31.12.11

L(∞): Ensaio Preliminar Sobre a Lógica Inclusa do Infinito e a Irrupção da Transciência

Infinito - L()
Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


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Obs: este artigo é o último de 2011 e finalizo esta publicação em estado de graça, sereno, em paz interior, sentindo amorosidade natural pelas pessoas e seres, certo do cumprimento de uma de minhas  tarefas, a de trazer a esta dimensão tais assuntos e experiências de ordem da alta ciência e da transcendência consciente.

Desejo a todos os leitores deste modesto espaço as melhores energias e intenções para 2012 e que se há alguma profecia para o próximo ano, que seja realmente a do "fim do mundo", mas não a do mundo, mas a do mundinho, o ego restrito, o egoísmo, em direção ao fraternismo cósmico. 


Agradeço a todos vocês que sustentam consciencialmente este espaço, sem vocês ele não teria função alguma. Aos leitores participantes ativos, meus sinceros e cordiais agradecimentos, pois atuaram como co-escritores deste espaço, deixando suas assinaturas psíquicas por aqui. Aos amparadores extrafísicos desta revista de experimentos, meu profundo agradecimento, sem o suporte de vocês como manifestações corpóreas do Infinito nada seria possível. E, como é o tema deste artigo, sinto-me em clima de profundo respeito pelo Infinito, o real motor motivador de tudo que o existe nesta espaço, manifesto minha sincera gratidão pelo Cosmos e pela oportunidade de estar vivo em sã consciência, neste século, neste planeta.

Fernando Salvino, 31/12/2011.

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I – Das Considerações introdutórias

O tema é causador de angústia e medo irracional para muitos. A razão disso é simples: todos nós somos, de uma forma ou de outra, diariamente pressionados ao encontro experimental inevitável com o Infinito.

Este texto é inspirado em experiências de projeções avançadas de psicossoma (exoprojeção e outras impactantes) e de mentalsoma, incluindo aqui, a cosmoconsciência ou o contato direto com o Infinito e a transcendência absoluta da linguagem e paradigmas tal como os conhecemos e operamos em nosso nível. Inexiste possibilidade de ciência neste espectro de realidade, razão pela qual poder afirmar que a ciência é um tipo de saber temporário e relacionado a um determinado nível de consciência.

O sentido geral do aparecimento global do fenômeno parapsíquico está além do entendimento humano. A necessidade de uma parapsicologia, ou uma psicologia profunda (além da psicologia) está associada ao entendimento de fenômenos que desafiam o paradigma, a política, o sistema social, o direito humano e assim por diante. Fenômenos estes que nos levam além da fronteira, rumo ao Infinito. Lidar com o fato de que não conseguimos explicar a maioria dos fenômenos que vivenciamos, mesmo os do dia a dia, é a base também para uma translingüística. E ao adentrarmos nas experiências parapsíquicas, especialmente, as projeciológicas avançadas, adentraremos no rol de vivências mais estranhas que podemos explicar. Por exemplo, a experiência projetiva que tive esta noite (madrugada do dia 29/12/2011):

“Estava eu sonhando que estava acampando com minha filha [falávamos neste assunto antes de dormir, pois ela afirmava amar acampar no réveillon] quando aparecem quatro homens, jovens, porém amistosos e com intenções agressivas. Estes jovens aparecem no momento em que abro a barraca. Ao perceber os jovens vindo em minha direção como se para me pegar, paro e de forma lúcida penso: “estes homens são produtos de minha mente, eles não existem.” Imediatamente, os jovens ficam estáticos, suas aparências tornam-se como opacas e sem vida e, como bonecos comandados pela minha mente, caem no chão como peças de um dominó, sem qualquer consciência e vida própria. Neste exato momento, sei que estou fora do corpo e acordo imediatamente devido a forte emoção da experiência.”

II - Sobre a complexidade da experiência projetiva

Este exemplo retrata uma projeção consciente aparentemente simples, porém, carrega uma intensa complexidade. A começar pelo meu relato. É impossível relatar em exatidão através de palavras, especialmente a língua portuguesa, como de fato a experiência se passou. Primeiramente, como a experiência se passou, o experimentador precisa lançar mão de sua memória para fins de lembrar da experiência. E toda rememoração passa por processos de atualização da experiência passada em relação ao presente. Diante disso, entre o relato da experiência e a experiência, temos a memória e o processo de rememoração. A partir disso, a rememoração que já é uma distorção da experiência primária, embora possa ser uma pequena distorção, ao ser traduzida em termos de linguagem, passa por uma segunda distorção: o registro escrito da experiência. Assim, o que é relatado já é uma tradução, uma versão distorcida da experiência primária. Assim temos que todo relato experiencial é, antes de tudo, uma versão secundária da experiência primária, como em E1 > R (experiência primária é maior que o registro da experiência). Ou mais especificamente:

E1 > Rem > R

E1 = experiência primária
Rem = rememoração
R = registro da experiência

A respeito da experiência, temos mais uma complexidade. O detalhe é que estou estudando uma técnica projetiva que sugere questionar qualquer conteúdo onírico em sonho visando despertar a consciência extrafísica a fim de discernir presença consciente e presença não-consciente (onirismo) dentro dos sonhos. Ou seja, existe anteriormente à experiência, um referencial teórico-metodológico sendo aplicado visando um resultado específico. Este referencial foi elaborado por projetores conscientes que a partir de estudos e experimentos pessoais organizaram métodos para que tais experiências pudessem ser replicadas e intercomunicadas, apesar da realidade das distorções entre E1 e R. Temos que R apesar de tudo, consegue alcançar algum tipo de realismo de E1 a ponto de viabilizar a comunicação entre projetores conscientes. Quando lemos que a pessoa sentiu-se paralisada após retornar ao corpo, o projetor que teve a experiência sabe experimentalmente como é a catalepsia projetiva, obviamente, que a partir de sua experiência pessoal. Não sabemos exatamente o que outro projetor sente pela catalepsia, mas é o limite da comunicação possível.

Diante disso, estamos sempre lidando com esses limites entre as experiências primárias e os registros ou a comunicação das experiências verbalmente. Esta lacuna entre um campo e outro nos coloca em contato com o Infinito. Existe uma área ali intocada, permanentemente intocada. Nem mesmo nós que experimentamos tais vivências conseguimos tocar nestas áreas e conseguir levar tais campos de experiências ao nível do registro e da comunicação.

É diante desse realidade que estarei dissertando este tema aqui, limitado por meu registro, capacidade de tradução das experiências em palavras e rememoração.

Além de tudo o que coloquei acima, experiências projetivas como esta, apesar de ser uma experiência projetiva de baixa complexidade, desafiam os principais conceitos atuais sobre a realidade. Como poderíamos acordar dentro do próprio sonho? Como controlar o próprio sonho e ainda permanecer sonhando de forma consciente? Seria isto um sonho? Que nome poderíamos dar a este fenômeno? Não se trata de um sonho muito menos de sonhos lúcidos. Estamos adentrando noutra esfera de realidade: as experiências lúcidas fora do organismo físico e as escalas de lucidez. E estas experiências necessitam da pessoa humana uma estrutura de personalidade capaz de dar suporte ao toque do Infinito, por mais sutil que seja.

Este me parece ser o maior sentido do aparecimento moderno do fenômeno estudado pela parapsicologia, por exemplo, chamado de EQM – Experiência de Quase-Morte. As EQMs são experiências profundamente impactantes, verdadeiros toques do Infinito. Uma introdução experimental ao Infinito, uma degustação simplória daquilo que será nossa realidade permanente: vivermos tão só nesta zona cosmológica Infinita. Da mesma forma as experiências de retrocognição, precognição, a telepatia, clarividência e as impactantes experiências fora do corpo conscientes até a cosmoconsciência, esta última, um mergulho temporário no Infinito. A experiência de cosmoconsciência é a experiência temporária, o vislumbre do estado de consciência inorgânica, sem corpo algum, onde a pessoa não consegue ver qualquer apêndice corporal agora sua consciência em si mesma, livre, cosmificada, em contato direto com o Infinito. Aqui adentramos noutra sintaxe, outra linguagem, além da nossa, restrita a um mundo restrito da inclusão cósmica. Não sei se o leitor ou leitora estão realmente compreendendo o que estou falando aqui, mas de qualquer forma, prosseguirei com a expectativa de que os assuntos seguintes possam ser complementares a este.

III - Sobre o Infinito Cósmico e sua estrutura básica: o Intento (Consciência).

Existe um território, uma zona, uma área, dentro de um contexto de uma possível topografia da ciência e da possibilidade factível do conhecimento, que é inacessível à cognição humana. As atividades cognitivas, intelectivas e perceptivas, incluindo as capacidades extrassensoriais e parapsíquicas da consciência não adentram nesta área, mesmo as experiências de cosmoconsciência avançadas. Se formos tomar como um todo a imensa gama de capacidades de acesso e possibilidade de conhecer humano, mesmo assim, existe uma área inacessível e permanentemente viva e atuante, mesmo que não tenhamos condições de acessar ou identificar, perceber e reconhecer a sua existência no dia a dia e mesmo nas experiências transcendentes. Diante disso, chamarei a este grande conjunto aberto, transfronteiriço, de Infinito.

O Infinito é a maior área do Cosmos. É o fundamento da energia escura, perfazendo mais de 90% da composição do cosmos, conforme a moderna cosmologia. Dentro de uma topografia cosmológica multidimensional, situo o Infinito como a área cósmica por excelência, zona de realidade incomensurável e inacessível a qualquer tentativa de uma ciência cosmológica completa. O completo é uma fantasia também inacessível, diante da natureza do Cosmos: o Infinito. Diante disso, partiremos do Infinito enquanto fundamento cosmológico básico e de uma ciência real possível, dentro de seus limites viáveis, livre de megalomanias e narcisismos próprios de consciências isentas da inclusão da lógica do Infinito, aqui representada por: L(∞).

IV – Sobre a Lógica Inclusa do Infinito - L(∞)

Esta lógica opera a partir dos experimentos diretos com o Infinito, especialmente aquelas experiências catalogadas como psi. Esta lógica torna a vida humana comum não mais um escondeirijo do Infinito, mas uma oportunidade de transcendência e de compreensão do funcionamento prático da consciência.

O assunto aqui tratado não é uma teoria ou uma concepção, se trata de uma realidade imutável, a de que o destino do ser humano é ser lançado para campos de realidade cada vez mais cósmicos, quer ele queira ou não. Existe no universo uma força chamada Intento que nos pressiona para tal realidade: o Infinito. Daí vem o sentido de falarmos em uma inclusão lógica do Infinito em nossa cognição ordinária. E esta inclusão se dá experimentalmente e epistemologicamente. Por outro lado o amor cósmico parece-me estar lado a lado com tal expansão progressiva de consciência. Assim, o Intento Cósmico é amoroso. Não sabemos o que é, nem como se forma ou donde vem, qual sua natureza e concepção, porém, podemos presenciar as manifestações do Intento, através do fenômeno da Evolução da Consciência. Ninguém escapa à evolução.

