28.9.10

Voluntariado: Prática de Libertação e Autocura

Por Dr. Fernando Salvino
Parapsicólogo e Psicoterapeuta [CRT 43.290]
*Voluntário do Hospital Universitário - Projeto amanhecer (parapsicólogo) > comunidade universitária atendida gratuitamente.

*Voluntário do NIAC - Núcleo de Investigações Avançadas da Consciência (coord. e pesquisador) > pesquisas acessadas no Brasil e exterior.
*Voluntário do Portal "Ciência, Espiritualidade, Saúde e Evolução" (criador e resp.) > mais de 3.300 acessos no Brasil e exterior, ultrapassando mais de 15 países.


Trabalhar sem receber dinheiro por isto. Pagar para trabalhar. Ajudar pessoas. Doar tempo, energia e dinheiro para um trabalho de "des-egoismização" da Alma. A essência do voluntariado é o doar sem estar centrado num recebimento financeiro. Porém, como não existe atividade sem recebimento, o que o voluntário recebe é aprendizagem. O que é aprendizagem?

É a-prender ou libertação de si mesmo em prol dos outros. Existe um outro que necessita de ajuda. E existe um que presta a ajuda que necessita libertar-se de si mesmo. Esta escola chama-se voluntariado. Doar-se em prol do outro. E com isto libertar-se do si mesmo, do egoísmo.

Muito idealismo rodeia o Voluntariado, mas ainda que exista este idealismo, o voluntariado centra-se no vínculo não empregatício e na adesão voluntária a um serviço geralmente humanitário. É deste voluntariado que falo aqui. Não falo da doação de dinheiro para instituição carente. Falo da doação da alma em prol da assistência fraterna aos nossos irmãos e irmãs humanos e ao planeta. Não importa no que você atua. Muitos amigos atuam em instituições como CVV, IIPC, CEAEC. O que importa é sua intenção e a tarefa que presta gratuitamente aos outros.

Os benefícios se comprovam no médio e longo prazo. Geralmente, o voluntário cresce interiormente sentindo-se útil ao mundo, sente que tem um lugar que carrega mais sentido em sua vida, preenchendo aquele vazio existencial que até então estava presente dentro de si. O impacto do voluntariado ao longo de anos é a abertura da vida pessoal ao outro em escala maior podendo atingir uma amplitude planetária.

Neste caso, entramos nas tarefas de vida que alcançam um raio global, indo além do Eu (egoísmo) e mais além do grupo íntimo, a família e amigos, alcançando pessoas que mal sabemos quem são, residentes em algum lugar do globo terrestre.

A libertação do Eu faz parte da tarefa de grande parte das pessoas que, ainda sentindo-se ocas por dentro, beneficiam-se dos trabalhos voluntários para além de ajudar pessoas acabam ajudando a si mesmas. Se você há muitos milênios atrás, noutras vidas neste planeta cometeu erros que atingiram muitas pessoas, como o envolvimento em guerras e outros atos, poderá utulizar do voluntariado para que através dele possa iniciar um trabalho de reconciliação cármica global.

Alguns sites de referência no voluntariado:
  1. http://www.voluntariado.org.br/
  2. http://www.voluntarios.com.br/oque_e_voluntariado.htm
  3. http://www.portaldovoluntario.org.br/
  4. http://www.filantropia.org/

Abra sua alma. Encontre seu lugar. Preencha seu vazio de sentido ajudando os outros que necessitam de ajuda. Lembre-se: não importa qual seja a ação, o que importa é a ação. E, para toda ação receberá um retorno. Neste caso, espiritual e evolutivo.

16.9.10

Allan Kardec: Algumas Considerações sobre sua Teoria Parapsicológica do Espírito

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo

"O homem é composto de corpo e de Espírito; o Espírito é o ser principal, o ser da razão, o ser inteligente; o corpo é o envoltório material que reveste, temporariamente, o Espírito para o cumprimento da sua missão na Terra e a execução do trabalho necessário ao seu adiantamento. O corpo, usado, se destrói, e o Espírito sobrevive à sua destruição. Sem o Espírito, o corpo não é senão matéria inerte, como um instrumento privado do braço que o faz agir; sem o corpo, o Espírito é tudo; a vida e a inteligência. Deixando o corpo, ele reentra no mundo espiritual de onde saiu para se encarnar".

