Fernando Salvino (M.Sc)
Parapsicólogo, Psicoterapeuta e Prof. Yoga.
Espaço Terapêutico Tao Psi
Projeto Amanhecer - HU / UFSC
LAC - Laboratório de Autopesquisa da Consciência
Bel. Direito (Univali), Esp. Educação (Udesc), Mestre Educação (Ufsc)
Titulado pela FEBRAP e IPCMJ.
Observações Iniciais
O assunto a seguir é especializado e exigirá de você um preparo no campo do Yoga ou mesmo do ai Chi Chuan, ou ainda no Chi Kung ou mesmo no campo do Budismo, Teosofia, Conscienciologia e outros campos mais especializados. Porém, com esforço e pesquisa compreenderá totalmente o que está exposto aqui: uma tentativa de calibrar o Yoga em seu devido lugar e diagnosticar as distorções, irracionalidades e equívocos associados a esta ciência e dissolver aquilo que é supérfluo, mantendo o essencial. O primeiro a fazer isto de forma magistral foi Patañjali, com uma clareza incomum e ainda não igualável. Muitos tentaram, e aqui reside mais uma tentativa de retorno ao Tao, ou a essência mesma que transcende palavras e ciência. No fim deste consta fragmentos dos ensinamentos diretos de Yang Luchan sobre a prática correta do Tai Chi (Yoga), rememorados em experimento retrocognitivo. Mas obviamente, não se extingui e serve-nos como mais uma referência na composição de uma ciência muito profunda, o Yoga.
Ao leitor desacostumado com alguns termos indianos e chineses, esclareço que os uso por inexistir termo similar em nossa língua portuguesa, tais como:
1. Yoga
2. Neidan
3. Tai Chi Chuan
4. Chuan
5. Tantien
Os termos acima apresentam-se puros e irei usa-los sem traduzi-los ajudando o leitor a compreender seus significados sem que tenhamos de traduzi-los e adaptá-los a nossa linguagem limitada. A isto acompanha a complexa linguagem matemática do I Ching, esboçada pelos 8 trigramas e a cosmologia do Tao.
Da mesma forma a palavra Logos, usada no sentido antigo grego inexiste tradução adequada, não tendo nada a ver com as versões religiosas ou mesmo com o significado moderno de traduzir Logos por ciência daí, “logia”. Logos apresenta o mesmo significado do que Lao Tzu expressou em seu tratado taoista, o de caminho, sentido e de realidade maior incognoscível ou a inteligibilidade universal infinita e incompreensível pelas palavras. Tao é o que não pode ser nomeado, mas conhecido a partir de outro modo, ou o Yoga, que veremos seu significado mais adiante.
Na medida que me for possível vou expondo os significados associados a estes termos mais obscuros para nós ocidentais alfabetizados numa língua mecanicista e separatista, como a derivada do latim.
O leitor também poderá questionar naturalmente: de onde ele sabe estas coisas? E o respondo de forma objetiva. Muito o sei do estudo realizado nesta vida, porém, a maioria do que está aqui exposto é, no dizer de Sócrates, “inato”, e recuperei este conhecimento por esforço e por acesso, ou a “anamnese”. Assim, eu mesmo já venho sendo ensinado e praticando o Yoga ao longo dos tempos. O meu maior professor, o qual pude viver junto com ele numa mesma vila, foi o mestre Yang Luchan, considerado o divulgador do estilo Yang de Tai Chi Chuan, modificando o que supostamente aprendeu com a família Chen, especialmente, o mestre Chen Chanxing.
Yang Luchan é daqueles gigantes da evolução que temos a oportunidade única de encontrar e deleitar do aprendizado que fica para a vida, marcado pela saudade e pela gratidão de ter tido a confiança de me ensinar o Yoga e de ter estado receptivo a seu ensinamento, dentro do contexto militar da China antiga, enclausurado em cavernas e preso pelo silêncio do que fazíamos. E é pelo mestre que escrevo este ensaio visando o resgate do Yoga puro, livre, que tanto ainda me ajuda e que tanto me ajudou nesta vida, e que sustenta a prática daquilo que me faz ter a saúde e a paz interna que tenho. Assim também consta aqui os ensinamentos totais em síntese dos amparadores exrafísicos que vem me ensinando vida após vida, nesta e nas passadas, especialmente, nos estados Yin da existência, ou os intervalos entrevidas, na vida extrafísica do espírito (shen, consciência).
Acredite o leitor ou não, são os fatos. Mas, como sempre, na linha de Muldoon que organizou a autoinvestigação científica moderna, não acredite em nada que escrevo aqui. Experimente e então saberás.
I – Contextualização Geral do Problema de Pesquisa
1.1 Sobre o Histórico
1. Confusão Histórica. A história do Tai Chi Chuan é confusa e imprecisa, portanto, inexiste até o momento uma versão clara e definitiva do que vem a ser este método, de sua origem, para que serve e de quem ou quais pessoas tenham criado.
2. Buraco Negro. Assim como o buraco negro que até mesmo a luz não lhe escapa, assim o Tai Chi Chuan, ao migrarmos para o centro de sua origem nos dissolvemos num passado histórico até o mítico, e além dele, nos perdemos nos mesmos confins de incompreensão cosmológica em relação ao buraco negro. Pressupomos que está lá sem nunca ter visto.
3. Flor de Ouro. Sua origem se confunde com a alquimia taoista antiga, ou a doutrina da Flor de Ouro, religião secreta passada oralmente durante milênios e que parece ter relação com os fundamentos do Tao Yin, o Yoga da meditação microcósmica, órbita cósmica, meditação chi kung ou ainda meditação neidan. O nome importa pouco.
4. Yôga. Seu fundamento metodológico repousa obviamente no Yôga, portanto na doutrina do Samkhya e no método para Samadhi e Kaivalyam, conforme observamos no Yôgasutra de Patañjali publicado ao que parece em meados após Cristo, na Índia.
5. Antiguidade. Porém, apesar de Patañjali ter codificado o Yoga, sua origem e prática remontam para tempos imemoriais, alcançando o xamanismo asiático e assim por diante.
6. Budismo. O budismo parece estar em suas bases também, em virtude de que Da-Mo, o Bodidharma, monge budista indiano, teria ido a China ainda antes de Cristo, divulgar o Budismo, o que obviamente, tenha influência do Yôga.
7. Correlações. Não pode ser coincidência de que o caminho óctuplo de Sidharta Gautama, o Buda (“iluminado”) tenha profunda relação com os oito angas do Yôga, conforme Patañjali. As quarto nobres verdades apresentam-se como faces de Yama e Nyama e apresentam a mesma natureza.
8. Correlações (2). Assim como, não pode ser coincidência que o caminho óctuplo Budista e os oito angas do Yoga, apresentem intimas relações com o Bagua, ou os oito trigramas ou estados de mutação expostos no I Ching, há mais de 5.000 anos atrás.
9. Samkhya e Taoismo. Os sistemas são similares nos princípios. Brahmam e Tao. Sattva e Purusha. Yin e Yang. Samadhi e Kaivalyam. Tai Ji e Wu Ji. Yôga e Tai Ji Quan (ou Tai Chi Chuan). Ou ainda Yôga e Neidan. Trabalho interno e externo. Nei gong e Wai gong.
10. Mesmo campo. As relações são completamente diretas, o que podemos até afirmar ser o mesmo campo do saber, exposto em culturas diferentes.
1.2 Sobre o Tai Chi Chuan – Escola Yang, Critérios Ilógicos e Outras Considerações
11. Escolas de Tai Chi Chuan. Várias foram as escolas de Tai Chi Chuan existentes ao longo dos séculos e não é coincidência (hipótese) que tenha sido a escola Yang, iniciada por Yang Luchan a que se espalhou pelo mundo e se tornou a escola mais conhecida e o método mais praticado em todo planeta.
12. Nome. O nome Tai Chi Chuan só foi usado nesta acepção recentemente, nos últimos séculos, sendo que o tratado mais antigo intitulava “método do Tai Ji”, não tendo ênfase alguma com boxe ou “chuan”, a arte marcial do Wushu praticada no Mosteiro Shaolin, China.
13. Da-Mo. Da mesma forma que Da-Mo, o Bodidharma, teria ido a China espalhar o Budismo e o Yoga, assim Yang Luchan teria o ímpeto de espalhar o Tai Chi Chuan pelo planeta, ou seja, sabia muito bem o que estava fazendo e das conseqüências de seus atos.
14. Variações do Método. Apesar das variações dentro da mesma escola Yang, o método é ensinado de variadas formas, o que pode ser facilmente percebido a partir da execução do método por variados praticantes professores.
15. Razões confusas. As razões para as variações da forma como o método é ensinado também é confusa, e depende dos critérios subjetivos do professor, assim não raro, considerado mestre de Tai Chi Chuan.
16. Escolas Yang. Assim é mais honesto dizermos que dentro da escola de Tai Chi Chuan “Yang”, temos variadas sub-Escolas, onde presenciamos as diferenças da forma e mesmo conteúdo, de acordo com a orientação teórico-metodológica de cada mestre.
17. Distorção. A ênfase em geral está na forma e não no conteúdo. Está no corpo e não na intencionalidade. Está na precisão do movimento executado com maestria e não no cultivo do caráter benevolente. Assim, o método encontra-se desvirtuado de seus princípios que remetem ao Livro das Mutações e ao Sutra Yoga, obras pacifistas por natureza, por estarem fundamentadas no Tao.