O Infinito permeia as nossas vidas por todos os lados e nos atravessa diuturnamente, mesmo que não tenhamos consciência de sua cosmo-realidade. No entanto, nos defendemos e tentamos nos livrar dele, de sua pressão cada vez mais progressiva. Nestas alturas considero o próprio Cosmos como um Infinito cuja natureza mesma se manifesta como um Intento. O Infinito manifesta-se como intenção cósmica, ou atividade cosmo-inteligente onipresente.

V – Das Considerações finais sobre a gênese das patologias (sofrimento) e suas relações com a cosmofobia, conscienciofobia e esquizoholia.

Desta forma, o medo básico é do Infinito e da experiência de contato direto permanente com este, a cosmofobia, o que nos leva a um estado esquizohólico, ou de divisão psíquica experimental entre o eu e o cosmos (Infinito). Esta divisão sintáxica e experimental parece-me ser a base genética de todo sofrimento e, portanto, da patologia e psicopatologia. Este afastamento possui relação com o ódio/raiva... E a aproximação, com o amor/afeição.

A experiência de presença do Infinito é tida como aquela que gera tremor agudo (tal como u tremor de terra provocado por um terremoto) na estrutura geral da personalidade, abalando suas estruturas em prol da irrupção de uma nova, mais acolhedora do Infinito. Por outro lado, outras experiências desta natureza provocam um contato direto com o Sentido, sendo que as pessoas que passam por tais experiências retornam com uma sensação sem palavras, repletas de gratidão cósmica. Assim, o Infinito apresenta-se como dupla polaridade: ora como um profundo Vazio Cósmico (Yin), ora como um Sentido (Yang). Estas experiências são tidas como uma sensação geral de presença de um “algo” profundo que se situa nas dimensões mais profundas e invisíveis do Cosmos. Esta cosmofobia gerada pelo contato direto com o Infinito faz com que a personalidade vai, passo a passo, se preparando e se acostumando com tal realidade até que vai perdendo o medo do escuro multidimensional. Por outro lado, até mesmo as experiências de encontro com o Sentido geram na pessoa tremor e sensação de perda de sanidade mental ao retornar para o mundo ordinário, comum. Incluo neste rol de experiências o campo da extraterrestriologia, no contato direto e experimental com outros organismos conscientes habitantes do Cosmo afora.

A cosmofobia que se traduz por uma conscienciofobia (medo de si) leva a consciência, esteja ela em qualquer estado de manifestação, a uma esquizoholia. Esta leva a consciência a criar e desenvolver uma sintaxe e paradigmas ancorados na cosmofobia, conscienciofobia e esquizoholia e, portanto, defende-se do Infinito. Aqui nasce um sistema de defesa dedicado a desviar a consciência do contato direto com o Intento Cósmico (Infinito). E este sistema de defesa é a base que sustenta a ciência mais convencional e as religiões de forma geral, cada um em seu espectro defensivo.

(parte 1)

30.11.11

Robert Monroe, seu papel no desenvolvimento da Projeciologia e relações com a minha experiência, a de Sylvan Muldoon, Waldo Vieira e outras considerações. (parte 1)


Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo
FEBRAP/ABRAP/NIAC

Dedico carinhosamente este artigo a Marcio Emiliano, leitor desta revista, por ter me solicitado escrever sobre Robert Monroe e sua relação com a Projeciologia.




Robert Monroe e a Projeciologia

A conexão direta entre eu e Robert Monroe se deu naturalmente através da revista que acabei criando para veicular meus experimentos parapsíquicos e científicos na área avançada da consciência. Márcio, após ler o artigo publicado a respeito do renomado projetor Sylvan Muldoon, solicitou-me que escrevesse acerca de Robert Monroe.

E admito caro leitor, nunca li nada das obras de Robert Monroe, além de citações a respeito de sua importância no campo mais laboratorial da projeciologia e acerca de sua experiência como projetor consciente e alguns relatos. Seu nome é bem falado nos corredores do IIPC, porém, sem qualquer aprofundamento. Nunca interessei-me em ler sua obra, assim como a de muitos outros projetores, porque sei da veracidade da experiência. Por outro lado, li integralmente o material publicado por Waldo Vieira, que será a terceira personalidade o qual escreverei um artigo dedicado. Isso se deu diferentemente com Muldoon, pois a obra de Muldoon foi a primeira obra que tive contato sobre o assunto.

Então, foi assim que cheguei diretamente até Monroe, por pedido de meu amigo leitor. E certamente demoraria para acessá-lo. Meus interesses estão primeiro em experimentos pessoais e, em segundo, em experimentos de outros pesquisadores e, terceiro, em material teórico-científico da área. Mal dou conta de meus próprios experimentos e afazeres, casos clínicos, pesquisa, escrita de artigos, família, filho e outras tarefas familiares. Luto desde criança para a autosuperação de meu déficit de atenção sem qualquer uso de medicação, somente com exercícios mentais e estudo concentrado e meditação. A solicitação do leitor é que delineasse o papel de Monroe na ciência da projeção consciente, ou a Projeciologia. Não sei se estarei conseguindo fazer isso, porque o que escreverei é mais um depoimento que um estudo histórico. Como não sou historiador, reservo-me do direito de escrever da forma como me soa mais confortável e prazerosa.

Prontamente, comecei a ler a obra “Viagens para fora do Corpo”. E, por suspresa, deparei-me com a introdução de um dos mais qualificados parapsicólogos do planeta, Dr. Charles Tart, pesquisador que fiz contato há anos atrás o qual recebeu-me, em e-mail, cordialmente com seus textos a respeito da projetabilidade consciente. Mas seu depoimento é impactante. Tart coloca-se em alto nível de honestidade diante do trabalho de Monroe. E eis que finalizo a introdução e começo a ler o primeiro capítulo, que narra a experiência desencadeadora de Robert. Monroe passa por intensos estados vibracionais espontâneos, a princípio e que ao longo do tempo seguinte culminaria com uma experiência de bilocação. O mais intrigante é sua aguçada capacidade de descrição da experiência, verdadeira pesquisa fenomenológica do fenômeno projeciológico. Sua precisão é evidente. No Brasil temos um problema grave, a Parapsicologia está praticamente diluída, por outro lado, temos a Projeciologia e Conscienciologia em alto nível de organização e expansão científica. A equipe científica relacionada é das mais profissionais e científicas do planeta.

É importante esclarecer ao leitor que tornei-me parapsicólogo muito depois de ter experimentado o fenômeno projetivo, desde antes de meus 9 anos de idade. A razão da precocidade destas experiências me são desconhecidas. Sou como Muldoon, que faz ciência de si mesmo. Parto da hipótese que tenha sido aumentada esta predisposição a partir de meu trauma do parto. Assim, começo pela experiência para depois ir à teoria, que incluo, experiências de terceiros.

Inicialmente, venho dizer que Monroe é como um segundo Muldoon. Depois de Muldoon, cronologicamente falando, parece que somente Monroe consegue fazer ciência de seus próprios experimentos projetivos, sem misticismo e fantasias, tal como observa Tart e, o mais interessante, é o paralelo que faço entre ambas histórias. Em Muldoon, ocorre a busca por Hereward Carrington, renomado pesquisador psíquico do século XIX e XX, o qual realizam intensa troca de experiências. O fenômeno em Muldoon inicia quando tinha 12 anos de idade, quando entra em catalepsia projetiva ou astral. Agora vamos para Monroe. Monroe passa pela experiência de sentir as vibrações no corpo e repito, são sensações realmente estranhas, ainda mais quando posteriormente vem a experiência extracorpórea consciente sem perda de lucidez. A experiência de ouvir e sentir os sons dentro do cérebro é realmente bizarra, como tenho experimentado várias vezes. Após busca ajuda de especialistas, médicos, psicólogos e eis que em sua obra encontramos Charles Tart, o qual podemos compará-lo em importância, ao renomado Sr. Carrington. Ambos fazem investigação em conjunto e tendo laço de amizade que transcende o de pesquisadores e os aproximam como pessoas. O depoimento de Tart é de uma honestidade admirável.

Essa é a primeira análise comparativa e parapsicológica que faço das obras. Faço como parapsicólogo e como projetor consciente que também teve sua vida completamente virada ao avesso diante dos impactos progressivos que cada experiência ia me lançando.

Como Muldoon, Monroe dá, mesmo sem saber, continuidade ao modelo de pesquisa que não é nem qualitativa, nem quantitativa, mas instala-se numa forma de investigação direta do fenômeno parapsíquico pelo próprio experimentador-pesquisador. Podemos chamar de auto-pesquisa experimental, onde o pesquisador se lança no experimento e depois faz ciência do mesmo, percorrendo o ciclo da aprendizagem experiencial tal como delinearam John Dewey, Kurt Lewin e outros. Parece-me que existe uma correlação entre as experiências de ambos projetores:

1.    Experiência desencadeadora fulminante: catalepsia astral ou projetiva e estado vibracional e conseqüente bilocação;
2.    Impacto da experiência e alteração cognitiva, com alteração profunda da estrutura consciencial (cognitiva, emocional, pensamentos, crenças, etc)
3.    Busca por informações em obras e especialistas, com pouco resultado;
4.    Contínuos experimentos projetivos e analisados, descritos com alto nível de precisão, a ponto de podermos, como projetores, comparar a experiência e obtermos maior visão sistêmica do fenômeno;
5.    Publicação em conjunto com algum renomado pesquisador, desconectando o escritor na categoria de insano ou psicótico, pelo atestado do pesquisador-autoridade.

Sobre Waldo Vieira e a Projeciologia

Na década de 70 (1979), no Brasil, um médico espírita chamado Waldo Vieira publica um livro contendo suas experiências projetivas. Este projetor também apresenta o traço raro daquele que além de ter os experimentos projetivos, consegue fazer ciência de si mesmo em alto nível. Vieira, ao que me parece, torna-se o terceiro da linhagem de projetores-cientistas, ou de projeciólogos nesta ordem cronológica:

1. Sylvan Muldoon
2. Robert Monroe
3. Waldo Vieira


Eu teria de examinar melhor as obras anteriores, mas não encontro nada muito preciso e destituído de misticismo por onde li. Outro projeciólogo que parece-me ter saído do trilho científico mais focado no campo projetivo, foi o brasileiro Geraldo Medeiros Junior e algumas de suas obras especializadas como "Relatos de um Projetor Extrafísico" e "Viagem Extrafísica", obras excelentes e referenciais. Wagner Borges, que também ainda não fiz revisão mais aprofundada das obras, mas sua pesquisa está noutra esfera, não tão científica e mais mística. Medeiros abandona a Projeciologia e focaliza seus estudos na Bioenergologia, campo mais relacionado com a Conscienciologia. Em outras obras, bastante respeitadas, como de minha colega parapsicóloga Susan Blackmore, li somente o início e o fim, e deparei-me com uma frustração ao ler sua conclusão sobre as experiências fora do corpo, e concluo: ela nunca teve uma projeção consciente. Não perdi meu tempo lendo o miolo do livro. Após Vieira, muitos tentaram fazer ciência de seus próprios experimentos, mas acontece que poucos têm experiências projetivas suficientes a ponto de conseguir fazer delas ciência projeciológica. A Projeciologia, no meu ponto de vista, é a ciência mais difícil existente no planeta. Sou como um retardatário numa corrida de Formula 1, com 36 anos de idade, tentando superar minha dificuldade de concentração para que consiga escrever acerca do assunto. Se tivesse maior capacidade de concentração e organização de idéias poderia ter publicado algo há tempo. Muldoon demonstra superior capacidade, ao escrever morimbundo, entrevado numa cama, com vinte e poucos anos de idade. Estas são as dificuldades que sensitivos têm ao tentarem também manifestarem seu intelecto, atributo praticamente oposto ao parapsiquismo, que se manifesta como acesso direto a uma informação e realidade. Um dia entendi que um de meus objetivos de vida era desenvolver minha intelectualidade, porque estava desalinhado com meu parapsiquismo. Incluia aprender a escrever e a organizar experiências. Forte tendência pela arte e música, abandonei toda minha atividade artística e musical, para dedicar-me somente ao desenvolvimento parapsíquico numa linhagem científica. E sou grato a Waldo Vieira por ter me mostrado tal prioridade em minha existência.