Neste parágrafo, Allan Kardec traz uma visão objetiva da vida, em poucas palavras, conclusões cujas bases estão nas experiências espiríticas. Dentro das investigações realizadas até então, a concepção Kardecista merece a integração ao sentido da sexualidade e suas relações com a reencarnação. O aprimoramento espiritual e a reencarnação enquanto a ressexualização do Espírito que, ao retornar à carne, na verdade, retorna à sua existência como animal espiritual, sexuado. Ora, o vida do Espírito é desexualizada, visto que a sexualidade só acomete aos seres sexuados, ou seja, aqueles que nascem e morrem. Não estando o Espírito sob o jugo de Leis de Morte e Nascimento e sim da Eternidade, sua natureza básica não é sexual, mas Espiritual. O corpo psi ou perispírito, não nasce nem morre. Sua origem permanece obscura, assim como a espiritogênese. Por outro lado, o Espirito ao reentrar no mundo humano, se sexualizando, tem diante de si a tarefa de aprender a lidar com a sexualidade. A sexualidade é o que consitui o ser encarnado. O ser ou Espírito encarnado é ser sexuado, um animal humano que tem desejos sexuais. Assim, o corpo citado por Kardec é um invólucro quase inerte, mera roupa do Espírito. Os fatos parapsicológicos, espíritas, evidenciam o corpo espiritualizado como vivência obrigatória de elevação espiritual, e isto atravessa a sexualidade, a maturidade sexual, os relacionamentos e o carma, do ponto de vista do complexo de édipo, traçado em linhas por Sigmund Freud.

"Há, pois, o mundo corporal, composto de Espíritos encarnados, e o mundo espiritual, composto de Espíritos desencarnados. Os seres do mundo corporal, pelo próprio fato de seu envoltório material, estão ligados à Terra ou a um globo qualquer; o mundo espiritual está por toda parte, ao nosso redor e no espaço; nenhum limite lhe está assinalado. Em razão da natureza fluidica do seu envoltório, os seres que o compõem, em lugar de se arrastarem penosamente sobre o solo, vencem distâncias com rapidez de pensamento. A morte do corpo é a ruptura dos laços que os mantém cativos".

A didática de Kardec e sua clareza é impressionante. Sua objetividade nítida. Porém, sua preocupação em trazer uma descrição racional, acaba pois dessexualizar a vida humana, uma vida sexuada e animal por excelência. Todos nós fazemos xixi e cocô e "trepamos" e a partir desta "trepada" os Espíritos se ressexualizam. E mais, mesmo não havendo amor algum no ato, mesmo assim, ocorre a reencarnação do Espírito que é, por outro ponto de vista, sua ressexualização. Temos que olhar o sentido de "carne" que carrega o conceito sexual, senão vejamos: "a natureza humana considerada em suas fraquezas e apetites". O que são os tais apetites? Os ligados ao sexo, obviamente. Assim, reencarnar é o retorno ao universo dos "apetites sexuais", humanos, animalizados. E o aprendizado evolutivo do Espírito atravessa justamente esta base, tão evidenciada na clínica: a sexualidade presente em todos os conflitos e distúrbios psíquicos ou espirituais.

"A felicidade está em razão do progresso alcançado".

Aqui adentra uma clareza aguda que sintetiza a felicidade como um sintoma da evolução espiritual. Eis a essência de sua teoria e das orientações espirituais dadas em seu labor mediúnico e intelectual. Aqui sua teoria parapsicológica ultrapassa a Parapsicologia ortodoxa, restrita aos fenômenos psi, e ruma para uma Parapsicologia que centra-se no Espírito como fenômeno central do Universo e os fenômenos mediúnicos, paranormais, como fenômenos secundários.

KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno: a Justiça Divina segundo o Espiritismo. 2007. (p 25).

