou as pessoas que mais ama em sua vida. Precisamos aprender continuamente a estar e não-estar com as pessoas que amamos. Se ao nascer sabemos que iremos morrer, em algum momento iremos nos separar de quem amamos. Assim, precisamos compreender que a natureza da vida e da evolução é lidarmos com o estar e o não-estar com quem amamos. Precisamos aos poucos e com o passar das vidas, suportar a pressão aguda da perda de quem mais amamos, seja um filho, uma esposa/esposo, uma mãe e pai, irmãos e assim por diante. Precisamos sublimar o egoismo de quer sempre junto conosco quem amamos e permitir o direito à plena liberdade de ação do espírito pelo universo.

Solução: Portanto, expresse mais o que sente pelas pessoas que ama. Viva cada momento como se fosse o último, para que não se arrependa depois que não viveu ou que deixou de dizer "eu te amo" para quem mais ama e mais considera. Permita-se amar mais e evite o máximo agredir aqueles que mais te ama e aqueles que mais você ama. Coloque acima de tudo o amor e o respeito sincero, sobre qualquer desavença ou conflito de opinião política, religiosa, cientifica, filosófica ou existencial. Valorize mais o afeto puro do que as idéias conflitantes de concepções de vida. Compreenda cada vez mais o direito que todos temos de sermos quem somos e nutra maior respeito pelo direito que os outros têm de serem quem eles são. Fale mais para quem você ama o que precisa ser falado, não deixando para falar isso depois que a pessoa morrer, partir, evitando com isso, a tendência à procura pela comunicação mediúnica egoísta. Faça agora para não se arrepender depois. Ame mais e critique menos as pessoas que ama. Ajude mais e julgue menos. E com isso plante uma morte pessoal mais serena e pacífica.

7. O grau de compreensão lúcida do processo de morrer:

Estude mais a fundo o que é a morte. Construa para si mesmo uma visão pessoal, lúcida e coerente com a realidade, do que seja a morte. Investigue com coragem e saiba o que lhe aguarde. O melhor método é sair do corpo de forma lúcida e lembrar de suas mortes anteriores, após suas vidas passadas. Faça o que for necessário para substituir a crença pelo conhecimento. Não torne a morte um campo gerador de angústia, mas sim, um campo gerador de motivação para viver e fazer tudo o que precisa ser feito, porque o que nos aguarda é proporcional aquilo que somos e fazemos em vida.

Solução: estude seriamente a ciência da consciência, da projeção para fora do corpo, a parapsicologia, a projeciologia, a conscienciologia, a psicobiofísica, o espiritismo científico, e outros campos afins. Evite os livros psicografados e os romances "água com açúcar" e estude seriamente o campo da evolução sem medo, com coragem.

8. O condicionamento mental diante da concepção pessoal de morrer:

Uma vida condicionada, uma mente escrava de concepções, dogmas religiosos inverificáveis, crenças sem verificação empírica, torna a morte uma experiência manipulada. O processo de morrer é diretamente proporcional ao que a pessoa pensa sobre a vida, a morte, a evolução, Deus, etc. Se ela nutre concepções de Céu, Inferno, castigo divino, recompensa e assim por diante, a pessoa está manipulando seu destino ao invés de ter uma experiência real da morte, livre dos dogmas e das concepções distorcidas da realidade.

Inferno, Céu, Deus, não são realidades vivenciadas na morte. Quando o espírito morre e deixa o corpo aqui na Terra, ele prossegue sem encontrar "Deus", sem encontrar Céu ou Inferno. Ele encontra a si próprio e encontra-se noutra dimensão cosmológica relacionada com seu estado de consciência, lucidez, condicionamento, autoconhecimento e maturidade cósmica. Inferno ou Céu é o que é o mundo mental do espírito, esteja ele na Terra, esteja ele nas dimensões extrafísicas no pós-morte. "Deus" pertence ao campo transcientífico e somos incapazes de compreender tal realidade, mesmo após morrermos. A crença de que iremos viver no seio de Deus ou iremos nos fundir com Deus, não tem correspondência com o real que acontece no pós-morte, evidenciado pelas experiências científicas e clínicas.

Solução: descondicione-se o máximo que puder. Torne sua mente mais fluida e aberta, evitando apegar-se a conceitos, crenças, idéias e viva mais na realidade e se precisar mudar de idéia, de crença e concepção, torne o processo mais natural. Como diz o pensamento chinês, a única coisa que nunca muda é que tudo está em constante mutação.

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