Espero chegar até o fim da obra de Monroe. Geralmente não leio uma obra por completo, a não ser que me interesse muito. Sinto-me como diante de amigos, quando leio Muldoon e Monroe. Senti afinidade imediata com essas consciências de extrema coragem em escrever cada qual em sua época, sobre tal tema. Aprendo com a sinceridade de como se expõem publicamente e o exemplo destes me faz apreender a coragem deles e aplicar aqui, agora, em meu momento.

Correlações com minha experiência projeciológica

A minha história não difere muito de Muldoon e Monroe. Aos 5 anos de idade aproximadamente, comecei a sair do corpo com lucidez, quando desejava profundamente voar como o super-heroi americano fazia em seu filme. E eu conseguia. A princípio eram sonhos lúcidos, onde conseguia controlar o sonho. Aos poucos, os sonhos foram se tornando mais e mais lúcidos e ponto de estar completamente consciente dentro deles. Sabia que era algo diferente do sonho. Toda noite eu tinha dessas experiências e desejava ardentemente tê-las. Tinha muito êxito em replicar a vontade a experiência. Eu sabia de alguma forma que, se eu desejasse e muito, ardentemente, aquilo ocorria. Era uma técnica. Anos se passaram e fui esquecendo disso. Era normal para mim. Mas uma vez lembro que fui comentar com um amiguinho de infância e o mesmo nem sabia do que eu estava falando. Creio que reprimi um pouco aquilo tudo. Somente aos 9 anos de idade, em meio a crise de febre alta, tive projeções violentas para fora do corpo. Eu era arremessado para fora e saia rodopiando em espiral para fora do corpo. Creio ter sido minha primeira crise de pânico na minha vida. Esta experiência marca um antes e depois em minha atual existência. Fui a médicos, como Monroe, fiz exames também, e nada acusou. Os médicos diziam que eram alucinações. Tive menos sorte que Monroe. Somente após, aos 13.. 14 anos de idade, num centro de umbanda, uma entidade que já relatei noutros textos, que se chamava Vô Serafim, me explicaria que tudo aquilo estava ocorrendo porque eu era “macumbeiro”. Cerca de ano depois, outra entidade que se chamava Vó Maria, me diria: “o filho vai, sai do corpo e vai voar”. Na época eu reclamava que não conseguia me concentrar nos estudos porque começava a flutuar, a rodopiar e a excitar-me muito sexualmente. Várias vezes tinha de me masturbar para que conseguisse me concentrar nos estudos e a interromper o processo projetivo. Não sei qual a relação entre estudo concentrado e excitabilidade sexual. Mas li que Monroe fala disso, nos capítulos seguintes. Este campo é árido em pesquisas. Creio que tenha lido em Freud algo sobre isso.

A diferença é que minha crise de paradigmas ocorreu antes de eu ter um paradigma. Então, não aceitei nada que fosse contrastante com meus experimentos projetivos, desde pequeno. Lembro da discussão que tive com o neurologista que teimava dizer-me que eram alucinações e eu dizia que não, que foi real. Eu tinha 9 anos. É complicado uma criança conviver com essa realidade e ainda ser criança. Creio ter amadurecido uma parte em mim muito precocemente. Sem contar a exacerbada libido que eu tinha de dar conta desde cedo que me parece estar associada ao parapsiquismo precoce, de alguma maneira e a enorme quantidade de energia que sinto possuir. Espero que Monroe tenha algo a dizer a respeito disso, das relações entre parapsiquismo e sexualidade, relação esta que venho tentando esboçar há um certo tempo, pela teoria sexométrica em comparação as escalas evolutivas e ao estudo da sexualidade e sua relação com a evolução da consciência.

Após, venho tentando estruturar tudo em ensaios. Ensaio é uma forma de escrita mais livre. Adapto-me mais com este modo de escrever, mais livremente. Começo criando uma biblioteca onde posso publicar os escritos. Depois crio a revista, onde publico as coisas mais dinamicamente, sem tantas formalidades. Neste trajeto, já havia a instituição de projeciologia, onde me envolvo, fundada por Waldo Vieira. Vou tentando formar um grupo independente e livre de pesquisadores da área, que chamei de NIAC – Núcleo de Investigações Avançadas da Consciência. Associei-me com o parapsicólogo Geraldo Sarti, o qual vem me dando feedbacks a respeito de meus experimentos projetivos do ponto de vista psicobiofísico e parapsicológico. Sarti junto com Carlos Tinoco, sumidades da parapsicologia no Brasil, outorgam a mim, pela Federação Brasileira de Parapsicologia e Associação Brasileira de Parapsicologia o título de Parapsicólogo.

Haveria um padrão sincrônico na biografia de projeciólogos?

A semelhança é direta. Sem me dar conta, faço o paralelo dessas histórias e percebo um padrão. Carrington, Tart e Sarti, ambos parapsicólogos renomados que têm o poder de atestar a nossa sanidade mental e a coerência daquilo que estamos falando. Desconheço a história de Waldo Vieira a ponto de traçar este mesmo paralelo, mas soube que em sua trajetória, um espírita lhe orientou a estudar a projetabilidade consciente a fundo. Mas sua qualidade de médico lhe é favorável a tal posição, dispensando em muito a necessidade de um apêndice, tal como eu, Muldoon e Monroe precisávamos. Seu traço científico o coloca em degrau avançado, no que diz respeito a sua velocidade de organização de idéias e capacidade de materializar idéias em papel. Existem pessoas mais capazes que outras nesse aspecto. E me deparo com esta dificuldade, de me superar nisso para chegar em meu objetivo. Parto do pressuposto que outros projeciólogos também, ainda desconhecidos, atravessaram histórias similares, variando num ou noutro ponto.

Outras Considerações

Estou tentando acompanhar em leituras todo este intenso movimento atual nas investigações avançadas da consciência, mas minha prioridade ainda são as experiências e organizar minhas experiências de uma forma que possa dar a publicidade devida e com isto, até o fim desta vida, espero conseguir tal feito. Outro fator é que vou pesquisando muitas coisas ao mesmo tempo, devido ao espectro de alcance de minhas experiências projetivas e organizando tudo ao mesmo tempo. Espero que haja uma síntese coerente de todos os ensaios, pois todos estão interconectados um no outro.

(parte 1)

25.11.11

Evidências de Precognição Extrafísica no momentum da Delocagem Lúcida para fora do Corpo e Retrocognição Espontânea relacionada ao fenômeno da automimese dispensável.

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo



Considerações iniciais

A precognição extrafísica é um acontecimento raro dentro do espectro de fenômenos parapsíquicos que já vicenciei. Pelo que me lembre, somente duas vezes pude ter um tipo desse de visão, quando previ num sonho, a separação conjugal de meus tios antes deles se separarem. A segunda vez, embora não tenha ainda ocorrido o fato para comprovar a veracidade precognitiva e nem o quero que ocorra, foi a precognição de suicício de pessoa próxima a mim, ente querido. Diante disso procuro avisar a pessoa, ainda viva, para que se estiver pensando em fazer isto, que não o faça porque os familiares ficarão muito arrasados. A pessoa, no sonho, se suicida com medicamentos anti-depressivos. Fora isto, não me lembro aqui neste momento.

De qualquer forma, a precognição é sempre um evento estranho, sempre estranho para mim. Não me importa realmente seu conceito, porque sua vivência é completamente impactante, porque mostra que o futuro está ocorrendo agora. Não sei exatamente como explicar isso nem como isso se dá, provavelmente a física moderna e pricipalmente a psicobiofísica, poderá explicar isso através de conceitos como curvatura do espaço-tempo e outros desta natureza, como a teoria de psicons (Sarti), buraco de minhoca e teoria holográfica. A visão é clara e é acompanhada de uma sensação de certeza. E diante desta certeza intuitiva, parapsíquica, que tem relação com alguma informação captada em bloco, relevante, sem intermediários racionais e analíticos, ocorre à decisão perante o fato.

Por outro lado, a vivência da retrocognição é também sempre estranha para mim, apesar de estar acostumado e a tratá-la como normal dentro de minha vida. É uma experiência parecida com a precognição, só que ocorre o inverso, a curvatura do espaço-tempo para o passado, ao invés de para o futuro. A minha consciência se desperta noutro momento e ali vê, sente e percebe a cena viva e num realismo realmente absurdo, dando a impressão que o passado está acontecendo neste momento. Da mesma forma, não sei como explicar o como o passado está acontecendo agora. Posso estar pensando a partir de referenciais cognitivos que não sustentam este tipo de vivência, assim como os físicos tentavam aplicar referenciais newtonianos para fenômenos quânticos.

Os fatos abaixo são exemplificativos. Minha memória, por enquanto, elenca somente estas vivências significativas, mas se por ventura abrir-se mais campos de memória associadas a tais fatos, estarei atualizando este texto periodicamente.

1. Da evidência de retrocognição espontânea

Há cerca de pouco mais de 1 década atrás, sofri um grave acidente. Eu praticava meu ciclismo de rua, como de rotina, pedalava de 8 a 10km por dia e ritmo forte. Tinha uma rotina atlética, associando ao ciclismo, a prática de surf rotineira, tai chi chuan e corrida de rua. Neste dia, estava descendo uma rua central, com a bicicleta a cerca de 40 a 60km/h, e, ao saltar uma lombada (como sempre o fazia), o garfo dianteiro da bicicleta avariou-se, quebrando a borboleta que segurava o eixo da roda dianteira. O resultado foi um salto no ar e uma queda que me levou a um traumatismo craniano e perda conseqüente de minha memória total. Fui socorrido pelo SAMU e posteriormente, para Hospital e assim que tive alta, fui para casa. A retrocognição ocorre quando minha namorada na época, junto com minha subitamente em transe retrocognitivo e vi a cena de um acidente similar ocorrido em meu passado antigo, provavelmente na Idade Média, em algum canto da Europa. Estava andando velozmente a cavalo no meio de um bosque quando diante do cavalo tinha um tronco de árvore no chão e o cavalo não viu. O animal leva uma rasteira do tronco e eu sou arremassado para frente. As duas pessoas que me socorrem são exatamente as mesmas pessoas que me tratam nesta vida. A cena era praticamente igual. Estávamos nós três, num bom clima, rindo e nos divertindo, enquanto elas me tratavam. Na época, não as conhecia. Compreendi de imediato a relação entre o atual acidente e o acidente antigo. Antes mesmo do atual acidente, sentia oscilações estranhas na minha região facial, da têmpora esquerda, uma leve dor e incômodo. A região coincide com o mesmo local do acidente em vida passada e se repete, no mesmo local, na atual vida. Esta evidência aponta para a realidade das repetições de traumas de vidas passadas na atual vida. Diante desta predisposição a acidente, passei a tomar cuidado maior diante desta tendência.