10.9.10

Para-orgasmo: Aprendendo a Sustentar o Estado de Ser Feliz

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo

Todos estamos neste barco: o barco da Vida. Navegamos pelo Oceano cósmico da existência Infinita e este barco é vida. Falo aqui do planeta. Do ser vivo gigantesco chamado Terra. Este organismo vivo donde somos como bactérias habitantes de seu corpo; donde este corpo desconhece nossa existência, tal como as bactérias desconhecem habitar nosso corpo. E neste grande corpo, vivemos, atravessamos vidas e vidas, buscando aquele estado tão prazeroso: FELICIDADE. A foto ao lado de é Osho, o pensador indiano famoso pela característica orgástica de ser e estar em sua passagem pelo planeta.

O que é a felicidade?

Como definir o indefinível? Aqui é minha tentativa de tentar falar acerca de um sentimento existencial de dificílima definição. Começo pela definição que, conforme é o método que uso, parte de minha experiência em vivenciar a felicidade. Felicidade é um estado de consciência; um estado de espírito. O que é um estado de espírito, ou de consciência? É um momentum, uma passagem, um instante que dura um determinado tempo variável, cujas sensações se alteram para um nível de prazer intenso, porém sensato e lúcido. Poderia definir a felicidade como um estado de lucidez de espírito. Ou ainda, sendo mais preciso, a felicidade não é um substantivo, algo, ou uma coisa. Feliz é a palavra certa e não Felicidade. Assim, Ser Feliz é um momento em que eu, você nos sentimos num estado orgástico, de intenso prazer e realização íntima, cuja consciência se encontra diluida no sentimento pleno de ser feliz, nada mais que isso.

O estado de ser feliz é estar em orgasmo existencial, espiritual

A definição acima me parece bastante precisa. O estado de ser feliz é uma EXPERIÊNCIA EXISTENCIAL. Eu, você, como que subíssemos numa prancha de surf, ultrapassamos a zona de arrebentação em remadas e remadas e num dado momento, descemos aquela onde de prazer, num pico de felicidade e satisfação. A metáfora parece-me interessante. Uma onda é um fluxo. O estado de ser feliz geralmente tem um tempo determinado, como tem uma onda surfada. Nós surfistas sabemos que o tempo é curto e o prazer efêmero, mas mesmo assim todo o esforço é dedicado para a vivência daquela experiência orgástica: surfing.

O estado de ser feliz é como um surfing, eu, você, surfamos a onda de sentimento existencial de prazer e orgasmos de felicidade. Antes de surfar a onda, muito esforço fora dedicado para tal.

Outro modo de dizer é comparar o estado de ser feliz com o orgasmo sexual. Se você, homem ou mulher, nunca sentiu o orgasmo sexual, faça de tudo para tal. O orgasmo é o estado de consciência, alterada por natureza, onde expressa a capacidade do homem ou mulher para a entrega ao Amor. As sensações psico-bio-energéticas-corporais do orgasmo sexual possuem relação direta com o orgasmo da felicidade.

Desta forma, o para-orgasmo ou o estado de ser feliz encontra seu auge numa existência regada de sentido, plenitude, coerência interna e cósmica, autorealização nos relacionamentos e objetivos de vida sempre em evolução, numa existência onde existe a comunhão de uma vida a dois saudável, sexual e afetivamente construitiva e sincera, ancorada no Amor puro ou mais próximo desta natureza.

Para-orgasmo: o que é?

Esta palavra retrata um nível de prazer profundo, espiritual, existencial. Talvez seja aquilo que o vedanta chamou de Nirvana. Considero aqui sinônimo. O para-orgasmo é o estado existencial de autorealização e prazer de viver intraduzível em palavras e geralmente vivenciado a partir de curtos momentos, ou momentos de pico. É o que todos buscamos. É aquilo que caracteriza o que Kardec chamou de "Espírito Puro" que vive num Nirvana, num Para-orgasmo permanente.

Qual o objetivo da vida humana?

Aprendermos a sustentar, vivenciar organicamente o Estado de Ser Feliz. Expandir os períodos de tempo, mantermo-nos neste estado durante maior período de tempo, sustentando um modo de vida coerente com a existência interna e com a existência cósmica. E isto alcançamos quando começamos a ser quem somos. Aprendendo a lidar com as emoções, com as oscilações de humor, com as depressões e euforias, gerenciando a si mesmo com lucidez.

