Amparo extrafísico ao planeta: ato de puro amor. |
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo
A vida humana ou mais especificamente, da consciência humana, é simples, porém, difícil de ser vivida. Um problema pode ser simples, quando sua solução, difícil. E eis que aparece a vida humana, a nossa vida.
Eu e você, caminhando por uma vida regada de relacionamentos. Esperamos isso ou aquilo de nós mesmos frente aos outros e, ao mesmo tempo, esperamos isso e aquilo dos outros em relação a nós mesmos. Diante disso, somos quase que obrigados a aprender com frustrações atrás de frustrações e se tivermos sorte ou conseguirmos criar uma boa relação em nossa vida, poderemos atingir picos altos de felicidade, euforia sadia, serenidade e alegria.
Algumas religiões dizem que temos de nos casar e ter filhos ou que os relacionamentos precisam ser eternos, por uma vida inteira. Esses dogmas cada vez menos conseguem espaço atualmente. Com a independência da mulher, os relacionamentos tornaram-se tênues, tornaram-se momentos ao invés de prisões. É comum uma união estável, sem contrato, ao invés do casamento formal, com testemunhas, assinaturas, registros e sermões. A separação tornou-se um fato comum e normal. Assim os relacionamentos tornaram-se um empreendimento de alto risco porque suas garantias não podem mais ser previstas como antes, facilmente, num contrato e asseguradas por autoridades externas ao casal, no caso, um padre, um juiz e assim por diante.
Estes fatos nos apresentam pontos positivos e negativos. Um dos positivos é o motivo real que leva as pessoas a casarem. Muitas vezes o que faz com que pessoas se unam não é o amor propriamente dito, mas uma necessidade de dependência e esconderijo da vida e da existência; necessidades de acolhimento financeiro, principalmente, e de afeto. Esta última possui relação com o medo que grande parte de nós alimenta de passar a velhice num isolamento, sozinho e abandonado. Outro motivo é o poder, o status, o ter uma família como um falo socialmente exposto, para que todos vejam o quanto somos normais. O positivo é que devido a isso, as pessoas podem se unir porque querem e não por um arranjo social imposto pelo clã, como ocorre com alguns indígenas e outras sociedades.
Assim, o medo, o poder e a velhice, são três variáveis que levam as pessoas a se esconderem em relacionamentos, sendo que o amor e o sexo acabam sendo motivos não tão nutridos como pensamos.
É comum casais que fazem pouco sexo e nutram pouco amor entre si. É comum mulheres que têm uma vida de relacionamento sexual com o marido sem nunca ter tido um orgasmo. Desta forma, o que os mantém unidos? O medo, o poder e a velhice. O medo da solidão e do vazio, o poder de ter uma familia e exibi-la socialmente tornando-se pessoas normais e, a velhice a partir do medo do abandono e de um fim trágico, o que ninguém realmente anseia. Essas variáveis atuando em conjunto passo a chamar de "motivo não-amoroso". Esse motivo não-amoroso parece ser em grande escala uma manifestação do egoismo, na preservação do ego diante das ameaças da vida e da existência, e de desconfiança em relação a vida. Faz com que as pessoas se usem e muito, se abusem, abusando e noutro polo, deixando-se ser abusadas. Assim, relacionamentos ancorados no motivo não-amoroso pode acabar numa relação de abuso recíproco, a partir do princípio que ouço clinicamente: "ruim com, pior sem".
Em matéria de relacionamentos, somos aprendizes, estamos no maternal da evolução. Um dos motivos é a precária relação que temos conosco mesmos. Não somos muito íntimos de nós mesmos, não somos muito amigos de nós mesmos. Desta forma, estamos a sós significa estamos com um outro estranho. Somos estranhos de nós mesmos. Muitos de nós e constato isso clinicamente, possui um profundo medo de estar a só. Medo de simplesmente ficar sozinho. Como se a companhia de si mesmo fosse desagradável, como se o si mesmo fosse um outro não bem acolhido. É comum que por trás de todo problema psíquico haja raiva, ódio ou aversão em relação a si mesmo. Aprendemos a nos criticar e a dar importância ao que o outro fala e diz sobre quem somos e, fazemos isso com os outros. Criamos com isso um círculo vicioso de dependência em relação ao que o outro pensa sobre quem somos. Tornamo-nos dependentes da opinião alheia e com isso, tornamo-nos prisioneiros sem prisão. Assim, nasce o medo de ser abusado numa relação, porque muitos de nós faz o que for preciso para não entrar em contato com o medo, com a ausência do poder e a velhice de isolamento e, se submete a situações que podem ser devastadoras para a alma. Em casos graves, a mulher faz sexo e sente-se estuprada pelo marido e, só o faz devido a reunião desses fatores atuando em conjunto. Por detrás das aparências nos relacionamentos, encontramos os casais em situações em franca decadência, porém, mantendo-se unidos por motivos não-amorosos. Aparência, status, marketing, fachada, união com finalidades materiais e da prole, escudos que disfarçam a real situação dos relacionamentos. Obviamente, não quero dizer que não existam relações onde haja felicidade real e satisfação verdadeira. Existe, mas são exceções, porque as pessoas de bem, as pessoas lúcidas, são exceções em nosso planeta.