2. Da evidência de precognição extrafísica

Em 2006, aproximadamente, compro uma moto Honda CBX 250cc e, devido a meu passado anterior a esta vida, gostava bastante deste veículo, deste uma vida como índio, onde andávamos a cavalo em bandos, até vida recente, na Inglaterra, onde andávamos de moto e fazíamos corrida nas ruas. Tal retrocognição se deu espontaneamente num semáforo, no meio de uma acelerada no motor, lembrei subitamente desta época, muito agradável de meu passado.

Por outro lado, isto intensificou meu interesse por moto até que quase sofri um acidente, nada grave, onde uma motorista de carro fechou-me e, por estar devagar, consegui controlar a moto e evitar a queda. Isto deixou-me com medo, sinceramente, e lembrou-me do acidente de bicicleta, acima descrito, onde escapei de ficar tetraplégico por cerca de milímetros em minha coluna cervical, região do pescoço. De qualquer forma, a partir dali comecei a andar de moto com muito cuidado.

O fato ocorreu numa madrugada de sábado para domingo, não me recordo o dia, mas foi no fim de 2010. Em meu caderno de registros acabei não colocando a data do experimento. Estava decolando para fora do corpo, lúcido, quando um outro estado de consciência se sobrepaira a lucidez projetiva e, do “nada” aparece uma moto que, ao bater em mim, faz-me acordar e, isto, interrompe a decolagem extracorpórea.

Após a vivência, acabei esquecendo-a completa que mente. Terça-feira seguinte, lembro da vivência e a rememoração vem acompanhada de entendimento, e decido vender a moto. O entendimento direto me dizia a relação entre a decolagem e o aparecimento de uma moto que me acidentaria, colocou a projeção consciente como um ensaio da morte propriamente dita e, a imagem da moto que “do nada” aparece e me pega, acidentando-me, atua como fator precognitivo para a prevenção do acidente. É importante dizer que após o quase-acidente que sofri de moto, narrado acima, fiquei bastante medroso e comecei a pressentir da possibilidade de acidente. Interpretei a experiência parapsíquica como um aviso para que vendesse a moto.

Esta experiência coloca a complexidade da fenomenologia projeciológica, especialmente a relação entre o realismo da decolagem lúcida para fora do corpo, o qual conheço bem o fenômeno e, o aspecto simbólico de ensaio da morte biológica, associado a uma imagem onírica, no caso, precognitiva, de acidente de moto. A precognição parece ocorrer no exato momento da decolagem consciente, ainda saindo do estado hipnagógico em direção à projeção consciente propriamente dita. A sensação de alteração de lucidez se dá pela convergência de um duplo fenômeno espaço-temporal: um, a projeção que ocorre no presente e, outro, a precognição que ocorre no futuro. Pude sentir esta alteração dimensional no momentum da vivência.

Das Considerações finais.

Nas experiências de precognição e retrocognição, ainda mais quando estas ocorrem numa condição extracorpórea, quando a consciência se acha fora do corpo, a situação se complexifica mais ainda. Apesar disso, em ambos casos, é necessário um transe onde a pessoa acaba encontrando-se ou semi-descoincidente ou totalmente descoincidente. Assim, ambos fenômenos são projeciológicos por natureza.

O sentido destes fenômenos é geralmente o aprendizado de alguma questão central na vida. Após estes acidentes e experiências tornei-me uma pessoa muito mais precavida e preventiva. É interessante que o laço afetivo parece atuar como coadjuvante essencial para a ocorrência do fenômeno parapsíquico e, temas como prever morte antecipada para que possa ser evitada, vendo os resultados do fato antes mesmo deles estarem ocorrendo no presente, é uma chance de mudança, de reciclagem antecipada para a pessoa. Assim como, é possível que haja uma maior reconciliação diante de conflitos mal resolvidos a partir da precognição, por exemplo. Desta forma, fica evidente existir uma relação direta entre fenômeno paranormal ou parapsíquico com evolução da consciência. Outro fato é a relação direta entre a ocorrência de tais fenômenos como preventivos de automimeses dispensáveis e mesmo as psicopatológicas, que são repetições de vidas improdutivas evolutivamente assim como continuidades de vivências improdutivas para nosso futuro de experiências. Assim, deixo registrado a princípio da função preventiva de danos conscienciais como fator gerador nuclear de fenômenos precognitivos e retrocognitivos quando associados à automimeses dispensáveis.

O princípio da economicidade de psi, tal como salienta o parapsicólogo Tarcísio Pallú, atua aqui como central, levando psi pelo caminho mais econômico e produtivo para se alcançar a informação mais precisa, visando resultados mais eficazes. Se psi precisa de experiência fora do corpo para acessar a informação, ocorre o fenômeno projeciológico. E assim por diante.

17.11.11

A Contribuição de Sylvan Muldoon para a Ciência da Projeção da Consciência para fora do Corpo

Publicado originalmente em 1929.
Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


1. Sobre a História da Projeciologia Moderna

A história da Projeciologia Moderna, ou a investigação científica da consciência em sua condição extracorpórea, fora do corpo e do cérebro, começa decididamente com o projetor e pesquisador autodidata, Sr. Sylvan Muldoon. Isto não quer dizer que antes de Muldoon não tenha havido pesquisa sobre o tema, visto que o assunto e mesmo a experiência projetiva já vem sendo falada de uma forma ou de outra desde a antiguidade, em todos os cantos do planeta. Mas a pesquisa científica propriamente dita, inicia a partir deste renomado e corajoso sensitivo.

A primeira experiência projetiva de Sylvan Muldoon foi aos 12 anos de idade quando passa pelo fenômeno da catalepsia astral ou projetiva. Tal fenômeno é muito comum e já ajudei mais de dezena de pacientes a lidarem melhor com o estado cataléptico. Em dada condição, paciente em regressão desperta abruptamente do estado de transe e afirma ter estado paralisado e não conseguia retornar ao corpo, afirmando que aquele seria o real motivo que o levou a buscar a terapia comigo. Os casos são inúmeros. De qualquer forma, Muldoon inaugura a pesquisa científica criteriosa sobre o fenômeno, que, como ele mesmo diz, foi muito pouco pesquisado pela ciência psíquica.

Muldoon renasce nos EUA em 1903, e em grave enfermidade escreve sua primeira obra junto com o renomado metapsiquista Sr. Hereward Carrington, "Projeção do Corpo Astral", publicada originalmente em 1929, inaugra, no planeta, a ciência da projeção da consciência, inicialmente, a projeção do corpo astral ou psicossoma (perispírito). Desencarna em 1969.

Em seguida dá continuidade às suas investigações publicando obras como "Os Fenômenos da Projeção Astral" (1951), quando após receber cartas de relatos de experiências de leitores de sua primeira obra, acaba por começar uma taxonomia da consciência projetiva, organizando os relatos conforme categorias de experiências, ao estilo fenomenológico no estudo de vivências e outras. Muldoon também publica outras duas obras especializadas no tema: "The Case of Astral Projection: Hallucination or Reality!" (1936) e "Psychic Experiences of Famous People" (?).

Outra obra de Muldoon foi publicada no Psychic Series Vol. II, intitulado "Famous Psychic Stories", em 1942.


II - Sobre os fundamentos e metodologia da ciência da projeção consciente (Projeciologia)

Muldoon afirma:

"Sin embargo, no podemos dejas de referir un factor sugestivo, a modo de conclusión. El cuerpo astral no piensa - no origina pensamiento - como tampoco lo hace el cuerpo fisico! Meramente es el vehiculo de la mente, que funciona en su propio plano. Al ser esto así, ha de resultar obvio, que algún principio mental superior (llamémoslo, espíritu, alma, o como queramos) funciona através del cuerpo astral; y, por ser tal el caso, debe representar un elemento todavia más transcendental de nuestro ser. Esta conclusión nos parece forzosa para todo aquel que medita sobre su experiencia personal en materia de proyección del cuerpo astral". (Muldoon, p. 59).

Continua nos esclarecendo:

"Si las experiencias extracorpóreas son reales - si sólo un caso se estabaleciera cientificamente - entonces la existencia de la mente separada y aparte del cerebro fisico se prueba de una vez y para siempre, y la probabilidad de supervivencia se torna aparente. De esa manera, la "inmortalidad" quedaría demonstrada de un solo golpe! Pues si la mente humana puede vivir e funcionar durante un solo minuto fuera del cerebro físico, que és lo que le impide de vivir y funcionar indefinitivamente, cuando el cerebro físico ya no existe?" (Muldoon, p. 40)

A ciência projetiva adotada por Muldoon se sustenta numa metodologia científica baseada no realismo da vivência, diante de sua extrema dificuldade de comprovação científica. A replicabilidade do fenômeno projetivo, a sua impossibilidade técnica e laboratorial de demonstração e elucidação diante da veracidade do fenômeno, a inconstância das repetições diante da aplicação de métodos e dentre todas as características básicas dos fenômenos psi-Gama, temos que a experimentação pessoal se torna o método central da auto-indução da projeção consciente do corpo astral (psicossoma). Diante disso, Muldoon adota o método da autoexperimentação como a base para uma ciência possível da experiência extracorpórea da consciência, senão vejamos suas palavras:

"Estou perfeitamente seguro de que, antes de acreditar, deve fazer-se a experiência da projeção astral consciente. E confesso que não a aceitaria como verdadeira se não a tivesse experimentado e se não soubesse que é uma verdade. Diz o cético: "Quero provas. Provas objetivas. Então acreditarei". E o projetor responderá: - "Não tereis provas objetivas. Deveis experimentar. Então tereis a prova". O argumento de que o projetor não poderá oferecer as provas ao cético é destituído de valor. Porque também o cético não lhe pode provar que se trata de um sonho. Assim, é inútil a discussão. Tão inútil quanto discutir se a matéria é causa primeira ou efeito final. Coloco-me numa posição clara: E digo: experimentai-o. "É comento que se prova o pudim." Nada procurei esconder nem recorri a supostos argumentos acerca dos "perigos" inerentes, o que constitui a maioria dos escritores do assunto. Dei métodos específicos para conseguir a projeção do corpo astral, tais quais os conheço, e desejo que verifiqueis a exatidão de minhas afirmativas diretamente dos resultados obtidos através da aplicação desses métodos. Quereis provas e eu vos digo que as poderei ter - mas deveis experimentar. Quereis saber como podereis experimentar, e eu voz digo como proceder. Nada mais me é possível. (...) Que este livro não seja julgado apenas pelo raciocínio. Que o seja pela experimentação. Não desejo que ninguém acredite no que escrevi. Digo: experimentai! Segui as fórmulas e depois julgai do mérito do que afirmo." (Muldoon, pp. 7-8)