18. Critérios. Os critérios para a consideração de dada pessoa ser mestre ou não é confuso, como veremos a seguir.
19. Escola Yang, Mestre Chan Kowk Wai. A escola Yang, ensinada pelo chinês Chan Kowk Way, o qual fui aluno e o qual consta em sua obra “Tai Chi Chuan – estilo Yang Tradicional”, apresenta-se quanto à forma, longe do original ensinado por Yang Luchan, porém, quanto ao conteúdo, bastante distante, preso ainda no princípio da violência e da confusão do Tai Chi Chuan como arte marcial.
20. Chuan. A confusão se assenta na concepção do “Chuan” aplicado no Tai Chi Chuan. O Chuan de forma geral aponta o método como uma arte marcial, o que não é. O Chuan é o boxe interno, a luta interna para se atingir o estado Tai Ji/Wu Ji.
21. Critérios para ser Mestre. Os critérios para uma pessoa ser mestre de Tai Chi Chuan é confuso. Em primeiro lugar, a ocidentalização do método e as influências acadêmicas ocidentais, fez com que o grau de mestre seja vinculado a um contexto de certificação, cursos, seminários e regras rígidas definidas por dada escola, por exemplo, a escola intitulada Associação Sino-Brasileira de Kung-Fu Shaolin do Norte, presidida por Chan Kowk Wai.
22. Critérios confusos e contraditórios. Nesta associação, o praticante para ensinar o Tai Chi Chuan precisa fazer os 10 katis do Kung-Fu e completar o Tai Chi Chuan (conforme informações da professora Jaqueline Luis) e ser submetido a algum teste, provavelmente, avaliado por uma banca de pessoas supostamente mais graduadas, ao estilo de mudança de faixa em arte marcial ou no estilo acadêmico de defesa de tese a partir de certos requisitos.
23. União Contraditória. Estes critérios unem o Tai Chi Chuan ao Kung-Fu e daí vem o problema decorrente de mais uma confusão: o Tai Chi Chuan é uma arte marcial? A esta pergunta não temos uma resposta consensual. Como um método que essencialmente visa à pacificação íntima e a serenização do espírito pode ser unido a um método da arte da guerra? Portanto, da violência?
Incoerência inadmissível. O wushu, que é traduzido por arte da guerra, é conhecido no Brasil e mundo por Kung-Fu.
24. Para ser Mestre. Para ser mestre de Tai Chi Chuan então os critérios devem ser ainda mais rígidos e impossíveis, pautado em experiências subjetivas e não raro místicas, sem qualquer estudo e averiguação dos fatos pela ciência e por supostos avaliadores.
25. Argumento de autoridade. Então, a palavra do mestre ganha mais autoridade que a ciência. E é aqui que se invertem os valores, pois um mestre é pessoa dotada de vulnerabilidades de todas as naturezas, senão vejamos pelas evidências no exame psicológico do caráter, próprio dos critérios para o diagnóstico moderno de psicopatia.
26. Ku Yu Cheung. O então mestre idolatrado e respeitadíssimo por sua famosa palma de ferro é cultuado e tem sua foto dependurada nos centros de ensino do Tai Chi Chuan, patrocinados pela citada associação e representado por seus excelentes professores, como os que conheci, Jaqueline Luis e Rogério Soares.
27. Matar cavalo a tapa. O que não dizem abertamente (com exceção da obra de Chan), é que Ku Yu Cheung era famoso por sua palma de ferro pelo motivo de matar cavalos com uma só palmada. E mesmo foi isto que atraiu seu discípulo Yang Sheung Mo, também cultuado mestre, que foi professor de Chan Kowk Wai.
28. Doença Mental. Somente uma pessoa com grave doença mental e profunda insensibilidade e covardia usaria de tamanho poder pessoal, o de dirigir toda uma intenção malévola e agressividade mortal, para matar um animal inocente, vulnerável e indefeso, que nunca sequer treinou para defender-se.
29. Não-violência. A não-violência é o mesmo que retornar ao Tao. O amor é o caminho exposto por Confúcio, a coerência e a benevolência. Ahimsa é o fundamento do Yoga. O cultivo do amor é o sustentáculo do neidan e do neijia.
30. Psicopatia. Nos tempos modernos da psicopatologia (ano base: 2014) o nome disso gira em torno de uma psicopatia ou grave doença mental, passível de internação em Hospital de Custódia e Tratamento, vinculado à execução penal. O mesmo seria processado por crime contra os animais.
31. Indiferença e Compaixão. Como nutrir orgulho e admiração de um homem destes? Patañjali expõe que os malévolos tratamos com indiferença e os doentes, com compaixão. Não tem qualquer lógica cultuar um psicopata e seus seguidores.
32. Wushu (arte da guerra). Como um falso mestre como este exibia o grau de mestre? Assim provavelmente é considerado Mestre do Kung-Fu, um “mestre na morte de seres vivos”.
33. Conceito. O que é ser um mestre? O que é ser um grão-mestre?
34. Evidência. Fica evidente que o Tai Chi Chuan não pode e nunca poderia ter sido confundido com uma arte marcial. É um erro gravíssimo.
35. Tai Chi Chuan (arte da paz e serenização do espírito). E como um falso mestre estaria apto a ensinar algo que não pratica? Ou seja, a serenização do espírito, o amor e a benevolência? Pois sabemos que a serenização do espírito acompanha a benevolência e a amorosidade perante si e aos seres vivos. E esta é a essência do Tai Chi Chuan.
36. Taoismo. A essência do taoísmo é o amor, a benevolência, o poder sobre si mesmo, o vencer a si mesmo, a serenidade, a fraternidade. Assim, o Tai Chi Chuan sendo taoista, é anti-violência e pacifista por natureza, da mesma forma que o Samkhya e o Yoga.
37. Combater sem combater? Se os praticantes relatam sensações de serenidade, paz de espírito, equilíbrio e maior saúde, e diante disso menor vontade de apelar para a violência, seria o Tai Chi Chuan uma arte onde se combate com a tranqüilidade? Com a benevolência? Com o amor?
38. Lógica. Obviamente que se há amor, não há combate. Amor é união, equilíbrio, serenidade, paz de espírito, libertação. Combate é violência, agressão, subjugação, escravização.
39. Não-violência. A não-violência é a base do método. Portanto, a não-marcialidade é sua característica central. A não-violência é ahimsa. E da não-violência desdobram-se os demais fundamentos tal como prescritos de forma clara por Patañjali. O princípio de não-violência era exposto por Yang Luchan como o princípio da não-luta.
40. Fraqueza. Para Yang Luchan, lutar era sinal de fraqueza de espírito, de cegueira, de fraco poder, daquele que não tem paciência ou paz interior, para “ver”.
41. Academia. É como na academia ocidental. Muitos são considerados “Mestres” e não raro “Doutores”, sem qualquer condição mental e de caráter para isto. A academia científica ocidental, por exemplo, qualifica um sujeito a grau de Mestre, como eu por exemplo, “Mestre em Educação”, quando minha titulação de fato é mestre no que eu pesquisei e não em Educação. Eis a farsa da academia: conceder títulos a alguém sem que o mesmo seja titulado para tal. E por isto temos mestres, doutores e pós-doutores impostores no mundo ocidental e mesmo no mundo oriental.
42. Certificação. O sistema de certificação é um modo inteligente de fazer também com que se mantenha uma pessoa vinculada anos e que pague cursos, seminários e outros eventos, para que possa comprar suas titulações. Isto ocorre em setores variados do saber.
43. Titulação no modelo oriental chinês. No modelo chinês da referida associação, o “Mestre em Tai Chi Chuan” vem de apêndice ao domínio dos Katis do Kung-Fu e talvez dos anos de prática e da vivência.
44. Titulação como mestre de Tai Chi Chuan. A titulação de Mestre em Tai Chi Chuan nada tem a ver com um certificado de papel impresso e conferido por uma suposta autoridade ou suposto mestre. Assim, como ser Mestre em Educação nada tem a ver com um papel emitido por uma universidade reconhecida por um suposto Ministério da Educação.
45. Incoerência. Ser mestre em Educação não garante que a pessoa seja educada. Assim como ser mestre em Psicologia não garante que a pessoa seja uma expert na ciência Psicológica integral. Ou ainda, o mestre em Medicina não garante que o médico seja fraterno e mesmo que pratique a verdadeira medicina.
46. Pressupostos. Diante destes pressupostos incoerentes da educação e da formação temos de considerar outros critérios para que uma dada pessoa possa ser considerada assim algo por sua excelência. E diante disso, podemos aplicar os critérios de Confúcio para o exame da coerência exposta claramente nos Anacletos, quando examina a benevolência e expõe o seu método.
47. Subjetividade. Mas como são conceitos subjetivos e da realidade vivenciada do praticante, Mestre em Tai Chi Chuan é aquele que realmente é mestre, e não aquele que foi reconhecido como tal por um ato político de uma instituição.
48. Mestre. Mestre é quem tem maestria; é a pessoa dotada de excepcional saber, competência, talento em qualquer ciência ou arte; que ultrapassa os limites habituais; que é o mais importante, principal, habitual; aquilo que constitui fonte de ensinamento (Houaiss).
