22.2.12

Evidências Experimentais da Exteriorização e Interiorização Lúcida nos Experimentos Extracorpóreos


Representação de uma Exteriorização Lúcida.
 Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico e Psicoterapeuta
Parapsicólogo e Projeciólogo - ABRAP/FEBRAP/NIAC


1. Das Considerações

A exteriorização lúcida para fora do corpo me transparece como uma das experiências mais marcantes dentro do todo experiencial pelo qual o fenômeno projetivo se insere e se manifesta. E, no outro extremo do ciclo projetivo, está o fenômeno do retorno ou interiorização lúcida para dentro do corpo. O que narrarei abaixo demonstra em experiências diferentes as duas realidades: a primeira, a decolagem lúcida e, a segunda, o retorno lúcido.

Trata-se de experiências no âmbito da pesquisa do fenômeno “experiência fora do corpo” ou mais precisamente, do fenômeno projetivo que engloba um ciclo mais completo, admitindo a possibilidade de lucidez não somente na “experiência fora do corpo” propriamente dita, mas também do exato momento que a consciência ou psi, começa a se deslocar da conexão com o corpo humano e decola para fora do mesmo, assim como do momento em que a consciência ou psi, retorna ao corpo e se interioriza dentro do cérebro, tal parece ser a sensação vivencial fenomenológica.

Assim, não tratarei aqui da experiência fora do corpo propriamente dita, mas no que antecede a mesma e no que a procede, sendo campo obscuro das investigações parapsicológicas, especialmente, as projeciológicas.

A zona experiencial aqui tratada é justamente a que a maioria de nós permanecemos no sonambulismo astral (Muldoon) ou projetivo (Vieira), onde pulamos do estado de coincidência dentro do corpo, para, estar lúcido já fora do corpo e mesmo no retorno, quando nos damos conta, já estamos no corpo ou ainda no estado cataléptico, sem a consciência do fenômeno que ocorre nos intervalos de tempo. Digo com precisão que a decolagem lúcida dende a coincidência até o descolamento e ao total desdobramento lúcido não deixa qualquer dúvida ao experimentador da veracidade do fenômeno e da natureza extracorpórea de si mesmo. Já a experiência fora do corpo, isolada, pode fazer-se passar por sonho, alucinação, ou loucura, caso o experimentador não for mais preciso e honesto em suas pesquisas pessoais.

Muito temos a respeito das experiências fora do corpo, mas pouco a respeito das outras fases do ciclo projetivo, do ponto de vista fenomenológico, vivenciado. Muita teoria e pouco experimento. Eu mesmo os vivencio com raridade, mas as raras vezes que tive a oportunidade de vivenciá-las, tentarei aqui trazer como evidência experimental do fenômeno.

Neste sentido, minha intenção aqui é trazer tais experiências para ampliar a investigação do fenômeno projeciológico completo e situar tais experiências no âmbito da para-aprendizagem ou para-educação, tamanha a relevância para o autoconhecimento de algumas realidades, tais como:

1. natureza do espírito/consciência: experiência direta da dissociação;
2. natureza do holossoma: principalmente, o soma, energossoma (duplo etérico), cordão de prata e psicossoma (perispírito).
3. lucidez exata do momento de separação da consciência do cérebro, pela vivência direta do descolamento psicobiofísico.

Dentro das revisões de literatura comumente realizadas, embora não vá me ocupar neste ensaio, temos que muito pouco se publicou a respeito dos processos da saída consciente propriamente dita para fora do corpo, muito menos da interiorização consciente. O motivo é simples: é mais fácil que ocorra a lucidez já fora do corpo do que nos dois momentos aqui pesquisados. A pobreza de registros do momento exato da saída e do momento do retorno evidenciam a fugacidade da experiência. Por outro lado, encontramos na casuística de projetores mais experientes tais registros. Ater-me-ei aqui somente em minhas experiências pessoais, pois é o chão firme o qual posso pisar.

