15.3.10

O sonho de João: reflexões sobre o sentido da vida.


Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo
parapsic@parapsicologiaclinica.com


João era um homem bom, um homem benevolente. Neste mundo, onde João vivia, não havia terrenos ou posses. Não havia propriedades, títulos ou documentos que garantisse que alguem fosse dono de alguma coisa. João não tinha este nome. João era puro amor e serenidade viva. João não tinha ansiedade, não sentia raiva das pessoas e nem se importava com que os outros faziam com ele. João se importava com que ele mesmo fazia consigo. Então, João se respeitava e, por se respeitar, sabia colocar os limites nas pessoas para que elas soubesses lhe respeitar. Como as pessoas da época de João também faziam desta forma, nunca havia problemas. Tudo era resolvido com o diálogo e o respeito. João vivia no presente, no agora o tempo inteiro. Não necessitava de um nome para se fazer valer ou se fazer ser a si mesmo. Perdera, pois, sua identidade. Ao perder a sua identidade, passou a ser a si mesmo, livre de todos os rótulos que acumulou ao longo de suas vidas. Não tinha CPF, RG e o mundo em que vivia não era governado por ninguém. As pessoas por serem livres para serem quem são, não tinham defesas, não se sentiam ameaçadas, o mundo era um lugar seguro e amparado. Detinham uma sensibilidade tamanha que podiam sentir o que os outros pensavam ou sentiam. A comunicação era direta no nivel dos sentimentos. As palavras eram secundárias.

As pessoas se autogovernavam, se auto-orientavam, se auto-tranformavam. Não tinha que pagar impostos e taxas para ninguem, porque ninguem cobrava pelo uso das coisas. Não existia a figura do 'dono', porque ninguem dava valor as 'coisas'. Não existia a figura do locador ou locatário. Não existia Polícia, porque não existia mais o Direito e as Leis. Não existia a Receita, porque não existia Estado. Não existia mais dinheiro porque as coisas tornaram-se sem sentido. Toda a tecnologia tornou-se sem sentido, as pessoas estavam comunicando-se diretamente sem uso de instrumentos. A tecnologia existente era compartilhada e pública. A escola deixou de existir, porque os professores tornaram-se desnecessários com o passar do tempo. As pessoas começaram a se auto-orientar, a se auto-gerenciar dentro daquilo que necessitavam. Ao invés de existirem escolas as pessoas passaram a conversar, vivendo a vida naturalmente. Viver passou a ser mais importante que somente Existir. O autoconhecimento passou a ser a principal razão daquelas pessoas. Elas eram num total de mais de bilhões. João sentia-se completo por dentro e escolhia os relacionamentos para trocar, compartilhar de sua felicidade. As moradias eram diferentes. Não existia TV, não existiam jornais. Os aposentos eram simples e confortáveis para acomodar o corpo ao sono e aos relacionamentos sexuais dos parceiros. A sexualidade era natural. A monogamia era vivida como opção de maturidade e não como regramento religioso. Não existia punição porque não existia coerção. A sociedade era livre de coerção. Ninguem fazia nada por obrigação ou por dever. Não existia nada que as pessoas usassem como fuga. O trabalho era escolhido baseado no interesse e no prazer. Nada era forçado, nada imposto. As pessoas se auto-orientavam naquilo que escolhiam ser a melhor opção dentro de seus critérios de escolha. As demais pessoas respeitavam, porque agiam da mesma forma: se auto-orientavam. Elas eram benevolentes umas com as outras, não existia agressividade ou irritabilidade entre elas. Havia respeito e consideração mútua. Ninguem precisava decretar nada para que as pessoas fizessem as coisas certas. Ou, não existiam leis injustas criadas por pessoas de má fé. Aliás, não existiam Códigos disso ou daquilo. Existia somente o Amor como centro orientador de todas as ações e discernimento. As pessoas existiam no tempo e no espaço de um Universo real e lúcido. Ninguem sonhava. Ninguem dormia. Todos eram lúcidos, despertos. Ao dormir, somente seus corpos ficavam repousando, mas os espíritos daquelas pessoas saiam de seus corpos e continuavam suas vidas noutras moradas do Cosmo, aprendendo com a experiência e expandindo a consciência para um mundo maior.

Triiiiiiiiiim. Toca o despertador. João ao acordar, sabia estar no ano 7.567 d.C. Saiu da cama e olhou no espelho. Era dia 15 de março de 2010. Ao olhar nos seus olhos viu diante de si o Caminho que ainda tinha de percorrer. Compreendeu o sentido de muito que tinha lido acerca da Vida e do Sentido. E compreendeu que teria de realizar uma revisão em seus valores, lidando melhor com o dinheiro e com as coisas e posses. Valorizando os relacionamentos e modificando sua maneira de se relacionar com as pessoas, respeitando a si mesmo e respeitando os demais. Sua cidade, trânsito lotado todos os dias. Concluiu que poderá usar o trânsito como aprendizado da paciência e do respeito, praticando a benevolência e não impondo aos outros aquilo que não deseja que seja imposto a si mesmo. Fez uma lista de tudo aquilo que ainda está pendente realizar em sua vida. Fez ainda outra lista, de tudo que ainda anseia por realizar em si mesmo [mudança pessoal] e em sua vida, como na profissão. João passou as semanas seguintes realizando os ajustes de sua existência e descobriu o quão rica era sua vida, mesmo não tendo tudo aquilo que acreditava precisar ter para ser feliz. Ao valorizar o essencial, João descobriu uma nova forma de viver, onde ajudar as pessoas tornou-se uma prática diária. Começou a compreender que mais vale satisfazer uma única necessidade real do que alimentar várias necessidades irreais. Retornou sua atenção para a grande família planetária e descobriu-se como parte dela e pertencente a ela. E diante disso, parou e pensou: qual meu lugar neste imenso sistema? João sentia-se deslocado e foi cada vez mais se aproximando daquilo que desejava realizar para si e para os outros. Passou por muitas dificuldades e desafios, mas a cada passo no caminho, mais se tornava forte por dentro e lúcido. Mais compreendendo a si, compreendia o outro em suas dificuldades, intenções e ações muitas vezes de má fé. João foi aprendendo a perdoar a si e aos outros, pois admitia a cada dia a sua ignorância diante de seus sentimentos e das inteções das pessoas. Após anos e anos, João sentia-se mais inserido no mundo atual e, mesmo tendo vislumbrado o Novo Mundo no futuro próximo, conseguia, com esforço diário, pisar os pés no chão da realidade e viver uma vida próspera e rica espiritualmente e materialmente, adquiria somente o necessário para sua meta de viver na felicidade mais plena. Sabia que uma vida seria pouco para alcançar aquele homem benevolente que se tornara a milhares de anos a frente. Então, foi concentrando seus esforços no dia a dia de sua vida, com determinação, coragem e confiança na Vida e em si mesmo. Viveu feliz uma vida inteira, a partir disso, com sua esposa e familia de 2 filhos. Deixou esse mundo, sereno e lúcido.

Qual a relação que você faz desta narrativa com sua vida hoje? E com seu destino neste mundo?

Paz, Luz e uma semana de muito amparo para todos(as)!