24.11.10

A Função Social da Parapsicologia Clínica e o Futuro da Psicoterapia

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo


Recentes levantamentos, realizados nos EUA e Europa, mostraram que mais da metade da população pesquisada relata ter vivenciado, pelo menos uma experiência que aos olhos de um parapsicólogo, sugere a possibilidade de ser uma experiência paranormal. A mais comum delas são as experiências conhecidas como PES - Percepção extrassensorial (Pallú, 1996). Estas vivências incluem sonhos premonitórios, experiências de telepatia, clarividência, lembranças de vidas passadas (mais raras), deja-vú. Em algum casos pessoas tem relatado sairem de seus corpos a noite; visualizando seus corpos dormindo e eles ali, flutuando lúcidos. Noutros casos avistam-se diante de imagens estranhas porém reais, onde posteriormente, descobrem que tinham visto exatamente aquilo nos seus sonhos e devaneios. E as experiências não param. Centenas, milhares de pessoas neste momento estão de alguma maneira vivenciando experiências psi, ou paranormais.

Defendo a hipótese de que, com a democratização da tecnologia da web, pessoas do planeta estão de fato conectadas numa rede global, um holocampo psíquico onde os fenômenos psi ou paranormais ficam mais expostos a ocorrência. Tem chego até mim muitos relatos de pessoas que sabem por exemplo, quando receberam mensagens no orkut, ou mesmo e-mail ou facebook, twiter. Os processos extrassensoriais estão sendo chamados à ação devido a tecnocomunicação, onde por exemplo, a pessoa comunica-se com outra pelo chat do msn e, mesmo não vendo ou lendo suas verdadeiras letras ou sua imagem real (vívida numa webcam), ainda assim "sente" de alguma maneira como a outra está (acoplamento a distância, telepatia). Esta experiência é mais comum que podemos imaginar. Até a pouco tempo, pessoas têm relatado experiências de telepatia usando o aparelho do telefone, quando, de alguma maneira sentem, sabem intimanente, que uma determinada pessoa irá ligar, ou a mesma lhe vêm na mente na forma de uma imagem de seu rosto, quando, o telefone, instantes depois, toca. Hoje mesmo ouvi em meu consultório no hospital um relato sugestivo de transcomunicação instrumental, quando o pai (falecido) comunica-se com a filha pelo telefone.

Sylvan Muldoon, o iniciador da pesquisa científica da projeção da consciência para fora do corpo, ainda em meados da década de 30 do século passado, já dizia que as experiências de projeção, que na época se chamava projeção astral (astral projection), eram mais comuns que imaginava. Sua trajetória inicia quando lê a obra do parapsicólogo Hereward Carrington, especialmente o capítulo sobre a projetabilidade da consciência para fora do corpo. E dali surgem muitos diálogos por cartas, quando, ainda morimbundo de doença, entrevado numa cama, Muldoon publica sua obra científica sobre o assunto. Após a publicação, centenas de pessoas escrevem para ele, fornecendo relatos das mesmas experiências e uma carência aguda de informações sobre o assunto. Muldoon nos traz a universalidade das ocorrências paranormais e a necessidade de socialização deste campo, para fins de assistência a pessoa que vivencia o fenômeno e sente-se de alguma forma perturbada ou carente de trocas e contatos acerca dos mesmos.

Centenas, milhares de pessoas sentem de alguma forma a realidade das "energias negativas" ou "energias positivas". Da mesma forma, sentem presenças espirituais, mesmo que não saibam o que são e sua natureza. Cham de encosto, anjos da guarda e enredam-se numa confusão conceitual que prejudica o discernimento e o trato com o assunto, a interpretação correta do fato vivido e a melhor forma de lidar com as vivências e consigo mesma. A Parapsicologia vem, passo a passo, retirado do núcleo religioso o monopólio da assistência ao paranormal, sensitivo ou pessoa que passou por algum tipo de experiência sugestiva de psi (paranormalidade). As religiões têm, em sua maioria, atrapalhado mais do que ajudado nesta área. No Brasil temos religiões multidimensionais que acabam muito mais confundindo a pessoa necessitada de assistência psi, do que ajudando-a de forma eficiente. A Umbanda, Camdomblé, Evangélicos, Catolicismo, Espiritismo, Budismo e outros trazem abordagens antigas e consoladoras em sua maioria, sem o cultivo do discernimento no trato dos fenômenos e das vivências paranormais. Isto pode gerar muitos problemas para quem está solicitando ajuda, podendo sair mais perturbado do que entrou, mais confuso ou em casos mais graves, prejudicado.