As fases anteriores à experiência fora do corpo e posteriores se passam inconscientes e despercebidas: sonambúlicas. As razões de tal fato são muito complexas e adentram inclusive na imaturidade multidimensional e projetiva da pessoa, assim com no caso da resistência a fenômenos indutores de mudanças profundas, diretas, como são a exteriorização e a interiorização. É assim que situo as experiências iniciais do ciclo projetivo, a decolagem consciente e o retorno ou interiorização consciente. Ambos são fenômenos ricos e complexos para o entendimento fenomenológico e sistêmico e geradores de crises, devido a vivacidade da experiência.

2. Das Evidências Experimentais

Caso 1: Exteriorização pelo Descolamento Cérebro-Pulmonar 

Este caso é de uma decolagem consciente parcial induzida pelo relaxamento psico-bio-energético sexual.

O experimento se deu após relaxamento intenso provocado por atividade sexual seguida de orgasmo. O orgasmo provocou em mim uma sensação de completo bem-estar e soltura energética, áurica.

Ao deitar preparando-me para dormir, quando me dei por conta já estava lúcido iniciando o processo da decolagem pelo Psicossoma. A sensação era estranha. Neste dia devido a mudança de temperatura senti com mais intensidade meus pulmões através de uma leve crise asmática. A sensação de estar descolando do corpo, lucidamente, me trouxe uma certa angústia fóbica em virtude da separação da área pulmonar.

Projetar a área pulmonar foi difícil, devido ao condicionamento provocado pela dependência subconsciente do processo respiratório. De acordo com relato de minha mulher, meu corpo estava em processo de espasmos leves, porém visíveis, quando retorno ao corpo. O retorno se deu (hipótese) pelo fato de ter ouvido o som de uma espécie de ronco aflitivo provocado pelo descolamento da paracabeça e dos parapulmões do Psicossoma diante do Soma.
Ao despertar, estava lúcido e sem nenhuma interrupção da continuidade da lucidez.

É complicado colocar em palavras a sensação de estar lúcido no ato da decolagem da consciência para fora do corpo. Admito que existe certo receio de minha parte neste processo razão pela qual a grande maioria das projeções conscientes que experiencio são aquelas em que fico lúcido quando já fora do corpo, passando esta fase inicial inconsciente.

Caso 2: Exteriorização pelo Estado Vibracional

Este caso é de decolagem consciente completa, auto-induzida pela técnica do estado vibracional. Estava estudando para uma prova na universidade e eu estava aproximadamente no ano de 1997. Estava estafado mentalmente de tanto estudar e resolvi realizar um relaxamento e mobilizar minhas energias, visando instalar o estado vibracional. Seria a primeira vez que iria aplicar a técnica.

Deitei em meu colchão e fiz o relaxamento. Mal deitei senti minha psicosfera expandir sem esforço, acompanhado de sensação de leveza e tranquilidade. Começei a mobilizar as energias da cabeça aos pés em movimentos de pulso intenso e potente e, em poucos segundos, a intensificação foi tão alta que entrei num estado de ressonância pulsante quase violenta, onde todo meu corpo e meu campo começou a vibrar potentemente e eu ali em transe consciente de tudo que se passava por mim. A intensificação tomou proporções violentas e literalmente dei um salto para fora do corpo uns centimetros acima e começei a rodopiar velozmente em movimentos espiralados em direção ao teto do quarto e uma voz bem ao lado de meu lado direito me sugeria não pensar e ficar tranquilo que era assim mesmo. Estava rodopiando no alto do teto do quarto acompanhado desta consciência que me orientava a vivência. Em dado momento começei sentir medo e retornei ao corpo. Todo meu corpo estava potentemente eletrizado, em mini-convulsões, meu coração disparado e minha respiração ofegante. Nunca mais consegui instalar este potente estado vibracional e a exteriorização lúcida desta maneira.