49. Etimologia. Na etimologia é o que manda, dirige, o que ensina. Na antonímia, o aprendiz.
50. Reconhecimento. Somente um verdadeiro mestre de Tai Chi Chuan poderia considerar um outro praticante um Mestre do referido método.
51. Formações. Nenhuma formação em Tai Chi Chuan dada pelas Associações de classe podem garantir que estão formando seus alunos. Este método não pode ser ensinado em 1 ou 2 anos e isto formar alguém a ensinar o método. Isto só pode ser uma formação aguada e tecnóloga, sem base científica, filosófica e cosmológica. E esta base só se assenta após o encadeamento das vidas sucessivas e do amplo entendimento vivenciado dos pressupostos do Yoga.
52. Desconsideração. Então, desconsiderarei a formação a partir de cursos e retornarei à formação antiga, que exigia não raro um convívio direto com o mestre e uma prática diária, comprometida, disciplinada e séria por anos e anos a fio.
53. Critérios. Dominar a seqüência solo de movimentos como é o critério adotado é completamente irrelevante, pois que o entendimento e aplicação dos princípios que orientam o método são mais importantes que qualquer outro critério.
54. Princípios. O trabalho interior (neikung), o trabalho energético e respiratório (chi kung), a forma (encadeamento, ou ásana), a vivência e entendimento dos princípios e ética cósmica, a vida de acordo com o Tao, a não-violência, o entendimento da natureza do “Chuan” e do Tai Chi Chuan e de seu propósito como método, são alguns dos critérios mínimos que poderiam conferir alguém a ser Mestre em Tai Chi Chuan (ou Mestre no Tao Yôga).
55. Critério básico. Compreender o principio de não-violência é o critério básico. A isto se dá o fundamento do método, sua razão de ser, a pacificação íntima, a serenidade de espírito, o amor, a benevolência, a paz social.
56. Para-Institucional. Tai Chi Chuan não é institucional. Por sua essência (Tao), é parainstitucional, holocósmica, e funciona no modelo pessoa a pessoa, professor-aluno, espírito-espírito, sem ser dominado por uma dada instituição, guru ou mestre, sem mensalidades mercantilistas, sem acordos financeiros espúrios, sem lucro, sem titulações, sem medalhas, sem reconhecimentos políticos. O critério é o de autoridade natural e não de papéis ou de encaminhamentos políticos.
57. Famílias. Assim, o Tai Chi Chuan nada tem a ver com preservar a tradição das famílias chinesas, numa gurulatria ainda presa ao vilarejo mercantilista da tradição milenar de passar de pai a filho e a neto o método, como se isto fosse algo importante e relevante.
58. Cosmo. O Tai Chi Chuan, como é o Tai Ji, pertence ao holocosmo e não às famílias. Pertence à todo o universo como patrimônio universal para a saúde, o êxtase, a felicidade e o amor.
59. Institucionalização. A institucionalização é o mesmo problema que ocorre no ocidente, ao institucionalizar uma ciência, como ocorreu com a Conscienciologia e Projeciologia, restringindo-a a uma só referência central, a pessoa do pesquisador e médico Waldo Vieira, onde acabou por se tornar uma religião com seus adeptos. A institucionalização faz com o que a evolução se torne rígida e seja enredada pelo lucro e nutra o preconceito e o culto as escalas evolutivas, diferenciando o praticante do não-praticante, como se o não-participante fosse menos evoluído que os participantes. E isto é o centro da religião: a separação ao invés da união.
60. Yoga. O Yoga é o método universal e completamente transinstitucional, praticado nesta e noutras dimensões do holocosmo.
61. Lógica e cientificidade. É evidente, pois, que falta extrema lógica, sensibilidade e cientificidade para o trato do Tai Chi Chuan em sua essência como método, e até mesmo para orientar uma correta história científica, ao invés de tal história ser contada de boca a boca por falsos historiadores. Sabemos que a história precisa ser uma disciplina científica caso contrário, estaremos contando um conto de fadas do passado.
62. Tai Chi Chuan. O Tai Chi Chuan e os métodos associados, eram tratados como bruxaria e sua pena era de morte. Assim, os campos que o método penetrava adentrava nos assuntos aqui no ocidente tratados como Parapsicológicos, Transpessoais, Metapsiquistas ou mesmo Espiritistas, transcendentes e enredados de preconceitos, medos e vertigens. A repressão da função psi-gama, psi-theta, psi-kapa e psi-ómicron associado ao Tai Chi Chuan é evidente pela forma como o ensino é dado.
63. Curso. Em curso que iniciei e rapidamente desisti, o professor ensinava em voz baixa os assuntos ligados à parapsicologia e mesmo enfatizava que ingeria o Ayahuaska e que não poderia falar abertamente porque poucos o entenderiam. Assim o aspecto central era tratado com medo e mistério, misticismo e proibição. Os assuntos sobre energia, sobre Chi, eram tratados abertamente, mas os mais profundos relativos ao neidan, eram censurados. A isto se deve ao ensino fragmentado do método em relação aos campos mais profundos, parapsicológicos e holocosmológicos.
64. Arte da Guerra (Wushu) X Arte da Paz (Taoismo). Se considerarmos este método como fundamentado no I Ching e nos aforismos de Lao Tzu, o fundador do Taoismo, e se considerarmos o Tai Chi Chuan como um método taoísta da longevidade e, por isso mesmo, impossibilitado de ser uma arte marcial, pois os fundamentos que o amparam são profundamente e essencialmente pacifistas; então por isso qual a lógica de se ensinar o Tai Chi Chuan junto ao Kung-Fu? Ou associá-lo a uma arte marcial? Ou de vincular um método pacifista com uma arte da guerra (wushu)? Ou ainda mais, vincular o ensino e a formação do Tai Chi Chuan ao domínio da arte da guerra pelos 10 katis? Realmente não resta dúvida desta irracionalidade.
65. Discernimento. Portanto, discernir arte para a violência (marcial) da arte para a não-violência é a base para o entendimento da natureza do Tai Chi Chuan.
66. Critérios do Mestre. Os critérios do Mestre se impõem à lógica e a verdade, portanto a ciência. O Mestre aqui é aquele que além de compreender a benevolência a têm como orientação de vida, e apesar de não a praticar de todo, tem-na como prioridade.
67. Desapego. E o desapego é necessário, pois mestre ou não-mestre o que importa é o acesso ao Samadhi (Tai-Ji) e ao Kaivalyam (Wu-Ji) pela via de Krya ou Tao.
II – Das Irracionalidades e Incoerências aderidas ao Tai Chi Chuan
68. Irracionalidade (1). O Tai Chi Chuan vem sendo divulgado de forma impensada como sendo uma arte marcial e os divulgadores não raciocinam absolutamente nada a respeito do que estão falando, pois arte marcial é o método geral de combate que visa vencer um oponente, não raro, retirar-lhe a vida mediante sofrimento intenso. Arte marcial é o método que necessita de combate a mão desarmada ou armada (como ocorre com o irracional Tai Chi Chuan com espada, uma aberrante irracionalidade que incentiva a matança e a violência).
69. Irracionalidade (2). Ao mesmo tempo divulgam que é uma arte marcial para a longa vida, uma meditação em movimento ou um yôga. A irracionalidade vem agora com força total, pois como uma arte da guerra seria ao mesmo tempo um método para a longa vida, meditação ou Yoga? É completamente incabível contextualizar o Tai Chi Chuan ao mesmo tempo em duas categorias: como arte da guerra e como arte da paz, como “arte da morte e do sofrimento” e como “arte da vida e do amor”.
70. Irracionalidade (3). O mais insensato é afirmar ser o Tai Chi Chuan uma arte marcial devido ao fato de serem os movimentos similares aos Katis do Kung-Fu. E o mais insensato ainda é, diante do questionamento do aluno sobre a aplicação marcial do Tai Chi Chuan, nenhum dos professores até hoje foram capazes de esclarecer tal aplicação. Usa o tal Tui Sou como algo que sugere a tal mítica aplicação do Tai Chi Chuan como arte da guerra. Até hoje nenhum mestre de Tai Chi Chuan usou o método para bater ou agredir alguém. Isto é simples de entender, o método não serve para isto.
71. Lição de vida. Uma coisa eu aprendi em minha vida. Se uma pessoa não é capaz de responder a uma pergunta, é porque ela não sabe. Então estamos diante de falsos mestres e perante este fato precisamos ter cuidado excessivo, para não sermos manipulados e enganados.
72. Disfarce. Vejamos Ku Yu Cheung, o palma de ferro, psicopata disfarçado de mestre.
73. Mestres extrafísicos. O mesmo vale aos falsos mestres extrafísicos, que nos “desorientam” de lá, fazendo-nos achar que são mestres, quando são impostores. Mas estes são fáceis de decifrar. O assim pesquisador Allan Kardec, nos ajudou a decodificar um de outro, em suas obras, pelo discernimento e pelo exame do caráter e da inteligibilidade da informação. A ciência psíquica do ocidente é o “yang” que faltava no “yin” oriental do Tai Chi Chuan.
74. Confusão. Então observamos claramente a confusão geral em que se encontra o Tai Chi Chuan.
75. Condicionamento. O simples fato de ter o “Chuan” como integrante no nome deste método faz com que o condicionado mental compreenda ser uma arte de combate, um tipo de wushu ou Kung-Fu, diferente. Por esta razão se ensina no Brasil, o Tai Chi Chuan conjuntamente com o Kung-Fu e com métodos marciais, como espada e mesmo se divulgue o mesmo como arte marcial pelo simples fato de ter em seu nome o “Chuan”.
