28.5.17

Estado e Corrupção: Ensaio sobre a Dissolução do Estado através da Meditação Profunda (Samadhi)

Fernando Salvino (M.Sc)
Parapsicólogo e Psicoterapeuta
Bel. Direito (Univali), MSc. Educação (Ufsc)


A corrupção parece que vem do latim, corrupta, cor (coração) e rupta (quebra, rompimento). A etimologia da palavra corrupção traduz o sentimento do que está havendo em nosso país Brasil.

Do ponto de vista etimológico, corromper é romper o coração, a alma, a honestidade, o sentimento ético, a verdade. No sentido corrente, refere-se de modo reduzido, ao que ocorre no campo social, quando se obtém vantagem ilícita, onde ocorre o prejuízo de um ou muitos e favorecimento de um ou muitos.

Porém, aqui, vou seguir o sentido mais profundo do que significa corrupção.

O ato ou efeito de faltar ou quebrar com a verdade, com o coração, a alma, a honestidade e a ética, ou mais essencialmente, o ato de agir em contrário à benevolência e ao bem estar social verdadeiro; ou ainda o ato de agir contra o próprio coração, a própria alma, caracteriza a corrupção.

Um coração doente e perturbado é aquele que corrompe a si mesmo e à sociedade, deteriora os fracos e dá ênfase aos poderosos.

Na raiz da corrupção temos o Estado.

O Estado é a expressão institucional da corrupção. A característica fundamental do Estado é a mentira. E faltar com a verdade é corrupção.

No monopólio da coerção, da violência e do direito de tirar a vida de outrem, o Estado se mostra suberano no direito de corrupção, ao contrário do que as leis e normas jurídicas parecem ditar, no paradoxo explícito.

Assim, não há ação de Ministério Público ou qualquer instrumento do Estado que possa acabar com o próprio Estado, a verdadeira causa da corrupção social.

O Estado é a propriedade privada, é a ilusão de sermos donos de algo, é a própria natureza de perceber-se como algo que necessita de algo para ser. O Estado é a expressão da perturbação interna da humanidade. Assim, o Estado é a evidência da falência social, não podendo ser salvo através dele mesmo. É a doença institucionalizada e portanto, para ser tratado necessita ser dissolvido.

Assim, não há ação que possa dissolver a corrupção e ao mesmo tempo fortalecer o Estado. Justamente pelo fato de que o Estado é a própria corrupção institucionalizada, burocratizada e jurisdicionalizada.

Então, para que a corrupção seja dissolvida, nós precisamos dissolver a perturbação interna que assola a todos nós, visto que a causa do Estado é a perturbação que existe em nossa alma, em nosso coração, na corrupção do sentimento de familiaridade universal.

A corrupção da alma é a doença geral, a perturbação humana fundamental e a causa desta perturbação fundamental está na confusão entre quem realmente somos e o que acreditamos ser.

E na profundidade do ser que realmente somos não encontramos nada parecido com "algo" com um "eu" ou com qualquer coisa material que possa ser apossada. A existência através das coisas e da necessidade de sermos donos ou proprietários, como forma de nos sentirmos seguros, excluindo os que não podem ter ou estão impossibilitados de ter, é a própria corrupção.

A corrupção é o sintoma da perturbação fundamental. É o sintoma da confusão na alma, na mente, no espírito, em não percebermos e não sentirmos no coração que somos uma só família e o mesmo sangue, o mesmo ar, a mesma energia, o mesmo universo nos une e nos liga numa unidade indivisível.

As ações do MP e da PF em nosso país não passarão de ações superficiais quando a própria humanidade ainda permanecerá priorizando o fortalecimento do Estado e com isto a separação entre nações e povos, desunindo as famílias e promovendo o sofrimento humano.

A solução definitiva é a dissolução do Estado. É uma ilusão acreditarmos que a modificação social se dá através do Estado. A sua dissolução se dá por esforços pessoais, onde trilhamos um caminho de dissolução da perturbação fundamental que atinge a todos nós: somos desconhecidos para si mesmo; desconhecemos nossa natureza autêntica. O desconhecimento da natureza autêntica do ser gera a perturbação fundamental, o medo, e por sua vez, as perturbações gerais até a institucionalização da perturbação ou o Estado.

E o meio natural para a dissolução da perturbação é Yôga ou mais especificamente, a prática do Samadhi (meditação profunda). Qualquer outra solução será paliativo e superficial e somente adiará o problema. Existe esperança, mas a esperança está em eu e você nos comprometermos em caminhar em direção ao samadhi para dissolver nossas perturbações e assim gerarmos uma sociedade mais livre, pacífica, justa e espiritualmente fecunda.