Caso 3: Decolagem Assistida por Ser Extrafísico Benevolente

Este caso é de decolagem consciente completa, assistida por amparador, após investimento intenso na técnica da saturação mental projetiva do subconsciente. Colei em meu quarto uma série de imagens projetivas, com representações imagéticas de projeções. Queria eu saturar meu subconsciente para a idéia-alvo de sair do corpo lucidamente, na interiorização. As imagens eram de exteriorização lúcida. Em dado dia, quando me dei por conta, estava semi-exteriorizado, com parte da para-cabeça para fora da cabeça física, creio que metade para fora. Ao olhar para minha frente avistei uma pessoa, esbranquiçada, de corpo etérico leve e fluido, com vestimenta branca reluzindo a cor esbranquiçada de seu corpo. Sua benevolência era nítida e estava ali para me ajudar. Ela/ele fazia gestos com as duas mãos do tipo: "vem.. vem" e sua voz acoava diretamente na minha consciência em nítida telepatia extrafísica. Seus gestos atuaram em mim como verdadeiros comandos hipnóticos e com força colossal começei a arrancar-me para fora do corpo, senti-me como se realmente estivesse saindo de dentro do corpo, descolando-me dele, soltando esta roupa fisiológica em direção à extrafisicalidade. Quando estava saindo do corpo, ouvia os sons de estrondos dentro de minha cabeça e sons vibracionais intensos generalizados no ambiente. A sensação é intraduzível em palavras. É como se fosse a liberdade vivida e a hiper-fecilidade em um micro-segundo de libertação mental e psíquica. O ser ali adiante de mim foi se afastando e começei a flutuar para fora do corpo e atravessei o teto do meu quarto por dentro da matéria física da parede. Quando me vi, estava flutuando fora de minha casa, acima do espaço do telhado e, em dado momento que não me recordo bem, voltei ao corpo sem qualquer lucidez do trajeto de retorno.

Caso 4: "Que Deus me dê sobriedade para aceitar a realidade!"

Este caso é de interiorização ou retorno consciente completo, dentro de um contexto experiencial mais amplo, após investimento intenso na técnica da saturação mental projetiva do subconsciente.

Há cerca muitos anos atrás, eu estava no meio de um sonho. Eu falava com uma mulher que era uma cliente ainda da época que era advogado ambientalista, sobre algum assunto que não me recordo, porém, no meio da conversa começei a ficar consciente e pensei: "é a Dona Zuleica!" e em seguida, começei a ficar lúcido e lúcido até que o cenário modificou-se. Eu estava em Laguna/SC e tinha um barco antigo parado no mar. Alguma força que não compreendo, me fez olhar o barco, mais parecido com um navio grande, antigo, quando começei a realizar a volitação extrafísica, lúcida. Em dado momento, atravessei a parede do casco do barco, como de costume nos vôos extrafísicos e por minha surpresa, lá dentro estavam escravos negros como na época antiga, sentados em lugares específicos onde remavam. Todos eles tinham as mãos cortadas. E eu ali no meio de um vôo por dentro do barco, vôo este que deve ter durado segundos, mas minha percepção permaneceu atuante numa atemporalidade. Uma das escravas (desencarnada, consciência extrafísica) olhou para mim e falando alto para todos ouvirem disse: "Olha!!!!!!!! Ele está voando!!!!! E ele tem mãos!!!!!" Imediatamente, continuei meu vôo e atravessei a parede do navio. Não sei como, mas a paraecologia se alterou e vi-me num lugar cheio de árvores e voando ainda extrafisicamente, pousei num galho de árvore e ali mesmo instintivamente pensei alto: "Deus, me dê sobriedade para aceitar a realidade!".

E no ácume dos meus sentimentos advindos do impacto da experiência consciente extracorpórea, imediatamente retornei ao corpo, sentindo completamente a entrada lúcida para dentro do cérebro e do corpo e, em contínua consciência, despertei-me no corpo, ali, deitado na cama. Era a noite, e o evento teria sido a noite também. As memórias vieram-me de imediato, não tendo que fazer esforço para a rememoração.