III - Sobre o método e a categorização das experiências projetivas baseadas em critérios de indução (fator desencadeante ou gerador):

O diferencial em Muldoon era sua condição de auto-experimentador: ele mesmo passou por experiências desta natureza e, diante disso, fez ciência auto-investigativa e, posteriormente, fez investigação de casos experimentais de outros projetores, categorizando a fenomenologia projetiva a partir de 8 categorias mais 1 categoria em separado (Muldoon, 261-262):


1. Projeções produzidas por drogas e anestésicos
2. Projeções por ocasião de acidentes ou enfermidades
3. Projeções em ocasião de falecimento
4. Projeções devidas a desejos reprimidos e outros fatores espontâneos
5. Projeções nos que são médiuns ou vêem espíritos
6. Projeções experimentais e hipnóticas
7. Projeções espontâneas durante o sonhos
8. Projeções espontâneas em estado de vigília
9. Casos sintéticos (resumos)

O critério de categorização, análise e síntese utilizados por Muldoon, obedece aos princípios da pesquisa qualitativa, especialmente a fenomenológica, para o estudo de vivências a partir de estudo de relatos de experiências, tal como delineei em minha dissertação de mestrado em educação (UFSC). Ao estudar os relatos, Muldoon organiza as experiências a partir de categorias que respondem aos fatores indutores da projeção consciente. Assim, temos 8 fatores indutores gerais, o que não signfica que se resuma a estes 8. O delineamento das categorias e sua organização revelam processos decisórios do pesquisador, como é de praxe na investigação qualitativa. Outros pesquisadores, projetores, analisando as mesmas vivências podem chegar a categorias diferentes a partir de outra ordem de critérios, o que é sabido em pesquisa qualitativa, a única pesquisa realmente válida para o estudo de vivências.




IV - Sobre os métodos de autoindução

Assim, os métodos adotados por Muldoon servem sobremaneira para que a consciência do projetor se desperte na condição extracerebral, extracorpórea, objetivando para si mesmo, a condição da projeção consciente do corpo astral (psicossoma, perispírito). Desta forma, os métodos são basicamente indutivos, experimentais, cujo sujeito, por conta própria, aplica um ou mais métodos objetivando alcançar o estado projetivo da consciência.

Para que o leitor possa realizar a autoindução, sugiro o estudo da obra (clique aqui), especialmente a parte metodológica.


V - Sobre minha posição resumida como projetor consciente diante dos trabalhos de Muldoon
Assim como Muldoon, minha primeira projeção consciente acontece na infância, ao que me parece, antes mesmo da minha projeção mais lúcida aos 9 anos, quando tentava imitar o super-herói americano em meus sonhos lúcidos e durante os mesmos acabava estando numa projeção consciente. Aos 9 anos, como já relatei noutros ensaios, tive uma experiência abrupta e decolagens forçadas e espontâneas decorrentes de enfermidade (febre alta e hepatite). Pelos meus cálculos, isso acontecera com cerca de 4 a 6 anos de idade, época em que passava o seriado na rede SBT. Em retrocognição clínica, sessão facilitada por dois amigos parapsicólogos clínicos, pude relembrar e reviver projeção consciente ocorrida durante a gestação de minha mãe, quando tentava avisar ao médico para realizar a cesária de meu parto pois sofreria acidente caso não o fizesse, portanto, as primeiras projeções ocorreram, nesta vida, em meu período intrauterino, comprovando para mim, a existência lúcida da consciência mesmo na condição fetal, quando no estado extracorpóreo. Desconheço sinceramente quantas projeções conscientes passei nesta vida, mas creio ter chegado perto das 100 ou até ter passado esta quantidade. Incluo aqui além das projeções conscientes de lucidez elevada, as de lucidez mediana e os sonhos lúcidos (projeções semi-conscientes). Projeções conscientes de alta e mediana lucidez creio ter passado das 50 experiências ao longo desta vida. Mas é uma dedução, nunca fui obsessivo de contar quantas foram tais experiências. Por outro lado, conheço relativamente bem o fenômeno para que possa avaliar a importância da obra de Muldoon.

O ponto comum que me indentifico profundamente com Muldoon é sua condição simultânea de projetor e pesquisador, condição ainda exceção entre os parapsicólogos sérios e mesmo projeciológicos/conscienciólogos. O perigo que caimos é o que apelido de "Síndrome de Blackmore", parapsicóloga que acabou categorizando a projeção consciente na orbe das fantasias ou mero epifenômeno psicológico, após induzir uma experiência parapsíquica usando haxixe. O parapsicólogo que manifesta esta síndrome é aquele que não tem experiência suficiente no campo projeciológico experimental para avaliar o fenômeno por dentro. Sylvan, a partir de suas próprias experiências pessoais acaba erguendo a ciência da projetabilidade, hoje conhecida por Projeciologia, nome cunhado pelo também projetor consciente e pesquisador Dr. Waldo Vieira, verdadeiro continuador de todo labor de Muldoon, fundador da maior e mais séria instituição científica da área, o IIPC - Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, iniciado na década de 80. Da mesma forma, Vieira também teria vivenciado suas primeiras projeções conscientes na infância, tal como registra em suas extensas obras do assunto, transcendendo em muito os trabalhos de Muldoon em múltiplos aspectos.

O trabalho de Muldoon é, no meu ponto de vista, o melhor trabalho científico sobre projeção consciente que conheço, seguido do amplo tratado Projeciologia - Panorama das Experiências da Consciência para fora do Corpo Humano, do Dr. Waldo Vieira (médico). Minha posição diante disso se dá pela experiência direta do autor e pela clareza, didática, honestidade, franqueza e cientificidade de sua obra, associada a sua coragem de lançar o desafio a todos cientistas psiquicos e interessados, à experimentação direta. Lembramos que tal livro fora escrito na década de 20, do século passado, onde tinha recentemente sido criado o rádio, não existia a televisão e a comunicação era mediante cartas que demoravam bastante tempo até seu remetente. As condiçõesde vida eram outras, a locomoção, carros eram raros, presença de carroças, cavalos, os meios, a cultura da época ainda dogmatizada pelo modelo mais mecanicista e positivista da ciência e a religião ainda em fervor. É neste contexto que Muldoon começa a ter suas experiências e, após acessar a obra do Sr. Carrington (leia na íntegra aqui), inicia troca de cartas. Para uma pessoa se expor como Muldoon se expôs naquela época, diante do assunto tão picante e corrosivo como é o da projetabilidade e suas consequencias sociais e humanas, há de ter coragem rochosa diante do público e da comunidade científica. Em meio ao nascimento da Parapsicologia Moderna, libertando-se das amarras qualitativas da anterior Metapsíquica, eis que surge o trabalho de Muldoon, como um retorno lúcido e sólido à investigação qualitativa e científica da experiência humana mais complexa de se pesquisar: a projeção consciente do corpo extrafísico (astral, psicossoma, perispírito). Enquanto os fenômenos psi-Gama acabaram sendo abandonados e sendo substituidos gradualmente por PES, e os restantes sendo arbitrariamente classificados no esboço das hipóteses de sobrevivência, o clássico de Muldoon acaba sendo um retorno à Metapsíquica, por um lado, e uma ampliação da Parapsicologia, por outro. Os experimentos de Muldoon são exemplares e seu incentivo à autoexperimentação como método da Projeciologia é condizente com as dificuldades desta ciência e da indução da projeção consciente para fora do corpo e cérebro físico. Seus argumentos pertencem a alto nível de honestidade e comprometimento com a ciência séria e não-dogmática, aberta e universalista.

Assim temos que, na História da Projeciologia Moderna, Muldoon inaugura o universalismo da ciência extracorpórea e da possibilidade da existência compartilhada e pública, abrangente, da condição extracorpórea da consciência projetada. Para tanto, cabe a todos nós experimentarmos, para somente então, sabermos. A experiência da projeção, tal como afirma Muldoon, é a única experiência real, concreta, que viabiliza a comprovação definitiva da existência da consciência separada do cérebro físico e do corpo inteiro. O que advém em suas conseqüências de amplo espectro, desta evidência, ou arriscando-me a dizer, desta "verdade", está além de nossa compreensão. O centro aqui é a consciência. Assim, Muldoon me parece também ser o precursor da Conscienciologia, junto com o filósofo Miguel Reale, criador do termo que, posteriormente, iria ser adotado pelo Dr. WaldoVieira, para a nova ciência da consciência integral, colocando a Projeciologia como uma de suas especialidades (anteriormente pertencente à Parapsicologia). Deixo aqui as palavras de Muldoon e como "precognitor" da Conscienciologia:

"El cuerpo astral no piensa - no origina pensamiento - como tampoco lo hace el cuerpo fisico! Meramente es el vehiculo de la mente, que funciona en su propio plano. Al ser esto así, ha de resultar obvio, que algún principio mental superior (llamémoslo, espíritu, alma, o como queramos) funciona através del cuerpo astral; y, por ser tal el caso, debe representar un elemento todavia más transcendental de nuestro ser."

Em resumo, o principio mental superior que funciona através do corpo astral (psicossoma) é a consciência. Quanto ao veículo da mente, o mentalsoma ainda é uma hipótese, visto que para ser corpo, é necessário que possa ser objeto da consciência e, a consciência quando se manifesta fora do psicossoma (corpo astral), ainda sim, não pode se ver ou se detectar como um veículo. Ficamos aqui com este impasse de classificação, que nada altera a fenomenologia projetiva.

8.11.11

Algumas Implicações do nosso Caráter, a questão Cármica e os Relacionamentos

O ciclo cármico das reencarnações
Seriéxis - serialidade multiexistencial
Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


O Mestre disse: "Veja os meios que o homem emprega, observe o caminho que ele toma e examine a circunstância em que ele se sente confortável. Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se?"

A lição de Confúcio é clara e serve-nos tanto como critério de auto-análise e auto-conhecimento como medida para conhecermos aqueles que estão a nossa volta, nos relacionando conosco em todas as dimensões.

1. Que meios eu e você empregamos [para alcançarmos nossos resultados]?

2. Que caminho eu e você tomamos [na vida em forma geral]?

3. Em que circunstância eu e você nos sentimos confortável?

Antes de julgarmos alguém por seu caráter, examinemos a nós próprios a partir destes três itens.

Que conclusões você chega a partir desse rápido exame de si mesmo?

No mínimo, como eu mesmo, encontrará contradições em si mesmo ao analisar este tópico, principalmente, eu seu comportamento, posturas, modo de pensar e agir, atitudes e projeto de vida. Podemos aprofundar e analisar nossas posturas quando estamos cometidos de maior cólera, raiva, ira ou mesmo ódio diante de alguém que supostamente nos cometeu um ato de maldade, danoso a nossa reputação ou a nossa moral, ou a nossa vida mesmo. A cólera-raiva-ódio neste caso é o estado de espírito onde manifestamos nosso porão consciencial, nosso bolor evolutivo, a parte mais imatura de nós mesmos, mais precária.

