17.2.17

O Grande Pai

O medo é minha principal falha.
Um medo estranho.
Um medo de mim mesmo.
Um medo de quem eu me torno
Quando eu sou
Eu mesmo.

Eu mesmo,
Sou poderoso.
Eu mesmo,
Não tenho medo.
Sou valente, rápido.
Forte, ágil, bondoso
Profundo,
Cujo olhar é a própria janela do infinito.

O meu olhar é minha principal arma.
É o cultivo do olhar firme
É a fixação do olhar firme
É a permanência do olhar firme
É a prática da meditação com olhos abertos
Que potencializa o olhar firme da montanha.

Gigante por sua natureza
A montanha tudo olha e não se move.

O olhar firme é visto como clareza de visão.
A clareza de visão é a capacidade de mostrar
Quem eu realmente sou.
Eu sou o Tao.

O Tao é o único poder capaz de assustar até o mais bravo dos mestres.
Contra ele ninguém é capaz de derrotar.

O Tao assusta por sua intangibilidade.
O Tao assusta por sua profundidade infinita.
O Tao assusta por não se localizar em parte alguma.
O Tao assusta por sua incogoscibilidade.
O Tao assusta pelo tamanho de sua essência.
O Tao assusta pela vastidão de seu domínio.

Enquanto portavoz do Tao,
Ninguém é capaz de me derrotar.
Mas quando o Tao se escapa e o olhar se torna fraco
Medroso,
Qualquer um é capaz de me vencer.

A invencibilidade é privilégio dos portavozes do Tao.
Os verdadeiros yogues de todos os tempos.
O mostrar-me quem eu sou,
Na transparência fecunda do Tao
No movimento de ser quem sou
Na condição de portavoz do Tao

A serenidade do Tao assusta até o mais bravo dos mestres.
A imperturbabilidade do Tao expulsa até o mais feroz dos demônios

E assim disse o mestre:

Por desenvolver a clareza de visão e a visão firme
Assim eu me torno o Tao e o Tao se move através de mim
E o mais bravo dos guerreiros se amedronta como criança diante de seu pai.

Por isso se diz que o Tao é o grande Pai.