76. Irracionalidade (4). A irracionalidade persiste quando o condicionado mental (cegueira) não percebe a incoerência em compreender o “Chuan” como uma variante de combate similar ao Kung-Fu, quando na verdade, o “Chuan” aponta para um tipo diferente de combate. Para isto retornemos a Zhang Sanfeng, o suposto criador do Tai Chi Chuan.
77. Arte não-marcial. Assim, Tai Chi Chuan se for classificado assim, é uma arte não-marcial, é a arte da não-luta. E assim como “Chuan” pode ser compreendido como combate, pode ser compreendido como não-combate.
78. Marcial. O nome marcial refere-se a Marte, Deus da Guerra, e obviamente e com toda nossa lógica, isto nada tem de relação com o Tai Chi Chuan. Se compreendermos o Tai Chi Chuan como arte marcial, o que é arriscado assim ver este método, devemos vê-lo como um método para neutralizarmos a marcialidade interna ou como observa Patañjali, para assentarmos ou tranqüilizarmos “citta”.
79. Lógica e cientificidade. Aos praticantes e falsos-mestres, faltam-lhes cientificidade e lógica para erguerem seus sistemas egocêntricos de Yoga, cada qual pendendo para um lado. O mesmo se aplica ao Tai Chi Chuan, onde cada qual pende para seu lado deixando de lado justamente a essência, o sentido, o Tao do Yoga (e do neidan, do Tai Chi Chuan, da meditação, o autoestudo, etc.).
80. Confusão. Assim, temos que nos treinamentos de Tai Chi Chuan percebe-se uma confusão, onde ora é apresentado como arte marcial, ora como relaxamento em movimento para idosos; ora é apresentado como uma meditação em movimento e ora é apresentado em um kati lento com espada, onde existe até mesmo o cumprimento de pseudo-mestres, colocando a crença e o culto a autoridade acima da ciência, da lógica e da amorosidade.
81. Questões similares. Ao Yoga cabem os mesmos questionamentos, ora é apresentado como um método onde se misturam uma série de angas sem maior lógica, como uma relação de mais de 2.000 ásanas e cerca de 100 mudrás (gestos com as mãos), e mesmo confundido com uma coreografia complexa e impossível de se fazer pela maioria, e noutro momento apresenta-se como uma meditação sentada onde se imaginam uma série de coisas positivas e bonitas, apesar de interessantes, mascarando não raro, os reais problemas do sujeito.
82. Mestre X Estilo. Cada mestre criou um estilo próprio e o mesmo ocorreu no Tai Chi Chuan. É importante dizer que Yang Luchan não chamava seu estilo de estilo Yang. Este nome foi dado posteriormente e provavelmente a partir do ensino de seu neto Yang Chengfu.
83. Marcialidade interna. A marcialidade interna é o modo bélico, rigoroso, violento, agressivo, injusto, torturador e até certo ponto malévolo que tratamos a nós mesmos.
84. Neijia. Zhang Sanfeng é intitulado o criador de um tipo de “Chuan” diferente do então wushu, ou as técnicas de combate externo, violentas e que necessitam aniquilar um oponente. A isto chamou de Neijia, ou escola interna, onde o Tai Chi Chuan se insere.
85. Lógica. É consenso que o Tai Chi Chuan tem seus fundamentos na medicina chinesa, no taoísmo e por isto mesmo, no I Ching, nos aforismos de Lao Tzu e assim por diante e porque não nos ensinamentos de Confúcio. E diante disso, é consenso que os fundamentos expõem um axioma geral pacifista, de harmonia de Yin e Yang, de conciliação dos opostos, de não-violência, de harmonização para evitar a doença, de cultivo do Chi (Qi), da intenção correta (Yi), do poder correto (Jin), da refinações internas, e nos aponta para aquilo que é chamado de Neidan, ou a antiga alquimia interna taoista.
86. Ocultismo. Se existe um ocultismo chinês podemos considerar ser o taoísmo esotérico que estava presente e ao mesmo tempo oculto. Todos praticavam, mas poucos eram capazes de “ver”. Os que “viam” se tornavam praticantes, da mesma forma que observa Patañjali (Sutra, 3): “então ‘aquele que vê’ se manifesta em sua natureza mais autêntica”.
87. “Chuan” do Tai Chi Chuan. Assim é muito simples, fácil e evidente compreendermos que o “Chuan” a que se refere o Tai Chi Chuan, não é o mesmo “Chuan” que se refere aquilo que se conhece por “Shaolin Chuan” (conhecido por Kung-Fu). O “Chuan” do Shaolin Chuan é a técnica de combate a mão desarmada e armada visando aniquilar um oponente e não raro, levá-lo a morte mediante sofrimento intenso. O poder é associado ao poder sobre o outro, ao poder de aniquilação e de subjugar outro a partir do poderoso método, como todos sabem ser. Já o “Chuan” do Tai Chi Chuan não se refere à técnica de combate com um oponente como ocorre com o Shaolin Chuan, mas a um “método de combate consigo mesmo”.
88. Lao Tzu. Aqui remonta o aforismo de Lao Tzu: “aquele que vence os outros é forte [referindo-se provavelmente ao Shaolin Chuan e outras técnicas de combate externo], aquele que vence a si mesmo é poderoso [referindo-se às técnicas de combate interno] e aquele que mesmo na morte não perece, esse vive [referindo-se à imortalidade conseguida pelo neidan, a alquimia taoista, o yôga chinês]”.
89. Poder sobre o Outro e Poder sobre Si Mesmo. O fundamento epistemológico do método expõe que ao wushu e qualquer arte marcial (arte da guerra) tem sua base no poder sobre o outro, enquanto que a escola interna, enfatiza a dissolução da luta interna a partir do poder sobre si mesmo. E são estes fundamentos que diferenciam Wushu do Yoga, este ultimo onde se insere o Tai Chi Chuan.
90. Budismo. Mais irracional ainda são monges praticantes de wushu serem adeptos do Budismo, ou seja, a doutrina de Gautama da não-violência e do fraternismo, as 4 nobres verdades e o caminho óctuplo ou do meio, para o nirvana. É completamente irracional um adepto da arte marcial ser Budista. É como imaginarmos Buda, o Sidharta Gautama, praticar Kung-fu e manejar armas em rituais de “katis” (as formas encadeadas do wushu ou Shaolin Quan e outros).
91. Liu Pai Lin. O idolatrado chinês Liu Pai Lin, discípulo do também idolatrado Yang Chengfu, neto de Yang Luchan, ou um dos pioneiros da medicina chinesa no Brasil e um dos que divulgou o Tai Chi Chuan no nosso país, era general do exército chinês ainda nesta vida, tendo participado de conflitos pelo Estado Chinês, esperando se aposentar da carreira militar. A questão de irracionalidade é: como um general do exército pode ao mesmo tempo praticar a arte da guerra (wushu, Sun Tzu) e a arte da paz (tai chi chuan, Lao Tzu)? É o mesmo que matar cavalos a tapa de um lado e praticar o Tai Chi Chuan do outro. Como um taoísta poderá ser general de um exército?
92. Incoerência. A incoerência é da mesma ordem que confundir Tai Chi Chuan com uma arte marcial.
93. Penetração. O Tai Chi Chuan penetrou o exército chinês principalmente com Yang Luchan e alguns de seus alunos, onde seria a forma mais fácil de pacificar o exército sem que o mesmo notasse se tratar de Yoga. Assim, caracteriza-se o Tai Chi Chuan como arte marcial, ao invés de ser uma prática de Yoga. Como o Tai Chi Chuan traz consigo as técnicas de Chi Kung, Tao Yin, então o praticante pratica o Yoga sem se aperceber disso. Eis a estratégia mais lógica dos mestres para fraternizar o belicismo chinês.
III – Da Natureza do “Chuan” do Tai Chi Chuan (Tao Yôga ou Tai Ji Yôga)
94. Correção. Assim, corrigimos o nome “Chuan”, para evitar problemas semânticos e associados ao sentido de “Chuan” no Kung-Fu, como a luta interna travada entre nossos aspectos Yin e Yang que fazem com que vivamos no estado de conflito interno, ou sofrimento, impedindo-nos de viver o estado Tai Ji/Wu Ji. Ou podemos dissolver o nome Chuan e substituir tranquilamente por Yôga.
95. Mantak Chia. O prof. Mantak Chia vem usando o nome Yoga Taoista para designar as práticas do neidan, muito embora ainda conservando um certo misticismo, dá um passo adiante para o entendimento do Tai Chi Chuan, apesar de ainda compreende-lo como arte marcial. É um dos únicos a expor as técnicas potentes do Fa-Jin (exteriorização do Jin ou força Yang pura). Marca aqui sua obra Cosmic Orbit, Cosmic Fusion e tantas outras que expõe o Neidan ou a alquimia interna taoista (Tao Yoga).
96. Dr. Yang J. Ming. Dr. Yang avança consideravelmente quando nos apresenta diretamente traduzido do chinês por ele mesmo, os manuscritos sobre o Qi Gong e tantos outros campos da ciência taoista, indo para o lado extremo do tecnicismo, diferente de Mantak Chia. Sua obra “Qi Gong Meditation – Small Circulation” é um marco científico histórico. O mesmo se diz da obra extensa de Chia, profunda, fecunda e atravessa o amplo universo do Yoga.