Como você reaje a situações desta natureza?

Você bola uma estratégia consciente para arrematar o "inimigo", quebrando suas "pernas", fazendo-o sentir dano similar ao que o fez sentir, num pseudo-legítimo ato de vingança auto-justificada, sádica e retaliadora, invertendo o masoquismo? Como se agora tudo pudesse ser feito em nome de uma suposta justiça moral?

Você se atola por força pessoal num oceano de culpa, angústia e passividade tentando auto-punir-se num ato de sadismo diante de si mesmo? Criando sintomas em seu corpo, dilacerando suas células como forma de auto-agredir-se e agredir a outra pessoa, pela vitimização autoconsciente e dissimulada, visando que a outra pessoa mude algum comportamento ou lhe chegue com agrados de alguma natureza, tentando obter carinho e afeto através da auto-doença?

Você o ignora colocando-o "a deriva do universo", silenciando qualquer comunicação entre as partes, não respondendo perguntas, frases, falas ou qualquer outra tentativa, isolando-o e deixando-o culpado até os limites da agonia e angústia, neste ato de sadismo e agressividade silensiosa extrema? Em guerra fria declarada?

Você compreende mais, dialoga mais, e consegue manter-se no eixo, apesar do dano moral realizado contra você? Sem levar tanto para o lado pessoal? Mantendo distância de auto-respeito em relação as tentativas de agredi-lo?

Consegue reagir com amor mesmo tendo sofrido tamanho dano? Enviando as melhores intenções e energias a esta pessoa? Perdoando o que pode, lembrando dos sentimentos mais essenciais que existem entre você e a pessoa? Conseguindo inclusive tratá-la bem mesmo após tentativas consecutivas de danos contra você?

Consegue ainda, transcender tudo isso e ver na pratica, a pessoa como um espírito em evolução com direito a errar? E diante disso, manter a distância auto-protetora e amparadora, retornando a aproximação assim que for oportuno e quando for o melhor para todos?

Consegue agradecer na prática, tudo o que aprendeu com essa pessoa? Mesmo que tenha cometido erros cruciais contra você, com graves consequencias? E como se sente ao reconhecer o lado melhor dessa pessoa? Sente-se melhor?

Quais suas conclusões sobre isso tudo?

Estes fatos são comuns em família, onde ocorrem muitos conflitos e mesmo em relacionamentos conjugais e, em alguns casos, amizades. Não podemos esquecer que uma pessoa é assim ou assado conosco porque justamente ela é assim com qualquer outra pessoa, principalmente, ela mesma. Assim, nada pessoal, na essência da ofensa. Mas sabemos que na prática ainda nos esbarramos em dificuldades em equilibrar benevolência com o lidar com ofensivas graves.

De forma geral, somos muito aquilo que escolhemos. E Confúcio tenta  nos mostrar isso. Veja os meios e analisamos a nós mesmos. O que a pessoa fez na prática para estar onde está? Analisemos quem somos por nossas ações e quem está a nossa volta pelo que fazem e não pelo que dizem. As palavras são como folhas ao vento, tais como estas que escrevo aqui. Somos essencialmente o que fazemos. Nossos atos são resultantes ações daquilo que pensamos e sentimos, e daquilo que pensamos e sentimos sem estarmos conscientes disso (subconsciente).

O que é o CARMA senão o resultado geral de nossas ações?

Daí a necessidade de uma vida regada de reconciliãções e pacificação íntima progressiva para a evitação de conflitos desnecessários. Mas, na prática, o nosso desafio é grande, porque a reconciliação envolve um espectro grande da realidade, inclusive os entes queridos que se foram para as outras dimensões, onde ocorrem as reconciliações fora do corpo ou pela via mediúnica. Deixo as reflexões para você a partir daqui.

2.11.11

Evidências de Percepção Extrassensorial: um caso de Clarividência na Infância

Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


1. Do Caso

O caso ocorreu há cerca de três meses atrás com minha filha Yasmin. Seu relato foi muito objetivo, claro e sintético como é de sua personalidade, quando me disse algo neste sentido quando acordou pela manhã e teve a confirmação de seu sonho:

"Pai, que doido, eu sonhei que estava passando na TV três seriados dos desenhos [citou os desenhos] e agora que liguei a TV os desenhos estão passando!!"


2. Análise dos fatos

O que afinal de contas significa isso? Uma alucinação? Uma coincidência? Não. Este fenômeno se chama PES - Percepção Extrassensorial ou ESP - Extrassensorial Perception, nome cunhado pelo Dr. J. B. Rhine para designar certo tipo de informação que seria obtida não pela via dos 5 sentidos, mas por uma outra via, daí sim, extrassensorial (além dos 5 sentidos). Rhine e especialmente sua esposa, Louise, catalogou PES em três categortias simples:

1. Telepatia: informação obtida de mente para mente.
2. Clarividência: informação obtida diretamente de um objeto.
3. Precognição: informação obtida do futuro.

Analisando o caso de minha filha temos que a evidência parece apontar para clarividência, determinado tipo de PES que pode ocorrer e é muito comum ocorrer nos sonhos, no caso dela, um tipo de PES realista, pois a informação vinda do sonho correspondia exatamente a realidade. Em alguns casos, não corresponde, mas apresenta-se num simbolismo complexo ou mesmo na forma de uma determinada alucinação extrassensorial (que é diferente da alucinação psicopatológica).

A clarividência (pela classificação de Rhine) se explica pelo acesso no momento presente de uma informação que estava ocorrendo no momento, provinda não de uma outra mente, mas de um objeto (a TV).

Porque motivo a minha filha teria acessado esta informação pela clarividência? Isto se explica devido ao princípio da economicidade de psi, tal como afirma o parapsicólogo Tarcísio Pallú. Seria mais rápido e mais econômico que ela acessasse pela via extrassensorial a informação sem que precisasse acordar, levantar-se e ligar a TV, apontar o controle remoto e colocar no canal Disney. O acesso direto é mais rápido e eficiente. O fato gerador é simples também, e é o aspecto muito afetuoso que ela tem com os seriados animados, o fato de gostar muito desses desenhos.

3. Algumas correlações com minhas experiências

Isso me faz lembrar do fato gerador que me fazia sair do corpo aproximadamente com a mesma idade, quando via o seriado "Super-herói Americano" e ao dormir sonhando que estava voando como ele, começei a experimentar minhas primeiras experiências extracorpóreas conscientes. Os fatos se davanm praticamente todos os dias e eu mesmo induzia o fenômeno sem qualquer medo. As frases do seriado me geravam efeito hipnótico e programavam meu subconsciente:

"Acredite ou não,
Estou andando no ar
Nunca pensei que pudesse me sentir tão livre.
Voando por aí sobre uma asa e uma prece.
Quem poderia ser?
Acredite ou não, sou apenas eu..."

O seriado foi ao ar na década de 80 pelo SBT, tendo sido interrompido em 1983. Assim, reitero que minhas primeiras projeções conscientes ocorreram antes dos 9 anos de idade.

4. Considerações finais

Assim, o aspecto afetivo, na ordem do desejo potente por algo que gostamos, isto por si só, é suficiente para levar uma pessoa a atravessar a fronteira e migrar para o campo psi ou parapsíquico, extrapolando dimensões, sendo pela via PES ou pela via projeciológica propriamente dita, ou a saída consciente para fora do corpo. Se a criança ama um desenho animado, conjuntamente com um fator de predisposição inato da criança em passar por estes fenômenos, a via PES ou Projeciológica poderia ocorrer dentro do princípio da economicidade de psi. Ou se a criança sente a saudade da vida extrafísica, um seriado como o que citei pode ser fator determinante para o desencadeamento de tais vivências na infância. Sabemos desde as pesquisas avançadas realizadas pelo pesquisador e projetor Sr. Muldoon, que o fenômeno projeciológico é universal, ocorrendo desde a antiguidade. Sabemos também pelas pesquisas avançadas da Sra. Louise Rhine, que PES tamb´´em é universal, ocorrendo com pessoas de qualquer idade, local ou crença. Assirm, se a distância entre dois pontos puder ser atravessada por um atalho, eis que ocorre a função psi. E faço uma correspondência com a moderna cosmologia, e a teoria do buraco de minhoca que nada mais é que um atalho interdimensional entre pontos muito distantes do cosmos.

A mente das crianças é mais flexível e aberta que do adulto ou adolescente. O adolescente está acometido com coisas sociais o que começam a prejudicar a vivência parapsíquica. O adulto é preocupado com subsistência e outras questões sérias. A criança não. É mais livre em suas percepções e experiências. Os pais, educadores e outros de seu círculo são os agente repressores das experiências, quando as crianças vão lhes contar. Cabe aqui uma reciclagem na maneira como lidamos com tudo isso, principalmente, na educação, na família e na escola.

Ainda vivemos a escola newtoniana, cartesiana, preocupada com a vida humana ordinária, comum, em formar cidadãos. Num futuro próximo, se ainda existirem escolas, o que duvido muito, estas estarão preocupadas em formar cidadãos cósmicos. Porque o universo é nosso lar, não somente a Terra, a casa, a família, os vizinhos, os países. A Terra é uma vila muito pequena num cosmos infinito. Assim, naturalmente a pedagogia será uma pedagogia e andragogia do Infinito.

.................................................................................................
Agradecimento

Fico muito grato a minha filha por compartilhar suas experiências livremente comigo e, juntos, conversarmos sem qualquer pudor e repressão sobre qualquer assunto de natureza humana ou transcendente. Isto nos torna menos macacos e mais consciências. E ainda poder disponibilizar tal vivência ao público para fins de democratizarmos a transcendência (Sarti).

Convido aos pais que lêem esta revista a enviarem relatos de seus filhos que sugerem fenômenos paranormais ou parapsíquicos, ou incomuns.

27.10.11

Evoluindo através do Amor

Amparo extrafísico ao planeta:
ato de puro amor.
Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


A vida humana ou mais especificamente, da consciência humana, é simples, porém, difícil de ser vivida. Um problema pode ser simples, quando sua solução, difícil. E eis que aparece a vida humana, a nossa vida.

Eu e você, caminhando por uma vida regada de relacionamentos. Esperamos isso ou aquilo de nós mesmos frente aos outros e, ao mesmo tempo, esperamos isso e aquilo dos outros em relação a nós mesmos. Diante disso, somos quase que obrigados a aprender com frustrações atrás de frustrações e se tivermos sorte ou conseguirmos criar uma boa relação em nossa vida, poderemos atingir picos altos de felicidade, euforia sadia, serenidade e alegria.

Algumas religiões dizem que temos de nos casar e ter filhos ou que os relacionamentos precisam ser eternos, por uma vida inteira. Esses dogmas cada vez menos conseguem espaço atualmente. Com a independência da mulher, os relacionamentos tornaram-se tênues, tornaram-se momentos ao invés de prisões. É comum uma união estável, sem contrato, ao invés do casamento formal, com testemunhas, assinaturas, registros e sermões. A separação tornou-se um fato comum e normal. Assim os relacionamentos tornaram-se um empreendimento de alto risco porque suas garantias não podem mais ser previstas como antes, facilmente, num contrato e asseguradas por autoridades externas ao casal, no caso, um padre, um juiz e assim por diante.