Diante disso, os relacionamentos podem ser encarados como verdadeiras oportunidades de crescimento e evolução, ao invés de recurso eficiente para nos escondermos da vida e da existência maior.
Existe um infinito universo que nos rodeia e nos atravessa, e temos medo do Infinito, mesmo que não admitamos isso. Esse medo irracional, fundamento de qualquer síndrome do pânico, é o sustento básico das relações ancoradas por motivos não-amorosos, que são motivos fóbicos. O tempo vai passando e a velhice chegando; a pessoa percebe outros casais unidos e ela acredita nas aparências da "família Doriana" e se joga no primeiro relacionamento visando casar, ter filhos e se ancorar. Os resultados podem ser realmente trágicos. A solução definitiva é a pessoa conhecer seu vazio interno através de prática meditativa ou similar. Lidar com tudo o que é e sustentar sua estrutura frente à vida, sem tanto medo, mas com respeito à existência. Vivemos sim, num universo Infinito e sabemos muito pouco sobre tudo. Somos muito ignorantes tanto diante de nós mesmos, como da vida. E é natural que todos tenhamos a tendência de buscar relacionamentos e nos enclaurusar neles tal como o neném deseja retornar ao útero da mãe.
Em relacionamentos precisamos aprender a lidar com rejeições, sejam quais forem. E principalmente, críticas.
Aprendemos a criticar, a falar mal do outro, a apontar seu erro para que melhore, mas somos pouco capazes de expressar admiração verdadeira, apontar as qualidades e virtudes da pessoa e ajuda-la a desenvolver-se por completo. Então, não podemos nos iludir: em uma relação seremos julgados e criticados, não raro, injustamente e agressivamente. Se não criarmos a fantasia do conto de fadas, iremos sofrer menos, vivendo mais na realidade.
Em casos graves, devido a fatores diversos, uma pessoa pode sentir uma aguda rejeição por não ter conseguido estabelecer relações amorosas com ninguém, nem ao menos ter conseguido entregar-se sexualmente a algum homem ou a alguma mulher. Os casos dessa natureza são carregados de uma profunda tristeza que somente uma reciclagem interna e mesmo existencial poderiam trazer a esta pessoa novamente sua estima e capacidade de estabelecer vínculos com as pessoas. Em outros casos, as relações são superficiais e a entrega também, assim, ocorrem casais que não se conhecem suficientemente. Beijam sem se sentirem, abraçam-se sem se abraçarem e transam sem maior acoplamento áurico, saindo das relações ainda com cerência afetivo-sexual.
Em relacionamentos também precisamos aprender a receber amor.
E isso é muito sério, porque em nossa cultura aprendemos a receber críticas. E críticas na forma como as recebemos geralmente são atos de desamor, desaprovação. Aprender a receber amor é um ato, primeiro, de amor próprio, de gostar de si. Quem não gosta de si o suficiente não consegue receber amor porque não se julga merecedor. Quem não se julga merecedor, se odeia em pequena ou grande medida. Quem se odeia, se rejeita ou tem aversão ou não gosta de si, adoece. Essa é a causa básica de qualquer doença.
A separação conjugal, em algum momento, é inevitável.