97. Diferenças. Apesar disso, nenhum dos dois apresenta-nos um sistema completo e tão racional, expondo passo a passo, o método do Yoga. A isto devemos a Patañjali, o considerado sábio indiano codificador do Raja ou Yoga Real, ou a ciência do Yoga.
98. Sistemas. Assim, temos sistemas de Yoga que integrados formam um todo coerente com a contribuição de vários campos do saber, unificados numa direção real para o Yoga.
99. Luta interna. É universal que o ser humano, independente de credo, raça, cor ou naturalidade, vive internamente um estado de conflito. Este conflito é expresso por uma espécie de luta interna, a luta entre yin, ou o princípio feminino ou obscuro e yang, o princípio masculino ou criativo. A não conciliação interna entre yin e yang leva-nos ao estado de conflito e de luta para vencer este sofrimento.
100. Chuan. Chuan é exatamente isto, a luta interna para a conciliação de yin e yang. Porém, a forma como se luta é a não-luta. Chuan é a luta da não-luta, é a luta não-violenta, não-agressiva, não-marcial, onde o amor é o centro da união, ou yôga. Chuan é união e dissolução da luta interna entre Yin e Yang pelo não-combate, pelo discernimento, pelo autoestudo e autopesquisa (svadhyaya), pela disciplina e desapego (tapas), e pela entrega a verdade interna (içvara). Patañjali assim designou como o Krya Yoga ou a realização do Yoga.
101. Yôga. A palavra Yôga que em sânscrito significa essencialmente “união”, refere-se à união entre ha (princípio masculino) e tha (princípio feminino) – daí hatha yôga ou ainda a união entre os aspectos obscuros e luminosos de citta (espírito ou consciência) pelo samadhi até o estágio último e função do Yôga, o kaivalyam. A palavra “Yôga” tem o mesmo significado da palavra “Chuan” no contexto do Tai Chi Chuan, pois é o “Chuan” interno, de acordo com Zhang Sanfeng, com referência ao Neidan.
102. Sinônimos. Assim, podemos prever alguns sinônimos que podem facilitar o entendimento, como Tai Chi Yôga, Tai Chi (sem o Chuan), Método do Tai Chi (ou Tai Ji), Tai Chi Tao ou simplesmente Tao Yoga (equivalente ao Bhramman Yôga ou Kaivalyam Yoga) ou ainda Tai Yôga (equivalente ao Raja Yôga). Isto tudo para retirarmos definitivamente a concepção errônea e distorcida de que é pela via da luta, do poder sobre o outro ("matar cavalos com um só tapa”) e do conflito com o outro que alcançamos a meta última, o Kaivalyam.
103. Chuan e Conflito Interno. Por outro lado, o “Chuan” Tai Chi Chuan pode ser definido como o método de combate interno que visa neutralizar as forças que geram o combate interno (conflito, sofrimento) e nada tem a ver com vencer um oponente pelo combate ou pela mão desarmada. É também tudo que está em conflito interno e que impede que Yin e Yang se unam em uma unidade transcendente, o Tai Ji. “Chuan” , sendo boxe, combate, é sofrimento.
104. Sentido. Então o sentido de “Chuan” é o modo de funcionamento interno que leva ao sofrimento. Tai Chi Chuan é diante disso o método para a dissolução do sofrimento ou Chuan pela união amorosa e pacífica entre Yin e Yang, ultrapassando as polaridades (Tai Ji – Samadhi) e dissolvendo a fronteira do eu com o objeto (Wu-Ji – Kaivalyam). Diante disso, equivale ao Yôga e é essencialmente um Yôga.
105. Chuan e Boxe. O significado literal de Chuan é boxe e de Tai Chi Chuan , boxe da suprema cumeeira. A palavra Chuan induz o aspecto marcial mesmo com a conotação aqui exposta, de conciliação interna dos opostos o que pode prejudicar o entendimento do método.
106. Tai Chi Chuan e Tao Yôga. Em uma analogia ao sistema organizado por Patañjali, o Tai Chi Chuan é somente um anga dentre outros sete angas. O Tai Chi Chuan é ao mesmo tempo um complexo ásana como dhyana ou a meditação em movimento. Dependendo como se pratica, se for fogo (Li), é ásana, se for água, é meditação (Kan). Um enfatiza a força, o controle da respiração, o equilíbrio, a potência e o fortalecimento dos músculos e tendões, a estrutura, a matéria, o corpo, e assim por diante, o outro, enfatiza o sutil, a energia, o interno puro, a visão da realidade, a serenidade, a expansão da consciência, o espírito.
107. Wai Dan, Nei Dan. Assim, um é Wai Dan, ou a alquimia externa ou trabalho externo, e o outro, a alquimia interna. Wai Dan e Nei Dan, ou melhor o Wai Gong e o Nei Gong, ambos, o trabalho externo e interno, são o equivalente ao sistema de Patañjali, porém este ensinado de forma sistematizada.
108. Da-Mo. Foi mesmo a partir de Da-Mo, o monge indiano praticante de Yôga que ensinou os monges do Mosteiro Shaolin do Norte na China quanto a necessidade de se trabalhar o corpo (ásanas) e realizar os exercícios respiratórios (pranayama). É sabido que a meditação microcósmica e provavelmente o Yôga de Patañjali tenha sido introduzido na China ainda antes de Cristo.
109. Tai Chi Chuan como método de não-combate. E no que diz respeito ao Tai Chi Chuan como método de não-combate, o lutador vence o “oponente” a partir da benevolência e de sua capacidade potente em não-lutar, ou seja, vence o oponente pelo ato de “ver” o outro como não-oponente. Daí a relação entre Tai Chi Chuan e benevolência, amorosidade, respeito e fraternidade. Daí a relação entre Tai Chi Chuan e Yôga.
110. TCC e Yôga. Tai Chi Chuan está para o Yôga assim como este está para aquele. O fundamento epistemológico é praticamente o mesmo, se compararmos o Samkhya com o Taoismo, veremos correlações íntimas. Se compararmos o método, idem. Se compararmos os resultados, também. Assim, TCC é Yôga.
111. Natureza do “Chuan” do Tai Chi Chuan. Tratar-se com amorosidade ao invés de com violência. Aqui remonta ao princípio máximo da ciência do Yôga de Patañjali: ahimsa ou a não-violência. A luta interna pode ser definida assim: lutar para não-lutar, vencer a si mesmo e não lutar consigo, amar-se, mover-se microcosmicamente de forma lúcida, honesta e amorosa, união consigo, auto-reconciliação, conciliação entre Yin e Yang interno, conciliação entre pulsão, desejo, fantasias e possibilidades reais e assim por diante. “Chuan” é a atitude interna, técnica, metódica, treinada, para vencer a si mesmo sem lutar, usando da amorosidade, benevolência, simplicidade, fraternidade, autorespeito e não-violência. “Chuan”, como vimos, também é o estado conflituoso que vivemos internamente e que nos impede de vivenciar o puro Tai Ji (Samadhi) e Wu Ji (Kaivalyam).
112. Problema. O problema está em associar o Chuan ao espectro das artes marciais wushu, e com isto, o Tai Chi Chuan acaba sendo ensinado por professores de Kung-Fu e sendo confundido como arte marcial.
113. Retirar a palavra “Chuan”. A solução é retirar o Chuan e substituir pela palavra de confere o mesmo significado e ao mesmo tempo já é conhecida por grande parte das pessoas: substituir o Chuan por Yôga. Assim temos, Tao Yôga, Tai Chi Yôga,Tai Yôga ou Método do Tai Ji (Tai Ji aqui sinônimo de Samadhi).
114. Tai Chi Chuan X Wushu. O mestre de Tai Chi Chuan quando diante de um combate, ele mesmo vence o combate (1) não “vendo” aquilo como combate; (2) “vendo” o oponente não como oponente, mas como um irmão perturbado e carente de amor e necessitado de luta e do combate para se autoafirmar e para sentir-se seguro; (3) “vendo” a cegueira do guerreiro e sua profunda vulnerabilidade interna, escondida pela agressividade potente e técnica (Shaolin Chuan e outras modalidades); (4) mostrando ao guerreiro que ele mesmo está “vendo”-o por trás da armadura de agressividade, sem medo, firme e confortável, lúcido, em auto-estudo permanente, não-violento, pacífico, amoroso e profundamente benevolente; (5) nestas alturas da relação de ambos, o guerreiro foge de medo, porque não está preparado para lutar consigo mesmo e com uma pessoa sem pontos fracos; (6) o guerreiro foge do espelho dos olhos profundos do mestre de Tai Chi Chuan, encontrando ali o infinito da firmeza, do conforto, da ausência de medo, da coragem serena, da profunda benevolência de espírito, do cosmo infinito, quando a benevolência vence sem lutar.
115. Benevolência vence sem lutar. A benevolência vence sem lutar. Este é o princípio. O ódio, a guerra, o assédio moral, as provocações, a violência, não vence a não-violência. A violência é patológica por natureza. A benevolência é pura saúde e harmonia de Yin e Yang. O Tai Chi Chuan é o método onde o praticante cultivando a benevolência até as últimas conseqüências nunca mais é derrotado, porque ele mesmo abdicou da violência e portanto da luta. O praticante venceu a si mesmo, a pulsão da violência, e internamente é lúcido, calmo, sereno, ativo mas não afoito, passivo mas não melancólico, cósmico mas não alheio da vida humana, no eixo, firme e confortável, permanece parado e ao mesmo tempo, se move.