Estes fatos nos apresentam pontos positivos e negativos. Um dos positivos é o motivo real que leva as pessoas a casarem. Muitas vezes o que faz com que pessoas se unam não é o amor propriamente dito, mas uma necessidade de dependência e esconderijo da vida e da existência; necessidades de acolhimento financeiro, principalmente, e de afeto. Esta última possui relação com o medo que grande parte de nós alimenta de passar a velhice num isolamento, sozinho e abandonado. Outro motivo é o poder, o status, o ter uma família como um falo socialmente exposto, para que todos vejam o quanto somos normais. O  positivo é que devido a isso, as pessoas podem se unir porque querem e não por um arranjo social imposto pelo clã, como ocorre com alguns indígenas e outras sociedades.

Assim, o medo, o poder e a velhice, são três variáveis que levam as pessoas a se esconderem em relacionamentos, sendo que o amor e o sexo acabam sendo motivos não tão nutridos como pensamos. 

É comum casais que fazem pouco sexo e nutram pouco amor entre si. É comum mulheres que têm uma vida de relacionamento sexual com o marido sem nunca ter tido um orgasmo. Desta forma, o que os mantém unidos? O medo, o poder e a velhice. O medo da solidão e do vazio, o poder de ter uma familia e exibi-la socialmente tornando-se pessoas normais e, a velhice a partir do medo do abandono e de um fim trágico, o que ninguém realmente anseia. Essas variáveis atuando em conjunto passo a chamar de "motivo não-amoroso". Esse motivo não-amoroso parece ser em grande escala uma manifestação do egoismo, na preservação do ego diante das ameaças da vida e da existência, e de desconfiança em relação a vida. Faz com que as pessoas se usem e muito, se abusem, abusando e noutro polo, deixando-se ser abusadas. Assim, relacionamentos ancorados no motivo não-amoroso pode acabar numa relação de abuso recíproco, a partir do princípio que ouço clinicamente: "ruim com, pior sem".

Em matéria de relacionamentos, somos aprendizes, estamos no maternal da evolução. Um dos motivos é a precária relação que temos conosco mesmos. Não somos muito íntimos de nós mesmos, não somos muito amigos de nós mesmos. Desta forma, estamos a sós significa estamos com um outro estranho. Somos estranhos de nós mesmos. Muitos de nós e constato isso clinicamente, possui um profundo medo de estar a só. Medo de simplesmente ficar sozinho. Como se a companhia de si mesmo fosse desagradável, como se o si mesmo fosse um outro não bem acolhido. É comum que por trás de todo problema psíquico haja raiva, ódio ou aversão em relação a si mesmo. Aprendemos a nos criticar e a dar importância ao que o outro fala e diz sobre quem somos e, fazemos isso com os outros. Criamos com isso um círculo vicioso de dependência em relação ao que o outro pensa sobre quem somos. Tornamo-nos dependentes da opinião alheia e com isso, tornamo-nos prisioneiros sem prisão. Assim, nasce o medo de ser abusado numa relação, porque muitos de nós faz o que for preciso para não entrar em contato com o medo, com a ausência do poder e a velhice de isolamento e, se submete a situações que podem ser devastadoras para a alma. Em casos graves, a mulher faz sexo e sente-se estuprada pelo marido e, só o faz devido a reunião desses fatores atuando em conjunto. Por detrás das aparências nos relacionamentos, encontramos os casais em situações em franca decadência, porém, mantendo-se unidos por motivos não-amorosos. Aparência, status, marketing, fachada, união com finalidades materiais e da prole, escudos que disfarçam a real situação dos relacionamentos. Obviamente, não quero dizer que não existam relações onde haja felicidade real e satisfação verdadeira. Existe, mas são exceções, porque as pessoas de bem, as pessoas lúcidas, são exceções em nosso planeta.

Diante disso, os relacionamentos podem ser encarados como verdadeiras oportunidades de crescimento e evolução, ao invés de recurso eficiente para nos escondermos da vida e da existência maior.

Existe um infinito universo que nos rodeia e nos atravessa, e temos medo do Infinito, mesmo que não admitamos isso. Esse medo irracional, fundamento de qualquer síndrome do pânico, é o sustento básico das relações ancoradas por motivos não-amorosos, que são motivos fóbicos. O tempo vai passando e a velhice chegando; a pessoa percebe outros casais unidos e ela acredita nas aparências da "família Doriana" e se joga no primeiro relacionamento visando casar, ter filhos e se ancorar. Os resultados podem ser realmente trágicos. A solução definitiva é a pessoa conhecer seu vazio interno através de prática meditativa ou similar. Lidar com tudo o que é e sustentar sua estrutura frente à vida, sem tanto medo, mas com respeito à existência. Vivemos sim, num universo Infinito e sabemos muito pouco sobre tudo. Somos muito ignorantes tanto diante de nós mesmos, como da vida. E é natural que todos tenhamos a tendência de buscar relacionamentos e nos enclaurusar neles tal como o neném deseja retornar ao útero da mãe.

Em relacionamentos precisamos aprender a lidar com rejeições, sejam quais forem. E principalmente, críticas.

Aprendemos a criticar, a falar mal do outro, a apontar seu erro para que melhore, mas somos pouco capazes de expressar admiração verdadeira, apontar as qualidades e virtudes da pessoa e ajuda-la a desenvolver-se por completo. Então, não podemos nos iludir: em uma relação seremos julgados e criticados, não raro, injustamente e agressivamente. Se não criarmos a fantasia do conto de fadas, iremos sofrer menos, vivendo mais na realidade.

Em casos graves, devido a fatores diversos, uma pessoa pode sentir uma aguda rejeição por não ter conseguido estabelecer relações amorosas com ninguém, nem ao menos ter conseguido entregar-se sexualmente a algum homem ou a alguma mulher. Os casos dessa natureza são carregados de uma profunda tristeza que somente uma reciclagem interna e mesmo existencial poderiam trazer a esta pessoa novamente sua estima e capacidade de estabelecer vínculos com as pessoas. Em outros casos, as relações são superficiais e a entrega também, assim, ocorrem casais que não se conhecem suficientemente. Beijam sem se sentirem, abraçam-se sem se abraçarem e transam sem maior acoplamento áurico, saindo das relações ainda com cerência afetivo-sexual.

Em relacionamentos também precisamos aprender a receber amor.

E isso é muito sério, porque em nossa cultura aprendemos a receber críticas. E críticas na forma como as recebemos geralmente são atos de desamor, desaprovação. Aprender a receber amor é um ato, primeiro, de amor próprio, de gostar de si. Quem não gosta de si o suficiente não consegue receber amor porque não se julga merecedor. Quem não se julga merecedor, se odeia em pequena ou grande medida. Quem se odeia, se rejeita ou tem aversão ou não gosta de si, adoece. Essa é a causa básica de qualquer doença.



A separação conjugal, em algum momento, é inevitável.


É claro que quando estamos num relacionamento, não pensamos em seu término. Mas qualquer fantasia que nutra uma esperança de uma vida eterna com o parceiro ou parceira, é irreal. Em algum momento haverá uma separação. Conheço um caso onde a esposa, após o marido desencarnar, se 'entrevou' na cama, estando mais em estado vegetativo do que vivendo. A dependência emocional aguda está ali, operante, patológica. Outro caso é do casal que, bastante amorosos e unidos, prometiam um ao outro, que o marido iria morrer primeiro para receber a esposa após morrer e que iria cuidar dela, ampara-la em vida. Eles foram profundamente sinceros ao dizerem isso um para o outro. Esse casal se separou antes disso. O que quero dizer com tudo isso? Nada é eterno. Tudo é impermanente. Existem variáveis em relacionamento que fogem ao nosso controle. Quando observamos o Sol no seu explendor de vida e radiação, num lindo e maravilhoso por do sol, naquele exato momento, o Sol se põe e termina a experiência. Existe um tempo entre o nascer do Sol e seu poente. E nada que podemos fazer para aumentar ou nos fixarmos num ponto. Tentamos, batemos fotos, tentamos congelar momentos fazendo com que eles sejam eternos, seguramos a memória, ficamos presos ao passado de um relacionamento, na fantasia de viver aquilo que foi bom, o nosso por do Sol, no presente, ao invés de prosseguirmos com a vida e avistar novos pores do Sol. O apego e a necessidade de nos agarrarmos às coisas fazem com que percamos de vista a beleza da vida e o sentido maior, no agora, no presente da experiência. Conheço muitas pessoas que se sentem fracassadas em relacionamentos por não conseguirem manter uma "família Doriana", mas isso não é motivo de fracasso, mas de vitória. Pode ser sinal de coragem e autenticidade e de uma busca sincera e honesta por relacionamentos mais evolutivos.

De qualquer forma, mesmos os relacionamentos mais maduros e duradouros, casais centenários, em algum momento dessa vida curta, haverá uma separação.

Um deles irá desencarnar, deixar essa Terra e migrará para as outras dimensões do universo, dando continuidade a sua vida. Não estamos destinados a ficar com a mesma pessoa eternamente, a própria morte do corpo e a lei da serialidade multiexistencial (reencarnações) impedem que essa união seja eterna. Qualquer união conjugal é passageira, é temporária. E, mesmo que o casal planeje ficar junto mesmo após desencarnarem, ainda assim, não existe garantia, pois um deles pode reencarnar antes que o outro e ocorrer uma separação prolongada de 1 século, por exemplo. As lições da evolução nos colocam a aprendermos a não nos fixarmos patologicamente nas pessoas, nas coisas, nas dimensões, no corpo e a nos centramos passo a passo, na consciência. Pode ocorrer, como já vi clinicamente, de um casal, em vida seguinte, renascerem como irmãos e isso gerar um problema para ambos.


O amor existe.

Relacionamentos amorosos autênticos são empreendimentos muito desafiadores, porque exigem de nós muita transparência, amorosidade e coragem. Aqueles que tiveram a coragem de amar e viverem realmente um amor romântico a dois, numa entrega sincera e profunda, numa relação próxima da completude, mesmo que tais momentos e mesmo que foram muitos momentos, duraram um tempo relativamente pequeno, cabe a observação que o tempo é relativo e que momentos de eterno amor é o que nos faz amar alguém além do tempo e das dimensões. É o que faz reconhecermos alguém sem nunca, aparentemente, ter visto. É o que faz queremos novamente. É o que nutre a vida de sentido, é o fundamento da gratidão pela vida. O amor é o motivo básico da existência. Sem amor não existe sentido para nada. O amor é o que nutre o "nada", o "vazio". O amor é o tecido conectivo da vida e do universo, é o fundamento da perfeição da composição dos astros e das estrelas e da possibilidade da vida na Terra. Sem amor não haveria vida no planeta, sem amor não haveria existência.

