Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo
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Tseng Tzu [discípulo de Confúcio] disse: "Todos os dias, examino a mim mesmo sob três aspectos. Naquilo que fiz pelo bem-estar do outro, falhei em fazer meu melhor? Ao tratar com meus amigos, falhei em ser fiel às minhas palavras? Ensinei aos outros algo que eu próprio não tenha experimentado?" [In Confúcio. Os Anacletos. Livro I, 4.]
O esforço de Tseng Tzu por ser um homem benevolente fica expresso nesta máxima que consta no início dos Anacletos. Confúcio pensava a partir de uma especie de Cosmologia em que Tao e Te eram um dos centros de seu pensamento. Embora de difícil tradução e mesmo compreensão [o que só vamos conseguir ter um maior sentido da palavra em Lao Tzu, 'Tao Te King'], Tao sugere o significado de Caminho e Te, Verdade. Para Confúcio, o objetivo de qualquer pessoa, vivente, é tornar-se benevolente; é tornar-se um homem bom, moralmente lúcido dentro de uma vida prática benevolente.
Confúcio disse: "Faça o seu princípio norteador dar o melhor de si pelos outros e ser coerente com aquilo que diz, e vá onde há retidão, então você estará exaltando a virtude. Quando se ama um homem, deseja-se que ele viva, e quando se odeia um homem, deseja-se que ele morra. Se, tendo uma vez desejado que ele vivesse, você depois deseja que ele morra, isso é incoerência. Se você não fez pelo bem dos ricos, você deve te-lo feito pelo bem da mudança". [In Confúcio. Os Anacletos. Livro XII, 10.]
O esforço de Tseng Tzu expressa a máxima de Confúcio citada acima, em que aconselha-nos em fazer de nosso principio norteador dar o melhor de si pelos outros e sermos coerentes com aquilo que dizemos. O dar o melhor de si pelos outros traz em si o sentido do Caminho, que é resultado do Amor, que na prática, se revela como fraternismo, ou a benevolência praticada. Quando a benevolência é praticada, diz o Mestre que encontramos a retidão e exaltamos a virtude. Para Confúcio ser coerente é a base de sua moral prática. Por coerência Confucio entende que é a relação entre as palavras ditas e os atos praticados. Aquelas devem ser a expressão desta. O exemplo de Confúcio é direto quando fala a respeito da relação entre o ato do ódio e o ato do amor. Se um dia conseguimos amar alguem, como poderemos odiá-lo? Aqui aparece a relação entre Vida e Morte, como Amor e Ódio. Confúcio não se acomoda quando expressa sua filosofia prática de 'dê o mehor de si', como sendo uma das essências da benevolência.
Assim, para Confúcio quando um homem alcança a benevolência na prática constante de seus atos [e não ser benevolente em alguns momentos da vida], ele caminha em direção ao próximo nível: o tornar-se sábio. Com este pensamento, Confúcio inaugura um tipo diferente de escala evolutiva nos seres humanos. Partimos do homem comum que num Caminho reto, em aplicando a Verdade, alcança o nível de homem benevolente. No estágio mais avançado, o homem benevolente tornar-se sábio. Para Confúcio, pois, a evolução é estritamente interna e moral, e expressa-se pela coerência de nossos atos e palavras, assim como pela benevolência de nossos atos e também palavras, sendo o 'dar o melhor de si' um dos centros de sua moral evolutiva.
Chung-kung perguntou a Confúcio sobre a benevolência. Confúcio respondeu: "Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio". [In Confúcio. Os Anacletos. Livro XII, 2.]
Esta máxima do Mestre exalta o 'dar o melhor de si' e não o 'pior de si'. Se em algum momento, damos algo ao outro que não desejamos receber, então isto, é incoerência. É incoerente para Confúcio que façamos algo ao outro que não desejamos que este outro faça conosco. E esta incoerência expressa o 'não dar o melhor de si'. Se acabamos por impor aos outros o que não desejamos que os outros nos façam, então, isto não é o caminho da benevolência. Se não é o caminho da benevolência, Tao e Te não estão presentes. E se uma pessoa está fora do Caminho e da Verdade, então está fora de si mesmo e do objetivo de estar vivo, que é tornar-se benevolente, tornar-se um homem melhor do que era ontem. Este objetivo é o que faz Tsung Tzu diariamente avaliar a si mesmo, nos três aspectos fundamentais que envolve o 'dar o melhor de si', o 'cultivar amizades' e a 'coerência'. Como ensinar aquilo que por si próprio não temos experiência?
Finalizo este texto tão perplexo como você leitor deve estar com a filosofia prática de Confúcio, e deixo aqui as palavras do mestre:
"Se, ao examinar a si próprio, um homem não encontra nenhuma razão para se repreender, que preocupações e medos pode ele ter?" [In Confúcio. Os Anacletos. Livro XII, 4.]
14.3.10
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Penetrando na mente de Confúcio.
By Fernando Salvino (M.Sc) 10:06