116. Princípio. Os princípios revelam o Tai Chi Chuan. A partir dos princípios é que podemos saber o que é essencialmente o método e o que é sua prática, a partir da forma como se executa e do estado interno do praticante. O princípio central, a viga mestra, o centro, o axioma científico número um: Tao. Do Tao derivam todos os outros princípios. E como o Tao é benevolência, é amor, é serenidade, então, o Tai Chi Chuan ou Tao Yôga é a ciência e método que conduz o microcosmo (ser humano) a holofusão – ou Yôga - ao holocosmo a partir do caminho e do sentido.
117. Prática. É essencialmente pela prática que se compreende o Tai Chi Chuan.
118. Tai Chi Chuan. O método do Tai Chi Chuan serve para modificarmos o modo pelo qual tratamos a nós mesmos. Então é o método onde a luta interna é para não lutar, ou seja, é a luta para neutralizar este torturador ou censurador interno, e conciliar os opostos, Yin e Yang. Dissolver este outro que faz com que estejamos internamente fragmentados, divididos.
119. Modo de viver. Com o tempo de prática ao longo das eras, o praticante faz da vida e do movimento vital pelo Planeta o própria sequencia dos movimentos do encadeamento, praticando a mutação na não-mutação, mudando de posições sem agressividade, firme e confortável, ao longo da vida e encara a morte como uma continuidade do Tai Ji, sem trumas e medos, em continuidade natural.
120. Alquimia interna. Tai Chi Chuan é um dos métodos do neidan, ou a alquimia interna taoista, onde sabemos pelas fontes históricas convencionais, que Zhang Sanfeng teria contato.
121. Neidan e Yôga. O neidan é essencialmente Yôga, ou um método que visa levar o praticante ao estado de Tai Ji (Samadhi) e posteriormente, ao Wu Ji (Kaivalyam), a partir de uma alquimia ou trabalho de autotransformação ou refinação interna.
122. Alquimia interna. Peneirando todo o misticismo envolvente à alquimia, o neidan ou a alquimia interna é essencialmente a ciência da autotransformação até a liberação da mente ou Yôga. Sabemos que a alquimia indiana estava de mãos dadas ao Yôga.
123. Tao. E para isto existe um Caminho correto, que chama Tao, que chama Krya. Este caminho ou retorno para o Tai Ji – Wu Ji, é chamado de Neidan ou como os indianos chamam, Yôga. Neidan é a metodologia. Tai Chi Chuan, um dos métodos. A isto retornamos na confusão dos nomes que resolveremos ainda neste ensaio.
124. Sentido amplo e estrito. No sentido amplo, Tai Chi Chuan é o próprio Tao Yôga. Em sentido estrito, é uma das técnicas ou angas do Yôga, estando associado aos ásanas, a meditação e ao pranayama (chi kung).
125. Sentido profundo. É o treinamento em solo de um modo de viver seqüencial, contínuo e lúcido, sem perda de consciência, serenidade e paz de espírito, onde nascer e morrer faz parte de uma infinita sequencia de movimentos contínuos, em alternâncias de dimensões e estados de ser, Yin e Yang, internos e externos, o Tai Ji. A compreensão da profundidade do método, sua epistemologia, calibra a prática e realinha o praticante holocosmicamente.
126. Holocosmologia. E foi deste realinhamento, calibração, que ergue-se a ciência Holocosmologia.
IV – Algumas Hipóteses de Razões das Confusões sobre o Tai Chi Chuan
127. Aparência. A aparência marcial similar ao wushu (Shaolin Chuan e outros métodos marciais) tem suas raízes na história da China.
128. Tese. A tese aqui defendida é que o Tai Chi Chuan apresenta-se comumente, e especialmente pela escola mais praticada no mundo, a Yang, como movimentos parecidos com os Katis do Kung-Fu, em virtude de que, o Neidan (Tao Yôga) era uma prática politicamente proibida pelo Estado Chinês, passível com pena de morte pela prática de bruxaria. Assim, com as artes marciais cultuadas pelo exercito chinês, nada mais lógico e lúcido que os verdadeiros mestres tenham divulgado tal arte para o governo e povo chinês na forma marcial, o que além de ser mais aceito seria da mesma forma cultuada. O que evidencia que existia uma prática secreta, não divulgada ao público, restrita aos treinamentos aos discípulos diretos, ou seja, os filhos de Yang Luchan e alguns outros discípulos. Provavelmente o Yôga ensinado por Luchan era similar ou tinha raízes no método do TaiJi assim escrito ainda nos primeiros anos após Cristo, na China, conforme observou a sinóloga Catherine Despeux.
129. Mestres de Yôga. Assim, fica mais claro vermos que os assim chamados verdadeiros mestres do Tai Chi Chuan, especialmente Chen Chanxing e Yang Luchan eram na verdade, mestres de Yôga.
130. Índia e China. Seria humilhante ao chinês orgulhoso de suas poderosas artes marciais e de seu belicismo sempre imperante que tenha sido profundamente influenciado pela tradição do Yôga da Índia.
131. História do Yoga. Da mesma forma com que ocorre com o Tai Chi Chuan, a história do Yoga é confusa e não raro, mítica, já tendo até mesmo sido atribuído a Shiva a criação do Yoga.
132. Imprecisão histórica. Os Sutras de Patañjali foram escritos no mesmo tempo dos aforismos de Lao Tzu e dos trabalhos de Chuang Tzu, assim como da mesma época do Budismo de Sidharta Gautama e do contato desta linha com a China através do monge budista Da-Mo. O Samkhya equivale ao Taoismo e referem-se a data similar. As raízes dos dois sistemas é mais antiga que seus manuscritos básicos, incluindo o Livro das Mutações e o clássico do Imperador Amarelo, o histórico do Chi Kung e ao xamanismo tanto indiano como chinês.
133. Fronteira histórica. Aqui encontramos os limites da história e necessitamos entrar no movimento que ocorre extrafisicamente, visto que minha tese é de que a ciência do Yôga é uma ciência de ramificação extrafísica, como é a própria natureza de Yin e Yang. Se a origem se dissolve na história humana, então podemos prever que a origem pode ser ainda não-humana, como método passado pelas inteligências superiores para nossa evolução. Assim, o Yoga real ou o Raja Yoga é o Yoga passado pelos amparadores extrafísicos mais evoluídos.
134. Dispersão. O método é passado para a humanidade que filtra, adapta, refrata e distorce de acordo com a cultura e as limitações de cada mestre e povo. Assim, o Yôga na Índia é de uma maneira, na China de outra e por exemplo, na cultura Maia, de outro, como se mostram os movimentos de Tensegridade ensinados por Carlos Castañeda.
135. Ciência. O objetivo é pois encontrar o universal no disperso de forma a compreendemos o que é o real Yôga ou como observou Patañjali, o Raja Yôga (Yôga real, científico ou universal).
136. Patãnjali. O assim considerado sábio Patañjali pode ser considerado o precursor da fase científica do Yôga a partir de sua obra Yôgasutra, datado ainda antes de Cristo.
137. Universalidade. Qual a universalidade do método? O que é indispensável e o que é dispensável? Existiria um Yoga universal ou um Tao Yoga?
138. Retorno. Este Yoga remonta ao passado? Qual a origem do Yoga? Teria sido criado por alguém? Ou sua origem mesma é universal, holocósmica?
139. Princípio. Se Tao é um, então haveria de existir um método também universal, possível de ser aplicado por qualquer pessoa em qualquer condição?
140. Estudos paralelos. Sabe-se que no xamanismo tolteca, Maia, tão exposto na obra única do antropólogo Carlos Castañeda, temos que o mestre Juan Matus ensina a Castañeda uma série de movimentos que por sua vez carregam uma série de princípios que são similares aos dois sistemas acima citados: Neidan ou Tao Yoga (incluindo o Tai Chi Chuan) e Yoga (incluindo os Ásanas).
141. Intento. Juan Matus esclarece a Castaneda que em dado momento os xamãs acessam tais movimentos numa espécie de repositório universal para a humanidade e nos estados de consciência expandida, conseguem mais facilmente saberem dos movimentos e acabaram por registrá-los, para praticá-los quando em consciência ordinária.
142. Campo. Este campo de acesso é uma dimensão no mínimo atemporal e acessível enquanto domínio, holocampo informacional, dimensão psicônica ou consciencial.
143. Habitabilidade. Sabemos em Holocosmologia que o cosmo é na verdade um Holo-cosmo, cuja holofusão entre inteligência, energia, dimensões, vida e assim por diante mostra-se inseparável, indivisível e irredutível, e tais dimensões donde existe tal informação que é convertida em determinados tipos de movimentos é habitada por aqueles que já atingiram o Samadhi (Tai Ji) e o Kaivalyam (Wu Ji).
144. Rememoração. Muito de minha rememoração do movimento que aprendi em vida anterior na China contribuiu para o entendimento exposto neste ensaio.
V - Perspectivas do Tao Yoga, Raja Yoga (Yoga real, verdadeiro) ou Yoga científico ou universal (Logos).