Não importa sua religião, sua doutrina, seu Deus, sua ciência. Temos em comum, eu e você, o desejo de estarmos felizes, realizados. Jesus Cristo não era cristão, Buda não era budista, Lao Tzu não era taoista, Confúcio não era confucionista... Eles eram eles mesmos. Este é o recado: seja você mesmo em todo seu potencial. Foi isto que Cristo disse, Buda, Lao Tzu, Confúcio e tantos outros. Outro dia recebi um e-mail de uma pessoa me perguntando porque Waldo Vieira me considera um maxidissidente da Conscienciologia. Eu respondi, em outras palavras, que o que não posso ser é um maxidissidente de mim mesmo. Entre eu e uma doutrina, opto por continuar a ser quem sou no meu processo permanente de tornar-me e tornar-me. Isto aprendi com Carl Rogers... a vida é uma experiência de tornar-se.

Assim, o objetivo da vida humana é te fornecer o ambiente apropriado para você ser quem você é. É fácil? Não. Mas mais difícil é ser aquilo que não é você. Então, é fácil. Difícil é suprir as expectativas dos pais, dos amigos, dos professores, da sociedade. Fácil é ser simplesmente quem você é. Mas obviamente, você poderá me dizer: mas é dificil ser quem eu sou. E digo, é. Mas é mais fácil ser quem você é do que ser qualquer outra coisa, justamente porque por mais que tente não poderá escapar de sua própria natureza interna, seu DNA espiritual, seu código espiritual que contém a informação espiritogenética, quando você surge no Universo como Ser.

A pedaginha da existência me parece esta: você não tem para onde fugir. Onde você estiver, você estará lá. Você pode tentar fugir e ainda assim terá somente a ilusão de que fugiu. Pode usar drogas, pode usar psicotrópicos, pode tentar sair do corpo, pode tentar o que for, esconder-se numa relação insatisfatória, mas digo, você nunca conseguirá sugir de si mesmo, por mais que tente.

Então, ao invés de fugirmos de nós mesmos, o mais lúcido é tentarmos aprender a sustentar o estado de ser feliz, os pequenos momentos de felicidade, aqueles picos raros em sua vida. Tente extender o tempo, surfar um pouco mais... claro, a onda vai acabar, mas você pode permanecer até o fim da onda ao invés de sair antes dela.

Sustente a si mesmo.

Para ser quem você é, você precisa aprender a se sustentar. Sustentar-se não é somente ganhar seu pão todos os dias no esforço de seu trabalho. Sustentar-se é SER QUEM VOCÊ É. É bancar aquilo que sente, é encarar-se sem medo, é vencer a si mesmo todos os dias.

O estado de ser feliz é um sintoma de você ser quem você é.

Para você ser quem você é você precisa lançar-se no mundo interior, como um navegador lança-se no oceano. Você se descobre alguem diferente dos demais, único. Você se descobre alguem que possui algo a dar ao mundo que expressa a sua natureza espiritogenética.

Eis aqui a chave para o entendimento da Missão de Vida.

A missão de vida não é um comando militar que Deus te mandou executar. Missão de vida é você cumprir seu papel destinado no Universo, que só cabe a você realizar. Este papel não é um teatro: o papel é você aprender a ser quem você é e ser quem você é. O resto tudo vem por consequencia natural, você compreender gradualmente o fluxo do universo e segue suas leis naturais, e se entrega ao fluxo e gradualmente vai confiando na vida, a cada passo firme dado no Caminho.

Agora é com você. A maneira como fará este caminho e como desvendará seu universo interior depende de seus gostos, preferências. Se for Budista, entregue-se neste método. Se for Taoista, idem. Se não for religioso, entregue-se a si mesmo, faça de você mesmo sua Igreja e de seu próprio modo de pensar a vida sua religião. O que importa no saldo final é que todos estamos caminhando para o mesmo lugar e todos os caminhos nos levam para este destino. O nome deste destino, você escolhe. Como disse Lao Tzu:

"Existe uma realidade inominável e icomensurável que se pudesse dar-lhe um nome, chamaria Tao" Lao Tzu.