E os fatos não cessam de ocorrer. Todos os dias milhares e milhares de pessoas reencarnam, se ressexualizam, se ressomam novamente nesta dimensão, adentrando num útero materno, se materializando e atuando pela Pk - psicocinesia num novo corpo humano, e tendo mais uma vida humana. Da mesma forma, milhares e milhares e milhares de pessoas neste momento estão desencarnando, se dessexualizando, se dessomando e retornando para a dimensão extrafisica afinizada com seu estado interno de espírito. Este vaivém marca a existência da consciência e sua evolução pelos séculos e milênios afora. Milhares e milhares de pessoas sentem que possuem algo a fazer neste planeta, alguma tarefa, missão ou projeto de vida. Esta sensação não é a toa, visto que antes de voltarmos para a Terra, muitos de nós realizamos planejamentos de nossas próximas vidas e acabamos por esquecer. Os dilemas associados a tal esquecimento leva a pessoa a fardos distúrbios de comportamento e de sua existência. Livros vem sendo escritos abordando com cada vez maior clareza este assunto visando prestar a assistência à humanidade neste ponto. Mas não basta. Quando o desvio deste projeto de vida acomete consequencias desastrosas na vida de uma pessoa, melancolia crescente a persegue, depressão e mesmo tentativas e fantasias de suicídio. Noutros graus a pessoa sente que tem algo a fazer e acaba não compreendendo porque sente um vazio e uma melancolia mesmo tendo "tudo" em sua vida. É o caso de um médico que, aos seus 30 e poucos anos, acaba se dando conta que têm tudo mas uma melancolia e uma angústia o acomete, sendo que em seu íntimo sabe que não está fazendo o que deveria estar: executando sua missão de vida que vai além de ser médico. Eis o dilema que milhares de pessoas adentram. É necessário neste século de uma Psicoterapia que aborde de maneira aberta e científica, as noções de espirtualidade e vida humana em suas conseqüências existenciais numa escala que engloba o ser humano integral que somos.

É aqui que entra, neste século atual a função social da Parapsicologia, no caso a Clínica, cada vez mais crescente e em franco desenvolvimento e que é a área socialmente especializada na psicoterapia que aborda o ser humano integral (e não "refinado"). Com o uso de técnicas complementares projecioterápicas, como a apometria científica e outros recursos como a tenepes e outros, poderemos hoje falar abertamente que a Parapsicologia Clínica ruma para a assistência em escala maior, unindo a seriedade da pesquisa científica e seus critérios mais lúcidos como uma maior universalidade de sua assistência a pessoas com condições cognitivas para uma psicoterapia propriamente dita, que envolve uma capacidade para o paciente realizar a auto-pesquisa contínua de si, e também para pessoas sem condições para tal, envolvendo uma assistência multidimensional num nível mais silencioso, porém técnico, com outros recursos técnicos e terapêuticos, ainda em desenvolvimento e reorganização metodológica e epistemológica.

No centro da Psicoterapia está a simplicidade de ajudar o paciente a empenhar-se num caminho seguro para sentir-se feliz, realizado e em paz, numa perspectiva de auto-responsabilidade e auto-transformação.

No futuro, Hospitais terão o Parapsicólogo e o Parapsicólogo Clínico como um membro necessário na equipe de assistência à saúde, como já temos aqui em Florianópolis, no Hospital Universitário - Projeto Amanhecer. E como será o futuro da Psicoterapia?