145. Logos. O sentido do Logos no pensamento grego é exatamente o mesmo que o sentido do Tao, senão tratamos os mesmos como sinônimos. E como é do Logos que vem a “logia” de todas as ciências, então que, o Tao Yoga é o Logos Yoga ou o Yoga Científico ou Universal.
146. Yoga Universal. O Yoga universal é o Yoga que se apresenta na forma mais científica, pura, real, verdadeira, sem estar enredada com superstições, misticismos e limitações que reduzem sua universalidade e o conduz a uma limitação de prática e entendimento.
147. Yoga. Numa definição simples, o Yoga é em si mesmo, o estado de união interna ou microcósmica (ausência de conflitos e perturbações) e também o estado de união externa ou macrocósmica, em holofusão holocósmica, inexistindo qualquer percepção de separação, egoidade, falta de sabedoria e de ego, numa profunda unidade holocósmica-consciencial, no ápice do conhecimento de si além dos conceitos, símbolos e das palavras, no amor mais puro e universal e no discernimento mais avançado e benevolente. Nas palavras de Patañjali, o Yoga é o recolhimento das manifestações do eixo central da consciência ou espírito. Este recolhimento faz com que a pessoa recolha toda sua percepção dirigida a um objeto e perceba-se de forma pura, isolada, ou o Kaivalyam. Assim, Yoga é Kaivalyam. Por outro lado, o Yoga é o método e a ciência para se atingir o estado de holofusão própria da vida isenta de sofrimento. Esta ciência que visa exatamente dissolver o sofrimento e levar o praticante a um estado superior de consciência e liberdade cósmica pela holofusão, é o Yoga. Assim, o Yoga é a ciência e o método universal para o assentamento do espírito (eu real) na verdade ou sentido da vida, o Tao.
148. Tao Yoga. A partir daqui incluímos o Tai Chi Chuan como uma técnica que reúne vários angas numa só prática do Yôga tais como: pranayama, ásana, dharana, prathyahara, dhyana e samadhi. Inclui-se o yama central, a não-violência, como o centro da técnica e o niyama como a busca do saber interior e a autenticidade como aspectos centrais também.
149. Prática. Para a prática do Tai Chi Chuan o praticante passou pelo treinamento dos demais angas de forma a condensar todos os angas num so anga, ou o Tao Yôga.
150. Hipótese. Esta hipótese pelo qual trabalho e apresento aqui, coloca a origem do Yôga (incluindo aqui o Neidan) como um único e mesmo método ensinado pelo amparo universal para a libertação da humanidade e diferenciado conforme o contexto.
151. Cosmoinclusão. O Yôga é o método para a cosmoinclusão da Terra na Comunidade Cosmoética Universal, a partir do profundo trabalho interno e autotransformação a partir do potencial heurístico, psicoterapêutico e transformador do Samadhi e do Kaivalyam.
152. Samadhi. Sendo a universalidade do Yôga levar o praticante a um estado que transcende a linguagem, a individualidade, a diferença, as divergências, e ao universo da serenidade e do entendimento sem palavras, então, podemos compreender que a solução da humanidade é uma educação para o samadhi e ao kaivalyam.
153. Ciência. Porém, uma ciência do samadhi e do kaivalyam é necessária para que os praticantes compreendam em linhas gerais o sentido do Yôga. A isto teremos de recorrer à função psi-ómicron.
154. Psi. Psi é o que foi chamado por Patañjali de sidhas, ou os praticantes dotados de capacidades parapsíquicas. É também a função psíquica envolvida na ultrapassagem natural dos 5 sentidos e sua extrapolação máxima conhecida, ou a percepção direta do real, o kaivalyam.
155. Kaivalyam. O estado de kaivalyam é o mesmo que o taiji-wuji, e remonta a ativação progressiva da função psi-ómicron ou o parapsiquismo de espectro holocósmico até a holofusão.
156. Cosmologia. Isto exige uma cosmologia de largo espectro para dar suporte a este tipo de experiência. A isto podemos chamar de Holocosmologia. Somente uma Holocosmologia pode dar suporte ao Yôga.
157. Sentido. Yôga é o método para entendimento do Sentido. O sentido aqui é o mesmo que foi chamado por Tao (Tao = Sentido).
158. Sofrimento. O entendimento progressivo do Sentido (Tao) vai libertando a pessoa progressivamente do sofrimento decorrente da ignorância, a raiz de todo sofrimento.
159. Ciência do Yôga. A Ciência do Yôga transcende o que vem sendo ensinado pelos centros de Yôga, que priorizam um tipo de trabalho que enfatiza o externo ao invés do interno e com isto ao Samadhi.
160. Busca do Saber Interior. O saber interior e com isto a vida conforme a verdade interna (Tao) é dos angas mais difíceis de se praticar. É o Svadyaya.
161. Desapego. O desapego é o abrir mão de tudo quanto é supérfluo e desnecessário para a correta via do Yoga e do seu objetivo maior, o Kaivalyam.
162. Um. Só existe um Yoga. E decorrente das diferentes manifestações de citta, encontramos as diferentes escolas de Yoga. Porém, Yoga é o método para Kaivalyam, independente da forma como se mostra. Em sua forma pura, é sincero e o mais honesto possível, visto ser a base do Yoga, a autenticidade decorrente do “ver”.
163. Recolhimento. E como Yoga é o recolhimento das manifestações de citta, ou do núcleo espiritual do ser, logo, mesmo que a forma do Yoga seja tal ou tal, seu destino é único e o mesmo: a realidade em si, além da forma, da linguagem e da representação visual, material, visível.
164. Yoga e Universalidade. Yoga é o método universal para a união interna, integração do micro e macrocosmo numa holofusão indivisível, irredutível, onde o eu é o holocosmo e vice-versa. A unidade indissociável é a realidade de holofusão, ou Yoga. Este estado é o Kaivalyam, na dissolução da dualidade aparente e do sofrimento decorrente do conflito entre Yin e Yang, decorre a serenidade e a unificação do eu com o Holocosmo, dissolvendo as fronteiras que separam-nos da verdade.
165. Holocosmologia. A Holocosmologia é a única ciência existente na Terra que pode sustentar a ciência do Yoga, como ciência prática para alcançar a holofusão, ou o Kaivalyam. A dimensão do Kaivalyam é dimensão holocósmica consciencial pura, habitada universalmente.
166. Ciência do Kaivalyam. O Kaivalyam é a experiência de unidade eu-holocosmo, em experiência parapsíquica e essencialmente transpessoal, sensitiva e cosmocognitiva, de compreensão e entendimento cósmico direto, de si e do universo, impossível de ser falado, apesar de nossas tentativas.
167. Ciência de espectro. A Holocosmologia é a ciência que se dedica ao entendimento do universo em sua condição de holofusão holodimensional holointeligente, unindo o espaço-tempo-dimensão com a inteligência em seus infinitos estados de manifestação (EC), numa realidade quadridimensional complexa de: espaço-tempo-dimensão-consciência/inteligência, operando em holomovimento infinito (tai ji).
168. Yoga. O Yoga é o método para que, a partir da dissolução do conflito interno e da expansão de consciência pelo êxtase da paz profunda do samadhi possamos nos assegurar da nossa existência eterna na essência e da eternidade e infinitude do holocosmo, assegurando uma segurança interior que ultrapassa os limites restritos da autoafirmação egocêntrica.
169. 8 fases do método. As 8 partes (angas) do Yoga, que podemos mais modernamente chamar de fases do método, abarcam a integralidade da manifestação daquilo que Patañjali chamou de citta, ou o núcleo espiritual do ser. Assim temos que:
1) Yama: 5 metas éticas para dissolvermos a violência e cultivarmos o amor.
2) Nyama: 5 metas de auto-aperfeiçoamento para dissolvermos a falsidade e cultivarmos a autenticidade.
3) Ásana: posturas de assentamento.
4) Pranayama: práticas de controle do prana, ou chi, pela respiração, movimentos corporais ou mentais.
5) Pratyahara: prática do recolhimento (das manifestações de citta) para um foco.
6) Dharana: prática de concentração de citta em um objeto.
7) Dhyana: é a meditação micro e macrocósmica.
8) Samadhi: é perceber-se como a própria medida do objeto, esvaziando-se de sua própria forma (dissolução da dualidade e do conflito).
170. Complexidade. Da simplicidade do método temos a complexidade da prática.
171. Ciência da Consciência. O Yoga revela ser essencialmente a ciência da consciência completa, que contempla todas as facetas do ser humano, indo além de ciência, apresenta epistemologia clara e metodologia coerente e integral, diferentemente da proposta transpessoal, conscienciológica, parapsicológica e mesmo projeciológica, ambas carentes de uma metodologia mas, antes, repleta de técnicas esparsas sem coerência sistêmica.
172. Holocosmologia. O Yoga é portanto a ciência e portanto a metodologia integrada que visa levar o praticante ao estado holocósmico de holofusão, dentro daquilo que chamei do paradoxo consciência-holocosmo. A Holocosmologia enquanto ciência universal de espectro traz consigo o Yoga como o método para seu entendimento.