É para o Tao que estamos todos caminhando. O Tao é o futuro? Não, o Tao está aqui e agora, dentro e fora de nós. O Tao está no esterco, como diz o koan zen.

Não siga os mestres. Siga a si mesmo, em primeiro lugar. Não siga nada que escrevi, siga suas idéias. Confie em si mesmo. Não siga uma doutrina. Não seja cristão, budista, taoista. Seja antes de tudo, você mesmo, livre para ser, livre para pensar, livre para agir e viver. Se, sendo você mesmo esta ou aquela religião te atrai, te sintoniza com ela, ótimo. Se sendo você mesmo esta ciência ou aquela é bom para você, excelente, vá, entregue-se. Caso contrário, não meça esforços, continue a ser quem você é, respeite-se, não se traia. Largue aquilo que não te serve, sem culpa. Siga seus anseios profundos e confie no Universo. Você é o responsável por trilhar seu próprio caminho de vida e por descobrir-se.

Libertar-se, este é seu e o meu objetivo.

O destino daquele que se liberta chama-se moksha, ou o fim dos ciclos de morte e renascimento.

9.9.10

Psicanálise e Parapsicologia/Projeciologia: a Fronteira e a Queda do Muro Imaginário

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo

A imagem retrata bem o que quero expor aqui: de um lado Psicanalistas na esteira do pensamento clínico de Freud; do outro Parapsicólogos ou mais especificamente Projeciólogos na linha de Sylvan Muldoon e outros cientistas da área.

A fronteira entre os dois campos é construido de um tipo de madeira que foi coletada de uma árvore chamada "interpretação dos sonhos". Freud, ao admitir nunca ter tido uma única experiência de sonhos de vôo ou mesmo as catalogadas como experiências fora do corpo (projeção da consciência) e ainda em seu "estudos sobre a histeria" no capítulo que narra as questões sobre religião no diálogo sobre seu amigo, Freud admitia nunca ter pensado acerca da sobrevivência do eu diante da morte. Este pensamento foi replicado por seu sucessor, embora dissidente, Wilhelm Reich, quando em "a função do orgasmo" admite ser ridícula a tese Socrática, Pitagórica, da transmigração das almas. embora tenha sido importante a Reich a negação disto para a produção de um saber novo, na área da Sexologia assim como em Freud, priorizar um lado do território não significa que o outro lado da fronteira não existe.

Do outro lado, Hereward Carrington, Sylvan Muldoon e outros antecessores como Hipolitté Revail, Balzac e ainda tradições orientais, como o vedanta, desenvolviam pesquisas, embora não clínicas, acerca dos temas que estariam do outro lado da fronteira. Muldoon desde moço passava por experiências fora do corpo e teria acumulado uma centena delas, inclusive as nunca vivenciadas experiências de sonho de vôo narradas por Freud. A contribuição de Muldoon traria para a ciência um campo até então rarefeito em exploração: a existência objetiva de um segundo corpo, o corpo psi ou corpo astral e suas consequentes projeções para fora do corpo.

Assim, os sonhos e suas interpretações são a exata fronteira entre Psicanálise e Parapsicologia/Projeciologia, entre Freud e Muldoon. De um lado, o inconsciente cerebral, situado numa intrincada fisiologia e modernamente, numa complexa neurofisiologia. Do outro lado, o inconsciente palingenético, trazendo as faixas de personallidade subconsciente, as vidas passadas e as possibilidades transcendentes de manifestação do Eu fora do corpo.

Da mesma forma que países se internacionalizaram, abrindo suas fronteiras e seu direito para o nível internacional, Psicanálise abrirá sua fronteira e suas normas internas para a realidade apontada por Muldoon ou a existência do Eu fora do corpo e a expansão da noção de inconsciente para além da infância, rumando para as existências anteriores, nas raizes profundas do inconsciente, nas existências pretéritas pré-edípicas e transedípicas.