Além dos relacionamentos íntimos, temos as relações em geral, desnutridas de amor e respeito. O planeta, em guerra, atravessado pela ganância, violência e corrupção, apresenta-nos um problema simples, mas de difícil solução: precisamos amar mais, a nós mesmos, e aos outros. Numa escala de amor, precisamos aprender a amar a Terra, os animais, as plantas, a sentir gratidão pela vida e por existirmos. Afastamos com isso, o ódio que sentimos, a raiva e o rancor, a mágoa e o ressentimento. A começar a nos aceitando como somos, nos modificando para melhor, respeitando a nós mesmos. Amar não é tolice. Amar é um ato de puro discernimento e lucidez.

Amar e aprender a amar é a tarefa de vida básica de todos nós. A tarefa mais difícil, mas como disse o amparador: "O amor é o caminho e o sentido. É simples assim, mas difícil de entender".

25.10.11

Sobre as Camadas e a Dinâmica da Resistência no Acesso às Memórias de Vidas Passadas, o Ponto de Ruptura, o acesso ao Infinito e Transciência.

Holomemória e Paragenética
Por Dr. Fernando Salvino (MSc.)
Parapsicólogo Clínico, Psicoterapeuta, Conscienciólogo


O que venho escrever neste artigo é curto e objetivo e se refere a dinâmica da resistência que ocorre de uma maneira que tenta impedir a pessoa, no caso clínico, o paciente, de acessar o campo de memória de vidas passadas (faixas de personalidade subconsciente, holomemória). E a resistência neste caso nada tem a ver com algum tipo de "lei do esquecimento" ou "ordem divina". Tem relação com uma dinâmica interna, que está ancorada em muito, no medo e das conseqüências evolutivas da lembrança. Está ancorada naquilo que Matus (In CASTANEDA, Carlos. O Lado Ativo do Infinito) chamou de Ponto de Ruptura, onde a pessoa conseque ultrapassar a fronteira entre todo o conjunto neuro-biológico-cerebral e a memória associada a vida atual e todas as crenças, para um universo transcendente, rumo a uma realidade mais próxima daquilo que também chamou de Infinito. As conseqüências da irrupção rumo a uma realidade próxima do Infinito me parece ser a base etiológica da dinâmica da resistência ao acesso ao campo holomnemônico ou as memórias de vidas anteriores, sejam vidas en-carnadas (intrafisicalizadas, ressexualizadas) ou des-encarnadas (extrafisicalizadas, dessexualizadas).

O caso aproxima-se da classificação clássica da Dra. Louise Rhine, quando de forma clara definou as formas de Percepção Extrassensorial, quando ocorrem nos sonhos, principalmente, na mistura de conteúdos realisticos com oníricos, num limbo de memória com fantasia. A classificação da Sra. Rhine também se aplica nos processos de vivências clínicas do fenômeno retrocognitivo, ou regressivo, quando o paciente em meio ao transe começa a misturar fatos antigos com situações presentes, por exemplo, abrir um laptop em plena idade média. A principio, parece não ter lógica alguma, a não ser que compreendamos o fato rememorado como PES não totalmente realista, mas uma retrocognição semi-consciente. Da mesma forma com que ocorre na parafenomenologia projeciológica, na ocorrência da passagem entre uma projeção semi-consciente, que mistura realismo com onirismo, o mesmo ocorre no processo retrocognitivo, ficando a experiência misturada. Mas o paciente pode, prosseguindo, expandir a lucidez e extinguir todo conteúdo onírico e penetrar no campo realístico da holomemória. Qual a etiologia da retrocognição semi-consciente? Parece-me que é o medo da vivência do Ponto de Ruptura. Este medo se manifesta como uma experiência não-realística, como uma tentativa de amortecer o impacto do Ponto de Ruptura e consequente, Toque do Infinito. O fenômeno catalogado como Toque do Infinito manifesta o lado intencional do cosmos, o Intento ou o lado ativo do Infinito. Este aspecto intencional é aquilo que coloquei noutro artigo, a respeito do aspecto consciencial do Cosmos.

Uma razão existe, conforme esclareci acima, para a ocorrência da dinâmica da resistência, mesmo em estado de transe, como ocorre nos sonhos. A resistência entra como variável de impedimento, de distorção e manutenção do ego. O ego é o eu formado, o autoconceito limitado, toda a sintaxe restrita de um mundo formado e estruturado para dar segurança, para agir como escudo do Infinito. É uma resistência, pois, natural e, até certo ponto, essencial para a manutenção da vida tal como a conhecemos. Mas, devido ao processo de evolução também natural, os escudos começam a precisar ser abandonados, e é onde entra o sentido essencial das vivências para-normais, ou aquelas que colocam a pessoa em contato com o Ponto de Ruptura até que se sinta tocada pelo Infinito. A partir disso, aquilo que a pessoa faz não mais serve de escudo eficaz contra a pressão da realidade do Infinito. Os xamãs do antigo méxico, especialmente do clã Yaqui, trabalhavam com um conceito prático chamado de "ponto de aglutinação", onde representava a aglutinação da percepção num sentido profundo, incluindo a psicodinâmica do campo de energia humana ou como chamavam, o "ovo luminoso". Movimentar este ponto era um dos objetivos centrais deste método de autodesenvolvimento. Este movimento traduz-se pela vivência do ponto de ruptura até o acesso a dimensões do Infinito. O Infinito pode ser compreendido como a região do Universo chamada pelo Dr. David Bohm de a ordem implicada do holomovimento. Mas, para Bohm, trata-se somente de um conceito quase matemático daquilo que estamos aqui trabalhando experimentalmente através de experimentos transcendentes, como as retrocognições.

A forma como a resistência se manifesta se dá pela distorção da realidade, e é similar a como ocorre nos sonhos, onde vivemos realidades realmente impossíveis de existirem, em algumas situações. Como ver elefantes cor-de-rosa do tamanho de um edifício. As distorções cognitivas decorrentes da etiologia cuja base está na evitação do contato com o Infinito, tem como objetivo levar a pessoa a confundir realidade com fantasia e assim, retirar a importância da experiência a partir de significados distorcidos. A resistência tem como função trazer a dúvida para a pessoa, mas não uma dúvida comum, sadia, de questionamento. Mas uma dúvida de negação, representando um instinto básico de auto-preservação. Assim, a dúvida é um sintoma da resistência. Existe a dúvida sadia que, questionando o conteúdo onírico durante a experiência leva-a ao conteúdo realístico, expandindo a lucidez.

Podemos expandir isso para a maneira como os cientistas mais céticos lidam com o assunto, pois estando ancorados no medo do confronto como Infinito, acabam por razões de ordem da resistência, na maioria das vezes inconsciente e bem fundamentada pelos recursos cognitivos que lhe são utilizados como intrumentos, negar a fenomenologia e mesmo as vivências que por ventura tiveram no campo parapsíquico e trancendente. O campo parapsíquico é o campo que leva-nos ao contato direto com o Infinito. Por Infinito não quero dizer Deus, mas aproximo do que os taoistas chamavam de Wu Chi e mesmo a realidade que fundamenta o universo manifesto (Tai Chi). Recentemente, em meio a uma prática de Tai Chi Chuan, passei por uma experiência que dificilmente posso traduzir em palavras, mas alguma coisa em mim se alterou. Foi como se fosse um estado de transe hiperconsciente, estado este de consciência não-ordinário. A minha dinâmica de resistência se instalou após a vivência e quando percebi, fiquei cerca de duas semanas sem realizar a prática.

É necessário para isso a criação de uma estrutura de personalidade que suporte, progressivamente, o contato mais íntimo e direto com o Infinito. E mais profundamente, o Lado Ativo do Infinito que se manifesta pelo Intento Cósmico, sendo este o fundamento, a estrutura e o núcleo inteligente, o eixo de tudo que existe no universo e do próprio universo (ou, multiversos). Pode ser chamado de Deus. Mas está além de qualquer significação relativa a cognição humana e mesmo extrafísica, dos espíritos mais lúcidos, visto que nem mesmo eles sabem ao certo e tem total clareza a respeito de tal nível de profundidade. Neste exato ponto estamos ainda além de qualquer ciência, mesmo as muito avançadas como a Conscienciologia: estamos na fronteira da Transciência.

A psicoterapia regressiva ou retrocognitiva adentra, pois, no campo da transciência, toca nela, é atravessada por ela e retorna para o campo da ciência e da clínica propriamente dita. A maioria de nós se agarra a crenças, a religiões, e mesmo quem se denomina cético, se agarra ao ceticismo ou a neurociência, ao cérebro e assim por diante. Não importa ao que nos agarramos, pois trata-se de uma mesma base etiológica da dinâmica da resistência ao ponto de ruptura que nos leva ao contato mais direto com o Infinito.

Aos terapeutas que atuam com esta técnica, de forma cosmoética, vale compreender esta dinâmica de resistência e incluir no trabalho de ajuda psicoterapêutica, e em tentar driblar esta faixa de defesa durante mesmo o curso da experiência para que o paciente possa se beneficiar de sua própria profundidade, daquilo que realmente é e relembrar por onde passou e esteve antes desta vida, seja neste, noutro país ou mesmo noutras orbes deste universo, infinito. A forma como o terapeuta fará esta condução depende de fatores altamente subjetivos, como intuição, amparo extrafísico e principalmente, criatividade ou a capacidade de criar técnicas de improviso durante a experiência. Oriento os terapeutas a investirem tempo e energia em atividades criativas, por exemplo, em artes, pintura, desenho, música ou outras que julgar adequado, como laboratório de improviso e criatividade. Outro fator determinante é que o próprio terapeuta tenha experiência relativa de acesso aos domínios chamados holotrópicos ou transpessoais, transcendentes, parapsíquicos da existência. Sem esta base, na minha opinião, uma terapia transpessoal adequada fica impossibilitada. A Parapsicologia Clínica é  e sempre será uma terapia transpessoal, porque lidamos com campos e domínios que transcendem o ego, adentram na estrutura do self e de campos multidimensionais da existência e do cosmos. E nada disso é teoria, mas se assenta na prática pessoal de cada profissional e da clínica.

Assim, as pessoas que não regridem, ou não conseguem atravessar a fronteira para a holomemória, estão manifestando na realidade não uma dificuldade de regredir, mas um intenso medo de entrarem em contato com o Infinito, mesmo que seja uma pequeníssima porção dele, a partir de si mesmo, e de nossa natureza palingenética. Esta blindagem é interna e não está vinculada a qualquer impedimento de ordem divina. É a própria pessoa que se blinda e estrutura sua resistência ao ponto de ruptura. Com esta virada de compreensão, podemos ajudar de forma mais efetiva nossos pacientes, compreendendo-os e mesmo conversando sobre estes assuntos todos antes de adentrarem na profundidade de si mesmos, com segurança e lucidez.

Concluo este pequeno artigo manifestando a minha sinceridade em dizer que facilitar experimentos de retrocognição, seja clínica seja na forma de vivências relacionadas experiências científicas, é das coisas mais difíceis que existe, porque exige do terapeuta uma vida ética o mais reta possível e uma estrutura de personalidade que possa sustentar o encontro com o Infinito vivenciado pelo paciente, mas co-vivenciado pelo psicoterapeuta, em cada sessão. Cada sessão é um acesso multidimensional, pois o psicoterapeuta necessita alterar por vontade própria sua consciência atuando como agente retrocognitor do paciente. Paro por aqui e deixo estas primeiras reflexões.