173. Universalidade. O Yoga é o caminho universal para a dissolução do conflito interno ou sofrimento, e a vivência do amor e da paz e serenidade interna permanente. Independente de como se mostra (manifestações de “citta”), o Yoga é o caminho, por esta razão é apropriado por variadas linhas do conhecimento, adaptadas aos seus contextos dogmáticos, tais como:
a) Conscienciologia/Projeciologia: a autopesquisa e autoconsciencioterapia (svadhyaya); as técnicas de mobilização da energia (órbita microcósmica, pranayama, qi gong); as técnicas energéticas-corporais utilizadas nos laboratórios de desenvolvimento parapsíquico (qi gong, ásanas e pranayamas) como a irrupção do energossoma; projeção consciente (samadhi, wu-ji, kaivalyam); técnica da imobilidade física vígil (zazen, tao yin, dhyana) e assim por diante.
b) Teosofia: a meditação Raja Yoga e o estudo da doutrina indiana, secreta, por Blavatski.
c) Budismo: as 4 nobres verdades (yama, nyama e os sutras iniciais de Patañjali), o caminho óctuplo (os 8 angas de Patañjali), e a prática de Dhyana (meditação).
d) Taoismo: o Tao Yin (pranayamas, ásanas, dhyana, meditação micro e macrocósmica), Tai Chi Chuan (meditação, dhyana, samadhi), Tai Ji (Samdhi), Wu-Ji (Kaivalyam).
e) Psicoterapia: relaxamento autógeno de Schultz (ásanas, meditação, regulações); relaxamento progressivo de Jacobson (ásanas, Fa-Jin, contrações-descontrações e respiração, pranayamas); técnicas de Grof da respiração holotrópica (pranayama), relaxamento (ásana, pranayama); técnicas de Rogers da consideração incondicional, empatia (ahimsa, não-violência, humanismo); reprogramação mental (ciência mental de Patañjali, correção da percepção, meditação sobre o que é agradável); terapia cognitiva de auto-investigação (svadhyaya); terapia de vidas passadas (acesso aos registros, exposto no Sutra de Patañjali); dentre outros.
f) Fisioterapia: Pilates (ásanas); RPG (derivação dos ásanas); alongamento (ásanas); musculação (ásanas), etc.
g) Cristianismo: caminho do amor (ahimsa e o retorno ao Tao); ficar em oração (meditação, dhyana).
h) Xamanismo: tensegridade (tai chi chuan, ásanas, pranayamas); exercícios gerais de respiração, movimento corporal, e expansão da consciência visando a unidade micro e macrocósmica (Yoga, Samadhi).
174. Diferenças. As diferenças dos sistemas acima impedem aparentemente de vermos o que de comum existe em todos os sistemas.
175. Eixo. O eixo comum de todos os sistemas é o Yoga. Todos são distorções ou manifestações de um único método e ciência que visa justamente nos levar ao estado de consciência pura, livre de auto-conceito, de auto-imagem, no recolhimento justamente das manifestações deste eixo, ao encontro do eixo (citta, centro do espírito, atman, centro da consciência, núcleo, self, alma) e assim, dissolvendo a confusão de imersão na diversidade aparente e abraçando a holofusão da unidade real (Raja Yoga ou união real).
176. Perguntas. Assim, como podemos resgatar o método puro do Yoga Real, ou Raja Yoga? Livre da gurulatria, das instituições, doso T mestres centralizadores, das doutrinas fechadas, das ciências reducionistas e das mentes perturbadas? Assim, como saber se alguém conhece o Samadhi e o Kaivalyam? E se não o conhece, como ensinar o Yoga se ele mesmo não chegou lá?
177. Respostas. A investigação pura do método, além das aparências da forma, é possível desde que possamos chegar no mesmo lugar (samadhi, kaivalyam) por formas diferentes do mesmo método. E foi assim que vivenciei o Yoga e alcancei ambos estados por vários métodos: raja yoga (brahma kumaris), budismo tibetano (dhyana por mantra), zen (zazen), tai chi chuan (dhyana em movimento), meditação micro e macrocósmica, mobilização de energia, autopesquisa (exaurimento intelectual, samadhi com semente). Assim, como o método é o mesmo variando na forma, então podemos extrair a essência mesma na diversidade da aparência da forma.
178. Yoga. Aqui encontramos o Yoga, simplesmente Yoga, sem mais denominações, como o método e ciência apropriada por variados campos, e adaptadas conforme suas doutrinas e dogmas.
Considerações Finais:
Dos 22 Princípios para a Prática Correta do Tai Chi – Chuan – conforme os ensinamentos diretos de Yang Luchan
1. Produza fogo sem se queimar (qi gong – wai dan - Li), e penetre o abismal sem se perder (qi gong – nei dan – kan). Yin e Yang, vá até os extremos (Yin e Yang) sem se perturbar, no eixo, com estrutura, e retorne vivo e lúcido, assim conhecerá o Tao pelo Wu Ji.
2. E somente a partir do Wu Ji que se inicia o Tai Ji. Se existe luta interna, se Yin e Yang ainda lutam internamente, então que se comece a seqüência curta em luta - daí Tai Chi Chuan (começar a seqüência curta em luta é como renascer com pendências conflitantes - carma).
3. A seqüência deve ser curta assim como a vida é curta, em Quan, e no trajeto que se encontre o Tai Ji (união de Yin e Yang) até o retorno a Wu Ji.
4. Daí a importância de se praticar o retorno (meditação).
5. Caso não encontre Tai Ji não tem problema, assim como é a natureza, nem todos os dias se mostram ensolarados e nem todas as noites se mostram com um lindo luar.
6. Se ainda não sabe o que é Wu Ji, nenhum problema, aceite e prossiga. O tempo certo virá sem avisar. E como num golpe certeiro, Wu Ji aparecerá sem avisar e destruirá o mundo que ergueu com os conceitos que se apegou, e você conhecerá a si mesmo, livre do outro, sem oponente, em Samadhi.
7. Cada Tai Ji deverá ser um Tai Ji diferente, como é a natureza, como são as coisas no tempo exato delas e no fluxo. Então, não realize o Tai Ji com expectativas de ser um método replicável como diz a ciência.
8. Você precisa conhecer a si mesmo, entrar em contato, regular-se permanentemente, para saber como é o mover-se do Tai Ji.
9. O que ensino não é uma ciência, é como se libertar da ciência e de tudo quanto é humano. Se libertar do que é humano é encontrar a essência pura, bruta, que habita e sustenta o animal. Isto é Jing, é Shen.
10. Jing é a essência bruta que possibilita o Tai Ji, Shen é quem refina. Quando a essência está contaminada de karma, então não é Jing. Primeiro purificar o Jing, eliminando as impurezas da essência. Isto se dá através da alimentação e da respiração. Eliminar as impurezas do pulmão e dos intestinos. O primeiro se dá pelo qi gong. O segundo se dá pela correta alimentação.
11. A sabedoria está em aceitar o tempo correto das coisas que se movem de seu modo por não poderem, neste momento, moverem-se de outro.
12. Não lutar significa entender a natureza das coisas em seu tempo do modo como se movem.
13. Eis a essência do livro das mutações. A imobilidade na mobilidade, o imutável no mutável e assim sucessivamente.
14. O entendimento é a resultante do “ver” o tempo das coisas, e as coisas no tempo, que se movem num fluxo coeso, unificado, vivo e inteligente, o Tai Ji.
15. No momento em que não “vemos”, forçamos um movimento não natural, assim, vamos numa direção contrária, diria assim, ao Tao, e isto gera o infortúnio (sofrimento, acidente). Perceber isto com certa antecedência, evita com isto, o acidente e o sofrimento.
16. Os Chen sabiam disso, e só passaram a mim. Eles tentaram me enganar, ocultar de mim, mas eu “via”. Eles não me ensinaram a “ver”, eu “via” que ocultavam de mim e então comecei a observar e repetir o método. Aquilo era diferente de tudo que tinha visto. E quando eu aprendi eu fui embora. E é assim que tem que ser. Insistir numa coisa quando “vimos” que esta coisa já se exauriu, gera o infortúnio.
17. Forçar não é o caminho do Tao. Para sabermos se estamos forçando, é necessário “ver”. Eu já “via”, mas o método dos Chen potencializava. O único erro deles era a repetição sem discernimento.
18. Cada um precisa encontrar em si seu Tai Ji. Sua maneira de mover-se internamente e externamente no mundo. Respeitar o Tao de cada um é o que antecede o Tai Ji, o Wu Ji. O Tao é o conteúdo do Wu Ji. Wu Ji está cheio de Tao.
19. Tao Yoga é o caminho de discernimento ao Tao. O discernimento gera o entendimento. O entendimento gera a pacificação. A pacificação gera a união. A união gera a serenidade. A serenidade torna-se então o chão firme do si mesmo.
20. Discernir significa “ver além das aparências”. “Entender” significa que infortúnios ocorrem por deficiência de “visão”. O processo de entendimento dos infortúnios que sempre são decorrentes da deficiência de “visão” é Yoga. Tao Yoga é o método para “ver”.
21. A forma é a aparência do Tao. Para se chegar ao Tao precisamos da forma e da forma retornamos à não-forma, do ser para o não-ser, da superfície para o interior.
22. Estar na forma produz conflito. Estar na não-forma produz serenidade e paz de espírito.
19.11.14
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Ciência do Yoga: Enumerações Lógicas sobre o Tai Chi Chuan, Yoga Chinês, Relações com o Yoga Indiano e Práticas Semelhantes, Relações com a Holocosmologia e Outras Considerações
By Fernando Salvino (M.Sc) 16:20