É claro que quando estamos num relacionamento, não pensamos em seu término. Mas qualquer fantasia que nutra uma esperança de uma vida eterna com o parceiro ou parceira, é irreal. Em algum momento haverá uma separação. Conheço um caso onde a esposa, após o marido desencarnar, se 'entrevou' na cama, estando mais em estado vegetativo do que vivendo. A dependência emocional aguda está ali, operante, patológica. Outro caso é do casal que, bastante amorosos e unidos, prometiam um ao outro, que o marido iria morrer primeiro para receber a esposa após morrer e que iria cuidar dela, ampara-la em vida. Eles foram profundamente sinceros ao dizerem isso um para o outro. Esse casal se separou antes disso. O que quero dizer com tudo isso? Nada é eterno. Tudo é impermanente. Existem variáveis em relacionamento que fogem ao nosso controle. Quando observamos o Sol no seu explendor de vida e radiação, num lindo e maravilhoso por do sol, naquele exato momento, o Sol se põe e termina a experiência. Existe um tempo entre o nascer do Sol e seu poente. E nada que podemos fazer para aumentar ou nos fixarmos num ponto. Tentamos, batemos fotos, tentamos congelar momentos fazendo com que eles sejam eternos, seguramos a memória, ficamos presos ao passado de um relacionamento, na fantasia de viver aquilo que foi bom, o nosso por do Sol, no presente, ao invés de prosseguirmos com a vida e avistar novos pores do Sol. O apego e a necessidade de nos agarrarmos às coisas fazem com que percamos de vista a beleza da vida e o sentido maior, no agora, no presente da experiência. Conheço muitas pessoas que se sentem fracassadas em relacionamentos por não conseguirem manter uma "família Doriana", mas isso não é motivo de fracasso, mas de vitória. Pode ser sinal de coragem e autenticidade e de uma busca sincera e honesta por relacionamentos mais evolutivos.
De qualquer forma, mesmos os relacionamentos mais maduros e duradouros, casais centenários, em algum momento dessa vida curta, haverá uma separação.
Um deles irá desencarnar, deixar essa Terra e migrará para as outras dimensões do universo, dando continuidade a sua vida. Não estamos destinados a ficar com a mesma pessoa eternamente, a própria morte do corpo e a lei da serialidade multiexistencial (reencarnações) impedem que essa união seja eterna. Qualquer união conjugal é passageira, é temporária. E, mesmo que o casal planeje ficar junto mesmo após desencarnarem, ainda assim, não existe garantia, pois um deles pode reencarnar antes que o outro e ocorrer uma separação prolongada de 1 século, por exemplo. As lições da evolução nos colocam a aprendermos a não nos fixarmos patologicamente nas pessoas, nas coisas, nas dimensões, no corpo e a nos centramos passo a passo, na consciência. Pode ocorrer, como já vi clinicamente, de um casal, em vida seguinte, renascerem como irmãos e isso gerar um problema para ambos.
O amor existe.
Relacionamentos amorosos autênticos são empreendimentos muito desafiadores, porque exigem de nós muita transparência, amorosidade e coragem. Aqueles que tiveram a coragem de amar e viverem realmente um amor romântico a dois, numa entrega sincera e profunda, numa relação próxima da completude, mesmo que tais momentos e mesmo que foram muitos momentos, duraram um tempo relativamente pequeno, cabe a observação que o tempo é relativo e que momentos de eterno amor é o que nos faz amar alguém além do tempo e das dimensões. É o que faz reconhecermos alguém sem nunca, aparentemente, ter visto. É o que faz queremos novamente. É o que nutre a vida de sentido, é o fundamento da gratidão pela vida. O amor é o motivo básico da existência. Sem amor não existe sentido para nada. O amor é o que nutre o "nada", o "vazio". O amor é o tecido conectivo da vida e do universo, é o fundamento da perfeição da composição dos astros e das estrelas e da possibilidade da vida na Terra. Sem amor não haveria vida no planeta, sem amor não haveria existência.
Além dos relacionamentos íntimos, temos as relações em geral, desnutridas de amor e respeito. O planeta, em guerra, atravessado pela ganância, violência e corrupção, apresenta-nos um problema simples, mas de difícil solução: precisamos amar mais, a nós mesmos, e aos outros. Numa escala de amor, precisamos aprender a amar a Terra, os animais, as plantas, a sentir gratidão pela vida e por existirmos. Afastamos com isso, o ódio que sentimos, a raiva e o rancor, a mágoa e o ressentimento. A começar a nos aceitando como somos, nos modificando para melhor, respeitando a nós mesmos. Amar não é tolice. Amar é um ato de puro discernimento e lucidez.
Amar e aprender a amar é a tarefa de vida básica de todos nós. A tarefa mais difícil, mas como disse o amparador: "O amor é o caminho e o sentido. É simples assim, mas difícil de entender".