A experiência mostra o oposto das acima descritas, a interiorização consciente, onde senti-me entrando dentro da cabeça e do corpo, sendo que a entrada na cabeça foi a mais impactante. Lembro que num momento eu estava consciente no corpo psi, ou psicossoma, e ao entrar na cabeça, começo a usar o olho físico para ver. Foi muito estranha a mudança de aparato dos sentidos. De um lado, usava outros olhos e daqui a pouco, os olhos físicos. Senti-me como vestindo uma luva de encaixe perfeito. Ao interiorizar-me olhei minhas mãos e olhei-as literalmente como luvas perfeitas de dimensões impecáveis para mim mesmo, o outro ser que entrou no corpo e que agora o habitava diluido na invisibilidade das células e do organismo. Não lembro de ter ouvido estrondos da cabeça, pois a interiorização foi mais rápida do que as exteriorizações. Mas a sensação deste retorno foi muito lúcida, pude sentir exatamente o momento em que penetrei dentro do corpo e ali me instalei de forma incompreensível. É realmente incoempreensível este fenômeno, apesar de vivenciável.

(em breve caso 5, de projeção mental, interiorização e exteriorização lúcida)

3. Das Hipóteses de Investigação


Abaixo adiciono neste trabalho algumas hipóteses que me parecem estar relacionadas com a dificuldade de se vivenciar os momentos de decolagem e pouso consciente para dentro e para fora do corpo.

1. Vivacidade da experiência e medo da perda do controle de si (ego).
2. Medo da morte biológica.
3. Relação entre a hipervelocidade do retorno ao corpo e perda de lucidez no trajeto (a inconsciência facilita a hipervelocidade).
4. Relação entre condicionamento mental (do tipo "eu sou meu corpo, ou eu sou meu cérebro") e perda de noção de si, medo da insanidade mental e perda de noção de realidade.
5. Estranheza bizarra aos fenômenos transcendentes, paranormais: medo do desconhecido, associado com "loucura".ivesse
6. Imaturidade e falta de treinamento na manutenção da lucidez na transição interiorização-exteriorização e vice-versa.
7. Fuga das sensações bizarras do estado vibracional potente, misturado com sons vibracionais altos, intensos, fisiologicamente espásticos, ronquidões dentro do cérebro associado a estalos altos e sons estranhos. Sistema de defesa do eu (ego).

As hipóteses bloqueadoras são compreensíveis e podem ser superadas progressivamente com a repetição das experiências e ao fato da pessoa se acostumar com o fenômeno, desenvolvendo uma estrutura de personalidade projetiva.
 
Por outro lado, existem hipóteses que podemos propor que parecem estar relacionadas com a ocorrência da exteriorização e da interiorização, quando em circunstâncias não-acidentais ou patológicas, tais como:
 
1. Desejo sincero de conhecer a vivência, motivação potente e coragem diante do desconhecido, aconteça o que acontecer.
2. Estrutura de personalidade projetiva inata, ou seja, a pessoa já nasce com a estrutura desenvolvida em outras experiências antes desta vida na terra (vidas passadas, paragenética).
3. Estudo de campo viabilizado por consciência extrafísica benevolente e experimente no assunto, também chamada de amparador, mentor ou guia. Neste caso a consciência extrafísica ajuda, facilita tecnicamente tal como eu facilito meus pacientes a recordarem de suas existências passadas, utilizando recursos técnicos e experiência pessoal.
4. A pessoa sente a pressão mais intensa na exteriorização do que na interiorização. Parecem que os estrondos intracerebrais ocorrem mais na exteriorização do que na interiorização.
 
4. Das Considerações finais

Os experimentos evidenciam a existência de um espectro de experiência que antecede a experiência fora do corpo e procede-a. A parapsicologia e mesmo a projeciologia se debruça prioritariamente no estudo das experiências fora do corpo propriamente ditas, sem se aterem tanto ao campo aqui trabalhado. Algumas das razões foram expostas neste ensaio, e resume-se a falta de experimentação dos próprios pesquisadores e do público geral.

De qualquer forma, incentivo o estudo e mesmo a indução destas vivências de exteriorização e interiorização consciente, experiências ricas e profundamente educativas, aumentando a lucidez mais transcendente e multidimensional da vida e de si mesmo, num ensaio de cosmologia prática, com travessia consciente entre-dimensões do universo, aumentando a aproximação entre dimensão extrafísica e física, unificando as realidades numa só realidade, separável por uma membrana muito fina e porosa, provavelmente, uma idéia ou uma partícula psicon.