A integração das áreas e a queda da fronteira significa integrar os saberes ao invés de criar um muro de madeira cercando os campos. A sensação que tenho é que tive de nadar até longe para conseguir entrar no território psicanalítico vizinho: e o nadar o território sempre passa pela sexualidade. A área psi evidencia a transcendência da sexualidade para a compreensão desta como sendo o fundamento da experiência evolutiva humana, o édipo como a síndrome evolutiva básica que acomete a todos e a reencarnação passa a ser ressexualização.

Experiência fora do Corpo ou Projeção da Consciência?

Por Dr. Fernando Salvino - Parapsicólogo

Na literatura Parapsicológica encontramos muito o jargão "Experiência fora do Corpo" ou EFC e é este conceito que estarei discernindo e adequando-o no seu lugar correto (no meu ponto de vista, obviamente).

O conceito de EFC parece-me somente aplicável nos casos de experiências onde a consciência não pode tomar-se como objeto. Estou falando aqui das experiências projetivas puras, onde o Eu percebe-se sem corpo algum. Passei por algumas destas experiências e é a partir das minhas próprias vivências que afirmo. Por outro lado, uma experiência onde o Eu se acha fora do corpo físico e mesmo assim, percebe-se operando noutro corpo, também físico (matéria astral, psi-átomos) não pode ser chamdo de EFC. Corpo aqui é o que não é o sujeito, ou seja, o objeto.

Desta forma, dentro de critérios científicos o mais exatos passamos a classificar como EFC somente as experiências onde a Consciência (Eu, você) se acha sozinha, portanto sem um outro que podemos chamar de objeto, ou um corpo. Corpo aqui é o que não é a consciência, mas um intermédio, veículo, meio para a manifestação daquela. A esta experiência onde o Eu se acha sozinho já foi equivocadamente chamada também de projeção pelo mentalsoma, projeção em corpo mental, etc. Eu particularmente me oponho a esta classificação visto que:

1. Não temos evidências de que a Consciência (o Eu) se acha em corpo mental, visto não existir na casuística algum tipo de projeção para fora do corpo mental. A existência objetiva de um corpo se dá quando a Consciência se acha fora dele.

2. Não temos evidências também da existência de um corpo mental. A experiência a partir da projeção para fora do Psicossoma mostra o estado de consciência onde o Eu não se percebe com corpo algum, vivenciando-se como pura consciência.

3. Não temos evidências também da existência de algum tipo de "cordão de ouro", sendo a conexão entre a consciência e os corpos de natureza desconhecida ainda, porém, temos as hipóteses dos psi-átomos (Andrade) e das partículas "psicons" (Sarti).

4. O corpo físico só é tido como corpo e não como Consciência, quando esta se acha fora daquele. O corpo psi ou psicossoma só é tido como corpo e não como Consciência quando esta se acha fora daquele. Por outro lado, como afirmei acima, o corpo mental não pode ser tido como um corpo, pois até o momento nenhuma Consciência relatou ter tido uma projeção para fora deste corpo.

5. O energossoma (Vieira) não é um corpo, e sim um nível de energia componente integrado ao campo de energia integral, não sendo um veículo. Assim, compreendo que temos até o momento evidenciados 2 corpos: físico e psíquico. Quando a consciência se acha fora dos dois corpos daí sim, podemos chamar de EFC ou experiência fora do corpo.

6. O perispírito ou psicossoma não é a Consciência, apesar de sentirmo-nos muito mais consciências neste corpo que no corpo físico.

Diante disso, podemos simplificar a classificação e facilitar o entendimento do que seja a Consciência (o Eu) e do que vem a ser um corpo ou um veículo usado pelo Eu. No caso, nos manifestamos nesta dimensão através de 2 corpos: físico e psíquico. Quando saimos do corpo físico, vivenciamos o fenômeno catalogado por projeção astral, etc. Quando saimos do corpo psíquico vivenciamos a experiência fora do corpo, que chamo aqui de experiência psi-P (psi-Pura). Outro nome há de ser criado para nomear esta natureza de experiência: experiência do eu puro? Deixo a lacuna.